sábado, 15 de dezembro de 2007

DINOSSAUROS, PIRÂMIDES E JFK


Minha crónica do último "Sol":

Qual é a relação entre dinossauros, pirâmides e JFK? Pois o norte-americano Luis Walter Alvarez, Prémio Nobel da Física de 1968, estudou estes três assuntos. Ele ganhou o Nobel pela descoberta de partículas elementares usando câmaras de bolhas. Mas a revista “American Journal of Physics” de Novembro último (da Associação Americana de Professores de Física) informa-nos sobre os esforços bem sucedidos de Alvarez para resolver enigmas na paleontologia, na história antiga e na história moderna.

A ideia da extinção dos dinossauros por um acidente cósmico é hoje bem conhecida. Foi precisamente Luis Alvarez, em conjunto com o seu filho geólogo (Walter como o pai, mas sem o Luís), quem formulou em 1980, com base na descoberta de traços de irídio nos estratos entre o Cretácico e o Terciário, a hipótese de que a extinção dos dinossauros se teria devido ao impacte de um grande meteoro. Uma grande cratera foi encontrada no México dez anos mais tarde...

Falava-se de uma câmara oculta no interior da pirâmide de Quéfren, no Cairo. Para a localizar Luis Alvarez colocou um detector de raios cósmicos numa câmara conhecida por baixo da pirâmide. O que ele fez não foi mais do que tirar uma espécie de radiografia à pirâmide, mas usando muões naturais em vez de raios X. A partir da observação das partículas recolhidas concluiu que a tal câmara secreta não passava de um boato.

Finalmente, e para investigar a teoria conspirativa segundo a qual havia um segundo atirador a disparar, em Dallas, sobre o presidente Kennedy, analisou um filme da passagem do carro presidencial. Havia quem dissesse que um tiro dado de frente teria feito recuar a cabeça do presidente. Mas Alvarez, com base na observação dos “frames” (não esqueçamos que era um especialista em chapas fotográficas para registar partículas) e nas leis da física desmentiu categoricamente essa hipótese do segundo atirador.

Qual é a moral destas histórias? Quem sabe ciência fundamental, que parece inútil, é capaz de fazer a melhor ciência aplicada, que é muito útil!

7 comentários:

Anónimo disse...

Interessante post, e eu a pensar que não tinham nada a ver, a questão dos dinoussauros é a mais interessante de facto só algo em grande poderia ter acabado com esses grandes seres vivos.
Mais uma vez aqui se volta a validar a premissa que saber ciencia é fundamental, nada na ciencia é inutil, as pessoas só pessam nas aplicabilidades imediatas, ciencia fast food mas esquecem-se que por detras tem que existir conhecimentos solidos para originar a aplicabilidade.

Ciência Ao Natural disse...

Muito bom post/artigo de base paleontológica!

Luís Azevedo Rodrigues

alf disse...

O conhecimento serve para muitas coisas, por isso é que as pessoas realmente qualificadas não têm problemas de emprego - quando muito de nível de ordenado.

Neste post, faltou uma coisa - já se sabe que não foi um meteoro que extingiu os dinossaurios... isso está mais que esclarecido.... claro que o post não diz que foi isso, apenas diz a hipótese do Alvarez e afirma que a as pessoas associam a extinção a uma causa cósmica; não se pode acusar o texto de estar errado, mas lá que é um pouco habilidoso.

Mas fez bem o Carlos Fiolhais em o fazer assim; eu tb assim o faria se não soubesse qual foi a causa da extinção dos dinossáurios. Não se pode alarmar as pessoas para perigos que desconhecemos, seria irresponsável.

Ciência Ao Natural disse...

Caro Alf (sempre me quis dirigir desta forma!),

"já se sabe que não foi um meteoro que extingiu os dinossaurios... isso está mais que esclarecido...."

Gostava que esclarecesse sobre qual/quais, então, as causas apontadas para a extinção dos dinossauros?
É que trabalho na área e sinceramente gostava de saber as informações que terá que, como insinua, contrariam a opinião citada do Prof. Fiolhais.
Acrescento que neste momento o que não está completamente explicado é o processo de extinção diferencial após a queda do corpo extra-terrestre.
Mas essa é outra história.

Cumprimentos

Luís Azevedo Rodrigues

fernando caria disse...

Caro Carlos

Tive oportunidade ler este seu artigo no Sol e agora reli-o aqui no "De Rerum Natura" e quanto mais o leio, mais me convenço que cometeu um deslize quase imperdoável, para o contexto deste fantástico Blog.

Não tendo qualquer comentário valioso a fazer aos dois primeiros casos referidos, quer pelo contúdo, quer pela descrição(redacção) feita. O mesmo não posso dizer do caso do assassínio de JFK.
O Seu remate deste caso, continua a soar-me um pouco ao "Argumento da Autoridade", camuflando um pouco até o método científico.
Quero eu dizer que "admitindo" que as leis da física tornam os movimentos do corpo de JFK resultado da força gerada pelo impacto das balas, incompatíveis com a existência de um segundo atirador, isto não explica ou contribui sequer para explicar mais dois factos que são críticos para a completa compreensão deste assassínio.
a)Lee Harvey Oswald não era um atirador de elite. Como o filme "Zapruder" bem documenta, JFK sofre 3 impactos, num intervalo de tempo também bem calculado, por via da contagem dos mesmos "Frames" provavelmente utilizados pelo Luis Walter Alvarez. Desafortunadamente ninguém mais no mundo conseguiu repetir aquela sequência de tiros certeiros, no mesmo espaço de tempo. Ou Seja não se tem conseguindo a reprodução dos mesmos resultados em condições semelhantes/equivalentes (efectivamente já cá não temos o Lee Harvey Oswald para que ele nos pudesse deslumbrar com a sua destreza e pontaria extraordinárias).
b) Se houve apenas um atirador a fazer malabarismos com os seus tiros (teoria da bala mágica) como se explicam os 3 impactos? Como se explicam as curvas de 180 graus dentro do corpo do alvo? E ainda à luz das leis da física como se explica que a bala encontrada estivesse em perfeitas condições, sem quaisquer sinais de impacto?

Neste caso específico, até pelo tempo que já passou, bem como pelas emoções que ainda desperta e ainda pelas repercussões políticas e económicas à época e que ainda hoje podem ter muita importância, parece-me qu a contribuição do Luis Walter Alvarez, não veio trazer luz nenhuma ao assunto. Parece antes um apelo descarado ao argumento da autoridade para justificar o relatório da comissão Warren, assim ao estilo de: "estão a ver? Afinal após todos estes anos, a ciência vem dar razão à investigação à época feita pelo FBI"! A quem é que isto pderá servir? À Administração Bush? Às agências americanas de informações que não têm parado de fazer asneiras nos últimos 30 anos?

alf disse...

Luís Azevedo Rodrigues

A contestação à hipótese do meteoro pode ser encontrada, por exemplo, em:

http://geoweb.princeton.edu/people/keller/chicxulub.html

Há, para mim, evidências relevantes e nunca apontadas, como o tempo de deposição da camada de irídio ou a duração do período de frio associado à queda do meteoro; com efeito, as poeiras que o meteoro teria lançado para a atmosfera depositar-se-iam significativamente no prazo de alguns anos e não vejo maneira nenhuma de poderem produzir um período de frio com uma duração de muitas séculos.

No meu blogue irei apresentar uma explicação muito diferente. Como o blogue se dirige a pessoas com qualquer tipo de formação, recorro a uma forma romanceada de apresentar as minhas ideias. Não presuma por isso que é fantasia o que eu lá vou dizendo, apenas a linguagem utilizada o é, as ideias não.

A extinção diferencial também resulta clara do que eu tenho a dizer.

Note que o professor Fiolhais, que é uma pessoa de excepcional envergadura científica, limitou-se a dizer factos históricos relativamente a este assunto; por exemplo, não disse, como outros não hesitariam em faze-lo, que o Alvarez descobriu a causa da extinção dos dinossaurios.

Já agora: gostei de conhecer o seu blog!

Ciência Ao Natural disse...

Caro Alf,

Depois de leitura (breve) do link que enviou posso dizer:
1- as anomalias de concentrações de irídio encontradas nas camadas da fronteira C/T não são postas em causa;
2- que essas anomalias têm origem extra-terrestre (meteorito) também não me parece estar em dúvida;
3- parece-me que o que o que é posto em causa é a localização do local de impacto;
4- há uma confusão, como já disse, no seu raciocínio entre o acontecimento (queda de meteorito) e os processos que conduziram à extinção bem como de que forma esses acontecimentos extinguiram determinada fauna e flora;
5- como o Alf insinua, o Prof. Fiolhais não afirmou que “Alvarez descobriu a causa da extinção dos dinossaurios.” Pois não. O que a equipa de Alvarez “descobriu” foi a prova de que existiu um impacto há aproximadamente 65 milhões de anos. Esta equipa nunca dissertou sobre os mecanismos paleobiológicos dessa extinção;
6- obrigado pelo comentário ao meu blog e aguardo com curiosidade “No meu blogue irei apresentar uma explicação muito diferente.”

Cumprimentos

Luís Azevedo Rodrigues

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