segunda-feira, 13 de agosto de 2007

SOBRE A NATUREZA DAS COISAS


Por vezes posts antigos recebem comentários, que encontramos por mero acaso. Um dos primeiros "posts" deste "blog", justamente sobre "De Rerum Natura", o livro de Lucrécio que lhe dá o nome, originou uma questão de um leitor brasileiro sobre uma tradução do poema de Lucrécio para português. Mandou-nos um extracto, que julgamos apócrifo.

A oportunidade foi boa para procurar traduções portuguesas da obra. Encontrámos duas do século XIX no catálogo em linha das Bibliotecas da Universidade de Coimbra (que, no seu conjunto formam uma das maiores bibliotecas do país)

Uma delas é de António Leitão e foi impressa em Lisboa:

Lucrecio Caro, Tito. "A natureza das coisas : poema de Tito Lucrecio Caro/ Traduzido do original latino para verso portuguêz por Antonio José de Lima Leitão (1787-1856), Lisboa : Typ. de Jorge Ferreira de Mattos, 1851-1853. 2 vols.; 17 cm.

A outra é de Agostinho Falcão e foi impressa em Coimbra, na própria Imprensa da Universidade:

Lucrecio Caro, Tito. "Os seis Livros Sobre a Natureza das Cousas / de Tito Lucrecio Caro, poeta romano ; vertido em verso solto portuguez por Agostinho de Mendonça Falcão." Coimbra : Imprensa da Universidade, 1890. 205 p.; 24 cm.

As duas são, hoje, livros raros. Uma tradução recente é a do filósofo Agostinho da Silva editada no Brasil é: Da Natureza, Ediouro, 1986

O texto encontra-se em versão integral na Net em inglês, francês e castelhano. O facto de não existir "on-line" em português esse clássico da cultura clássica diz bem do atraso da expansão da Net em português. Ou existe?

Por último: Sabe-se muito pouco sobre Lucrécio. Ter-se-á morto no ano de 55 d.C. e teria escrito o seu lúcido poema em intervalos de loucura. Vale mesmo a pena ler este belo texto ficcional do escritor francês contemporâneo Philippe Sollers, publicado há muitos anos primeiro no Le Monde e depois na Folha de São Paulo, em que o autor se coloca na pele de Lucrécio...

13 comentários:

Anónimo disse...

Caros autores do blog,
Foi algo especial para mim encontrar este blog, já que desenvolvo na Universidade de São Paulo minha pesquisa de mestrado sobre Lucrécio, mais especificamente traduzindo-o. Não temos no brasil uma tradução em versos do de rerum natura, e é isto que venho tentando fazer, a partir do Canto VI do livro.
Saudações.

Mario Domingues mariohdomingue@

Anónimo disse...

A afirmação sobre a loucura de Lucrécio é do padre Tertuliano. É semelhante a outros casos em que sacerdotes criam anedotas pejorativas com o paganismo. Subtraem-lhe as doutrinas e em seguida despreza os autores.

Anónimo disse...

Nelson Remy Gillet-medico 67 anos.Nao encontrei em portugues e sou grato pelas informaçoes acima.Quem sabe a traduçao para o portugues sera disponibilizada.
Bom a verdade é uma loucura,lucida e desatinada.
O poema é sensacional o autor nao se sabe.Louco ou lucido percebia as coisas da natureza.
att.
Nelson Gillet

tadeu andrade disse...

recomendo, a propósito de Lucrécio, a leitura do filósofo André Compte-Sponville : Tratado do Desespero e da Beatitude (este título, ou algo parecido)

tadeu andrade disse...

recomendo, a propósito de Lucrécio, a leitura de "Tratado do Desespero e da Beatitude", do filósofo André Compte-Sponville.
a) Tadeu Andrade

Anónimo disse...

O poema de Lucrécio tinha dupla significação: uma para as latrinas de Roma, e outras para as latrinas do espirito romano. Nas latrinas físicas as mães frequentemente abandonavam recém nascidos não desejados, e nas latrinas espirituais os homens tinham abandonado sua fé e seu caráter

Carlos Gote Matoso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Carlos Gote Matoso disse...

Link para a tradução portuguesa feita pelo Professor Agostinho da Silva: http://en.calameo.com/read/000039711d5c1193856d1.

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Do estudo


Eis canto pedras vosso rigor
sois recolha e serei caminho
que amor é estudo de vigor
Descreve a pedra o pergamiinho.


A natureza do presente é viva
que vida teria habitado estudo?!
sem amor a própria lida
o conhecimento seria mudo.


Vossa vertente, animado monte
faz dos fortes a literatura
d'altura a corredeiras desce


Sabedoria a ciência cresce
sobereia e ousa elevada fonte
a mineral água a pedra dura.

MCA disse...

Boa informação! Ando à procura de uma tradução boa e disponível. O livro Le Sexe et l'Effroi, de Pascal Quignard, despertou-me interesse para este e outros autores clássicos (em particular Ovídio e a sua Arte de Amar). De Ovídio há traduções já deste século, quer da Arte de Amar, quer das Metamorfoses. De Apuleio também (o Burro de Ouro e Conto de Amor e Psique). Estranhamente, não encontrei nenhuma edição portuguesa recente de Lucrécio. Procurarei essa, por Agostinho da Silva.

MCA disse...

Obrigada!

Borges de Garuva disse...

Bom dia, Mario Domingues.
Como vai tua tradução de Lucrécio em versos? Desejoso de ler.
Só conheço a de Lima Leitão.

Unknown disse...

Encontrei esse: "De Rerum natura - Livro I, de Tito Lucretius Carus -
Tradução, Introdução e Notas: Juvino Alves Maia Junior - Hermes Orígenes Duarte Vieira - Felipe dos Santos Almeida - Ideia - João Pessoa [2016].

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