Título: A Última Palavra
Autor: Thomas Nagel
Tradução: Desidério Murcho
Revisão: Carlos João Correia
Editor: Gradiva, 1999, 182 pp.
"A ciência [...] não deriva a sua validade objectiva do facto de partir da percepção e de outras relações causais entre nós e o mundo físico. O verdadeiro trabalho vem depois disso, sob a forma de raciocínio científico activo, sem o qual nenhuma quantidade de impacto causal sobre nós com origem no mundo exterior geraria uma crença nas teorias de Newton ou de Einstein, nem na biologia molecular."
"Se nos satisfizéssemos com o impacto causal do mundo exterior sobre nós, estaríamos ainda ao nível da percepção sensorial. Se podemos achar que as nossas crenças científicas são objectivamente verdadeiras, não é porque o mundo exterior cause a existência delas em nós, mas porque podemos chegar a essas crenças por meio de métodos que são plausivelmente fidedignos, em virtude do seu sucesso na selecção da melhor de entre várias hipóteses rivais que sobrevivem às melhores críticas e questões com que as podemos confrontar. A confirmação empírica desempenha um papel vital neste processo, mas não pode fazê‑lo sem teoria." (Thomas Nagel)
domingo, 20 de maio de 2007
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2 comentários:
"(...)virtude do seu sucesso na selecção da melhor de entre várias hipóteses rivais que sobrevivem às melhores críticas e questões com que as podemos confrontar(...)"
Isto faz-me pensar um pouco na questão da "democratização" de uma ideia filosófica. Como é que se atinge um estado em que uma ideia ou uma conclusão é "aceite como válida" ? Dependerá do número de pensadores que a avaliaram e acharam que ela fazia sentido? Uma teoria é tanto melhor quantos mais defensores tiver? Será que não pode uma teoria defendida apenas por UM ter tanta validade como a defendida por milhões? Como saber isso?
Isto partindo do princípio, claro, que na altura em que são analisadas, ambas as teorias estão formalmente bem fundamentadas.
O que acontece com Galileu? Na altura o mundo defendia que a terra era o centro e ele era o único a dizer o contrário e, no entanto, era ele quem estava certo.
Hoje em dia não haverá uma tendência para o mesmo? Para ser melhor aceite a teoria que tem mais adeptos, mesmo que depois possa ser errada (mas que à altura em questão, não pode ser provada a sua falsidade)?...
O próprio Galileu respondeu em parte à sua relevante questão! Escreveu ele:
"O testemunho de muitos tem pouco mais valor do que o de poucos, visto que o número de pessoas que raciocinam bem em questões complicadas é muito menor do que o daquelas que raciocinam mal. Se raciocinar fosse como puxar carroças, concordo que várias pessoas a raciocinar davam resultados melhores do que uma, tal como vários cavalos conseguem puxar mais sacos de trigo do que um só. Mas raciocinar é como correr, e não puxar, e um único corcel berbere consegue ultrapassar cem cavalos de carga."
Respondendo directamente à sua questão: não há métodos infalíveis. O mais próximo que temos disso é uma comunidade de especialistas que prezem valores cognitivos fundamentais: liberdade, discussão aberta, rigor, verificação cuidadosa de dados, imparcialidade, objectividade. Claro que estes valores são muito desagradáveis para quem quer fazer do trabalho intelectual mero instrumento para isto ou para aquilo, por estar mais preocupado com outra coisa qualquer do que com a verdade.
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