sexta-feira, 4 de maio de 2007

The Imagination of Nature is Far, Far greater than the Imagination of Man

Este é um post convidado do De Rerum Natura. O autor, Norberto Pires, é Professor de Engenharia Mecânica na Universidade de Coimbra, especialista em Robótica Industrial e director da revista "Robótica". Contamos publicar outras colaborações deste tipo.

O watt é a unidade de potência (energia/tempo), e é usada para especificar a variação de energia de um sistema por unidade de tempo. A energia é aqui apresentada como trabalho, ou seja, a energia consumida na realização de uma determinada tarefa. Por exemplo, enquanto escrevia este texto estive a ouvir a música “Safe from harm” dos Massive Attack (do álbum Massive Attack Collected). Durante esse tempo o meu ouvido interno esteve a realizar o equivalente a um bilião de operações em vírgula flutuante por segundo. Fazendo equipa com o meu cérebro, o meu ouvido interno (assim como o de um qualquer ser humano normal) consegue distinguir sons até 120 dB, e identificar uma conversa particular no meio de uma multidão de pessoas (não é que eu seja cusco, mas é verdade). Nenhum sistema artificial actual, construído com a nossa mais sofisticada tecnologia, consegue fazer algo que se aproxime. E o que é verdadeiramente espantoso é que o ouvido interno consegue esse processamento de forma muito eficiente consumindo somente 14*10-6 watts, isto é, poderia trabalhar durante 15 anos consecutivos com a energia fornecida por uma pequena pilha AA.

De facto, o corpo humano consome 100 watts, e o nosso cérebro somente 50 watts. Todo o nosso sistema biológico é altamente eficiente do ponto de vista energético, e nós sabemos que tem capacidades muito avançadas, muito para além daquilo que conseguimos fazer com a nossa tecnologia. Só para terem uma ideia, o meu PDA que também é telefone consome 21.6 *10-3 watt em standby (ou seja, sem fazer nada) e esgota a bateria de 3.6 volts (1200 mAh) em 200 horas (8.3 dias). Se estiver a ser usado para telefonar dura poucos dias (3 a 4 dias), ou seja, consome cerca de 60 * 10-3 watts. E é um dispositivo limitado, com capacidades de processamento muito inferiores ao meu ouvido interno.

Ou seja, estamos muito longe de construir sistemas comparáveis com o nosso cérebro, ou sistema auditivo, visão, tacto, locomoção, sentido de orientação, etc. Se fossemos capazes de copiar a sua eficiência resolvíamos os problemas energéticos mundiais, para além de termos capturado a forma como os sistemas biológicos processam informação, o que constituiria em si uma enorme revolução.

É interessante notar que grande parte do processamento realizado pelos nossos sistemas neuronais é analógico, sendo a informação posteriormente digitalizada. O ouvido, por exemplo, realiza operações de filtragem, análise de frequência, compressão, etc., antes de transmitir a informação ao cérebro. As células do cérebro (neurónios) podem ser entendidas como um conversor analógico para digital (ADC - analog to digital converter) especial. Recebem informação de outros neurónios, integram essa informação de forma analógica, e disparam (1), ou não (0), impulsos nervosos para outros neurónios.

Consequentemente, o nosso procedimento actual de digitalizar tudo e aplicar à informação obtida técnicas de processamento digital parece estar errado: a natureza não foi por aí. Sempre usamos como argumentos para evitar o processamento analógico a falta de precisão, a flutuação e variância com a temperatura, etc., e consequentemente optar pelo processamento digital, mais estável e menos dependente da precisão dos componentes elementares. No entanto, os nossos olhos e ouvidos proporcionam informação de alta qualidade usando elementos analógicos pouco precisos. Como resolveram esse problema? Que mecanismo(s) engenhoso(s) realizaram para interligar esses elementos produzindo um resultado muito eficaz e verdadeiramente fabuloso?

Temos muito a aprender com a natureza para projectar soluções mais eficazes e eficientes, nomeadamente aprendendo como os sistemas biológicos fazem funcionar a estratégia de utilizar o processamento analógico (energeticamente muito eficiente) antes de procederem à digitalização da informação. Temos de perceber como conseguem ser eficientes e robustos usando dispositivos pouco precisos e com muito ruído, quando usados em larga escala. Temos de perceber como são capazes de trabalhar em vários períodos de processamento (que variam entre milissegundos e dias) e com distâncias variáveis (que variam do micrómetro ao centímetro). Hoje, com a nossa electrónica sofisticada, não conseguimos nada que se aproxime e seja estável. Precisamos de perceber como fazem esse processamento paralelo tão maciço.

Uma célula humana do cérebro é capaz de integrar informação de várias outras células, e produzir informação para várias células numa cadeia de processamento paralelo em larga escala. A nossa capacidade actual é muito inferior e limitada pelo número de ligações que conseguimos colocar num chip electrónico. Mas também porque não sabemos como funciona o nosso cérebro, como podemos passar informação de forma segura e efectiva às zonas do cérebro que processam esta informação. Talvez porque a nossa imaginação seja muito mais limitada. Por exemplo, existem vários trabalhos e projectos que tentam devolver a audição ou a visão a pessoas que perderam esses sentidos. Mas os resultados são decepcionantes, nomeadamente quando comparados com as capacidades do sistema original (nem é possível uma comparação, dada a enorme diferença de qualidade). Mesmo coisas aparentemente mais simples, como devolver alguma mobilidade (substituição de membros, por exemplo), têm resultados decepcionantes quando comparados com o original. Há algo errado, talvez um erro sistemático, na forma como abordámos estes assuntos. Um dos grandes cientistas/engenheiros da nossa história comum, Leonardo Da Vinci, dizia que a sua grande vantagem era sapere vedere (saber ver): nós sabemos que ele aliava a isso uma enorme capacidade de desenhar exactamente como via. Talvez seja altura de parar e ver como fez a natureza, que caminhos seguiu, e quais os que tiveram mais sucesso.

Perceber os mecanismos da natureza, a forma com resolveu os problemas que se lhe colocaram, nos vários seres biológicos, criando soluções robustas e eficientes, é o objectivo de uma nova área da engenharia que se denomina “ neuromorphic engineering”. Mais links aqui.

Imaginem uma simples célula humana; o conjunto de interligações químicas que lá ocorrem formam um fabuloso computador que regula o seu crescimento, estrutura, reprodução, ligação com outras células, etc. Imaginem que percebiamos como funcionava, que eramos capazes de reproduzir pelo menos algumas dessas funcionalidades. Imaginem que dominávamos esse poder. Poderíamos criar redes de computadores capazes de aplicações que estão ainda fora da nossa imaginação.

Pois é... a imaginação da natureza é bem maior que a imaginação humana.

Dá que pensar não é?

J. Norberto Pires

Nota: O título deste post corresponde a uma frase famosa de Richard Feynman
Para ler mais sobre este assunto:
“An Ultra-Low-Power Programmable Analog Bionic Ear Processor,", Rahul Sarpeshkar et al., IEEE Transactions on Biomedical Engineering, Abril 2005, pp. 711-727.
“Neuromorphic Electronic Systems" Carver Mead, Proceedings of the IEEE, Outubro 1990, pp. 1629-1636.
“Brain Power”, IEEE Spectrum, Rahul Sarpeshkar, Maio de 2006.

48 comentários:

Anónimo disse...

Brilhante. Adorei.

Anónimo disse...

É verdade, dá mesmo MUITO que pensar... especialmente para aqueles que ainda sustentam que tudo isto surgiu por obra e graça do Espírito Santo... ei!... querem ver que até têm razão?! ;)

Logo, de onde vem a tal imaginação dessa mui misteriosa entidade chamada "Natureza"?

Mas que Ser ontológico é esse sacrossanto "natural"... energia material... SÓ assim e sem rival?!?!

O certo é que à medida que se penetra mais e mais no mistério da realidade fenomenal, tanto a da matéria física como a dos sistemas biológicos e, muito em especial, o Homem e a sua mente-consciência, adensam-se as suspeitas que isto não é só o que parece e o naturalismo fenece!

Ou seja, a religião da natureza não é senão um pobre e breve sucedâneo de outra Eterna Beleza...

Rui leprechaun

(...íntima infinda certeza!!! :))

PS: De facto, que cérebros supostamente inteligentes e racionais ainda possam defender a "irracionalidade" de um processo evolutivo tipo relojoeiro cego, na maravilhosa complexidade e simultânea simplicidade de toda a Criação, só comprova como é tão ténue a razão e que a Verdade só a sabe o coração...

...na sagrada intuição do Uno sem divisão!!! :))

Fernando Dias disse...

A memória é uma rede de fios condutores, que proporciona à vida o imperativo da consciência. A realidade de cada um de nós é efémera e apaga-se. Os labirínticos fios da memória vão para além da rede cerebral. O cérebro está embebido num todo mais vasto que é o corpo; o corpo está embebido num todo mais vasto que é a sociedade humana; a sociedade humana está embebida num todo mais vasto que é o Universo. Não é possível dar um passo atrás para ver o Universo mais nitidamente ou ter um ponto fixo para apoiar a nossa alavanca, como queria Arquimedes.

Anónimo disse...

Não querendo dar glória ao Criador, os evolucionistas insistem em atribuir propriedades teomórficas à Natureza, dizendo que a mesma é "inteligente", "engenhosa",
"eficiente", "criativa", "imaginativa", etc. Este é um padrão que sistematicamente se repete.

No entanto, a Natureza não tem cérebro nem inteligência. A mesma não pensa nem planifica as suas acções. Todavia, é evidente que muitas das suas características manifestam a presença de inteligência. As mesmas transcedem muito tudo o que a inteligência humana é capaz de conseguir.

Não seria muito mais racional e lógico admitir que por detrás da Natureza existe alguém que opera nela de modo inteligênte?

As observações deste artigo são totalmente consistentes com o criacionismo e o intelligent design, mas nada têm que ver com processos aleatórios ao longo de milhões de anos.

Pelo contrário, as mesmas corroboram a ideia de uma criação plenamente funcional instantânea, a partir de uma causalidade inteligente sobrenatural. De resto, as coincidências antrópicas do Universo apontam no mesmo sentido.

De facto, não é por falta de evidências que muitos cientistas hoje recusam aceitar que existe um Criador inteligente no Universo. As evidências estão em todo o lado.

Como se vê, o problema não é científico. É, acima de tudo espiritual, tendo sido diagnosticado pelo Apóstolo Paulo, no primeiro capítulo da sua carta aos Romanos, há quase dois mil anos:


“Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos”

Anónimo disse...

Um excelente post, aliás como todos os outros que tenho lido.
Um blog viciante.
Os meus sinceros parabéns.

Anónimo disse...

Caro Rui Leprechaun,

entendi bem que defende uma evolução tipo desenho inteligente?

"Ou seja, a religião da natureza não é senão um pobre e breve sucedâneo de outra Eterna Beleza..."

Relembro o título do artigo para lhe dizer que a hipótese de Deus como criador de tudo isto é tão pouco imaginativa quando comparada com a possibilidade de o mundo e o universo emergirem de um processo auto-organizativo...

Anónimo disse...

A hipótese auto-organizativa é um absurdo de quem não tem mais nada que fazer. Desde que Stuart Kauffmann e outros que tais a sustentaram, continuamos à espera dos célebres e certamente tão especiais princípios de auto-organização.

Os mecanismos do Universo e da Vida têm uma complexidade que transcende tudo que se possa imaginar, estando saturados de informação complexa, especificada e integrada.

Uma coisa é certa. Hipóteses e especulações de auto-organização à parte, os criacionistas e os defensores do intelligent design podem mostrar com toda a facilidade que as observações científicas, longe de os desmentirem, corroboram todos os dias, a todas as horas e diante de todos as premissas de que partem.

É isso que provoca o ressentimento e a inveja dos naturalistas.

Unknown disse...

Bolas, que estes fanáticos cristãos são mesmo chatos! Nós não os vamos chatear aos vossos blogs lamechas, porque não desamparam estas caixas de comentários?

Ainda se tivessem alguma coisa para dizer, mas não, são as mesmas lamechices anti-ciência por tudo quanto é post! livra, que não há mesmo paciência para esta gentinha!

Unknown disse...

Adorei esta ideia dos posts convidados. A estreia foi cinco estrelas; um post mesmo muito interessante.

É giro como tanta gente da área da robótica tem colaborações connosco (biólogos). O trabalho do professor José Alberto Santos Victor em visão merecia também um artigo convidado.

Anónimo disse...

Rita. Aproveite para mostrar que os cristãos estão errados!

Anónimo disse...

Aviso aos leitores do Rerum Natura:


O Rerum Natura tem apresentado a “Lucy”, na sua qualidade de espécime de Australopithecus afarensis, como ancestral evolutivo de toda a humanidade, supostamente com 3,2 milhões de anos de idade.

De acordo com a doutrina evolucionista das últimas décadas, a Lucy era um elo de transição entre o maçado e o homem. Como tal correu o mundo, em publicações científicas, jornais, revistas, programas de televisão, manuais escolares, etc.

Todavia, diante do recente estudo de antropólogos israelitas, da Universidade de Tel Aviv, essa linhagem evolutiva cai pela base. De resto, já há muito que os anatomistas Zolly Zuckerman e Charles Oxnard vinham alertando para o facto de que a Lucy não passava de um macaco, provavelmente um gorila.

Afinal tantos gritos estridentes a favor da Lucy não passavam de ruído propagandístico.

É claro que os evolucionistas terão que ir à pressa recrutar uma substituta para a Lucy, nem que para isso tenham que mobilizar um qualquer outro macaco.

Tudo isto se passa, ao mesmo tempo que os antropólogos reconhecem que os Neandertais, também durante muito tempo apresentados como antecedentes dos seres humanos, são verdadeiros seres humanos.

Isso só demonstra que os leitores do Rerum Natura devem relativizar as suas afirmações assertivas sobre a evolução.

Também aqui, tudo o que é verdade hoje pode ser mentira amanhã.

Quanto à Lucy, se tivessem desconfiado dos seus próprios modelos, os evolucionistas teriam evitado sujeitá-la
à humilhação de uma despromoção.

Unknown disse...

Oh alminha melga e anónima:

Não percebe que se isso for mesmo verdade são os próprios cientistas a afirmá-lo e a reconhecê-lo? Não precisamos de um criacionista IDiota para nos informar das últimas da ciência. É assim que a ciência e a sociedade evoluem. E é isso que torna a ciência tão apaixonante.

Mas a sua cabecinha obscurantista com o Tico e o Teco fundidos pela religião nunca há-de perceber isso...

Anónimo disse...

Também há muitos cientistas que afirmam e reconhecem que a teoria da evolução não passa de um mito moderno e têm todo o gosto em apresentar evidências disso mesmo.

É exactamente por a ciência evoluir que um número maior de cientistas hoje questiona a evolução. Acha que as teorias científicas não podem ser questionadas?

Na verdade, o criacionismo é, essencialmente, um movimento de cientistas que, conhecendo bem os argumentos evolucionistas (v.g. Lucy, Neandertais), têm chamado a atenção para o facto de que as observações científicas são inteiramente consistentes com a criação inteligente do Universo, como de resto o artigo que serve de base a estes posts demonstra.

Há muitos mais cientistas por detrás do intelligent design movement ou do criacionismo do que líderes religiosos.

Será que a sua cabecinha de Raponzel e Barbie é que é obscurantista? ;-)

Anónimo disse...

Parece-me que o substituto da "Lucy" já foi encontrado, só falta baptizá-lo!

guida martins

Anónimo disse...

Gentinha triste...
Chamar cientistas a uns papagaios que se limitam a fazer colagem de frases de cientistas, para distorcer o que é dito.
Tenho uma teoria... Os criacionistas parecem-me ser todos jornalistas desportivos.

Quando a evolução é um facto mais que provado, e o que existem é dúvidas sobre a forma como se processou, surgem uns IDiotas a dizer que como se provou que a Lucy não era antepassado directo do homem moderno, este só pode ter sido criado. Ou são burros, ou não falam nenhuma lingua de origem indo-europeia, porque só assim se explica que ainda não tenha percebido que descender do mesmo antepassado comum que os macacos, não é a mesma coisa que descender de um macaco! Para quem gosta tanto de brincar com as palavras, os religiosos parecem-me pouco dotados para a compreensão.

Bruce Lóse disse...

Atenção De Rerum
Aten@ão ..e Rerum

Esta#os a ..erder o sinal ..!
..muit...ruíd...é melh%....aba?er...a...Rit..G&da..e...afin$

Fernando Dias disse...

Estes parecem-me os melhores até agora neste post. RITA e LEPECHAUN. Concordo com a RITA naquela frase certeira “que não precisamos de um criacionista IDiota para nos informar das últimas da ciência”. Mas talvez não tenha de estar de acordo com todo o seu pensamento. Também concordo com LEPECHAUN quando diz
“que à medida que se penetra mais e mais no mistério da realidade fenomenal, tanto a da matéria física como a dos sistemas biológicos e, muito em especial, o Homem e a sua mente-consciência, adensam-se as suspeitas que isto não é só o que parece e o naturalismo fenece!”. Mas não tenho que concordar com tudo.

Então para continuarmos a conversar, resta-nos um apoio híbrido, o da via intermédia ou terceira via. Não nos podemos apoiar no “objectivismo” porque não há um fundamento lá fora, no mundo, em si mesmo. Também não nos podemos apoiar no “subjectivismo” porque não existe um “eu” fixo imutável. Mas atenção, isto não é niilismo.

Na nossa “vida vivida do dia-a-dia” nenhum de nós (cientista ou não) segue preceitos científicos para viver “naturalmente”, lidando com as coisas do mundo e interagindo com as outras pessoas. Por outro lado, quando estamos a fazer ciência, lidamos com conceitos abstractos e nunca incorporamos na ciência a nossa experiência directa da “vida do dia-a-dia” (ou se quiserem a fenomenologia no sentido Merlau-Pontiano). Nós cientistas quando estamos a praticar ciência esquecemo-nos da forma como praticamos fenomenologicamente a nossa vida, e quando estamos a praticar a nossa vida esquecemo-nos dos ensinamentos da prática científica.

Daqui se conclui, que de parte a parte há uma grande falta de atenção. Há que conjugar as duas vias, a via da “experiência da ciência” e a via da “experiência da vida vivida no dia-a-dia”. A esta conjugação é que se pode chamar hibridismo. Não excluir ninguém “à prori”, e procurar uma terceira via. Mas para isso, é preciso muita atenção, muita concentração. Muita prudência. Muita decência.É difícil? É capaz de ser. Mas vale a pena tentar. É a via da Ética.

Unknown disse...

Mas aonde é que esta melga foi buscar que há cientistas que questionam a evolução? A sites evangélicos ou das testemunhas do Jeová, porque nenhum cientista questiona a evolução.

Discutem-se acesamente os mecanismo de operação da evolução mas ninguém põe a evolução em causa. Ninguém em ciência, quero eu dizer. Mas desde os tempos de Galileu que os cristãos são conhecidos por estarem na vanguarda do pensamento científico. Felizmente que já não nos podem queimar em orgias de fé!

A iliteracia científica desta gentinha só é comparável ao fanatismo!

Anónimo disse...

Esta apropriação de termos comuns por razões de marketing, mexe mesmo comigo!

O propósito do design é, por regra, na presença de um problema, geralmente de forma/função, dar-lhe uma resposta eficaz.Ou há design e estamos perante uma manifestação inteligente ou não há pura e simplesmente.

Design asno, que eu me recorde, só conheço aquela lindissima chaleira (quiçá mais bela do que a Vénus de Milo) em que eu me esqueci de pôr a pega. AQUILO É QUE ERA UM AVIÃO!

Por acaso, com ID não quererão dizer Industrial Design, mais apropriado para a massificação.
Artur Figueiredo

Anónimo disse...

Post muito interessante. Este blog tem muita qualidade. Vou visitar regularmente.

Anónimo disse...

Norberto Pires, o seu post, como outros aqui, no De Rerum Natura, provocou-me vontade de estudar. (É o elogio (a si, N. Pires) possível de quem (eu) ignora quase tudo. Agradeço à Rita por cujas palavras me ri francamente. Para o anónimo criacionista: Proferir o nome de Deus é proferir o nome de Deus em vão. A propósito de Deus, não podemos falar.

Luís

Anónimo disse...

Gostei muito deste artigo, e da perspectiva do autor. De alguma forma chama a atenção para a multidisciplinaridade na ciência, para a necessidade de juntar várias competências no sentido de obter melhores resultados e compreender melhor o mundo. Muito bem.

José Francisco

Anónimo disse...

Gostei de lêr este artigo que passei para amigos. Interessante por dois aspetos: coloca enfase na interdisciplinaridade da ciência, e na curiosa associação entre tecnologia e ciências naturais na procura de soluções mais eficientes. Blz.

Márcia
Minas Gerais
Brasil

Anónimo disse...

Excelente blog.
:):)

Anónimo disse...

"Mas aonde é que esta melga foi buscar que há cientistas que questionam a evolução? A sites evangélicos ou das testemunhas do Jeová, porque nenhum cientista questiona a evolução. "

A ritinha não sabe o que diz. Veja este [url=http://www.discovery.org/scripts/viewDB/filesDB-download.php?command=download&id=660]link[/url]

estes chegam-lhe ou quer mais?

Anónimo disse...

"Mas aonde é que esta melga foi buscar que há cientistas que questionam a evolução? A sites evangélicos ou das testemunhas do Jeová, porque nenhum cientista questiona a evolução. "

A ritinha não sabe o que diz. Veja este link:

http://www.discovery.org/scripts/viewDB/filesDB-download.php?command=download&id=660

estes chegam-lhe ou quer mais?

Anónimo disse...

Gostei muito.
:)

Manel C.

Alef disse...

Considero que tanto estão equivocados os que, invocando o seu estatuto de cientistas, tecem considerandos que estão para lá da sua competência, como os criacionistas, que pretendem fazer de um livro religioso um livro de ciência.

Em todo o caso, gostava de ouvir os cientistas «evolucionistas» desta praça pronunciar-se sobre essa lista apresentada pelo anónimo das 20:41 do dia 4 de Maio.

a) São todos esses cientistas da lista charlatães?

b) É possível neste caso argumentar de outra forma que não uma acientífica argumentação «ad hominem»?

c) Têm que ser os cientistas «sérios» ateus? Um cientista que se dia crente não é fidedigno?

Aos criacionistas visitantes: conhecem algum defensor do ID que seja agnóstico ou ateu?

Alef

Anónimo disse...

Querida irmandade: Evolução é o nome da roupa nova do rei.

Palmira F. da Silva disse...

Caro Alef:

Há muitos anos em conversa com Roald Hoffman, uma grande divulgador de ciência - e que simultaneamente tentou conciliar as tais duas culturas de Snow - dizia ele que os cientistas como grupo eram estatisticamente indiferenciáveis do resto da população numa série de indicadores. Segundo ele o único grupo profissional que se destacava na época eram os músicos que tocavam oboé - provavelmente por serem poucos.

Portanto não é de espantar que existam entre os cientistas uns quantos fundamentalistas. Muito poucos, aliás a lista quer do Discovery Institute, que lista cerca de 400 quer a do Answers in Genesis, que contêm nomes em comum, são ridiculamente pequenas, há muitos mais cientistas no Técnico que nas duas em conjunto :-)

Aliás, durante o julgamento de Kitzmiller que foi muito publicitado nos media do ponto de vista dos criacionistas, houve uma iniciativa de 4 dias «A Scientific Support For Darwinism And For Public Schools Not To Teach Intelligent Design As Science» que recolheu 7733 assinaturas nesse espaço de tempo.

Os criacionistas em décadas de existência arregimentaram 20 vezes menos esse número de fanáticos...

Nomeado em honra do paleontólogo Stephen Jay Gould e como paródia às pretensões dos IDiotas* de que a evolução é «uma teoria em crise», o National Center for Science Education (NCSE) criou o Projecto Steve que pretende tratar as inanidades debitadas pelos IDiotas, mais concretamente que existem sérias dúvidas na comunidade científica sobre a evolução, como a anedota que de facto são.

Assim o Projecto Steve lista apenas cientistas chamados Stephen ou variações como Stephanie, Steven, Stefan, Esteban, etc. que se prontificaram a assinar o manifesto. Neste momento há 803 Steves no Steve-o-Meter, incluindo os dois Steves prémios Nobel, Steven Chu e Steven Weinberg, para além de Stephen Hawking, claro!

*Intelligent Design is Involved in the Origin of The Species

Palmira F. da Silva disse...

E não, não há um único cientista ateu ou agnóstico que seja criacionista, como devia ser óbvio. O criacionismo é apenas uma forma anacrónica de tentar recuperar a hegemonia da religião, não tem qualquer base científica ou racional!

Palmira F. da Silva disse...

E já agora não percebo o que o Alef quer dizer com "tecem considerandos que estão para lá da sua competência". Está a sugerir, como me dizia um padre há uns anos, que eu não tenho o direito de ser ateia? Muito menos de agir de acordo com o que penso?

As religiões, nomeadamente os seus representantes, que no caso da ICAR é a mesma coisa - suponho continuar a ser doutrina católica que ao rebanho compete apenas seguir acriticamente o debitado por esses representantes, como recordou o cardeal patriarca aquando do referendo - debitam inanidades sobre tudo e mais umas botas, de ciência ao direito que rege os estados.

Mas, como seria apenas expectável, ululam que estão a ser perseguidos, ou atacados, se essas inanidades são criticadas. Como o fez muito recentmente o Vaticano que no l'Osservatore Romano chamou terrorista e instigador de violência a um humorista que se atreveu a criticar a posição anti-evolucionista de B16...

QUe competência tem B16, por exemplo, para chamar terroristas e inimigos da paz aos cientistas que trabalham em células estaminais, como o fez na alocução do Ano Novo? Ou para dizer que o evolucionismo é irracional?

Palmira F. da Silva disse...

Mensagem de Ano Novo, ponto 5

»Quanto ao direito à vida, cabe denunciar o destroço de que é objecto na nossa sociedade: junto às vítimas dos conflitos armados, do terrorismo e das mais diversas formas de violência, temos as mortes silenciosas provocadas pela fome, pelo aborto, pelas pesquisas sobre os embriões e pela eutanásia. Como não ver nisto tudo um atentado à paz?»

«O Papa Bento XVI disse hoje diante de milhares de pessoas em Regensburg que a teoria da evolução é irracional, que o ateísmo moderno nasce do medo de Deus»

mais concretamente «From the Enlightenment on, science, at least in part, has applied itself to seeking an explanation of the world in which God would be unnecessary. (...) So we end up with two alternatives. (...) Creative Reason, the Spirit who makes all things and gives them growth, or Unreason, which, lacking any meaning, yet somehow brings forth a mathematically ordered cosmos, as well as man and his reason.»

Anónimo disse...

Os senhores convidados, como eu, se não se importarem, fazem o favor de desligar os telemóveis para "ver se conseguimos ouvir" quem tenha algo interessante a dizer sobre biónica e processos biológicos.

Obrigado.

Artur Figueiredo

Anónimo disse...

GOSTEI DO POST,muito bom como sempre, fiquei sensibilizado com o gosto musical do autor (apesar de ouvir uma colectanea já que originalmente a musica vem no albem blue lines), aproveito a deixa para perguntar aos ouvintes deste berlógue que musiquitas ouvem regularmente.
Deixo aqui a ultima compra (sim, sou otário e ainda compro cd's na loja): JP Simões , um sucedaneo do chico mas bastante agradavel

Palmira F. da Silva disse...

Caro Artur:

É de facto um tema fascinante em inúmeras áreas. Eu já conhecia há uns anos o trabalho nesta área realizado no ISR (Instituto de Sistemas e Robótica) nomeadamente o do do Zé Alberto, que, como disse a Rita, tem um trabalho absolutamente fascinante sobre visão. Aliás, cá no burgo tb o Pedro Vieira na Nova tem igualmente um trabalho muito interessante.

O ano passado saiu a primeira fornada de eng. biomédicos do Técnico e o meeting, a que assisti, foi uma revelação, em áreas abordadas pelo autor deste post de que gostei imenso.

Pode ver o folheto do meeting aqui (formato pdf) e aconselho o abstract da palestra «Comunicação cérebro-computador baseada em EEG: estado-da-arte» de Gert Pfurtscheller do Laboratory of Brain-Computer Interfaces na Graz University of Technology.

Todas as palestras e comunicações têm bibliografia.

Anónimo disse...

Julgo que a paz de que os cientistas são inimigos é uma paz podre. Não é difícil discernir pacifismo de submissão, mas, quando alguém não logra esse discernimento, é bom que outro se subleve e reafirme o óbvio.
....
Luís

J. Norberto Pires disse...

Uma das áreas mais excitantes da engenharia, ligada a robótica e à inteligência artificial, é aquela que procura pontes com a física, a medicina, a biologia e a psicologia. Isso significa juntar pessoas que fizeram uma evolução em áreas técnicas (engenheiros e cientistas de mecânica, electrónica, informática, etc.) com outras das áreas das ciências naturais, médicas-biológicas e humanas. Esse caminho tem conduzido a coisas fabulosas, e colaborações verdadeiramente excitantes. Na realização de dispositivos biónicos para locomoção, audição, visão, etc., mas também para perceber como funciona o comportamento (ainda programamos os robôs de forma muito procedimental, mas podíamos fazê-lo especificando somente um tipo de comportamento), como é a percepção, como é o processamento de informação, como é que aprendemos e usamos (nós seres biológicos) a nossa “experiência” acumulada para “melhorar” a nossa atitude. Por exemplo, existe uma área de investigação na Psicologia que tenta perceber como criamos empatia com certas pessoas ou objectos. Porque gostamos e nos sentimos bem logo com certas pessoas ou objectos, e rejeitamos logo outros. Isso é fundamental para o relacionamento de pessoas com máquinas.
Por isso, na minha actividade tenho tentado estabelecer “pontes” com estas áreas. Por exemplo, com o curso de Engenharia Biomédica de Coimbra (um curso com sede no Departamento de Física, mas com a participação da Medicina, da Mecânica, da Electrónica, da Informática, da Química...), que penso ser o único no país com a área de especialização em robótica médica. Mas também com cientistas doutras áreas.
Estamos numa época muito interessante, perto de uma nova revolução científica e técnica. Espero voltar em breve a este blog com este assunto.
;-)

J. Norberto Pires

Anónimo disse...

Este post deu-me vontade de ler e estudar sobre estes assuntos. Parabéns. :)

António

Unknown disse...

E eu a dizer em que sites lia o anónimo do Tico e Teco fundidos e ela recomenda sites cristãos lol.

Eu até tinha vergonha de recomendar qualquer coisa do Answers in Genesis, que é completamente atrasado mental. A não ser como site humorístico. O Discovery Institute é igual...

E para o António Parente, que continua muito polido, os meus parabéns, o que o Alef disse foi que os crentes têm direito a falar de tudo e a deitar abaixo tudo mas os cientistas não podem falar de religião.

Anónimo disse...

Agradeço Professora Palmira pelas dicas e fico satisfeito pelo Norberto Pires ter voltado ao assunto que me parece de tal forma maravilhoso (a informação relativa ao funcionamento do cérebro) que me custa vê-lo corrompido com outras discussões.
Artur Figueiredo

Unknown disse...

Vou ficar à espera de mais posts do professor Norberto Pires. A amostra deixou água na boca.

Muitos parabéns pelo post e pela forma clara e simples de descrever coisas que são um pouco impenetráveis para uma bióloga que teve uma cadeirita de matemática no curso.

Uma vez tentei ler um dos artigos do professor Santos Victor e perdi-me logo depois da introdução.

Fazem muita falta pessoas como o professor que descasca de forma acessível assuntos que nas revistas da especialidade os leigos não pescam nada.

É assim que se combate a iliteracia cientifica de que falou a Palmira.

Anónimo disse...

A lista que mencionei não tem 400 nomes como diz a Palmira mas cerca de 700, o que já por si é um feito, pois como se pode ver integrar uma lista de «dissidentes» como essa é garantia de ser ridicularizado e ver o seu nome vilipendiado na praça pública pelo verdadeiros obscurantistas como a Palmira que não toleram que se ponha em causa o seu dogma religioso da evolução darwiniana, e numa reacção pavloviana começam a taxar preconceituosamente os «heréticos» de fundamentalistas, fanáticos minoritários, etc

Depois, o Alef pergunta «Aos criacionistas visitantes: conhecem algum defensor do ID que seja agnóstico ou ateu?» e a Palmira responde «E não, não há um único cientista ateu ou agnóstico que seja criacionista, como devia ser óbvio.»

Aqui a Palmira demonstra que não conhece aquilo que tanto crítica o que não abona nada em seu favor, pois confude de forma básica o criacionismo com a teoria do Design Inteligente metendo tudo no mesmo saco quando são coisas diferentes. E respondendo directamente ao Alef, sim há, pelo menos o matemático David Berlinski é agnóstico.

Por fim, o que a Palmira e outros evolucionistas deste blog deviam fazer era em vez de apenas debitar expressões de desejo como esta «O criacionismo é apenas uma forma anacrónica de tentar recuperar a hegemonia da religião, não tem qualquer base científica ou racional!» aproveitar a oportunidade deste post e explicar como é que sistemas tão complexos como o sistema auditivo são o resultado de um processo evolutivo de selecção natural. Assim todos podíamos ver o poder explicativo da teoria da evolução.

Anónimo disse...

Post muito interessante. Sou bióloga e gostei mesmo muito.

Patrícia

Anónimo disse...

"a imaginação da natureza é bem maior que a imaginação humana"

Os neurónios são células fantásticas quando analisadas isoladamente, contudo, necessitam de se ligar em rede para desempenharem com eficácia as suas funções (das quais apenas temos consciência de uma pequena parte) e cumprirem os seus objectivos. Será descabido pensar que o cérebro imita o neurónio e que se liga em rede com outros quer de forma consciente (quando partilhamos os nossos conhecimentos), quer de forma inconsciente, contribuindo essa partilha de informação para a evolução da espécie e para o modo como nos relacionamos com as outras espécies, das quais somos definitivamente dependentes?
Provavelmente serão redes que não se podem comparar, até pelo facto de no cérebro existirem 100 biliões de neurónios e apenas existirem 6 biliões de cérebros.
Enfim, a mim dá-me que pensar...

guida martins

Rui leprechaun disse...

Porquanto, o que de Deus se pode conhecer, neles se manifesta, porque Deus lho manifestou. Pois os seus atributos invisíveis, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos desde a criação do mundo, sendo percebidos mediante as coisas criadas, de modo que eles são inescusáveis; porquanto, tendo conhecido a Deus, contudo não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes nas suas especulações se desvaneceram, e o seu coração insensato se obscureceu. Dizendo-se sábios, tornaram-se estultos.

Belíssima citação da I Epístola aos Romanos, embora a parte final seja demasiado "incorrecta" para ser citada aqui... ;)

É interessante que eu estava há dias a imaginar o que se poderá dizer ou escrever da ciência actual, talvez daqui a 1 ou 2 séculos. É que tal como nós agora, um pouco na soberba do nosso ainda limitadíssimo conhecimento, chamamos à Idade Média a "era das trevas" - muitíssimo injustamente, diga-se - creio que também os futuros sábios pasmarão com a espantosa cegueira que fez varrer do vocabulário científico a mais simples e certa explicação para tudo quanto cada vez mais maravilhadamente vamos descobrindo. Ou seja, e tal como alguém disse logo no início, a atribuição de propriedades teomórficas à Natureza é a máxima confissão dos homens da ciência de que de facto existe uma consciência inteligente e um plano óbvio no aparecimento e evolução deste universo material.

Mas como há um estranho complexo de Édipo em relação à religião da qual a ciência há muito se emancipou, persiste a teimosia de evitar pronunciar a palavra proibida, "Deus" ou "Criador" ou "Brahman" ou "Tao" ou "Espírito"... whatever! E assim se cria um novo culto animista, que atribui a essa mui misteriosa e omnipresente entidade "Natureza" sem tirar nem pôr os mesmíssimos atributos que as religiões "inferiores" conferem ao seu "Deus".

Deveras, uma cegueira muito reveladora de uma certa estreiteza e rigidez mentais, que por certo não deixará de causar surpresa e espanto nos vindouros... É mesmo: dizendo-se sábios, tornaram-se estultos e preferem conscientemente não admitir a sua ignorância, feitos criancinhas birrentas todas entretidas com o seu brinquedo novo de poucos séculos, chamado "Ciência".

Really... oh really?! Is it all there is to real Knowledge, are you sure?!

To know You is to love You
And I do, yes I do!
:)

E que tal um bocadinho... só um pozinho!... desse altíssimo Conhecimento transcendental, o único sem igual nem rival, p'ra além do Bem e do Mal! Uma indizivelmente maravilhosa oração de um sábio sufi, em toda a sua esplendorosa beleza... the hunger for Beauty and the thirst for Love... higher and higher ever from above!!! :)

Eis então a sabedoria da simplicidade nas palavras imortais, para sempre e todo o sempre, de Jalal ad-Din Rumi, o mais famoso de todos os poetas sufi, que muito em breve será reconhecido como o Excelso Divino Ser Humano, que é a condição potencial de cada um de nós... criadores em potência é essa a vera ciência!!!

My God and my Lord: Eyes are at rest,
the stars are setting,
hushed are the movements of birds in their nests,
of monsters in the deep.
And you are the Just who knows no change,
the Equity that does not swerve,
the Everlasting that never passes away.
The doors of kings are locked and guarded by their henchmen,
but your door is open to those who call upon you.
My Lord, each lover is now alone with his beloved
And I am alone with you.


Que Coração não se move ao ler este testemunho vivo de perene sabedoria e gratidão?! Porque apenas possuímos aquilo que antecipadamente agradecemos e é esse o drama dos sábios estultos e cegos na arrogância do seu limitadíssimo e tão curto conhecimento: eles perderam já a capacidade de agradecer e por isso fecham os olhos e cerram o coração para continuar a não ver nem crer...

Rui leprechaun disse...

Relembro o título do artigo para lhe dizer que a hipótese de Deus como criador de tudo isto é tão pouco imaginativa quando comparada com a possibilidade de o mundo e o universo emergirem de um processo auto-organizativo...

Ora vamos então traduzir o título do post, sim?!

The imagination of the Creator is far far greater than the imagination of his creature! :)

It's just a question of words, really, no more no less, that's it!!!

Ou ainda, o que é que significa um processo auto-organizativo, afinal? Melhor ainda, de onde vem esse auto, qual a sua misteriosa origem, não me dirão?!

Como podem mentes por certo bem inteligentes, e cujo discurso racional e muito bem organizado é até um prazer ler, como Richard Dawkins, por exemplo, sustentar que a evolução através da selecção natural é um processo inconsciente, automático, cego e não-aleatório?

Oh! There is no conscious involved, really?! Are you completely sure on that one, Richard?! ;)

Já agora, espero ler o famoso "Relojoeiro Cego" e "The God Delusion" logo que possível, mas até aprecio o discurso coerente de Dawkins, que só conheço através de algumas das suas entrevistas e citações dispersas pela Net. Logo, é mesmo tempo de o conhecer como autor!

Problem is, however, our use of words, that's it! É que o Deus muito literal e antropomórfico das religiões - pelo menos, as do "Livro" - não é talvez bem o mesmo "Deus" a que Einstein, e muitos outros cientistas, se referem, quando utilizam esse termo como uma metáfora poética para a natureza e os seus mistérios. Daí, a tradução que eu fiz acima do título deste post.

Deveras, só o facto da palavra "natureza" aparecer muitas vezes escrita em maiúsculas, neste sentido mais vasto, é já significativo, oh sim!

A esse processo auto-organizativo chamava Lao-Tzu o TAO e não conheço descrição tão próxima das actuais teorias de ponta sobre a origem e evolução do universo como esse sublime "Tao Te Ching", que tudo sintetiza nos seus breves 81 capítulos poéticos.

Still... é o Universo ou Natureza consciente de si próprio e do seu processo criativo e evolutivo... sim ou não?!

NÃO! parece ser (ainda) a resposta da ciência actual, mas SIM! é a única conclusão da religião universal!

So... which side are you on...

Rui leprechaun

(...is that Truth self-born?! :))


When they lose their sense of awe,
people turn to religion.
When they no longer trust themselves,
they begin to depend upon authority.


"Tao Te Ching", 72

Anónimo disse...

Bolas que há coisas que valem a pena ler. :)

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