Sem graduados de primeira classe em ciências, como poderemos compreender e lidar com as crises provocadas pelo aquecimento global, pergunta Harry Kroto num artigo publicado há dois dias no The Guardian, intitulado “o naufrágio da ciência britânica”.
Harold Kroto é um distinto químico britânico, galardoado com o Prémio Nobel da Química, em 1996, juntamente com Robert Curl e Richard Smalley, pela descoberta da extraordinária molécula designada C60 Buckminsterfulereno. Trata-se de uma complexa molécula constituída exclusivamente por átomos de Carbono, num total de 60 átomos. A molécula tem a forma de uma bola de futebol com 60 vértices.
A sua descoberta originou uma nova área de investigação em química designada ciência dos Fulerenos. Tratando-se de moléculas muito estáveis e com propriedades físicas invulgares desenvolveram-se ou estão em desenvolvimento inúmeras aplicações para elas: supercondutores, lubrificantes, armazenamento de Hidrogénio, dispositivos ópticos, sensores químicos, cosmética, etc.
Filho de emigrantes alemães, que fugiram da fúria assassina de Hitler, Harry Kroto sempre demonstrou ao longo da sua vida uma intensa curiosidade e um vincado racionalismo.
Kroto, que entretanto abandonou a Universidade de Sussex, onde esteve 37 anos, trocando-a pela mais interessada Universidade da Florida, critica de forma dura e acutilante a política educativa do governo trabalhista, que, ao não incentivar a curiosidade dos jovens e o interesse pelo conhecimento, conduziu a um afastamento massivo dos jovens dos cursos científicos. Como afirma, há mais jovens a frequentar cursos de comunicação que de física. Essa política repercutiu-se inclusivamente nas Universidades, chamadas a terem cursos com mais ‘rendimento’. A abordagem MacDonald’s aos cursos – baratos, na moda, e fáceis de mastigar – destinados a um consumo em massa, resultou numa avalanche de diplomados para trabalhos inexistentes.
A ler aqui.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
3 comentários:
Kroto é um dos meus heróis :) Da autobiografia na página da Nobel:
The humanitarian philosophies that have been developed (sometimes under some religious banner and invariably in the face of religious opposition) are human inventions, as the name implies - and our species deserves the credit. I am a devout atheist - nothing else makes any sense to me and I must admit to being bewildered by those, who in the face of what appears so obvious, still believe in a mystical creator. However I can see that the promise of infinite immortality is a more palatable proposition than the absolute certainty of finite mortality which those of us who are subject to free thought (as opposed to free will) have to look forward to and many may not have the strength of character to accept it.
Aquilo que ouvi dizer e' que o Kroto apenas foi para a Florida porque nos USA nao ha idade para a reforma compulsiva, ao contrario do UK, e pelos vistos o gajo ja e' velho demais do ponto de vista ingles.
luis
Isso e' plausivel. Na realidade, varios distintos cientistas ingleses vao para outros lados assim que chegam 'a idade de reforma compulsiva.
Enviar um comentário