domingo, 12 de novembro de 2023

RETRATO DE MARIANA

Seu amor era feito de recato,
de dedicação, pequenos serviços,
total entrega e suave acato,
de sentimentos fundos mas omissos.

Omnipresença que se apagava,
fogo que ardia e não se via,
chama que, secreta, se atiçava,
silêncio que, tão alto, se ouvia.

Vida feita de gestos recolhidos,
sempre próxima, mas tão sossegada,
contendo sempre a fome dos sentidos.

Porém, quando a morte se fez chegada,
lançou-se à água, em aberto ostento
de amor que fora seu oculto sustento.

Eugénio Lisboa 

Mariana é uma das minhas personagens femininas preferidas.
Extraordinária criação de Camilo, num dos seus mais belos livros, Amor de Perdição.

Sem comentários:

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...