Elogio fúnebre que proferi hoje ao Prof. Dr. João da Providência:
Estamos aqui, com pesar, reunidos para prestar uma homenagem – que não será decerto a última – ao Prof. Dr. João da Providência Santarém e Costa. Tive a felicidade de ter sido aluno dele na Universidade de Coimbra nos anos 70, tendo tido depois o privilégio de passar a ser seu colega, embora bastante mais novo. Estou certo de partilhar o sentir dos numerosos estudantes que passaram pelas suas aulas, incluindo as aulas de pós-graduação de que ele foi pioneiro na Universidade de Coimbra, e de todos os colegas dele, uns mais velhos e outros mais novos, quando profiro aqui uma palavra muito sentida de agradecimento. Muito obrigado, Prof. Dr. Providência, não só por todo o saber que generosamente sempre nos deu, mas também pela lição de vida que foi a sua dedicação plena à academia que foi a sua desde que se formou em Ciências Físico-Químicas, no já longínquo ano de 1954, até que se jubilou em 2003, continuando depois disso a trabalhar na Universidade. Quando eu o conheci, cerca de 1973, nas minhas primeiras aulas de Física, já ele era uma lenda viva do professorado desta escola. Quando dei a «última aula» em Julho passado recebi dele uma simpática mensagem de felicitações. O tempo passou a correr.
O
Prof. Dr. João da Providência nasceu no dia 1 de Março de 1933, curiosamente o
dia em que se assinala a fundação da Universidade de Coimbra, na freguesia da Lage, concelho de Vila
Verde, distrito de Braga. É filho de Maria Stella da Motta Campos Santarém e do ilustre professor de Filologia Germânica da
Universidade de Coimbra Prof. Dr. João da Providência Sousa e Costa, que foi
director da Biblioteca Geral da Universidade e director da Faculdade de Letras. Licenciou-se em Ciências Físico-Químicas pela Universidade de
Coimbra em 1954, e tomou posse
como 2.º assistente, além do quadro, em 1955. Doutorou-se primeiro em Física-Matemática pela Universidade
de Birmingham, em Inglaterra (1959), com
a tese «Perturbation theory of
a finite nucleus», e depois em
Ciências Físico-Químicas pela Universidade de Coimbra (1960), com a tese «Método
para o estudo de núcleos pequenos e sua aplicação a O16». Tornou-se professor catedrático
em 1972, o sétimo do Laboratório de Física no século XX. Exerceu ao longo de várias décadas a sua
profissão de professor na Universidade de Coimbra, tendo sido sempre incansável
investigador e, nalgumas ocasiões, responsável pelo Departamento de Física da
Faculdade de Ciências e Tecnologia. Ao longo da sua vida, manteve um
intercâmbio científico muito intenso: Colaborou com universidades e instituições
prestigiadas do Reino Unido, Dinamarca, Alemanha, Estados Unidos, Brasil,
Japão, etc. Dirigiu e participou em vários projectos de investigação, com
financiamentos vindos de diversas entidades. Tem o seu nome em quase meio
milhar de publicações, individualmente ou em coautoria. Recebeu, com inteira
justiça, os prémios Boa Esperança (do Ministério do Planeamento, em 1990),
Gulbenkian de Ciência (Fundação Calouste Gulbenkian, em 1992), Oriente
(Fundação Oriente, em 1994) e Estímulo à Excelência (Ministério da Ciência,
Inovação e Ensino Superior, em 2014). Foi sócio honorário da Sociedade
Portuguesa de Física e sócio efectivo da Academia das Ciências de Lisboa.
O Prof. Dr. João da Providência foi, na sua
juventude, enviado para Birmingham, a fim de estudar Física Teórica, por
iniciativa do clarividente Professor Dr.
João de Almeida Santos, então director do Laboratório de Física. Regressou de
Inglaterra doutorado bastante jovem – tinha 26 anos - em 1959. O seu supervisor
foi o eminente físico britânico de origem germânica Sir Rudolf Peierls,
que foi estudante de alguns dos mais
notáveis físicos de sempre: do alemão
Werner Heisenberg, na Universidade de Leipzig, com quem se doutorou em 1929, e
do austríaco Wolfgang Pauli no Instituto Federal de Tecnologia, em Zurique. Depois da guerra, o Prof. Dr.
Peierls ficou professor na Universidade de Birmingham, onde permaneceu até
1963, quando se mudou para Oxford, onde teve um outro estudante português, o
Prof. Dr. José Urbano. No obituário de Sir Rudolf Peierls publicado em
1995 na revista Physics Today está que desempenhou um «papel maior na
entrada da Física Nuclear nos destinos do mundo». Com efeito foi ele, com o
austríaco Otto Frisch, que, em 1940, escreveu um memorando sobre a construção
da bomba atómica. O Prof. Dr. Peierls tinha ascendência judaica, tendo fugido
de Berlim por causa de Hitler, e a arma era, bem entendido, contra o ditador.
Haveria de participar no projecto Manhattan, em Los Alamos, nos Estados Unidos,
que determinaria o fim da guerra. São vários os fenómenos e descrições que na
Física têm o nome de Peierls. Fez
pois muito bem a Universidade de Coimbra
em torná-lo doutor honoris causa em 1998. Eu estava lá. E quem veio de
Lisboa para lá estar foi o saudoso Prof. Dr. José Mariano Gago, então já ministro
da Ciência e Tecnologia. O Prof. Dr. Peierls gostava muito da borla e do capelo
que a Universidade de Coimbra lhe tinha oferecido e que ele exibia com
orgulho nas cerimónias em Oxford.
Foi no
pós-guerra, quando a energia nuclear aparecia como uma fonte
promissora de desenvolvimento que em
Portugal foram encaminhados várias pessoas para a Física Nuclear. Regressou a
Coimbra obtido o grau doutoral, mas teve de fazer novo doutoramento, tendo
realizado além de provas de Física também provas de Química, porque o
doutoramento aqui era em Ciências Físico-Químicas. Até 1965 não havia sequer
uma licenciatura autónoma em Física, tendo o Prof. Dr. Providência tido papel
activo nesse processo de emancipação da física. O interesse então reinante pela
Física Nuclear fazia com que em Coimbra se tivesse investigado, com a
participação do Prof. Dr. Providência, a radioactividade de folhas de eucalipto
da região da Urgeiriça, rica em urânio. Numa entrevista que deu em 2019 que foi
gravada no Rómulo – Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra e está na
Internet, quando perguntaram ao Prof. Providência porque é nos anos 50 e 60
houve entre nós tanto interesse pela Física, ele respondeu prontamente: «por
causa da bomba atómica». Os mistérios do núcleo atómico atraíam então as
melhores mentes do país e do mundo.
O Prof. Dr. João da Providência, que em
Birmingham tinha assistido a conferências de alguns dos maiores físicos do
século, como os já referidos Heisenberg e Pauli, trouxe para Coimbra a teoria
quântica aplicada aos núcleos atómicos. Já
tinha aprendido no seu curso de licenciatura a teoria quântica básica
com o Prof. Dr. Ruy Couceiro da Costa, do Laboratório de Química. A ele, como
aos outros físicos portugueses regressados de Inglaterra, caberia aplicar a teoria quântica à Física e
transmiti-la aos estudantes. Foi o tempo em que o também jovem Prof. Dr. José
Veiga Simão regressava da Universidade de Cambridge doutorado em Física Nuclear
Experimental.
O Prof. Providência começou após o doutoramento a
publicar na melhores revistas, como a Nuclear Physics. Um dos problemas
que estudou era perceber as correlações entre os nucleões, isto é, os protões e
neutrões do núcleo atómico. Lembro que nessa altura quase não havia
computadores, pelo que o trabalho
analítico era absolutamente indispensável. O Prof. Providência cedo revelou
grandes dotes matemáticos, para além de uma extraordinária intuição para
resolver intrincados problemas de Física. Não admira, pois ele tinha bebido
água numa excelente fonte. Estudantes de Sir Rufolf Peierls foram também os
Drs. Fred Hoyle, o autor da expressão Big Bang, Edwin Salpeter, da
equação de Bethe-Salpeter, e John Stewart Bell – famoso autor das desigualdades
de Bell.
Na sua
auto-biografia Bird of Passage, publicada em 1985, pela Princeton
University Press, o Prof. Dr. Peierls refere-se ao casal Providência com
particular carinho («casal muito charmoso», chamou-lhe), descrevendo algumas
peripécias pitorescas. Conto uma: «Parecia ser um padrão geral dos
Providências. As crises eram sempre resolvidas no último minuto. Nós tínhamos
quase a certeza de que eles tinham um anjo da guarda especial. Uma situação
típica em que o anjo da guarda teve de intervir ocorreu durante uma viagem na
Europa, A família Providência tomou o comboio errado porque confundiram Genebra
com Génova. Uma conversa com os outros passageiros permitiram-lhe sair a tempo
com a bagagem de um comboio para outro. Ele voltou para Coimbra, onde construiu
um grupo pequeno, mas muito activo.»
A escola de Física Teórica, que o Prof. Dr. João
da Providência fundou na Universidade de Coimbra, tem, como referi, uma ligação
directa aos maiores nomes da física do século XX. E ele andou pelos melhores
sítios do planeta, tendo estagiado na
Europa, além de Birmingham no Instituto Niels Bohr, em Copenhaga; do outro lado
do Atlântico, no MIT em Boston (com uma bolsa Fullbright), e no Brookhaven
National Laboratory, perto de Nova Iorque; e, do outro lado do mundo, em várias
universidades japonesas. Além do Centro de Física Teórica, que ele fundou, essa
escola esteve presente no Centro de Física Computacional, entretanto formado.
Os dois centros deram lugar, com outros de índole experimental, ao actual
Centro de Física da Universidade de Coimbra, que continua muito activo com os
meios sempre escassos que em Portugal existem para a investigação. O Centro de
Física é, portanto, herdeiro de uma plêiade de
professores, depois do Prof. Dr. João da Providência doutoraram-se, por
ordem cronológica, os Profs. Drs. Luís Alte da Veiga, Armando Policarpo, Carlos
Conde, Pedro Martins, José Urbano, Maria Salete Leite, António Melo, João
Pedroso de Lima, Carlos Sá Furtado, Joaquim Domingos, Margarida Ramalho, Maria José Almeida e Nuno Ayres de Campos. Outros nomes deviam ser
referidos: só interrompo aqui o rol por falta de tempo. Alguns infelizmente já
não estão entre nós. Saúdo-os a todos muito cordialmente.
O Prof. Dr. João da Providência publicou mais de
400 artigos de Física e Matemática – será preciso fazer uma lista cuidada, mas
estou em crer que se aproximam dos 500, o que é verdadeiramente pouco habitual
entre nós ou mesmo lá fora. Estudou os mais variados sistemas físicos, desde
núcleos atómicos, até sistemas astrofísicos como estrelas de neutrões onde há
matéria nuclear em condições extremas, passando por sistemas atómicos e
moleculares, alguns exóticos, como sistemas magnéticos e outros de física de
matéria condensada. O Prof. Dr. Providência saiu nesse aspecto ao seu pai
doutor – em alemão o supervisor diz-se Doktor Vater: para ele cada
problema era uma oportunidade de encontrar uma solução elegante. Os métodos
eram matemáticos: quando eu estava a acabar o curso, o método em vigor era o
Método da Coordenada Geradora, e um dos maiores especialistas mundiais era
precisamente o Prof. Dr. Providência. Uma boa parte dos artigos dele são sobre
matemática, designadamente álgebra linear. Ele circulava à vontade entre a
Física e a Matemática.
Aprendi com o Prof. Dr. Providência muito do que
sei de Física. Aprendi, em particular, o encanto da Física Teórica, a beleza
das construções matemáticas que tão bem se adequam à realidade. Como eu, estou
certo, muita gente beneficiou da sua mente ágil, que ligava umas coisas com as
outras, com uma lógica impecável. Dedicou toda a sua vida à ciência, tendo
publicado ao longo da sua vida académica, desde o final dos anos 50 até ao
presente ano. Publicou por exemplo já neste ano de 2021 um artigo na Physical
Review C sobre a matéria no interior das estrelas de neutrões, que começa
por referir as descobertas recentes de ondas gravitacionais vindas da fusão de
buracos negros e de estrelas de neutrões. Assinam o artigo com ele o grande
físico norte-americano Prof. Dr. Steven Moskowski, da Universidade da
Califórnia – Los Angeles, que morreu antes de o artigo sair, e o biofísico dinamarquês Prof. Dr. Henrik
Bohr, um sobrinho-neto de Bohr, professor na Universidade Tecnológica da
Dinamarca, em Copenhaga. O Prof. Dr. Providência também tem artigos sobre a
história da Física, a que se dedicou até por ter sido director do Museu da
Física, um museu que merece ser mais valorizado do que tem sido: lembro-me da
descrição que fez do funcionamento da máquina de Poleni que se encontra nesse
museu.
A vida do Prof. Dr. Providência era a Física:
vivia com ela. Julgo até que dormia e sonhava com ela. Sendo a sua casa muito
perto do Departamento, vinha muitas vezes ao seu gabinete. Por causa da Física viajava para todo o lado
do mundo: tinha por exemplo uma colaboração permanente com alguns físicos
japoneses, que têm vindo a Coimbra, num trabalho conjunto que tem durado longos
anos. A Física é uma disciplina verdadeiramente global.
O Prof. Dr. Providência trabalhou em vários
domínios da Física Teórica e da Matemática, mas brilhou principalmente na
Física Nuclear e de Partículas. Já referi a
Escola de Física Teórica de Coimbra que ele criou, e que rapidamente foi
reconhecida no panorama internacional.
Se consegui ir bastante novo doutorar-me para a Alemanha foi porque o
Prof. Providência era bem conhecido lá fora. E eu não fui o único a beneficiar
da sua fama. O nome dele abria portas. Reconhecido e admirado no mundo todo – o
seu nome encontra-se nalguns manuais especializados de física. Investigadores
em pós-doutoramento procuravam-nos. Também no país formou vários doutores num
tempo em que a pós-graduação era muito mais difícil do que hoje, até porque os
doutorandos eram assistentes com uma forte carga docente.
Era uma professor com fama de distraído,
despreocupado das questões práticas da vida. Mas tinha uma cabeça
extraordinária, capaz de dar aulas de cor sobre qualquer assunto de Física, por
mais avançado que fosse. Tornou-se uma lenda, apesar de os alunos nem sempre
entenderem logo o que ele ensinava. Vi-o numa aula escrever equações atrás de
equações no quadro preto e, no fim, quando comparou o resultado com o do livro
verificou que não batia tudo certo. Mas, esclareceu depois, era o livro que
estava mal!
Em 1993, quando fez 60 anos, os seus colegas
fizeram-lhe uma festa e homenagem no quadro da Conferência Internacional sobre Many
Body Physics, cujas actas foram publicadas pela World Scientific.
Organizámos um jantar de homenagem no palácio de São Marcos. Falaram o Prof. Dr. Marcos Moshinsky, da
Universidade Nacional Autónoma do México, na Cidade do México, prémio Príncipe
de Astúrias e prémio de Ciência da UNESCO, que faleceu em 2009, e o Prof. Dr.
David Brink, da Universidade de Oxford, que faleceu há poucos meses. Os dois
enfatizaram o reconhecimento internacional do Prof. Dr. Providência e o mérito
do grupo de Física Teórica que ele tinha desenvolvido ao longo de décadas. Ele
agradeceu num discurso breve, mas expressivo. Um mago das equações, gostava da
concisão. Não era uma pessoa de muitas falas, mas falava quando tinha algo que
dizer.
Pude viajar nalgumas missões científicas com o
Prof. Dr. Providência. Uma vez foi
durante várias semanas no Brasil -- vem a propósito referir que a actual
presidente da Sociedade Brasileira de Física, Prof.ª Dr.ª Débora Menezes,
professora da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis, teve
uma estada prolongada em Coimbra e tem artigos em co-autoria com o Prof. Dr.
Providência. Por o ter acompanhado sei que era uma pessoa muito modesta:
contentava-se no dia-a-dia com pouco, prescindindo de quaisquer luxos. Além de
luxos era avesso a glórias e honrarias.
Nesta hora de dor, apresento sentidas
condolências à família, em particular às filhas e filhos, dois dos quais são
catedráticos de Física: os meus colegas
Profs. Drs. João Pinheiro da Providência, na Universidade da Beira
Interior, na Covilhã, e Constança da Providência,
na Universidade de Coimbra, actual directora do Departamento de Física. Espero
que os outros filhos, meus amigos, me perdoem se eu só refiro os nomes dos dois
filhos mais velhos, que saíram físicos como o pai. A perda não é só da família:
a Universidade, o país e o mundo ficaram mais pobres. Estou certo de expressar
em nome de todos os presentes e de muitos ausentes os pêsames à família. Uma
palavra especial para a sua esposa Maria Constança Quelho Batoréu Mendes Pinheiro
da Providência, que foi professora de Ciências Físico-Químicas em escolas
básicas e secundárias e que infelizmente não pode estar hoje aqui connosco. E,
claro, uma palavra de conforto a todos os restantes membros de uma família
numerosa, em que encontramos as mais variadas profissões.
Ficam nas bibliotecas e na Internet os seus
numerosos e valiosos artigos científicos. Ficam também os livros que ajudou a
preparar, editando e arbitrando. Fica uma grata
recordação nos seus amigos não só em Portugal, mas também no Reino
Unido, na Dinamarca, no Japão, na Alemanha, na Roménia, nos Estados Unidos, no
Brasil, etc. É bem verdade aquela máxima que não se morre quando a memória
permanece. Fica na nossa memória a
imagem indelével de um homem bom, que passou pela vida criando e distribuindo saber.
Poderia aplicar-se a ele o dito de Carolina Michaëlis, a primeira professora da
Universidade de Coimbra, de quem o pai do Prof. Dr. Providência foi assistente:
«Não tenho biografia. Passei a minha
vida a estudar». O estudo ao longo de toda a vida é o melhor percurso
biográfico que se pode ter.
A
morte é sempre um grande mistério. Quando morre alguém que nos é querido, um
familiar, um amigo, um professor, é sempre um pouquinho de nós que também
morre. Mas é nossa obrigação, honrando os que nos precederam, seguir em frente,
na longa marcha da humanidade. Devemos
prosseguir na procurar de respostas a questões como «Quem somos nós?». No
mármore do frontão do templo de Apolo em Delfos na Antiga Grécia estava gravado
um imperativo, que continua muito actual: «Conhece-te a ti mesmo». Sobre a
possibilidade de a Física um dia poder vir a responder às interrogações
filosóficas «quem somos, donde viemos, para onde iremos?», o Prof. Dr.
Providência afirmou numa das suas raras entrevistas, dada ao Diário do Minho, que
«essa é uma questão cuja resposta, na sua plenitude, transcende a ciência.
Continuará sempre a desafiar a nossa curiosidade». Existem dimensões para além
da ciência e o Prof. Dr. Providência tinha consciência disso. Fazia ciência com
consciência.
Inclinemo-nos perante a memória de um homem sábio e bom. Nesta hora em que nos confrontamos mais uma vez com o grande mistério da vida e da morte, julgo que só me resta ser lapidar, deixando sobre o nosso professor, amigo e familiar as palavras muito antigas: «Requiescat in pace». Que descanse em paz!
Capela da Universidade de Coimbra, 11 de Novembro de 2021
Carlos Fiolhais
1 comentário:
Foi com muito pesar que li esta triste notícia sobre o falecimento do Prof. Providência. Dos muitos contactos que com ele tive, ficou a imagem de um homem sério com um sentido de humor muito particular, um cientista reconhecido mundialmente, um professor distraído mas competente e amado por seus alunos. Um abraço amigo à Constança e ao João.
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