quinta-feira, 13 de agosto de 2020

A COR DO RACISMO

“Eu lutei contra a dominação branca, eu lutei contra a dominação negra. 
Eu nutri o ideal de uma sociedade democrática e livre, 
na qual todas as pessoas vivem juntas 
em harmonia e com oportunidades iguais”
(Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul)


Causa-me bastante frisson a maneira tendenciosa e unillateral como alguns plumitivos da imprensa nacional e regional abordam a complexa questão do racismo e, por arrasto, as posições dos partidos de esquerda atribuindo, a si próprios, o monopólio  abusivo do anti-racismo.

Ainda mesmo tendo como uma patetice dar cobertura à mensagem que circulou, anos atrás, de que os “comunistas [chineses] comiam a criancinhas ao pequeno almoço”, esse facto não invalida que o comunismo tenha como pesada herança, na denominada “Primavera de Praga” (1968), o assassinato em massa de  indefesa população  checoslovaca. 

Bem sei eu que isto se passou numa época de transição para estados de operariado menos opressores condicionados pela necessidade de uma mudança da política do Leste europeu de que o muro de Berlim foi paradigma difícil de digerir por parte daqueles que chegaram ao extremo de argumentar que essa barreira de betão fora construída para evitar o êxodo da população da zona ocidental de Berlim para a zona Oriental desta cidade! Ao que chega o descaramento!

Actualmente, sinto dificuldade em me pronunciar sobre o espectro político actual português em que o Bloco de Esquerda se situa. Uma coisa me confunde neste caso por ter beneficiado este partido de um casamento de conveniência com o Partido Socialista, no altar da “geringonça”, embora com prazo  previsível de um divórcio litigioso que escaqueire a louça comum. No que respeita ao recente “CHEGA”, os seus opositores nem sequer lhe dão o benefício da dúvida, taxando-o, "a priori", de extrema-direita com uma carga de ódio de bradar aos céus, de quem tem o insulto como “ultima ratio”!

Curiosamente, hoje eu próprio começo a ter dúvidas sobre as fronteiras que separam a esquerda, da extrema-esquerda e a direita da extrema-direita. Nesta  espécie de dança das cadeiras, talvez algum politólogo, ou leigo mais atrevido, que acusa o “CHEGA” de ser de extrema-direita me possa elucidar como situar o Bloco de Esquerda. Desde já agradeço!

No meu caso, de uma coisa estou certo. Situo-me politicamente do lado daquilo que tenho por honesto, justo e digno propalado, ainda que só para inglês ver, nos programas eleitorais dos partidos políticos em disputa pelo poder prontos a vender a alma ao diabo se necessário.

Curioso, ainda, ou mesmo extraordinário, é o anti racismo ser agitado pela esquerda como coisa exclusivamente sua atribuindo, consequentemente, o racismo à direita, sendo que o combate da esquerda ao racismo chega a cometer a injustiça de defender cotas de emprego para negros. Podendo, se levado avante, teria como resultado que incompetentes negros ocupassem lugares de brancos competentes, através de um racismo negro que validasse uma situação que prejudicaria o desenvolvimento social, cultural e económico do país mais ocidental da Europa.

Acabar com o ódio entre raças é o melhor antídoto para combater o racismo sem manifestações tumultuosas de ódio latente  em que se misturam várias tonalidades de pele mancomunadas na finalidade em lançar gasolina para a fogueira do ódio sob o pretexto do combate ao racismo.

Dá-se o caso de eu ter mais receio dos que se arvoram em prosélitos do anti racismo, normalmente, só da boca para fora, como tal, em que os actos não correspondem às palavras, do que daqueles outros que assumem o racismo por ignorância: a ignorância pode ser combatida pela educação, o cinismo é mais difícil de combater! Ou mesmo impossível!

4 comentários:

Mário Pinto disse...

“ No meu caso, de uma coisa estou certo. Situo-me politicamente do lado daquilo que tenho por honesto, justo e digno propalado, ainda que só para inglês ver, nos programas eleitorais dos partidos políticos em disputa pelo poder prontos a vender a alma ao diabo se necessário. “
Perante esta citação, posso rir?

Muito obrigado


“Curioso, ainda, ou mesmo extraordinário, é o anti racismo ser agitado pela esquerda como coisa exclusivamente sua atribuindo, consequentemente, o racismo à direita, sendo que o combate da esquerda ao racismo chega a cometer a injustiça de defender cotas de emprego para negros. Podendo, se levado avante, teria como resultado que incompetentes negros ocupassem lugares de brancos competentes, através de um racismo negro que validasse uma situação que prejudicaria o desenvolvimento social, cultural e económico do país mais ocidental da Europa.”

Perante esta citação, posso perguntar ao seu autor se também as cotas (?) das mulheres ficam abrangidas por ela.

Muito obrigado

Mário Pinto disse...

Dado que não me respondeu (vá lá saber-se por quê), deixo-lhe aqui mais uma sua citação e uma pergunta:

"Curiosamente, hoje eu próprio começo a ter dúvidas sobre as fronteiras que separam a esquerda, da extrema-esquerda e a direita da extrema-direita. Nesta espécie de dança das cadeiras, talvez algum politólogo, ou leigo mais atrevido, que acusa o “CHEGA” de ser de extrema-direita me possa elucidar como situar o Bloco de Esquerda. Desde já agradeço!"

Dado que para si, o Chega é igual ao Bloco de Esquerda, poderei eu - usando a mesma liberdade que o Sr. usa - dizer que entre si e o André Ventura não existe (também) diferença alguma?

Muito obrigado

Rui Baptista disse...

Claro que não. Nem elas precisam, dizer o contrário é depreciar o seu valor, atribuindo-lhes um machismo prontamente contrariado pelo número inumerável de mulheres vencedoras nas suas actividades profissionais, sejam elas de natureza científica e cultural. E muitas outras, como por exemplo a maternidade de que que se encarregam com relevo e muito amor!

Rui Baptista disse...

Está a pôr no teclado do meu computador coisas que não escrevi nem me passaram, sequer, pela cabeça. Passaram pela sua ao dizer, de forma ainda que interrogativa, que ente mim e André Ventura não existe diferença alguma. A imaginação é livre e até pode servir de base a cogitações que fogem à verdade factual. Como é o seu caso.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...