“A
pior forma de desigualdade é tentar
fazer duas coisas diferentes iguais”.
Aristóteles
Aristóteles
O financiamento das instituições de ensino superior
foi razão para a publicação de um artigo
de opinião, intitulado “Não existe cisão entre o litoral e o interior”, subscrito pelos presidentes
dos politécnicos de Lisboa, Porto e Coimbra, respectivamente, Elmano Margato,
Rosário Gambôa e Rui Antunes (PÚBLICO, 22/07/2016).
Neste texto, estes corifeus poem em causa, essencialmente, a distribuição dos financiamentos atribuídos aos dois subsistemas e, acessoriamente, a impossibilidade dos politécnicos atribuírem doutoramentos. Por falta de conhecimentos de natureza financeira que me permitam avaliar a justeza da captação de recursos atribuídos aos ensinos universitário e politécnico, submeto-me à exortação de Plínio: Sutor, ne ultra crepidem (sapateiro, não vá além da sandália). O mesmo não se aplica quando os responsáveis dos supracitados politécnicos – quiçá porque, como escreveu Maurice de Tayllerand, “a oposição é a arte de estar contra, mas com uma habilidade que logo se possa estar a favor” - subscrevem, em transcrição que faço verbo pro verbo: “Não temos nenhum preconceito com o nome que ostentamos: Politécnico”.
Neste texto, estes corifeus poem em causa, essencialmente, a distribuição dos financiamentos atribuídos aos dois subsistemas e, acessoriamente, a impossibilidade dos politécnicos atribuírem doutoramentos. Por falta de conhecimentos de natureza financeira que me permitam avaliar a justeza da captação de recursos atribuídos aos ensinos universitário e politécnico, submeto-me à exortação de Plínio: Sutor, ne ultra crepidem (sapateiro, não vá além da sandália). O mesmo não se aplica quando os responsáveis dos supracitados politécnicos – quiçá porque, como escreveu Maurice de Tayllerand, “a oposição é a arte de estar contra, mas com uma habilidade que logo se possa estar a favor” - subscrevem, em transcrição que faço verbo pro verbo: “Não temos nenhum preconceito com o nome que ostentamos: Politécnico”.
Concedendo que algumas pessoas, possam ter lapsos de memória, necessitando, como tal, de recorrer ao “Memofante”, tão propagandeado nos
canais televisivos, revisito algumas declarações
anteriores, em letra de forma, de Rui
Antunes ( e se as palavras ditas leva-as o vento, as palavras escritas perduram
no tempo ) que, em pia baptismal de que
se fez sacerdote, escreveu: “A cidade de Coimbra só teria a ganhar se o
Instituto Politécnico de Coimbra continuasse a fazer o que tem feito até aqui
com o nome de Universidade Nova de Coimbra” (“Diário de Coimbra”, 10/11/2005).
Anos depois, como se a simples mudança do nome de filarmónica de uma pequena
localidade para orquestra sinfónica melhorasse a actuação dos seus executantes,
cisma ele em nova crisma para o politécnico das margens do Mondego:
“Universidade de Ciências Aplicadas” (“Diário as Beiras”, 05/08/2013).
Malgré tout, não questiono
a paixão que Rui Antunes possa ter pelo ensino politécnico, declarada em jura
de amor no final do artigo supracitado de que foi um dos subscritores:
“Estamos, como sempre, comprometidos com o ensino superior”. Temo,
todavia, que esse comprometimento, a
exemplo das símias que de tanto amarem as crias as apertam de encontro ao peito
até as asfixiarem, possa conduzir a uma passagem da certidão de óbito ao
politécnico da Lusa Atenas, ao som das exéquias da “Marcha Fúnebre” de Mozart sem a batuta de Joaquim Mourato, presidente do
Conselho Coordenador dos Institutos Politécnicos: “A estratégia do órgão a que
presido tem sido no sentido de aprofundar a diferenciação de missões” (2015).
Aliás, posição consonante com a de Adriano Moreira quando defende “a identidade
separada e a igual dignidade de ambos os sistemas de ensino superior” (2004).
Em nome de uma medida que anularia toda e qualquer
diferença e postergaria todo e qualquer valor, a pretendida alteração do nome de politécnico para universidade permitiria
direitos iguais a obrigações diferentes por os dois
subsistemas de ensino superior pouco diferirem actualmente na forma e no conteúdo dos respectivos
formulários que concedem leituras tortuosas para que o ensino politécnico pesque
em águas territoriais universitárias em nome de interesses ocasionais dos seus
diplomados. Ou seja, a possibilidade da consumação
deste desiderato, em evocação pessoana, “aparentando salvaguardar a liberdade seria a maior das injustiças e a pior
das tiranias!”
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