quarta-feira, 7 de agosto de 2013

GOVERNO ACABA COM UMA ÁREA CIENTÍFICA


A polémica à volta da abertura do concurso de bolsas de investigação científica da Fundação para a Ciência e Tecnologia tem sido abundante. A começar pelo começo: nunca mais começava. Com um calendário relativamente estável durante vários anos, este ano ninguém sabia quando iria abrir o concurso de bolsas individuais. O que já se sabia era que o número de bolsas iria ser drasticamente reduzido, para cerca de metade das do ano anterior.

A abertura foi sucessivamente adiada e quando abriu, abriu nova polémica. Os critérios de acesso às bolsas tinham sido alterados, de modo a que quem não tivesse concluído o mestrado (no caso das bolsas de doutoramento) ou o doutoramento (no caso das bolsas de pós- doutoramento) até ao fim do prazo de candidatura (19 de Setembro) não poderia apresentar-se a concurso. A prática habitual é permitir que candidatos que estejam prestes a acabar, possam concorrer na mesma, sendo condição que obtenham o respectivo grau antes do início da bolsa. Este critério de exclusão, sendo os concursos anuais, implicaria que um investigador que concluísse o seu doutoramento em Outubro, ficaria quase um ano à espera de novo concurso. Face a alguns protestos, a FCT acabou por recuar nesta questão (ou "esclarecer", que é uma maneira de recuar que está muito na moda).

Como se não bastassem estas trapalhadas, aconteceu mais uma que passou bem mais despercebida. O governo acabou com uma área científica. Sem nenhum pré-aviso, desapareceu uma área designada por PACT (Promoção e Administração da Ciência e Tecnologia). Esta área tem, nos últimos anos através dos seus bolseiros, contribuído significativamente para criar alguma massa crítica de divulgadores de ciência em Portugal, assim como permitir a produção de conhecimento e investigação sobre esse tema.

Manter as bolsas PACT não implicava um aumento de despesa, apenas uma maior diversidade de áreas em que são atribuídas as bolsas. Aliás, estas bolsas nunca foram muitas, sendo atribuídas anualmente 7 a 11. Numa situação de grande contenção orçamental, acabar com a PACT é um tiro no pé. Para defender o investimento na ciência (sem a qual não há futuro que interesse) é preciso que os contribuintes compreendam a sua importância.

A fotografia no inicio, da autoria de Roberto Keller, é do congresso de comunicação de ciência SciCom PT 2013, que reuniu recentemente no Pavilhão do Conhecimento parte significativa da comunidade portuguesas de comunicadores de ciência. Esta área tem conhecido progressos extraordinários na última década, para os quais os bolseiros PACT têm contribuído de forma muito relevante. A extinção das PACT é um sério recuo e põe em causa a continuidade do desenvolvimento da comunicação de ciência, que cada vez é mais valorizada pelas agências de financiamento internacionais e pelas instituições europeias. Isto porque os dias de fazer investigação científica sem explicar às pessoas o que se está a fazer com o dinheiro delas e a importância da ciência, estão contados.

17 comentários:

D. Barbosa disse...

É um tremendo retrocesso para a ciência em Portugal.
A comunicação de ciência é parte fundamental do processo científico e é ainda mais importante quando cresce o valor dado pelos cidadãos ao conhecimento sobre o modo como o dinheiro do estado é investido.
Por outro lado, está também a investigação em comunicação de ciência que promove, entre outras coisas, a inovação e a melhoria nas práticas.

D. Barbosa disse...

Gostaria também de chamar à atenção que desapareceu também uma outra área de investigação: a História da Ciência.
Com dois programas doutorais a funcionar neste momento no país e mais um a arrancar neste ano lectivo, pergunto: como é que esses estudantes podem obter uma bolsa de estudo para fazerem o seu Doutoramento?
Podem ser o melhor candidato com o melhor projecto e o melhor orientador, mas não têm uma área a que concorrer!

Porque é que foi aprovado mais um programa doutoral nesta área de investigação, então?

João Pires da Cruz disse...

Eu tenho "mixed feelings" sobre bolsas de âmbito científico. Acho que as bolsas tem enormes efeitos positivos a nível económico (na formação de gente) como, por outro lado, vejo enormes impactos negativos, muitos dos quais vão ser visíveis agora, quando uma parte significativa daqueles que foram atraídos para esse meio se virem obrigados a entrar num mercado de trabalho com 35/36 anos e zero de experiência concreta.

No entanto, até poderia aceitar que todas as áreas fossem eliminadas, tirando essa. De todas as áreas, aquela que menos faz sentido acabar é a da divulgação e comunicação, que é a única cujo impacto económico é directo (as outras têm um impacto directo quase nulo). Esperemos pela justificação, que certamente vai haver porque, ao contrário das outras áreas, esta tem acesso privilegiado aos media e não há nada que um funcionário público tema mais que ver o seu trabalho maldito por um jornal.

Pedro disse...

7 a 11 bolsas por ano para a área de divulgação científica? Mais do que em muitas áreas. Para não ir mais longe: mais do que a História da Ciência. Devem estar a brincar. Ainda bem que acabou! Também era bom que acabássemos com as arrotadas de astrólogos modernos, que disparam frases sem chão como esta: "aquela que menos faz sentido acabar é a da divulgação e comunicação, que é a única cujo impacto económico é directo (as outras têm um impacto directo quase nulo)".

Lê-lo, dá-me prejuízo.

D. Barbosa disse...

Caro João:

Seria excelente que os cientistas não tivesses que trabalhar à custa de bolsas.
Nós seriamos os primeiros a ficar contentes com um contrato de trabalho, por temporário que fosse!
Mas as bolsas são a única alternativa para quem quer fazer investigação científica em Portugal (sobretudo em áreas não aplicadas).

Com 35/36 anos podemos não ter experiência empresarial, mas garanto-lhe que temos muita experiência concreta...e mais! Os bolseiros têm muitas aptidões que outros profissionais não têm: um bolseiro científico, para ser bem sucedido, tem que ser versátil, multi-funções, "desenrascado", vá...tem que trabalhar sem horários, sem fins-de-semana e, muitas vezes, sem férias.

Posso dizer-lhe que, enquanto bolseira de Doutoramento, para além das tarefas directamente relacionadas com a investigação (que foram muitas e em áreas variadas), fiz todos o tipo de trabalho administrativo e organizativo...desde gestão de stocks no laboratório até organização de viagens (secretariado). Escrevi projectos e candidaturas a financiamento. Preparei e executei actividades de divulgação.
Para além disso, como estava a viver fora de Portugal, adquiri também competências relacionais extra: entre outras aventuras, vivi com pessoas de sete nacionalidades distintas! Essa experiência reflecte-se na nossa vida profissional e pessoal de forma muito positiva.

Sem que isto pareça um CV ou uma candidatura...deixe-me dizer-lhe uma coisa: as empresas só têm a ganhar com a contratação de antigos bolseiros de longa data.

E. Sousa disse...

Ui que foi isto agora? É lamentável que o pensamento seja este. De facto nota-se que não se sabe bem do que se trata. Não são raros os investigadores que acham que não têm de explicar a ninguém o que andam a fazer ao público. Que ninguém tem nada com isso e que só têm de responder "arrotadas" aos seus "peers" e à FCT. Esquecem-se que os peers não são mais que o meu vizinho mecânico e que a FCT só gere dinheiro público. Esquecem-se que quem lhes paga são as pessoas e que estamos aqui para as servir, acima de tudo. Trabalhar é servir! Mas o desprezo agora exposto mostra esse preconceito... ou falso desprezo? "Estão verdes, não prestam!" Quando o público tiver nas suas mãos o poder de decidir para onde seguem os dinheiros que poderiam ser destinados à ciência já vai toda a gente querer falar com as pessoas. E depois, será tarde demais e para quem está na área sabe que já não falta muito! Mas o poder da comunicação é maior do que isso e tem reprecussões gigantescas nas restantes áreas de ciência e infelizmente só quem está na área sabe isso. Parece-me que temos ainda muito trabalho pela frente.

João Pires da Cruz disse...

Cara D., eu não distingo áreas aplicadas das não aplicadas, as teoria de uma área é a aplicação de outra. Não é por aí.

Eu não disse que não tinham experiência, claro que têm. Nem disse que não tinham capacidades, pelo contrário. Aliás, num estudo que está a ser feito por um colega de blog sobre o impacto económico da investigação em Portugal que se estava a focar no tradicional (produtos, patentes, etc.) lembro-me de ter insistido na formação de pessoas que trazem coisas novas para a economia, quer porque criam os seus próprios negócios (deve ser aqui que está a fazer a distinção), quer em negócios que à partida não têm nada a ver com a área.

Mas, essa é a minha experiência, admito que hajam outras, há gente a sair muito tarde da economia da bolsa. Estou certo, e estou a falar de gente muito mais inteligente que eu, que foram enganados pela ideia de uma carreira que, em rigor, não existe. Ao sair com 35/36 anos para uma carreira diferente, porque é diferente, é todo um mundo novo. O valor económico de alguém que teve um trabalho certamente meritório na economia do paper é muito reduzido na economia real durante um espaço de tempo alargado. Claro que tem uma bagagem diferente, claro que tem um potencial muito elevado, mas há um investimento a fazer que as empresas só farão uma parte pequena (e para achar uma que o faça...). A outra parte do investimento tem que ser feita pela pessoa. Quando somos miúdos, isso é natural, quando temos 35 cônjuge, filhos, rendas, já não é assim tão pacífico.
Não é uma questão do que se tem a ganhar, é uma questão de quem é que vai fazer esse investimento.

Agora, no caso da comunicação e divulgação, sinceramente, não consigo perceber o racional. Deve ser a área de maior impacto económico directo.

D. Barbosa disse...

Como eu expliquei (ou tentei explicar), ser bolseiro científico vai muito além da podridao"economia do paper".

Se a bolsa não serve, que alternativas propõe a quem quer ser cientista, então?
Ou está a insinuar que o melhor é não ser cientista?

João Pires da Cruz disse...

Cara D., quando referi a economia do paper não tem qualquer juízo de valor associado. A verdade é que os indicadores de performance se baseiam nos papers (e isto não é um problema português, é global). O que traz questões lícitas sobre se o financiamento dessa economia "paralela" é útil ou não. Mas não tenho uma resposta, nem quis com isso dizer que a vida de um bolseiro é isso.

Para a sociedade? Claro que é melhor que seja cientista. Ganha mal, tem um vínculo ultra precário, não tem direito a qualquer protecção social... É o mais barato de todos os encargos públicos. Por isso a sociedade, da qual a FCT é um instrumento, vai sempre dizer-lhe que este é o caminho.

Para a pessoa que quer ser cientista? Não sei. Nunca fui verdadeiramente um profissional, tirando um período muito embrionário da minha vida profissional da qual tenho recordações traumáticas :). Acho que cada um deve questionar-se sobre o que isso quer dizer. A mim, cheguei à conclusão de que há coisas novas a fazer em tudo e que aquilo que me movia não era a ciência de "publicar descobertas tiradas dos dados climáticos dos Açores"(exemplo arbitrário, não vá a sua área ser exactamente essa... :) ), mas apenas o fazer coisas novas, que ninguém tinha feito. E para isso não precisava da bolsa ou da universidade. Mas esse foi o meu caminho, não significa que seja o caminho dos outros, ou que se tivesse seguido o caminho dos outros não seria melhor profissional que aquilo que sou hoje(o caminho dos outros não seguiria porque eu era um aluno horrível).

Respondendo directamente (que acho que a D. já deu a resposta): Se tivesse 22 anos, com a perspectiva de um doutoramento à frente? Fazia por olhar para aquilo que está para lá dos 3 anos de doutoramento. Se tivesse 26, com a perspectiva de um pós doc? Avaliava muito bem as minhas opções pessoais e faria do pós-doc uma segunda hipótese. Se tivesse 36, já a rolar pós-docs? Emigrava para uma colocação no mundo académico que valorizasse essa experiência porque fora do mundo académico ninguém vai valorizar a experiência e volta a ser estagiário outra vez. Se tivesse um filho que dissesse "pai, quero ser cientista!", acho que o encorajava a ter a formação, mas só isso.

Mas como digo, isto é apenas uma perspectiva, não é mais nada. Nem sequer uma opinião com grande estatística.

Cláudia da Silva Tomazi disse...

Interessante vossa ética.

David Marçal disse...

João, há realmente um problema com os doutoramentos e subsequentes pós-doutoramentos, que têm a ver com expectativas. Que é a esperança anacrónica de que um doutorado terá um lugar na academia, como professor ou investigador do quadro. Essa ideia remonta ao tempo é que era verdade, quando a selecção das pessoas que poderiam ter acesso a um doutoramento era feita muito antes e muito poucas pessoas de doutoravam. Felizmente isso mudou. Mas hoje em dia uma ínfima parte dos doutorados irá ter um lugar na academia. Em Portugal e em qualquer parte do mundo minimamente desenvolvido. Por isso, há que pensar num doutoramento de outra forma, na utilidade dos conhecimentos e competências que se adquirem para vias profissionais fora da academia. Em Portugal, ainda estamos todos a enfiar a cabeça na areia quanto a isso. Muitas pessoas ainda começam os doutoramentos a sonharem com uma carreira académica e infelizmente nem sempre são atempadamente esclarecidas acerca desta enorme diferença entre doutorados e lugares na academia, e de que estão a entrar numa área hipercompetitiva em muitos aspectos semelhante ao futebol profissional. Os doutorados com 35-36 anos penso que podem e devem ser potenciados fora da academia. Mas no nosso país, ainda temos que interiorizar melhor essa ideia.

David R. S. G. Sobral disse...

Uma opcao obvia seria apenas incentivar os bolseiros a fazerem eles a divulgacao cientifica - e nao ter pessoas especificas, que nao fazem ciencia a fazer essa mesma divulgacao. Alias, isso e' algo de muito importante na maior parte dos concursos "equivalentes" aos da FCT noutros paises como o Reino Unido ou Holanda, em que o "outreach" e o valor acrescentado para a sociedade sao obviamente importantes e inclusivamente contam para a aprovacao de bolsas/grants. E' obvio que e' uma opcao que devia ser baseada em dados, mas e' facil pelo menos imaginar que a comunicacao em ciencia/divulgacao cientifica sao bem mais eficazes e fazem muito mais sentido se forem feitas por quem faz a ciencia, e nao por pessoas "especialistas em divulgacao"... ?

João Pires da Cruz disse...

...mas a sociedade não sabe potenciar esses doutorados, nem esses doutorados têm, muitas vezes, a capacidade e a possibilidade de entender que só têm potencial. Porque só ter potencial tem consequências financeiras muito duras até que o "potencial se torne cinético". E, como em tudo, não é verdade que o potencial exista em todos os casos.
Há um problema e esse problema terá que ser resolvido. Acabar com a divulgação não me parece, de todo, a melhor forma de a sociedade passar a reconhecer um potencial que hoje não reconhece,

E. Sousa disse...

Sim, isso é uma excelente ideia! Bastava que os investigadores se interessassem em fazê-lo. Mas o PACT não serve só para isso. Eu sou bolseira de investigação em comunicação de ciência e faço investigação na área todos os dias. Porque têm de acabar com o painel mais direccionado a este tipo de investigação? Há a divulgação que, sim, como sugere deve ser feita por todos. Mas há quem também se dedique a fazer investigação na área como em qualquer outra biologia, física ou medicina...

Anónimo disse...

E o que dizer das despesas do ensino superior politécnico público tais como, a celebração do aniversário de uma Escola, integrada no Instituto Politécnico de Santarém, com um cruzeiro na barragem do Castelo do Bode, com almoço a bordo e transferes em autocarro ao cais de embarque, para docentes, funcionários e convidados, noticiada pelo jornal “O Mirante”, na sua edição de 18.12.2008, pág. 33, em artigo intitulado “Aniversário da Escola de Gestão celebrado em tom de discórdia”, e pelo Diário de Notícias, na sua edição de 19.12.2008, pág.13, em artigo intitulado “Um passeio à conta dos contribuintes”.

Despesas estas, que não suscitaram um reparo por banda dos órgãos do Estado.

Para os que, como eu, atribuem valor ao simbólico, a subsequente nomeação da Sr.ª Presidente do Instituto Politécnico, pelo Sr. Presidente da República, para a Comissão de Honra das Comemorações do 10 de Junho de 2009, na Cidade de Santarém, teve um significado político. Ademais, conforme noticiado, a Sr.ª Presidente do Instituto Politécnico também desfrutou deste cruzeiro idílico…

Enfim, é a FOLGOZA.

Anónimo disse...

Num ensino superior politécnico público que já anunciava doutoramentos, em parcerias com universidades, o panorama da habilitação dos seus docentes é elucidativo, pelo menos, segundo dados divulgados pela Direcção-Geral do Ensino Superior, “Análise de todos os Docentes em 2008 por Categoria”, INDEZ2008, reportados a 31 de Dezembro de 2008, num universo de 8.181 docentes, no ensino superior politécnico, 35 tinham habilitação ignorada e os demais a seguinte habilitação: - 49 décimo segundo ano ou menos; - 30 Curso de Especialização Tecnológica; - 111 Bacharelato; - 2.796 Licenciatura; - 73 Pós-Graduação; - 3.602 Mestrado; - 1.485 Doutoramento.

Segundo dados da mesma Direcção-Geral, o REBIDES, no ano lectivo 2011/12, no ensino superior politécnico público num universo de 10.284 docentes, 104 têm habilitação não especificada, e os demais a seguinte habilitação: - 66 Bacharelato; - 3. 390 Licenciatura; - 4.255 Mestrado; - 2. 496 Doutoramento.

Ou seja, mais de 75% dos docentes do ensino superior politécnico público nem sequer são doutorados.

Acresce que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o nº de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%. Não obstante ser sabido que o n.º de alunos no ensino superior politécnico há muito que tem vindo a decrescer…

A menor qualificação académica dos docentes do ensino politécnico público - em que mais de 75% dos docentes não são doutorados – mas que auferem remunerações equivalentes às dos docentes universitários, independentemente do grau académico de que sejam titulares, ou mesmo de serem titulares de um grau académico – radica no facto de no ensino superior politécnico público não ser necessário que sejam mais qualificados academicamente para ministrarem a sua oferta educativa de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos.

Ainda que alguns Mestrados – e os Doutoramentos – sejam omissos da oferta educativa divulgada no site da Direcção-Geral de Ensino Superior.

Enfim, é a FOLGOZA.

Anónimo disse...

Num ensino superior politécnico público que já anunciava doutoramentos, em parcerias com universidades, o panorama da habilitação dos seus docentes é elucidativo, pelo menos, segundo dados divulgados pela Direcção-Geral do Ensino Superior, “Análise de todos os Docentes em 2008 por Categoria”, INDEZ2008, reportados a 31 de Dezembro de 2008, num universo de 8.181 docentes, no ensino superior politécnico, 35 tinham habilitação ignorada e os demais a seguinte habilitação: - 49 décimo segundo ano ou menos; - 30 Curso de Especialização Tecnológica; - 111 Bacharelato; - 2.796 Licenciatura; - 73 Pós-Graduação; - 3.602 Mestrado; - 1.485 Doutoramento.

Segundo dados da mesma Direcção-Geral, o REBIDES, no ano lectivo 2011/12, no ensino superior politécnico público num universo de 10.284 docentes, 104 têm habilitação não especificada, e os demais a seguinte habilitação: - 66 Bacharelato; - 3. 390 Licenciatura; - 4.255 Mestrado; - 2. 496 Doutoramento.

Ou seja, mais de 75% dos docentes do ensino superior politécnico público nem sequer são doutorados.

Acresce que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o nº de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%. Não obstante ser sabido que o n.º de alunos no ensino superior politécnico há muito que tem vindo a decrescer…

A menor qualificação académica dos docentes do ensino politécnico público - em que mais de 75% dos docentes não são doutorados – mas que auferem remunerações equivalentes às dos docentes universitários, independentemente do grau académico de que sejam titulares, ou mesmo de serem titulares de um grau académico – radica no facto de no ensino superior politécnico público não ser necessário que sejam mais qualificados academicamente para ministrarem a sua oferta educativa de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos.

Ainda que alguns Mestrados – e os Doutoramentos – sejam omissos da oferta educativa divulgada no site da Direcção-Geral de Ensino Superior.

Enfim, é a FOLGOZA.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...