Meu artigo no último "As Artes entre as Letras":
A
ciência em Portugal conheceu, desde que existe há cerca de cinco séculos, três principais
períodos de luz, separados por longos intervalos de sombra.
O maior período de luz e também o
período de maior luz foi, decerto, a época dos Descobrimentos. Os maiores nomes
deste “período de ouro” da ciência nacional são o matemático Pedro Nunes (que passou
de professor universitário em Lisboa para Coimbra), os médicos Garcia da Orta (colega
de Nunes em Lisboa, que se fixou na Índia) e Amato Lusitano (que fez quase toda
a sua carreira fora de Portugal), e o geofísico D. João de Castro (que foi
vice-rei da Índia, onde morreu). O florescimento da ciência em Portugal nessa
época, ligada de perto ao conhecimento de novos mundos, precedeu a Revolução
Científica, que teria o seu cume com Galileu e Newton.
No final do século XVI e no início do
século XVII, o Império português declinou, com a União Ibérica. Mas, nessa época
de apagamento, a acção dos Jesuítas na Aula da Esfera em Lisboa, alguns deles
estrangeiros, revelou-se essencial na transmissão da “nova ciência” ao Oriente. Alguns dos primeiros colégios jesuítas do mundo (em Coimbra,
os Colégios de Jesus e das Artes, em Lisboa o Colégio de S. Antão, onde
funcionou a referida Aula, e em Évora o Colégio do Espírito Santo). Foi graças
a padres jesuítas que o telescópio chegou a Portugal no início do século XVII
e, pouco depois, à China e ao Japão.
O segundo período de luz, embora mais curto,
ocorreu no Iluminismo e teve o seu auge com a Reforma que o Marquês de Pombal
empreendeu na Universidade de Coimbra em 1772, pondo termo ao domínio dos
jesuítas. “Estrangeirados” como os médicos António Ribeiro Sanches e Jacob de Castro
Sarmento (os dois judeus, obrigados ao exílio na Europa) e os físicos Teodoro
de Almeida e João Jacinto Magalhães (os dois com formação clerical, o primeiro oratoriano
e o segundo agostiniano, também exilados um em Espanha e França e o outro em
França e Inglaterra) ajudaram, ainda que à distância, o processo da referida
Reforma, para a qual também contribuíram, ensinando em Coimbra, os matemáticos
António Monteiro da Rocha e José Anastácio da Cunha, e os italianos Giovanni de Dalla Bella,
físico, e Domenico Vandelli, químico e naturalista, que tinham sido chamados
pelo Marquês para ensinar no fracassado Colégio dos Nobres em Lisboa.
Com as Invasões Francesas e a turbulência
político-social que se lhe seguiu, a ciência portuguesa voltou a decair no
século XIX. Entre os poucos nomes grandes da ciência lusa desse século estão o
botânico Félix Avelar Brotero e o matemático Francisco Gomes Teixeira, o
primeiro professor na Universidade de Coimbra e o segundo na Academia
Politécnica que acabaria por ser integrada na Universidade do Porto. A 1.ª República,
cujos mentores souberam reconhecer o valor da ciência, fundou novas
universidades em 1911, mas foi efémera. Na primeira parte do século XX, os
médicos António Egas Moniz, professor nas Universidades de Coimbra e de Lisboa
que foi até à data o nosso único Prémio Nobel na área das ciências, e Abel
Salazar, professor na Universidade do Porto, foram malquistos pelo Estado Novo,
tal como muitos outros intelectuais.
Neste período de sombra, vários professores viram-se forçados a abandonar o
país. Por outro lado, Portugal não soube aproveitar alguns cientistas estrangeiros
que aqui procuravam refúgio dos horrores da Segunda Guerra Mundial.
Após
a Revolução de 1974 houve uma explosão da ciência em Portugal, relacionada com
a entrada do país na União Europeia em 1986. É ainda cedo para escrever a história
deste terceiro tempo de luz.
Que factores condicionaram a luz e a sombra?
Em primeiro lugar, a liberdade. A ciência precisa de liberdade de pensar e de
circular, como afirma Timothy Ferris, no livro Ciência e Liberdade, n.º 200 da colecção Ciência Aberta da Gradiva.
Os períodos de luz da ciência em Portugal estiveram sempre associados à livre circulação
de pessoas e, portanto, de ideias. No século XVI essa circulação deveu-se à
empresa dos Descobrimentos e à exploração dos bens ultramarinos. É certo que Nunes
nunca andou embarcado. Mas esse sábio foi o responsável, como cosmógrafo-mor do
reino, pela certificação de pilotos. Orta, cristão-novo como Nunes, embarcou na
carreira da Índia fixando-se no Oriente. Por sua vez, Amato foi um judeu
errante pela Europa, em particular pela Itália. A perseguição aos judeus que
começou com D. Manuel e se agravou com o estabelecimento da Inquisição por D.
João III não foi, de modo nenhum, favorável à ciência neste canto da Europa.
No século XVIII a circulação foi
sobretudo com o Brasil e a Europa, embora neste caso nem sempre pelas melhores
razões. À continuada perseguição aos judeus de que Sanches e Sarmento foram
vítimas somou-se a perseguição primeiro aos Jesuítas, que tinham protagonizado
a globalização, e depois aos Oratorianos, como Almeida, estes últimos mais avançados
na época cientificamente do que os primeiros. Mas o poder central teve o bom senso
não só de manter um intercâmbio fecundo com alguns “estrangeirados”, mas também
de convidar cientistas estrangeiros.
Por último, como é óbvio, o recente boom da ciência nacional teria sido
impossível sem um forte processo de internacionalização, facilitado pela
completa abertura de fronteiras que rompeu uma prolongada situação de
isolamento. Havia também meios: Depois das especiarias da Índia e do ouro do
Brasil, existiam desta vez os dinheiros da Europa.
5 comentários:
OU SEJA ANTES OU DEPOIS DE AVERRÓIS EM PRETUGAL NUNCA ENTROU CIÊNCIA ATÉ HÁ CINCO SÉCULOS
OU SEJA A IDADE DA PADEIRA ERA ANTI-SCIENTIFICA
OU SEJA A CIÊNCIA SÓ EXISTE DESDE 1513 DIRIA UM MATHEMATICO DO SÉCULO XII CHEGADO AO XXI º POR ARTES DE BRUXARIA
A CHIMICA NÃO É SCIÊNCIA É BRUXARIA ALQUÍMICA
O NEOLÍTICO NÃO É AGRONOMIA
É POLIR O CALHAU
POIS......
PITÁGORAS ERA PITOSGA ....
o home queria dizer é que Portugal só há desde 1513
dantes isto era uma chusma ingovernável de servos da gleba e mestres-escola sem classe
acudam que matam o mestre
mestre en quê....
mestre en avis raras in adversus ipsam rerum naturam
vita agricolae scientificarum est.....
diria kid ordinn'ario d'azevedo s'inda for vivo aos 91?
-> Parece que a ministra para a Integração do governo italiano, Cécile Kyenge, defende a legalização da poligamia: ver «aqui».
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-> Já disse isto montes de vezes... e... OTÁRIOS MILITANTES insistem em não querer ver:
i) tal como acontece com muitos outros animais mamíferos, duma maneira geral, as fêmeas humanas são 'particularmente sensíveis' para com os machos mais fortes...
ii) nas Sociedades Tradicionalmente Poligâmicas apenas os machos mais fortes é que possuem filhos;
iii) no entanto, para conseguirem sobreviver, muitas sociedades tiveram necessidade de mobilizar/motivar os machos mais fracos no sentido de eles se interessarem/lutarem pela preservação da sua Identidade... de facto, analisando o Tabú-Sexo (nas Sociedades Tradicionalmente Monogâmicas) chegamos à conclusão de que o verdadeiro objectivo do Tabú-Sexo era proceder à integração social dos machos sexualmente mais fracos; ver http://tabusexo.blogspot.com/.
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P.S.1.
É errado estar a dizer (como já alguém disse) «a Europa PRECISA DE CRIANÇAS, NÃO DE HOMOSSEXUAIS!»... isto é, ou seja... a Europa precisa de pessoas (homossexuais e heterossexuais) com disponibilidade para criar crianças!!!
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É UMA MUDANÇA ESTRUTURAL HISTÓRICA DA SOCIEDADE: os homens poderão ter filhos... sem repressão dos Direitos das mulheres... e independentemente de agradarem ou não às mulheres!... Leia-se: O ACESSO A 'BARRIGAS DE ALUGUER'...
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Nota: Quando se fala em Direitos das crianças... há que ver o seguinte: muitas crianças (de boa saúde) hão-de querer ter a oportunidade de vir a ser pais... oportunidade essa que lhes é negada pela 'via normal'.
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P.S.2.
Com o declínio do Tabú-Sexo (como seria de esperar) a percentagem de machos sem filhos aumentou imenso nas sociedades tradicionalmente monogâmicas.
Em contraposição, os machos de maior sucesso passaram a ter filhos de sucessivos casamentos...
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Mais, por um lado, muitas mulheres vão à procura de machos de maior competência sexual, nomeadamente, machos oriundos de sociedades tradicionalmente Poligâmicas [nestas sociedades apenas os machos mais fortes é que possuem filhos, logo, seleccionam e apuram a qualidade dos machos]... por outro lado, muitos machos das sociedades tradicionalmente Monogâmicas vão à procura de fêmeas Economicamente Fragilizadas [mais dóceis] oriundas de outras sociedades...
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P.S.3.
---> Sem 'corte' com os 'globalization-lovers' não há SOBREVIVÊNCIA!!!
{leia-se, os 'globalization-lovers' que fiquem na sua... desde que respeitem os Direitos dos outros... e vice-versa}
---> Concluindo: antes que seja tarde demais [nota: os 'parvinhos-à-Sérvia' - vide Kosovo - que fiquem na sua], há que mobilizar aqueles nativos europeus que possuem disponibilidade emocional para abraçar um projecto de Luta pela Sobrevivência... e... SEPARATISMO-50-50!
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Nota 1: Manifestações não-violentas (à Gandhi) por toda a Europa: «Pelo DIREITO À INDEPENDÊNCIA/SOBREVIVÊNCIA contra o NAZISMO-DEMOCRÁTICO».
{obs 1: existem mais de 1200 milhões de chineses, etc, etc, etc… e… existem Nazis-Democráticos!... os Nazis-Democráticos insistem em acossar/perseguir qualquer meia-dezena de milhões de autóctones que defenda a sobrevivência da sua Nação/Pátria… leia-se: os Nazis-Democráticos pretendem determinar/negar democraticamente o DIREITO À SOBREVIVÊNCIA de outros…}
{obs 2: nazismo não é o ser 'alto e louro'... mas sim a busca de pretextos (adoram evocar/inventar pretextos) com o objectivo de negar o Direito à Sobrevivência de outros!}
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Nota 2: Se os autóctones europeus não estiverem dotados duma Coligação Defensiva (do tipo NATO)… os nazis made-in-USA aplicarão aos autóctones europeus o mesmo 'tratamento' que foi aplicado aos autóctones norte-americanos.
Só faltou dizer que Portugal é um contribuinte líquido para a Ciência na Europa. Isto é, contribuímos mais para o orçamento europeu para a ciência do que recebemos. Na prática, Portugal anda a financiar o sistema científico em França ou na Alemanha e não o inverso. Mas isto, é claro, não interessa andar por aí a dizer - é a liberdade em doses moderadas.
Este canto da Europa a que refere o professor Carlos Fiolhais de carinho a Portugal.
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