Uma pessoa não pode estar em Agosto descansada. Li o post do David
http://dererummundi.blogspot.pt/2013/08/governo-acaba-com-uma-area-cientifica.html
e interrompo as férias para protestar. A FCT decidiu, ao que parece, acabar com a área da Promoção e Administração da Ciência. E parece que também não quer a área da História da Ciência. Ora esta atitude, se não for mero engano, só revela da parte dos responsáveis pela FCT incultura científica, ou, como a ciência faz parte da cultura, incultura tout court. Eles, provavelmente, pensam que a ciência pode viver isolada da sociedade e desligada do seu contexto histórico. Não faz sentido nenhum matar assim, sem mais nem porquê, a Promoção da Ciência, uma das áreas com mais resultados em Portugal e onde temos registado mais progressos. E também não faz sentido nenhum recuar no apoio à História da Ciência, uma área nova entre nós que a FCT tinha especificamente promovido há poucos anos. Ainda agora a Agência de Acreditação do Ensino Superior aprovou um
programa doutoral nessa área da responsabilidade das Universidades de Coimbra e Aveiro (a primeira desde há semanas Património Mundial da
Humanidade,
como símbolo da cultura portuguesa no mundo, incluindo nela a cultura científica) e logo a seguir interditam as respectivas bolsas. Não bate a bota com a perdigota. Dá a ideia que a ciência não quer
saber do ensino superior, apesar de estarem os dois perto um do outro no Palácio das Laranjeiras.
A falta de
dinheiro não justifica de maneira nenhuma a falta de visão. Lembro-me de a política científica determinar que 5% do orçamento de ciência e tecnologia devia ser gasto na promoção da ciência. E agora? A FCT está com as vistas curtas, que não dá para ver mais do que o seu próprio umbigo. Isso até se nota nas
respostas "burrocráticas" (burocráticas e burras) que manda aos investigadores. Trata-os como se eles fossem seus inimigos, em vez de os promover. Pede-lhes formulários, mas não faz nada de útil com os formulários que recebe. Se os investigadores portugueses estivessem organizados dariam uma resposta à altura, como está a acontecer em Espanha. Mas infelizmente não estão. A atenção do governo à comunicação da ciência está em níveis muito baixos: a ligação entre a FCT e o "Ciência Viva" parece não existir e o "Ciência na
Escola" foi uma oportunidade desperdiçada. E, quanto à história da ciência, a actual gestão da FCT arrisca-se a não ficar na história.
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17 comentários:
E o que dizer das despesas do ensino superior politécnico público tais como, a celebração do aniversário de uma Escola, integrada no Instituto Politécnico de Santarém, com um cruzeiro na barragem do Castelo do Bode, com almoço a bordo e transferes em autocarro ao cais de embarque, para docentes, funcionários e convidados, noticiada pelo jornal “O Mirante”, na sua edição de 18.12.2008, pág. 33, em artigo intitulado “Aniversário da Escola de Gestão celebrado em tom de discórdia”, e pelo Diário de Notícias, na sua edição de 19.12.2008, pág.13, em artigo intitulado “Um passeio à conta dos contribuintes”.
Despesas estas, que não suscitaram um reparo por banda dos órgãos do Estado.
Para os que, como eu, atribuem valor ao simbólico, a subsequente nomeação da Sr.ª Presidente do Instituto Politécnico, pelo Sr. Presidente da República, para a Comissão de Honra das Comemorações do 10 de Junho de 2009, na Cidade de Santarém, teve um significado político. Ademais, conforme noticiado, a Sr.ª Presidente do Instituto Politécnico também desfrutou deste cruzeiro idílico…
Num ensino superior politécnico público que já anunciava doutoramentos, em parcerias com universidades, o panorama da habilitação dos seus docentes é elucidativo, pelo menos, segundo dados divulgados pela Direcção-Geral do Ensino Superior, “Análise de todos os Docentes em 2008 por Categoria”, INDEZ2008, reportados a 31 de Dezembro de 2008, num universo de 8.181 docentes, no ensino superior politécnico, 35 tinham habilitação ignorada e os demais a seguinte habilitação: - 49 décimo segundo ano ou menos; - 30 Curso de Especialização Tecnológica; - 111 Bacharelato; - 2.796 Licenciatura; - 73 Pós-Graduação; - 3.602 Mestrado; - 1.485 Doutoramento.
Segundo dados da mesma Direcção-Geral, o REBIDES, no ano lectivo 2011/12, no ensino superior politécnico público num universo de 10.284 docentes, 104 têm habilitação não especificada, e os demais a seguinte habilitação: - 66 Bacharelato; - 3. 390 Licenciatura; - 4.255 Mestrado; - 2. 496 Doutoramento.
Ou seja, mais de 75% dos docentes do ensino superior politécnico público nem sequer são doutorados.
Acresce que, de 31.12.2008 até ao ano lectivo 2011/12, o nº de docentes do ensino superior politécnico público aumentou cerca de 26%. Não obstante ser sabido que o n.º de alunos nos Politécnicos tem vindo a decrescer…
A menor qualificação académica dos docentes do ensino politécnico público - em que mais de 75% dos docentes não são doutorados – mas que auferem remunerações equivalentes às dos docentes universitários, independentemente do grau académico de que sejam titulares, ou mesmo de serem titulares de um grau académico – radica no facto de no ensino superior politécnico público não ser necessário que sejam mais qualificados academicamente para ministrarem a sua oferta educativa de Licenciaturas, Mestrados e Doutoramentos.
Ainda que alguns Mestrados – e os Doutoramentos – sejam omissos da oferta educativa divulgada no site da Direcção-Geral de Ensino Superior.
Há muito que são conhecidos os Doutoramentos do ensino superior politécnico (público) em parceria com universidades. Nos quais, também a universidade (pública) portuguesa se envolveu.
Como é exemplo, o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira, constante da oferta educativa anunciada na página 5 do Caderno de Ensino, da edição de 3.7.2008, do jornal “O Mirante”. Desta feita, nesta fonte, este Instituto Politécnico anuncia, em parceria com a Universidade de Leida, Doutoramento em Educação na Escola Superior de Educação de Santarém.
Não é por nada, mas se é verdade que a FCT "encerrou", sem explicação a área da História da Ciência, também é verdade que abriu várias outras, algumas que também têm programas doutorais e, com a mesma falta de explicação, não existiam. Não é por nada, mas a área da História da Ciência teve, em tempos, um lugar especial na FCT - teve até um concurso exclusivo - precisamente porque a FCT queria ficar na história. Não é por nada, mas promover a ciência é promover a investigação científica. Isso de promover a comunicação em detrimento do que é comunicado, para além de absurdo, faz lembrar os gabinetes de comunicação que por aí existem. Quando o investimento na comunicação de ciência (do qual não tenho visto proveitos sérios, mas apenas sérios aproveitamentos por parte de alguns que, naturalmente, agora rasgam as vestes e acendem archotes) é maior do que em algumas áreas científicas, então existia algo grave a passar-se. Igualmente muito graves são afirmações como esta: "Promoção da Ciência, uma das áreas com mais resultados em Portugal e onde temos registado mais progressos."
Como??
Claramente o Sr Pedro não sabe do que fala.
Obrigado, Prof. Fiolhais, por fazer ouvir a sua voz!
As notícias são cada vez mais extraordinárias, como o são as reacções das pessoas que não sabem (ou aparentam não saber) o que se passa no mundo da investigação em Portugal.
É realmente incompreensível que, no mesmo ano em que é aprovado mais um programa doutoral na área da História da Ciência, eliminem essa categoria do concurso.
Como é que esses estudantes vão fazer o seu Doutoramento?
Em Espanha, tive muitos colegas que iniciaram o Doutoramento sem terem bolsa. Mas as propinas anuais ficavam muito longe dos valores por cá praticados! Mais: só se pagavam propinas durante a fase lectiva, não durante a fase de investigação!
Os factos que descrevi podem ser encontrados no próprio site da FCT, nem é preciso procurar muito. Quanto ao mais, eu já ando nisto há umas décadas e conheço a FCT desde as suas origens; se fizesse o favor de substantivar a sua afirmação seria melhor.
Ponto a ponto.
Se no motor de busca pesquisarem:
Anexo Técnico nVI –UMa – IPS.tif – GPC – Universidade da Madeira
Vão encontrar um ficheiro PDF, que encerra um documento que ficará para a história do ensino superior – PÚBLICO - e nessa medida, caso nele tenham interesse, aconselho que façam a sua impressão, enquanto está disponível. Documento este, que nos permite perscrutar o modus operandi seguido para o Doutoramento em Ciências do Desporto, da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém, em parceria com a Universidade da Madeira. E, com alguma ironia, até concluir que, no ensino superior público português, é muito mais fácil ministrar um Doutoramento do que uma Licenciatura.
Não fora este documento ser o princípio do fim da Universidade Pública, quantos mais empreendedores, em nome do princípio da igualdade, num futuro próximo não seriam tentados a fazer parcerias idênticas.
Se o programa doutoral é financiado pela FCT, os alunos têm a possibilidade de concorrer às bolsas do programa doutoral, certo?
Com este Governo primeiro era assim:
http://www.dges.mctes.pt/NR/rdonlyres/A5D453D1-2F67-4980-9ED1-D5505CA3B27E/6873/Esclarecimento2.pdf
Depois, no dia 24 Maio de 2013, o Sr. Ministro da Educação, Prof. Nuno Crato, inaugurou as instalações da Escola Superior de Desporto de Rio Maior, do Instituto Politécnico de Santarém,
Entretanto o Secretário de Estado foi substituido...
Quiçá o melhor é questinoar o Governo,
Quando a oferta educativa do ensino politécnico se traduz em licenciaturas, mestrados e doutoramentos, a perspectiva do ensino politécnico enquanto o ensino superior de curta duração labora em equívoco pois o ensino politécnico concorre com o ensino universitário na atribuição de graus académicos.
Contudo, as diferenças existem; eventualmente, a mais evidente é a qualificação académica dos corpos docentes que, necessariamente, se reflecte no conhecimento produzido, transmitido e difundido pelas instituições de ensino superior a que esses corpos dão suporte.
Ao invés do ensino universitário, em que todos os professores na carreira docente são titulares do grau de doutor, este grau académico no ensino politécnico não é valorizado, resultando a menor qualificação académica dos corpos docentes das instituições de ensino politécnico devido à sua desnecessidade.
Desnecessidade esta recentemente robustecida pelo título de especialista , habilitação substitutiva do grau académico de doutor no acesso às categorias de professor adjunto e de professor coordenador e que releva para efeitos da composição do corpo docente das instituições. Neste contexto, o conceito de especialista deixou de corresponder à denominação aplicada ao indivíduo conhecedor de matéria ou domínio específico, resultante de um trabalho de investigação contínuo, com provas dadas e reconhecidas pela comunidade científica e passou a designar igualmente toda e qualquer pessoa que, provida de formação inicial numa qualquer área, desempenhe funções na mesma durante uma década e eis que todos somos, ou podemos ser, especialistas de alguma forma em alguma coisa.
Preparando-se já o próximo ano lectivo, seria de elementar transparência que o Governo impusesse aos Institutos Politécnicos, e às Escolas de ensino politécnico não integradas em Institutos Politécnicos ou em Universidades, a obrigação de divulgação nos sites das próprias instituições dos currículos académicos de todos os seus docentes. Divulgando de forma obrigatória, relativamente a cada um dos seus docentes, os seus os graus académicos e demais habilitações, a categoria, as disciplinas que lecciona e os ciclos de estudos a que essas disciplinas pertencem, bem como os artigos e livros científicos que publicou, a participação em projectos de investigação, as comunicações apresentadas em congressos e colóquios científicos, os prémios de reconhecimento científico obtidos, a participação em júris académicos de provas e concursos, a orientação de teses concluídas dos 2.º e 3.º ciclos.
Mais, os alunos deviam ser isentos do pagamento de propinas às instituições de ensino politécnico que não divulgassem, no seu site, o grau académico e demais habilitações de algum dos seus docentes.
No ano lectivo 2007/2008, com pré-inscrições one-line até 3 de Setembro e candidaturas de 4 a 14 de Setembro de 2007, a Escola Superior de Gestão de Santarém anunciou um Mestrado em Gestão, usando o seu símbolo e o da Universidade de Évora; o Sr. Prof. Carlos Zorrinho, então Coordenador da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, foi o convidado de honra na abertura do que então era noticiado* como o Mestrado em Gestão na ESGS em parceria com a Universidade de Évora; em Janeiro de 2008** a polémica instalou-se: para o Sr. Presidente do Conselho Directivo da Escola Superior de Gestão de Santarém, o Mestrado que decorria na ESGS era um Mestrado em parceria com a Universidade de Évora, já para a Sr.ª Prof.ª Marta Silvério da Universidade de Évora tratava-se de um curso de pós-graduação não conferente de grau…
Nos anos subsequentes, o Mestrado em Gestão em parceria com a Universidade de Évora constou da oferta educativa do Instituto Politécnico de Santarém, sem que no site da Direcção-Geral do Ensino Superior se tenha descortinado o mesmo (Mestrado) na oferta formativa do Instituto Politécnico de Santarém.
*O Ribatejo edição de 19/10/2007.
**O Mirante edição de 25/1/2008
Neste momento, ainda não (tanto quanto sei).
Diz o povo que o maior cego é o que não quer ver…
Vejam,
http://www.tvciencia.pt/tvcnot/pagnot/tvcnot03.asp?codpub=33&codnot=49
Cumprimentos, e boa sorte de que a Universidade e o País tanto precisam. Sobreviver às especificidades do PSD na Banca, e na Universidade, não é tarefa fácil …
Antes tarde do que nunca. Que o "Rei vai nu" todos sabem, mas tardou que alguém qualificado o mencionasse ... Aqui vai, http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=675024
Os Marajás uma saga sem fim, neste país à beira plantado…
http://semanal.omirante.pt/index.asp?idEdicao=631&id=96675&idSeccao=11007&Action=noticia
http://www.oribatejo.pt/2014/02/06/jorge-justino-defende-ligacao-do-instituto-politecnico-de-santarem-ao-politecnico-de-leiria/
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