sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

COIMBRA ANTIGA E MODERNA


Meu artigo que acaba de sair na revista de bordo UP da TAP, um número especialmente dedicado a Coimbra (na foto Coimbra, vista da moderna ponte Pedro e Inês):

Coimbra, bordejando o rio mais português de Portugal, ocupa uma colina de que a Torre da Universidade é o vértice. O escritor dinamarquês Hans Christian Andersen ficou, em 1866, impressionado logo que avistou o burgo, dando cor à paisagem: “A cidade erguia-se como a flor mais bela de todo o ramalhete.”

Hoje, o melhor lugar para ver o casario que enche a elevação é a ponte pedonal Pedro e Inês. A obra de arte contemporânea, cujo nome invoca uma história medieval em que o rei vinga a morte da sua amante, representa bem a junção que Coimbra faz do velho e do novo. Tal junção está também patente nas imediações: a Fonte dos Amores, onde outrora correu o sangue de Inês, é cenário actualmente de um Festival de Verão que oferece uma boa selecção de artes e artistas; e, na mesma margem do rio, o Mosteiro de Santa Clara-a-Velha mostra como a tecnologia avançada conseguiu salvar um convento afogado em aluviões.

Subindo para a Alta, por ruas estreitas e torcidas, chega-se à Torre, o símbolo universitário que brilha com o recente restauro. Ao lado é a Biblioteca Joanina, uma das mais belas do mundo e o “santo dos santos” da universidade e da cidade. O interior barroco é um templo em honra não de Deus, mas da sabedoria, contida nos livros antigos e hoje, graças à Internet, espalhada urbi et orbi. No pátio em frente, é fácil encontrar estudantes no seu negro traje académico, guardando as tradições de uma das mais antigas universidades da Europa. O relato de Andersen podia ser de hoje: “Encontrei alguns estudantes, todos com o seu traje medieval: um ia sozinho, a ler; os outros três passaram em conversa alegre, com a guitarra pendurada ao ombro.” Esta aparência arcaica é, porém, enganadora, pois no campus se faz investigação de ponta. Os monumentos estão paredes meias com esses estaleiros do futuro que são os laboratórios, sendo a história uma inspiração para abrir novos caminhos.

A união do antigo e do moderno volta a aparecer no Museu Nacional Machado de Castro, assente num criptopórtico romano e enriquecido desde há pouco por um projecto arquitectónico que o transformou num dos mais impressionantes museus portugueses. E, para confirmar que em Coimbra o passado e o presente se casam de forma ímpar, bastará visitar o vizinho Museu da Ciência da Universidade, instalado num laboratório  químico setecentista, mas distinguido com um prémio europeu de inovação museológica.

Quem vier a Coimbra não poderá deixar de concluir como Andersen:“É um sítio onde apetece ficar”.

1 comentário:

Augusto Küttner de Magalhães disse...

3 Dias, 2 Noites em Coimbra, Junho 2012

Qualquer cidade grande ou não, conhece-se e sente-se, a andar, a caminhar, foi o que também em Coimbra, fizemos.
A zona da Universidade e envolvente continua com a sua história, se bem que hoje, Coimbra, ainda fazendo muita questão nos Doutores e Professores e Mestrados, e nos fatos com gravata, deixou de ter o privilegio único de ser o pólo do Ensino e da Ciência, da Investigação e da Leitura do nosso País. E ainda bem.
Portugal ensina, investiga, produz conhecimento hoje, de Norte a Sul. Instrui, talvez não se conseguia educar, mas isso é outro problema!
Mas Coimbra sem estudantes neste final de Junho de 2012 ainda mantém as suas especificidades, as suas belezas e merece, sempre, ser visitada, vivida, sentida.
Toda a cidade Universitária tem o seu encanto e beleza. Dá para pensar se a estatua que lá vemos a D. João III, e não incluindo Coimbra, não será mais a de um dos “gastadores” típico do nosso País. Quando nos entra dinheiro porta adentro. No caso foi o ouro do Brasil, que foi gasto a fazer o Convento de Mafra, o Aqueduto das Aguas Livres e mais uma serie de Obras de Fachada, para além de festas e festarolas “ à grande e francesa”! E depois tudo faliu!
Bem, continuando em Coimbra: O Jardim Botânico, que parece fazer estar, não em Coimbra, mas antes e só, em contacto com a vegetação desprovida de automóveis e outras máquinas, só vegetação, plantas, árvores e algumas Pessoas, fora da civilização, que sendo excelente, nos desumanizou.
As ruas típicas estreitam. Gente nova e velha, tudo junto sem preconceitos.
E, não se pode visitar o Museu de Machado de Castro, ao que nos disseram por as peças, talvez já restauradas, ainda lá não estarem. Depreendemos, ninguém nos disse, que face a estes tempos, nunca mais haverá Museu a visitar! Esperemos estar enganados.
Gente simpática nas ruas, bastantes estrangeiros, dois grupos de israelitas no hotel. Cansados, dormimos, bem.
Pela manhã, rumo ao Convento de Santa Clara a Nova, Santa Clara a Velha, está em obras.
Naquele, aproveitando um grupo de turistas espanhóis, relembrámos a História de Portugal que há décadas nos foi contada sempre do modo como nesse tempo queriam, hoje querem como também lhes dá jeito, faz-se a bissectriz, e fica meio por meio.
Bem, aproveitámos a Guia uma portuguesa, que evidentemente e bem defendeu a Portugalidade. Mais abaixo o Portugal dos Pequenitos, minha mulher a chegar aos 60 anos, eu já passei, mas ainda não nos 65, pagámos as entradas mais caras. Um pouco exagerado, mesmo que possa ser para ajudar a Fundação Bissaya Barreto, dado que tudo está um pouco menos bem conservado, e parou no tempo, apesar de ter espaço para crescer, ao tempo. Minha mulher recordou a visita na infância, julgo, que foi a primeira vez que visitei este espaço.
A Quinta das Lágrimas um pouco adiante, com a Fonte e um verso dos Lusíadas de Camões, um espaço agradável, com vegetação e água! E História, Pedro e Inês!
Mais adiante atravessa-se a Ponte Pedonal. Uma boa forma de sem poluição e fazendo exercício físico se atravessar o Mondego. Ponte bonita, que talvez devesse ter sido feita de forma mais económica, não numa facha tão alargada do rio, e com tanta beleza, fomos ricos, uma vez mais, quando o fizemos, hoje, estamos a caminho de voltar a falir! Nunca poupamos quando devemos, e investimos produtivamente.
Bonito estar em Coimbra! Vale nunca perder estes locais, “cá dentro” nossos. E abri-los ao Mundo, não como relíquias, mas como um caminho entre o Passado e o Presente, a Caminho do Futuro. Com História!
Valeu!

Augusto Küttner de Magalhães

02.Julho.2012

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