segunda-feira, 24 de outubro de 2011
BOTÂNICA E QUIMICA EM CAMÕES
Há muita botânica e química a descobrir na épica e na lírica camoniana.
Esta afirmação foi sustentada pelas intervenções dos Professores Jorge Paiva (Instituto Botânico da Universidade de Coimbra) e Sérgio Rodrigues (Departamento de Química da FCTUC) no último "Sábado com Ciência", ocorrido no passado dia 22 de Outubro, na Livraria Bertrand, no Dolce Vita, em Coimbra.
Há, de facto, muitas referências à botânica e à química (mas também de física, de oceanografia, de astronomia, de geologia...) nos Lusíadas. Este texto épico, único na nossa língua matriarcal, pode, assim, ser ferramenta de estudo interdisciplinar.
Também a lírica de Camões possui abundantes descrições e referências a espécies da flora portuguesa e de além-mar, segundo estudo recente do Professor Jorge Paiva, a aguardar publicação.
Literatura, "chata" e "traumatizante" para os alunos?
Queiram os professores e alunos ensinar, aprender e descobrir, que matéria prima de qualidade não nos falta.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
3 comentários:
Leitura é disciplina, e disciplina humildade.
A distântância entre o querer e a conquistar é a força dos exemplos.
Lusíadas é ser cidadão do mundo e das circunstâncias, um olhar que peregrina por vossas raízes.
Em Os Lusíadas a dificuldade talvez seja a de encontrar uma área do conhecimento humano que nele não se encontre.
Relativamente a Os Lusíadas e o ensino, vejamos este exemplo, aleatório, da expressão do tempo: "Mas já o Planeta que no céu primeiro/ Habita, cinco vezes apressada,/ Agora meio rosto, agora inteiro,/ Mostrara..." (Canto V, est. 24). Que turma não se entusiasmaria a decifrar a quantidade de tempo expressa pela perífrase? E o fascínio que a mitologia e os universais humanos despertam? E, para os mais pragmáticos, as descrições dos fenómenos naturais? Há tanto por onde pegar - e até abono, no geral, a favor das escolhas dos programas de português, sendo que o atual retirou o episódio da Batalha de Aljubarrota e acrescentou uma parte do espisódio da Ilha dos Amores. Que os alunos sozinhos não conseguiriam compreender as estrofes que são motivo de estudo em aula, concedo, mas não é bom os mesmos acederem à importância do professor como mediador de conhecimento?
Nunca é demais trazer o assunto à ribalta, antes que alguma tromba não marítima resolva retirar as partes da obra que ainda se trabalham na escola, uma vez que já sofremos a incalculável perda da lírica trovadoresca e do episódio do Velho do Restelo.
HR
Conferência do professor Jorge Paiva precisamente sobre as plantas na poesia lírica e épica de Camões, vai realizar-se no Auditório da Escola Secundária Carlos Amarante, em Braga, no próximo dia 09 de Novembro, quarta feira, cerca das 17.45 horas (antes, às 15, está noutra escola, noutra palestra, em Famalicão).
Decorrem as inscrições, por causa da limitação do espaço. São muitas as pessoas, particularmente professores, de C. Naturais, Biologia, Português, mas também de outras disciplinas, que se mostram entusiasmadas.
O Professor Jorge Paiva é um missionário do conhecimento botânico, ambientalista e humanista: percorre graciosamente as escolas, juntas de freguesia e outros locais onde o solicitam sem cobrar nem aceitar que lhe ofereçam nada: nem viagens, nem refeições, nem dormidas. Tem dado mais ele ao sistema de ensino, e tem apoiado mais os professores do ensino básico e secundário, em particular na área da biologia e ambiente, do que todos os ministros da educação juntos, e respectivas equipas, desde há largas décadas (exceptue-se aqui o atual, que continua a merecer o benefício da expectativa).
Como muitos, é a pessoas como o Doutor Paiva que me sinto profundamente grato.
Por isso lhe tributamos profunda estima, amizade e admiração. Mas isso não interessará muito às luminárias que se pronunciam sobre os assuntos do ensino, como se tivessem sido investidas pelos deuses do olimpo.
Que a nós, professores comuns, quadram-nos melhor pessoas terrenamente generosas.
Enviar um comentário