segunda-feira, 6 de junho de 2011
OS TELEMÓVEIS CAUSAM TUMORES CEREBRAIS?
Uma vez que este assunto voltou recentemente para as ribaltas dos jornais, reproduzimos, com a dveida vénia, a última coluna "What's New" do físico Bob Park, que desde há anos tem defendido que não há evidência desse perigo dos telemóveis.
"WHAT’S NEW Robert L. Park Friday, 3 Jun 2011 Washington, DC
1. WHO’S ON FIRST? WITH APOLOGIES TO BUD ABBOT AND LOU COSTELLO.
My science-reporter friend, Naif, called this week about cell phones.
Here's how it went.
Naif: "Who said there’s no evidence that radiation
from cell phones causes brain cancer?"
P: "WHO did, but that was about a year ago." [NOTA: WHO é a World Health Organization, em português Organização Mundial de Saúde, OMS)
Naif: "That's what I asked, who did? The International Agency for Research on Cancer (IARC) says cell phone radiation ‘may be carcinogenic’."
BP: "IARC is WHO."
Naif: "Why ask me? I don't know who. Besides, shouldn't that be ‘whom’?"
BP: Last year they said that no adverse health effects have been established for mobile phone use."
Naif: "That's still true, but who said it?"
BP: "I told you; WHO said it after a $14 million epidemiological study of cell phone use in 13 countries."
Naif: "Then who is IARC?”
BP: "Strictly speaking IARC is part of WHO."
Naif: "I don't know who it’s part of. That‘s why I asked."
2. CELL PHONES: THE CREDIBILITY OF SCIENCE IS BASED ON OPENNESS.
Let's be open with the public. A Working Group of 31 scientists from 14 countries met at the International Agency for Research on Cancer (IARC) in Lyon, France from May 24–31 to assess the potential carcinogenic hazards from exposure to radiofrequency electromagnetic fields. The Working Group conducted no further study, and gathered no additional evidence.
Nevertheless, based on an increased risk for glioma, a usually fatal brain cancer, they voted to classify radiofrequency electromagnetic fields as, "possibly carcinogenic to humans." Let's do a little epidemiology of our own. There are 5 billion cell phones distributed among the 7 billion people on Earth. But, as the New York Times reported this morning, brain cancer rates in the US have been declining for two decades. Does this tell us that cell phones prevent brain cancer? Alas, no. The increase in cell phone use only started one decade ago. It tells us is that epidemiology alone is a lousy guide for making policy. There is far too much "noise" in the data. So far, only photons more energetic than visible light have been shown to create mutant strands of DNA. "Maybe it's a multi-photon process," I'm told. A two-photon process is possible, even a three-photon process, but it would take 1 million microwave photons working in tandem to overcome the work function. So find a mechanism. But please don't inflict more case-control epidemiology on a paranoid public.
BAD DIAGNOSIS: THE HIGH COST OF IGNORANCE.
Why would it be such a big deal to use earphones? No big deal. I already use an amplifier in each year so I can hear the birds outside my office. Let me ask why would it be such a big deal to let people know how electromagnetic radiation causes cancer? Bullshit is dangerous. In 1998 in London, Andrew Wakefield a British gastroenterologist, warned that the MMR vaccine causes autism. In the following months the papers daily carried stories of the tragedy of autism and the heroic doctor who had found the cause. In the months following, MMR vaccinations of children dropped from 90% to 70%. In 2006, the first child in more than a decade died of measles in London. In the first four months of 2011, the HPA reported 334 cases of measles, a 10 fold increase over the same period a year earlier. In France, 7000 cases have been reported this year. Autism was unaffected."
Robert Park
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
O corpo e a mente
Por A. Galopim de Carvalho Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...
-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Usa-se muitas vezes a expressão «argumento de autoridade» como sinónimo de «mau argumento de autoridade». Todavia, nem todos os argumentos d...
-
Cap. 43 do livro "Bibliotecas. Uma maratona de pessoas e livros", de Abílio Guimarães, publicado pela Entrefolhos , que vou apr...
6 comentários:
A este propósito vou limitar-me a partilhar o que circula na net:
«No passado dia 16 de Abril deu entrada no Serviço de Urgência do
Hospital de S. José um jovem de 23 anos de nome (?).
Motivo: Choque eléctrico grave por ter atendido o seu Telemóvel
enquanto o mesmo estava a carregar!
Acabaria por morrer!
Por favor, não atenda um telemóvel quando estiver a carregar a bateria do mesmo. Há alguns dias, a pessoa atrás identificada estava a carregar a
bateria do seu telemóvel em casa, quando o mesmo tocou e ele atendeu
a chamada, com o aparelho ligado à corrente. Após alguns segundos
ocorreu uma descarga eléctrica através do telemóvel e o jovem foi
fortemente projectado para o chão. Os seus pais encontraram-no
inconsciente, com batimentos cardíacos enfraquecidos e queimaduras nos
dedos. Foi levado de urgência para o hospital de S. José mas foi
pronunciado morto à chegada. O telemóvel é uma invenção muito útil,
mas devemos ter cuidado, pois pode-se tornar num objecto mortífero.
Nunca use o telemóvel enquanto estiver ligado à corrente.
Envie esta mensagem às pessoas de quem gosta.»
Também vinha citado o nome do rapaz, mas entendi por bem eliminá-lo, por uma questão de princípio.
Relativamente à matéria em si não sou perito em questões eléctricas, e por isso a exponho na esperança de aparecer alguém a confirmar ou desmistificar o caso.
Não é por mim porque não uso telemóvel, mas poderá interessar aos milhares de utentes desse misterioso instrumento que corta o espaço, o tempo, a distância, e, a ser verdade, também a vida.
Dois pontos:
1 - Princípio da precaução.
O que não falta são exemplos de tecnologias cujos fabricantes ou outros responsáveis juraram a pés juntos que eram seguras e depois se veio a verificar o oposto. Principalmente quando o custo da precaução é mínimo e não aparenta ter efeitos secundários, parece-me acertada. Também não vejo interesses económicos que motivassem esta precaução, pelo contrário, é do interesse dos fabricantes que utilizemos mais e não menos os telemóveis. Se mais pessoas utilizarem dispositivos mãos livres por causa desta recomendação, menos condutores veremos a ziguezaguear à nossa frente e a mudarem de direcção sem usar o obrigatório pisca.
2 - Comparação com o caso de Andrew Wakefield e a vacina MMR.
Esta comparação é tão alarmista como o alarmismo que o autor critica. É um excelente exemplo do perigo da ignorância mas não tem nada a ver com a situação dos telemóveis e certamente não ajuda a credibilizar a argumentação do autor pelo exagero que representa.
E já agora, a propósito da "openness" que o autor defende, fica-lhe mal "esquecer-se" de dizer que o grupo se reuniu para fazer uma análise global dos estudos existentes e enfatizar apenas que não fizeram investigação adicional dando a ideia que nada fizeram ou que há algo de errado nesse procedimento.
O que me preocupa não são propriamente os potenciais efeitos nocivos dos telemóveis, mas a facilidade com que se descarta a precaução. Com o aparecimento de novas tecnologias vamos expondo o nosso corpo a substâncias e efeitos a que nunca antes estiveram expostos, e a história diz-nos que isso tem consequências. A defesa do "não está provado que é prejudicial à saúde" é muito fácil e hipócrita porque obviamente que primeiro temos que ser expostos. E no caso do cancro, frequentemente durante longos períodos, o que nunca é testado antes. Acabamos por ser nós todos o estudo de longo prazo. Parar o desenvolvimento? Não, mas precaução com sensatez, sim.
Comentário recebido de Guilherme de Almeida:
Com os enormes interesses envolvidos, não é nada de admirar que as multinacionais, e os poderosos lobbies da electrónica, que vêem nos telemóveis uma boa fracção do seu negócio, queiram abafar os resultados, manipular as conclusões, ou fazer contra-relatórios por encomenda. Há muito dinheiro a ganhar se se mantiver a dúvida, no território de "não foi demonstrada nenhuma correlação"..E muito dinheiro a perder se aparecer uma prova que ateste os danos cerebrais: "convém" por isso que essa prova fique sempre escondida...
Também o tabaco era visto como "factor de distinção social", com enormes capitais envolvidos, até que não foi possível continuar a abafar as notícias e os males do tabaco se tornaram indiscutíveis. Mas isso demorou mais de 40 anos a "desmontar". E os telemóveis ainda não existem há tanto tempo como isso...
Podia citar vários exemplos de casos/situações em que "não havia perigo nenhum", diziam os especialistas, para depois se ver que estavm errados, ou não lhes convinha dizer a verdade, ou, ainda, não havia conhecimento suficiente. Emitir uma opinião sem haver conhecimento suficiente, pode ser uma opinião honesta (i. e.sem intenção objectiva de lesar), mas será uma opinião arriscada, perigosa, inconsciente e involuntariamente irresponsável.
Não se deve confiar demasiado nos estudos feitos com base em (relativamente) pequenos intervalos de tempo, ou insuficientemente documentados. É o que manda a precaução. O "tanto quanto podemos saber" não chega. E amanhã pode ser demasiado tarde.
Guilherme de Almeida
Em relacao ao comentario de Joao Boaventura gostaria de lhe dizer que o relato que escreveu e extremamente improvavel e eu continuarei a atender chamadas com telemovel ligado a corrente. Os transformadores que carregam telemoveis ja existem ha muito tempo aplicados a outros aparelhos e lembro me, devia ter uns 14 anos, de ter ficado surpreendido de ver pessoas a lidar com estes transformadores (de baixa corrente) sem preocupacao, mesmo quando ligados a uma tomada eletrica. Acontece que o cabo que esta ligado ao seu telemovel nao esta ligado a tomada, existe uma separacao fisica. A corrente que carrega o telemovel e induzida atraves de um sistema com duas bobinas com caracteristicas diferentes. Esta bobinas nao estao em contacto uma com a outra. Para que haja possibilidade de haver um choque as bobinas tem que se deformar ( por exemplo derreter) para que entrem em contacto uma com a outra o que, nao so nao acontece naturalmente, commo seria algo facilmente reconhecido pelo utilizador e o telemovel certamente nao estaria a carregar. Mais rapidamente queimaria os circuitos do telemovel muito antes de qq corrente passar para o utilizador. Alem disso uma corrente electrica que atravesse o corpo humano nao faz com que ele se projecte para lado nenhum. A corrente faz contrair os musculos (dai a paragem cardiaca muitas vezes associada) e e por essa razao que quem apanha um choque muitas vezes fica "agarrado" aos cabos.
Quanto a associacao da radiacao electromagnetica com o cancro: nao me parece que haja uma palavra final. E certo que se trata de radiacao nao ionizante e portanto nao provoca as tais mutacoes de DNA referidas no arigo. No entanto preocupa me ate que ponto todas estas fontes de radiacao perto do corpo humano tem influencia nos seus processos biologicos. O nosso corpo cria, por natureza, celulas cancerigenas que sao destruidas a tempo antes que possam provocar qualquer dano. A doenca a que se chama de cancro acontece, quando esse sistema de proteccao falha, e as celulas cancerigenas passam a proliferar. Ate que ponto a radiacao electromagnetica nao afectara certos mecanismos de proteccao no nosso corpo? Ate que ponto podera influenciar o desenvolvimento das celulas ou torna-las mais susceptiveis? Talvez alguem aqui conheca mais estudos sobre a influenca deste tipo de radiacao no desenvolvimento normal dos processo biologicos de um organismo...
campos electromagnéticos estão à longo tempo corelacionados com taxas de mutações celulares
mais elevadas que nos organismos de controle
idem para as radiações quer sejam mais penetrativas quer tenham fraca capacidade de penetração
de resto emitir radiação para a caixa craniana não é nada de novo
simplesmente não vele a pena divulgar os malefícios de uma civilização pejada de produtos mutagénicos
os vícios tecnológicos permanecem
"campos electromagnéticos estão à longo tempo correlacionados com taxas de mutações celulares"
Ja agora poderia deixar as referencias que suportam a sua afirmacao...
Gostaria de ler algum artigo serio sobre o que se sabe sobre este assunto. Sem afirmacoes generalistas como " os telemoveis nao provocam cancro porque nao emitem radiacao que provoque alteracoes no ADN" e sem alarmismos do genero "ja esta provado ha muito que a radiacao do telemovel pode provocar cancro" e sem teorias de conspiracao do genero "estes sao estudos que nao interessam divulgar". Penso que este tipo de interpretacoes podem ser feitas por qualquer um. O que e realmente dificil de saber e que estudos relevantes ja foram feitos, quais as suas principais conclusoes cientificas e comprovadas por grupos independentes e que estudos ainda faltam fazer. Um artigo serio, objectivo, sem interpretacoes pessoais e sem entrar em detalhes demasiado tecnicos ainda que, naturalmente, linguagem tecnica tenha que ser utilizada. Eu estaria interessado em colaborar na escrita dessa tal "revisao da literatura para nao especialistas" se isso for util. Nao tenho e formacao em fisica o suficiente para ser levado a serio.
Enviar um comentário