Na sequência do post anterior, tomo a liberdade de destacar mais uma passagem da entrevista que Bárbara Wong fez a Stephen P. Heyneman, pela ideia pouco ortodoxa sobre a avaliação das aprendizagens que enuncia:
"Se muitos estudos dizem que os alunos com melhores resultados são os filhos das classes médias. Há muito que Stephen P. Heyneman diz que “as crianças das famílias pobres têm bons resultados”. A sua teoria foi testada em 29 países, entre eles o Chile, Índia, Tailândia ou Irão. “Quanto mais pobre, maior o impacto da educação. Quanto mais rico, maior o impacto da família”, explica, lembrando que a maior parte das crianças do mundo não estão representadas nas estatísticas da OCDE ou nos estudos feitos nos países desenvolvidos. “O que é verdade é o que se passa nos EUA, onde estão apenas dois por cento das crianças do mundo?”, questiona. Heyneman considera importante fazer exames. “Testar é produzir igualdade. Os testes são a oportunidade para cortar com as desigualdades. Nos países pobres, as provas revelam que as crianças pobres têm os mesmos resultados do que as ricas”.
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6 comentários:
Sobre a cibercultura e o e-learning , deixo a questão:
A cibercultura parece ter criado novas linguagens virtuais levando-nos a meditar se a fusão da mesma e da neurofisiologia será possível? Será perigosa? Esta última ciência, começa agora a compreender todas as facetas da experiência humana, no entanto não chega a explicar os mecanismos próprios para produzir o pensamento consciente.
Cumpts,
Madalena Madeira
Sim, testar é produzir igualdade, concordo. Mas não esqueço que, certamente, nessas paragens a mesma atenção que se dá a esta etapa será a equivalente nas etapas anteriores: concepção/planeamento; aplicação/concretização. Caso contrário continuamos num perfeito processo de alienação do acto educativo que jamais deve ser preparar os alunos para a testagem pura e dura!
Eu compreendo a ênfase que se pretende por aqui dar aos exames enquanto processo de testagem dos conhecimentos dos alunos. E devem existir, isto está fora de questão. Mas não vejo a mesma preocupação em relação às restantes etapas. E não podemos esquecer que os resultados dum exame, ainda que numa primeira fase evidenciem o desempenho do aluno, revelam, igualmente, o desempenho dum sistema educativo no seu todo (e daí a tanta preocupação/crítica às estatísticas apresentadas), revela o desempenho duma dada escola, dum dado professor e duma dada família. Para ficarmos, para já por aqui! Portanto, para mim, todos os desempenhos destes intervenientes está implícito no resultado obtido pelo aluno, coisa que certamente a maioria não vê (ou lhe é mais cómodo não querer ver) – no exame quem passa ou reprova é o aluno, mas não!
A propósito dever-se-ia perguntar (e VER, sou adepto de S. Tomé!) nestas ocasiões como é nessas paragens em matéria de: concepção e organização do sistema educativo e formativo; formação de professores e respectiva carreira, horário de trabalho/avaliação e demais condições e rotinas de trabalho; curricula; práticas educativas/pedagógicas; recursos educativos; acção inspectiva; participação da comunidade (mundo empresarial e cultural) e não se ficar apenas pelos aspectos que mais nos convêm salientar para a nossa tese.
Estando num blog com ilustres professores do ensino superior-formadores de professores, em simultâneo, não deixo de realçar aqui alguns aspectos caricatos do que vou observando no quotidiano dos estágios que se vão passando nas escolas onde actuo. Por exemplo, começa logo pelo próprio currículo de formação que na sua maioria não contempla ainda domínios da educação especial, quando tanto hoje o professor é confrontado com alunos com as mais variadas problemáticas; no terreno, é pedido ao estagiário que caracterize as turmas em que lecciona e depois apresente em gráficos muito bem feitos (e elogiados!) essa caracterização que ninguém aproveita (porque não sabe) para a respectiva programação da actividade lectiva quer individual quer interdisciplinar com os alunos. O orientador, na maioria das vezes não aproveita os recursos que possui na escola para sensibilizar, ao menos, os formandos sobre educação especial, organização do sistema educativo e formativo, entre outros aspectos laterais mas não menos importantes para um professor. Não falo da esfera científica que não domino; mas que se poderá dizer, por exemplo, da capacidade técnico-pedagógica para a elaboração duma prova de avaliação (vulgo teste) quando repetidamente mais de 30,40 e até 50% dos alunos tira negativa?... e assim se vai fazendo a formação profissional dos professores para o sistema. Claro que há sempre boas excepções.
Tenho para mim, e pelo que a prática me tem dado conhecer no meu posto de trabalho, que a formação docente inicial está muito desligada do quotidiano escolar (e arriscaria até a dizer sócio-cultural envolvente!..) É preciso descer mais vezes à escola onde fomos alunos para conhecer o que é hoje a escola real e não aquela que nos é apenas transmitida por pessoas desencantadas (muitos justificadamente) nem pelos responsáveis políticos. E também não é apenas nas sessões de formação contínua onde se auscultam os professores – seria passar um dia, uma vez ou outra, na escola!
Em suma, tal como apenas querer ver a árvore (exames/avaliação) é preciso ver a floresta (sistema e processo educativo). Tenho para mim que nas ditas paragens a floresta receberá bem melhor atenção por parte de todos, para ser assim tão boa - concebedores, executantes, beneficiários e reguladores – ou talvez não, quem sabe?!...
JACosta psicólogo
Quando se tem um sistema de ensino que faz depender a entrada na Universidade de determinadas médias, fazer testes nacionais é da mais elementar justiça.
Conheço escolas onde os alunos têm médias maiores do que a escola ao lado, mas nos testes as notas são bastante inferiores. Como se pode assim defender a não testagem?
"Nos países pobres, as provas revelam que as crianças pobres têm os mesmos resultados do que as ricas."
Gostava que o distinto professor nos indicasse os estudos empíricos na qual sustenta esta afirmação. E se ela for verdadeira resta saber se nos países ricos esta relação também se verifica. Perguntava à Professora Helena Damião, autora desta entrada, se conhece algum estudo que sustente as afirmações de Stephen P. Heyneman.
PJ
Talvez fosse interessante fazer um estudo desses em Portugal. Afinal, a maior parte dos portugueses cujas idades estão aprox. entre os 40 e 60 anos são netos de analfabetos, filhos e netos de um país pobre.
MCP
"Testar é produzir igualdade"
Afirmação excelente, que subscrevo por completo.
Cumprimentos
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