quinta-feira, 30 de outubro de 2008

ESTRANHO MUNDO NOVO


Da "Conclusão" do livro "Adeus às Esmolas. Uma breve história económica do mundo" do professor de Economia na Universidade da Califórnia Gregory Clark, que acaba de sair na Bizâncio, transcrevemos:

"É óbvio que Deus criou as leis do mundo económico para troçar um pouco dos economistas. Noutros domínios da investigação, como as ciências físicas, tem-se registado uma acumulação constante de conhecimentos nos últimos 400 anos. As teorias anteriores revelaram-se desadequadas, mas as que as substituíram integraram-nas e proporcionaram aos praticantes uma maior capacidade de prever resultados numa vasta gama de situações. Em economia, no entanto, verificamos que a nossa capacidade de descrever e prever o mundo económico atingiu o apogeu cerca de 1800. A partir da Revolução Industrial, os modelos económicos têm perdido, progressiva e continuamente, a capacidade de prever diferenças de rendimento e de riqueza ao longo do tempo e nos diversos países e regiões. Antes de 1800, as condições de vida diferiam substancialmente consoante as sociedades, mas o modelo malthusiano que se desenvolveu no interior da econmomia clássica analisa com êxito as causas dessas diferenças. Sabemos como o clima, a doença, os recursos naturais, a tecnologia e a fecundidade moldaram os níveis de vida material.

(...) Porém, a partir da Revolução Industrial entrámos num mundo novo no qual os embelezamentos rococós da teoria económica pouco ajudam a compreender as questões prementes que o indivíduo apresenta à economia: por que motivo há ricos e pobres? Viremos a fazer parte dos afortunados?

(...) A História mostra, como vimos repetidas vezes neste livro, que o Ocidente não possui nenhum modelo de desenvolvimento económico para oferecer aos países do mundo que ainda são pobres. Não existe nenhuma panaceia económica simples que garanta o crescimento nem sequer uma cirurgia económica complexa que proporcione alívio às sociedades afectadas pela pobreza. Até as ajudas directas se revelaram ineficazes enquanto estímulos ao crescimento. Neste contexto, a única política que o Ocidente podia seguir, capaz de beneficiar pelo menos alguns dos pobres do Terceiro Mundo, seria liberalizar a imigração proveniente deses países. temos alguns conhecimentos sobre as consequências económicas para os migrantes, retirados da história de países como a Inglaterra, os EUA, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia, que receberam grandes fluxos de de migrantes na era moderna. Esses registos mostram que os migrantes, sobretudo os oriundos de países com rendimentos muito baixos, têm sido capazes de beneficiar enormemente da emigração. A ajuda ao Terceiro Mundo pode desaparecer nos bolsos dos consultores ocidentais e dos governantes corruptos dessas sociedades, mas qualquer migrante admitido nas cidades opulentas do mundo avançado é mais uma pessoa a quem foi assegurado um melhor estilo de vida material."

2 comentários:

Armando Quintas disse...

os países desenvolvidos já não conseguem mostrar modelos de desenvolvimento adequados porque os próprios modelos de desenvolvimentos seguidos estão errados, e os países mais pobres seguem erradamente o modelo dos mais ricos que é o modelo tipicamente americano, industrialização rápida com base em matérias primas fósseis, o petróleo.
Depois tem que se ver o que significa um país pobre e um país rico, as questões de pobreza e riqueza podem por vezes ser subjectivas, tal como o de desenvolvido e sub-desenvolvido.
Este problema vêm do período colonial, os países que se tornaram independentes e hoje são pobres, foram países que na sua maioria foram explorados e dominados pelos mais desenvolvidos, não lhe foi permitido seguirem o seu desenvolvimento normal pois foram considerados primitivos e atrasados, cerceou-se-lhes a maturidade politica e intelectual, e ao serem dominados foram menorizados, passaram a depender dos "estrangeiros" quando recebem a independência não estão nada preparados para se governarem pois isso foi coisa que não aprenderam, porque não dispunham de si.
Ao serem dominados e explorados, foram integrados num circuito comercial e económico global ao qual não podiam escapar, mas para o qual não estavam preparados mesmo após assumirem o poder nos seus respectivos países.
O caso de África é flagrante, o dinheiro não dizia minimamente nada a um africano antes da colonização, simplesmente não precisava dele, nem de vestes requintadas, nem de muitas outras coisas "ocidentais" tal como um índio da amazónia não precisa de um telemóvel nem computador para nada.
A sociedade capitalista incutiu em todos os países muitas necessidades, muito consumismo, a maior parte dele desnecessário diga-se, inventaram-se necessidades para se venderem produtos, a diferença é que os mais pobres têm-se endividado imenso para os poderem adquirir.
É muito bom dizer-se venham os imigrantes, abram as portas, eu até concordo com a entrada dos legais, que venham, trabalhem, descontem, tenham direitos, sejam felizes e bem comportados, mas isso não resolve o problema de maneira nenhuma, pois virão mais e mais e mais, talvez mandemos vir toda a população de África para a Europa e para América e resolve-se o problema, eles vêm porque têm problemas não resolvidos logo nos locais de origem.
Problemas essas que não são resolvidos, nós os países ditos desenvolvidos devemos deixar de ser paternalistas, em vez de milhões em ajuda, mandem é gente para lá para os ensinarem a cultivar a construir a ensinarem entre outras coisas segundo os melhores métodos utilizados por cá, porque antes da dominação as tribos nesses países ora tinham pastorícia, ora cultivavam ora recolhiam da natureza, após a independência ficaram de tal maneira menorizados e infantilizados que esqueceram as técnicas da sobrevivência e da subsistência em comunidade.

Oscar Maximo disse...

Ainda bem que fala em Malthus. O problema principal do planeta, apesar dos ecologistas não o dizerem abertamente, é que o mundo não aguenta tanta gente a consumir tanto. Com a e/imigração livre, isto é, se a população do planeta puder aumentar á vontade é evidente que é uma calamidade, a prazo. Já que gostam tanto de ciência, usem modelos nisto!

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