segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Sobre os preconceitos

O Director do "Público", José Manuel Fernandes, refere hoje o nosso blogue no seu editorial. Transcrevemos a parte final:

"(...) O pior erro será sempre o de partir de um preconceito, mesmo que este se diga fundeado em análises científicas. E aqui chegamos a uma história bizarra, já com alguns meses, contada por Palmira F. da Silva no blogue De Rerum Natura. Os pormenores mais deliciosos estão nos detalhes, mas o essencial é que, num dos colégios norte-americanos mais prestigiados, membro da exclusiva Ivy League, o de Dartmouth, uma professora, de seu nome Priya Venkatesan Hays, tentou processar os seus alunos porque estes contestavam, nas aulas, as suas prelecções, aparentemente muito aborrecidas mas, sobretudo, muito disparatadas.

A senhora faz parte de uma das escolas modernas mais radicais defendendo, nos seus textos, que "os factos científicos não são um retrato da realidade" antes o resultado de "construções sociais" ou de os cientistas não trabalharem no quadro das suas "referências morais" predilectas.

Não se sabe se a professora Venkatesan foi ao ponto de classificar como sexista a equação E=mc2 ou se defendia que o pénis é igual à raiz quadrada de -1, mas isso pouco importa. O que importa é que, confrontada com o cepticismo dos alunos, a professora argumentou que estes tinham violado os seus direitos civis, uma tese que, mesmo nos EUA, não encontrou advogado capaz de a levar a tribunal.

E o que importa sobretudo é entender que sobre qualquer assunto - a perigosidade das mulheres terroristas, as prestações dos atletas ou as vocações das futuras fuzileiras - é sempre mais útil e construtivo colocar perguntas, desafiar o que parece pré-estabelecido, em vez de partir da resposta preconcebida.

Ou seja, as dúvidas são por regra muito mais construtivas do que as certezas, e não só no debate intelectual."

José Manuel Fernandes

1 comentário:

Rui Baptista disse...

Um abraço de parabéns para si, Palmira, pela citação no Público de hoje.

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