sábado, 5 de julho de 2008

"Surpresa: os alunos já são bons a Matemática"

É este o grande título de primeira página do "Público" de hoje. Seria bom se fosse verdadeiro. Infelizmente, não é. O título é irónico, porque os números por cima do título não mentem. É verdadeiramente impossível que, em escassos três anos (de 2005 a 2008), a média dos alunos internos no final do secundário tenha passado de medíocre (8,1 valores) para bom (14 valores) porque os sistemas educativos não mudam assim facil e rapidamente. São precisas mudanças bem feitas, que não tem havido, e muitos anos de esforço conjunto e coordenado, que também não tem havido, para haver uma subida, que nunca poderia ser de seis valores (cerca de 75 por cento!) em tão pouco tempo.

Não se pode comparar o incomparável e os exames deste ano não podem ser comparados com os exames de anos anteriores. Eles foram manipulados para dar esta subida anómala, que é, portanto, puramente virtual: é a ilusão de uma subida. O ilusionismo está pois instalado ao mais alto nível do Estado, à semelhança do que acontece nos estados totalitários. A verdade sobre a educação está a ser ocultada num estado democrático. Espero que a democracia resista.

8 comentários:

Carlos Pires disse...

Uma subyda tão rápida seria duvidosa mesmo que não soubéssemos o que sabemos: os exames foram muito mais fáceis, os alunos tiveram mais tempo, o que impede comparações comparações sérias com anos anteriores. Mas há um outro facto que tem sido menos referido: as classificações internas dos alunos não se alteraram significativamente. Se o progresso fosse real, seria de esperar que as classificações atribuidas pelos professores no final do 3º período também fossem mais elevadas que nos anos anteriores.
Carlos Pires

Rui Baptista disse...

Caro Professor, é este o país que temos e como qual temos que nos (des)contentar. Quanto a certas estatísticas oficiais, já dizia o professor Leite Pinto: "Há duas maneiras de mentir, uma é não dizer a verdade, outra fazer estatística".

Excelente texto o seu!

Unknown disse...

Para quem conheça o sistema educativo português e a forma como é feita pressão sobre os professores, não tenho qualquer dúvida que as classificações internas irão acompanhar esta subida dos exames no próximo ano, ou não a comparação entre as duas classificações, um dos parãmetros da classificação dos docentes.
Já perceberam para que está lá esse parâmetro?

Rui Peres disse...

Este país é ridículo. A maneira como se tenta provar o sucesso das medidas educacionais que o ME estabeleceu, são patéticas. Eles querem enganar quem ? É que se ainda fizessem isto na calada da noite, mas toda a gente viu e vê o que se está a passar. Depois, vêm eles para a televisão a falar destes resultados. Era pegar neles e amarra-los a um pinheiro.

LA disse...

Eu imagino que os alunos continuem a saber o mesmo apesar da subida, espero que não saibam menos, que é possível.
Imaginando que os alunos sabem tanto como há 3 anos, o que é que é melhor e mais estimulante, ter média de 8 ou 14? Se os alunos continuam a saber o mesmo, não vejo problema em haver exames mais fáceis e que não aterrorizam os alunos com o estudo da matemática, parece-me simples.
Claro que não acho bem a manipulação das notas, excepto se soubermos que os putos continuam a saber de matemática.

Nuno disse...

Num governo em que o dirigente compra o seu curso superior e os cargos são distribuidos sem qualquer relação com mérito ou experiência porque é que tanta gente se mostra chocada por diplomas do secundário serem distribuídos como cupões de hipermercado, notas de exames levarem uma ajudinha e de cursos de 3 anos saírem mestrados já feitos??
Num país onde reina a esperteza saloia e em que quem tem curso leva com rancor todos os dias por parte de empresários com a 4º classe até ter receio de abrir a boca como é que se luta contra o facilitismo?
Já aprendi a viver com ausência de reconhecimento do mérito e sou agora parte do problema pelo meu conformismo por exaustão...

Carlos Oliveira disse...

Caro Professor, este ministério da educação apenas tem contribuído para que nos possamos envergonhar do ensino em Portugal. Estes exames apresentavam um grau de dificuldade “inferior ao do ano passado” como é anunciado pela SPM. Mais que isso, é vergonhoso para o ministério da educação, que organismos isentos na avaliação das provas como é o caso SPM, possam dizer que ”a questão 3 do Grupo II, poderia ser abordada numa aula do nono ano e resolvida por considerações de simples bom senso.”. Ora perante isto só me resta dizer que os objectivos da ministra não são os de melhorar as qualidades do ensino, mas sim apresentar estatísticas. Na minha opinião as provas modelos deveriam ser banidas do ensino português. Os professores são pagos para ensinarem os conteúdos programáticos e não para treinarem os alunos para responderem de forma mecânica aos exames.
Por fim só de referir que todas as políticas ao nível da formação e da educação são medidas de ilusionismo, que pretendem formar pessoas incompetentes e aumentar a taxa de literacia no nosso país.

Sergio Aschero disse...

Los invito a leer mi investigación sobre la Matecinesis de Aschero.

http://www.aulamatematica.com/AMD/PDF/AMD_02/02_AMD_16_19_Aschero.pdf

Me gustaría tener una opinión al respecto. Gracias.

Mis datos:
Sergio Aschero
Doctor en Musicología
sergioaschero@gmail.com

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