domingo, 5 de agosto de 2007

VELHOS TEMPOS EM QUE A PROFESSORA RECEBIA A TURMA EM CASA!


Ao ler o texto do Carlos Fiolhais, “A primeira física”, recentemente afixado neste blogue percebi que sou do tempo em que a professora recebia a turma em casa!
Tendo-me desencontrado, neste mundo, de Laura Bassi por mais ou menos dois séculos, lembro-me perfeitamente da primeira escola primária em que entrei e que frequentei não como aluna mas como visita da casa.
Foi antes de entrar para a primeira classe e, aos meus olhos, aquela escola era o paraíso: o prédio é um prédio comum – falo no presente porque ainda lá está – que se reparte por dois andares e situa-se numa rua comum, com vizinhas e roupa estendida; as salas de aula e de merenda – passo a falar no pretérito porque a escola há muito que deixou de existir – eram contíguas aos aposentos privados; o recreio era um quintal normal com canteiros encostados às paredes caiadas; um ou dois gatos aninhavam-se nas pequenas carteiras de plano inclinado. Havia uma calma agradável naquela escola e os meninos pareciam gostar de lá andar.
A professora, que trabalhava por conta própria, era pequena, tinha um ar débil e falava sempre baixo e com delicadeza. Chamava-se Maria Antónia Martinez e era poetiza, a primeira que conheci. Em sua homenagem, deixo aqui uma quadra de um longo poema que escreveu em 1947:

Dispersos montes, pelo plaino imenso
Tons de luar beijados pelo sol…
Casitas brancas – adejar suspensas
Das nossas terras rútilo farol.

1 comentário:

Fátima André disse...

Que saudade apertadida do tempo em que bricávamos às escondidas todos juntos no recreio da escola primária de bata branca... todo o cuidado era pouco... aí Jesus se entravamos na sala de aula enlameados... mas lá dentro todos tinham um tratamneto igual, pobres e ricos, filhos de doutores e de lavradores...
A mulher que talvez mais me marcou na minha vida - a minha professora primária, que apesar dos tempos conturbados pré e pós 25 de Abril de 74... sempre manteve a mesma docilidade de trato com os seus meninos. A ela - Maria Antónia Matos, a minha a minha sentida homenagem.
Uma homenagem extensiva a todos os outros professores que tive a sorte de ter e com quem tenho aprendido muito ao longo da vida; e a todos aqueles com quem tenho a sorte de trabalhar e partilhar o conhecimento.
Um forte abraço a todos!
Fátima

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