terça-feira, 4 de julho de 2023

FINIS AMICITIAE

O pior de uma amizade que acaba
é vermos o metal de que era feita.
Com o fim dela, um mundo desaba
e o que se aprende não aproveita.

As fundações daquilo eram falsas,
a ternura era só investimento.
As palavras ternas dançavam valsas,
que tinham, depois, facturamento.

Numa amizade semeamos tanto!
Ela é como se fosse uma casa,
cheia de tesouros e de encanto.

Descobrir que ela é falsa arrasa:
o que foi grande e bom e já não é
desvela, em nós, um morto em pé. 

Eugénio Lisboa

5 comentários:

Anónimo disse...

Desvela em 'nós' um morto em pé. Bom auto - retrato.

Anónimo disse...

Bom auto-retrato do Anónimo, presumo eu, que é isso que pretende dizer. Concordo.

Anónimo disse...

Será que o Anónimo das 07.56 quis dizer que o Anónimo das oo.29 se "apropriou" de um verso do autor do poema, usando-o como auto-retrato? Se é assim, faz sentido, mas só assim.

Anónimo disse...

Foi exactamente isso que quis dizer. Cabe agora ao autor do poema reagir a essa "apropriação", de resto muito corrente nos meios literários.

Anónimo disse...

O que será que tanto inquieta certas pessoas, nos sonetos daquele autor, que não conheço pessoalmente? Dá para desconfiar...

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...