Por Eugénio Lisboa
À memória do grande
aforista Cioran.
AFORISMOS SOBRE O INVEJOSO
O invejoso morre, muitas vezes, não à míngua de excesso, mas à míngua de pouca coisa.
A inveja é uma espécie de impotência.O invejoso morrerá sempre de não ter comido o que outros comem. Mais do que comer, ele desejaria que os outros não comessem.
Não sendo capaz de fruir, o invejoso quer impedir os outros de fruir. Como o caranguejo, que, vendo outro caranguejo a subir um montículo, em vez de o imitar e subir também, puxa-o para baixo, impedindo-lhe a subida.
O invejoso odeia o vazio, mas não sabe preenchê-lo.
O invejoso tem fome, mas não sabe mastigar.
O invejoso não procura ter, procura que o outro não tenha.
O invejoso gostaria de irradiar luz, mas irradia peçonha.
O invejoso olha-se ao espelho e não gosta do que vê.
O invejoso, escritor medíocre, incendiaria bibliotecas e livrarias, para evitar comparações.
O invejoso não deseja medir-se com os outros: prefere aniquilá-los. Pereça o universo, mas salve-se o seu orgulho.
O invejoso é um assassino impotente, um criador estéril e um amante sem líbido.
O PURGATÓRIO DO INVEJOSO
Enviado para o segundo círculo
do Purgatório, pela mão de Dante,
o invejoso só possui currículo
que o transforma em ser nauseante.
Vejamos, seja, o invejoso Iago,
cobiçando, ao escuro e bravo Otelo,
Desdémona que, em dia aziago,
visitou, sem querer, o pesadelo!
Iago, mais do que querer Desdémona,
queria que Otelo a não tivesse:
mais que cobiçar a doce anémona,
desejava que Otelo a perdesse!
Quem inveja não sabe querer ter,
importa é o outro não haver.
Eugénio Lisboa
11 comentários:
Eugénio Lisboa a escrever sobre a inveja?
Continua a praga dos anónimos. Os cultores desta prática hão de morrer sem terem percebido que o anonimato é um acto de cobardia que desqualifica, à partida, o comentário feito. É uma espécie de vergonhoso - E CRIMINOSO - atropela e foge. Usava-se muito, antigamente, quando algum safardana escrevia carta anónima à PIDE, fazendo denúncias falsas a um concorrente que se pretendia afastar se um concurso. Esses safardanas, infelizmente, fizeram filhos que pululam nesta democracia. Em vez de frequentarem as redes sociais, deveriam frequentar os esgotos.
Se o anónimo das 20.40 quer saber o que é inveja, leia o comentário do anónimo das 00.10. E se ambos quiserem saber o que é a cobardia do anonimato (em que persistem), leiam os livros que uma historiadora contemporânea tem escrito sobre a PIDE. Os ataques desta gente torpe e invejosa penduro-os ao peito, como medalhas. Sugiro-lhes este interessante tema de meditação: os medíocres nunca são atacados. E estoutro: não há publicidade má; mesmo a publicidade negativa promove. Os vossos assédios anónimos só servem para angariar mais leitores para as minhas modestas contribuições. Não é pesporrência, é aprendizagem que a vida dá. Fico desde já obrigado pela promoção que me fazem.
"Os vossos assédios anónimos só servem para angariar mais leitores"? Não, servem para o irritar , fortemente, como se vê com sucesso. A praga que continua são as suas publicações, que nem as de Carlos Fiolhais e Helena Damião conseguem compensar, tão prolífica é a sua vaidade pesporreica. Cale-se um bocado, e isto não é censura (ah ah), é sanidade e combate à poluição.
As avaliações de anónimos são sempre - e muito mais - involuntárias e tristes e ressentidas autoavaliações do que de avaliações de terceiros. Irritar-me? Só por graça. Nesta altura do campeonato, não necessito de comentários nas redes sociais para saber como a minha obra de escritor tem sido avaliada cá dentro e lá fora. Não se trata, pois, de irritação, mas sim de tristeza, de profunda e sincera tristeza, por ver como se pode ser baixo e rasteiro, quando o ressentimento pica! Há quem conviva muito mal com o mérito alheio. Por isso recorrem à enviesada lisonja ao Prof. Carlos Fiolhais e à Prof. Helena Damião, com o intuito rasteiro e pidesco de os amotinarem contra mim. E não é sequer este o primeiro local, onde encetam esta batalha sem glória. Por que não trata o Anónimo de trabalhar um pouco a sério, a ver se ganha algum mérito que o dispense de invejar o mérito dos outros? Ora tenha muita vergonha e tente recuperar alguma dignidade. Não é denegrindo os outros que nos consolamos da nossa pequenez. Se o Anónimo é docente, como suspeito, tenho pena dos seus alunos e da escola ou universidade onde professa. Que gente! Deixo aqui uma pedrinha no seu sapato: não só os seus feios ataques me promovem e angariam amigos, como, mesmo a miserável gloriazinha que as suas desastradas interpelações lhe poderiam acartar se diluem no triste e cobarde anonimato em que se aninham.
Errata: Na segunda linha, onde se lê "que de avaliações", deve ler-se "que avaliações".
Um caso curioso retirado do post:
https://dererummundi.blogspot.com/2010/10/saramago-marte-e-mina.html
"A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante."
Saramago não conseguiu compreender que se pode chegar mais depressa ao nosso semelhante em virtude de desenvolvimentos científico-tecnológicos associados à descoberta do espaço. Que pena ele não estar cá para ver... (Carlos Fiolhais)
Como é interessante verificar que hoje Portugal tem um cidadão que já foi ao "espaço " e isso não entusiasma nada o Professor Carlos Fiolhais... mas isso seria dar razão a José Saramago.
Eugénio Lisboa gastou tanto do seu tempo a desprestígiar o homem que no ridículo caiu quando a Obra deste foi distinguida com o Prémio Nobel.
Não é só inveja. Há ainda outros sentimentos inconfessáveis quando atacam Saramago.
Bem pode o sr. Lisboa estar tranquilo porque tem seguidores.
Os factos são os factos: Nunca me pronunciei sobre a obra de Saramago, até porque ela nunca me interessou muito. Limitei-me a reagir a umas atoardas que ele sobre mim publicou num dos Cadernos de Lanzarote e de que nunca teve a hombridade de se retratar. Aliás, Saramago teve, na sua vida, vários comportamentos bem pouco exemplares.
Quanto a achar que cai no ridículo quem diga não gostar (o que nem foi o meu caso) de uma obra posteriormente galardoada com um Prémio Nobel, só prova a completa falta de cultura e o provincianismo deste Senhor ID, que nada percebe de literatura nem da história dos Nobelizados. Ridículo foi a Academia Sueca ter premiado tantas nulidades, hoje completamente esquecidas. Um grande escritor (não sei se é o caso de Saramago) pode ser um cidadão safado. O romancista Knut Hamsun, Nobel de Literatura, foi apoiante declarado dos nazis. Por outro lado, um cidadão exemplar, cheio das melhores intenções pode ser um medíocre escritor.
O Sr. ID parecia ter-me deixado em paz, a não ser que se tivesse anichado atrás de algum dos Anónimos, que aparecem a perseguir-me, como alvo privilegiado, com dislates de vários formatos. Mas parece que este Sr. ID, opinante assertivo, em matérias que completamente desconhece e que passa o tempo a recorrer a argumentos "de autoridade", que a lógica mais elementar rejeita, voltou à carga por lhe ter cheirado a carniça. A verdade é que este persistente assédio começa a inculcar, no meu espírito, a suspeita perigosa, de que aquilo que escrevo tem alguma importância. Porque só se persegue, com tanta obstinação, quem incomoda e só incomoda quem tem algum peso. Continuem, pois, os meus Anónimos & Dias, para eu me convencer de que tenho nem que seja um modesto teor de importância. Estou-lhes cada vez mais grato.
P. S. - Não creio que ID se tenha agachado atrás de nenhum Anónimo. Faço-lhe justiça: não é esse o seu estilo.
Sr. Eugénio Lisboa, há muito tempo que não comento os seus escritos, e porque não têm interesse para mim, mas já o fiz em algumas ocasiões de forma anónima... digo-lhe que não há nada que eu escreva de forma anónima que não lhe seja capaz de lhe escrever com a minha conta.
Sim, tudo se pode compreender.
Compreendo o porquê do professor Carlos Fiolhais premiar o José Saramago atribuindo-lhe o título da ignorância científica.
Que pena é nós não compreendermos quanto custou o bilhete da viagem ao "espaço"!
Diga-nos lá o professor Fiolhais €€€€?
E não esquecer que o Sr. Viajante desfraldou a bandeira nacional... que pena Saramago não poder ver esta virtude deste compatriota.
Ainda bem que Saramago nunca viu esta vergonha.
A sua obsessão parola com Saramago, só porque este recebeu um prémio, é um sinal do estado a que chegou o nosso milieu intelectual. É verdadeiramente o Reino Cadaveroso, a que António Sérgio tanta vez se referiu. Os seus patéticos argumentos de autoridade - isto é verdade porque alguém importante o disse - remetem-nos para a Escolástica da Idade Média, que nos dizia, por exemplo, que as mulheres tinham menos dentes do que os homens, porque Aristóteles assim o tinha afirmado. A Escolástica não interpretava intrepidamente a realidade, preferia glosar os textos antigos. O embevecimento de IDias com a autoridade de Saramago, só porque um júri de velhos académicos suecos lhe atribuiu um galardão, remete-nos destemidamente para a velha Escolástica. Uma das coisas mais deprimentes que em toda a minha vida presenciei foi ouvir, da boca de um professor universitário muito festejado, por ocasião da atribuição do Nobel a Saramago, que ele, o professor, sempre queria ver se, a partir daquele momento, alguém "se atreveria" a criticar negativamente o laureado. Como se alguém, depois de receber um prémio, ficasse imune à crítica! E isto dito, repito, por um dos mais festejados intelectuais da nossa praça universitária. Era o regresso, em cheio, á Escolástica e ao Reino Cadaveroso, de onde o Sr. Ildefonso Dias ainda não saiu.
Antes de se meter nestas coisas, sugiro, com a melhor boa fé, ao Sr. Ildefonso Dias, que, em vez de se andar a perder pelas secções de comentários das redes sociais, se retire humildemente para a sua Livraria (seguindo o exemplo do grande Montaigne) e estude, estude, leia com atenção os grandes textos, sempre com espírito crítico e não Escolástico, e, quando se encontrar cheio de dúvidas, talvez, então, esteja maduro para começar a aparecer, a dizer-nos de sua justiça! Creia que é um bom conselho. Mesmo os realmente muito grandes disseram grandes dislates e deve ser o nosso espírito crítico, sempre vigilante, a visitá-los.
José Saramago soube como poucos o que fazer com o Nobel.
E usou o seu Nobel para fins superiores.
Não foi para "tentativa de apoucar a ciência e a tecnologia" como diz o professor Fiolhais.
Toda a gente percebe isso...
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