sexta-feira, 28 de julho de 2023

AFORISMOS SOBRE O INVEJOSO SEGUIDO DE O PURGATÓRIO DO INVEJOSO

Por Eugénio Lisboa

À memória do grande aforista Cioran. 

AFORISMOS SOBRE O INVEJOSO
O invejoso morre, muitas vezes, não à míngua de excesso, mas à míngua de pouca coisa. 
A inveja é uma espécie de impotência.

O invejoso morrerá sempre de não ter comido o que outros comem. Mais do que comer, ele desejaria que os outros não comessem. 
Não sendo capaz de fruir, o invejoso quer impedir os outros de fruir. Como o caranguejo, que, vendo outro caranguejo a subir um montículo, em vez de o imitar e subir também, puxa-o para baixo, impedindo-lhe a subida. 
O invejoso odeia o vazio, mas não sabe preenchê-lo. 
O invejoso tem fome, mas não sabe mastigar. 
O invejoso não procura ter, procura que o outro não tenha. 
O invejoso gostaria de irradiar luz, mas irradia peçonha. 
O invejoso olha-se ao espelho e não gosta do que vê. 
O invejoso, escritor medíocre, incendiaria bibliotecas e livrarias, para evitar comparações. 
O invejoso não deseja medir-se com os outros: prefere aniquilá-los. Pereça o universo, mas salve-se o seu orgulho. 
O invejoso é um assassino impotente, um criador estéril e um amante sem líbido.

 

O PURGATÓRIO DO INVEJOSO 
Enviado para o segundo círculo
do Purgatório, pela mão de Dante,
o invejoso só possui currículo
que o transforma em ser nauseante.

Vejamos, seja, o invejoso Iago,
cobiçando, ao escuro e bravo Otelo,
Desdémona que, em dia aziago,
visitou, sem querer, o pesadelo!

Iago, mais do que querer Desdémona,
queria que Otelo a não tivesse:
mais que cobiçar a doce anémona,

desejava que Otelo a perdesse!
Quem inveja não sabe querer ter,
importa é o outro não haver.
Eugénio Lisboa

11 comentários:

brancas nuvens negras disse...

Eugénio Lisboa a escrever sobre a inveja?

Eugénio Lisboa disse...

Continua a praga dos anónimos. Os cultores desta prática hão de morrer sem terem percebido que o anonimato é um acto de cobardia que desqualifica, à partida, o comentário feito. É uma espécie de vergonhoso - E CRIMINOSO - atropela e foge. Usava-se muito, antigamente, quando algum safardana escrevia carta anónima à PIDE, fazendo denúncias falsas a um concorrente que se pretendia afastar se um concurso. Esses safardanas, infelizmente, fizeram filhos que pululam nesta democracia. Em vez de frequentarem as redes sociais, deveriam frequentar os esgotos.

Eugénio Lisboa disse...

Se o anónimo das 20.40 quer saber o que é inveja, leia o comentário do anónimo das 00.10. E se ambos quiserem saber o que é a cobardia do anonimato (em que persistem), leiam os livros que uma historiadora contemporânea tem escrito sobre a PIDE. Os ataques desta gente torpe e invejosa penduro-os ao peito, como medalhas. Sugiro-lhes este interessante tema de meditação: os medíocres nunca são atacados. E estoutro: não há publicidade má; mesmo a publicidade negativa promove. Os vossos assédios anónimos só servem para angariar mais leitores para as minhas modestas contribuições. Não é pesporrência, é aprendizagem que a vida dá. Fico desde já obrigado pela promoção que me fazem.

Anónimo disse...

"Os vossos assédios anónimos só servem para angariar mais leitores"? Não, servem para o irritar , fortemente, como se vê com sucesso. A praga que continua são as suas publicações, que nem as de Carlos Fiolhais e Helena Damião conseguem compensar, tão prolífica é a sua vaidade pesporreica. Cale-se um bocado, e isto não é censura (ah ah), é sanidade e combate à poluição.

Eugénio Lisboa disse...

As avaliações de anónimos são sempre - e muito mais - involuntárias e tristes e ressentidas autoavaliações do que de avaliações de terceiros. Irritar-me? Só por graça. Nesta altura do campeonato, não necessito de comentários nas redes sociais para saber como a minha obra de escritor tem sido avaliada cá dentro e lá fora. Não se trata, pois, de irritação, mas sim de tristeza, de profunda e sincera tristeza, por ver como se pode ser baixo e rasteiro, quando o ressentimento pica! Há quem conviva muito mal com o mérito alheio. Por isso recorrem à enviesada lisonja ao Prof. Carlos Fiolhais e à Prof. Helena Damião, com o intuito rasteiro e pidesco de os amotinarem contra mim. E não é sequer este o primeiro local, onde encetam esta batalha sem glória. Por que não trata o Anónimo de trabalhar um pouco a sério, a ver se ganha algum mérito que o dispense de invejar o mérito dos outros? Ora tenha muita vergonha e tente recuperar alguma dignidade. Não é denegrindo os outros que nos consolamos da nossa pequenez. Se o Anónimo é docente, como suspeito, tenho pena dos seus alunos e da escola ou universidade onde professa. Que gente! Deixo aqui uma pedrinha no seu sapato: não só os seus feios ataques me promovem e angariam amigos, como, mesmo a miserável gloriazinha que as suas desastradas interpelações lhe poderiam acartar se diluem no triste e cobarde anonimato em que se aninham.

Eugénio Lisboa disse...

Errata: Na segunda linha, onde se lê "que de avaliações", deve ler-se "que avaliações".

Ildefonso Dias disse...

Um caso curioso retirado do post:
https://dererummundi.blogspot.com/2010/10/saramago-marte-e-mina.html

"A mesma esquizofrénica humanidade capaz de enviar instrumentos a um planeta para estudar a composição das suas rochas, assiste indiferente à morte de milhões de pessoas pela fome. Chega-se mais facilmente a Marte do que ao nosso próprio semelhante."

Saramago não conseguiu compreender que se pode chegar mais depressa ao nosso semelhante em virtude de desenvolvimentos científico-tecnológicos associados à descoberta do espaço. Que pena ele não estar cá para ver... (Carlos Fiolhais)

Como é interessante verificar que hoje Portugal tem um cidadão que já foi ao "espaço " e isso não entusiasma nada o Professor Carlos Fiolhais... mas isso seria dar razão a José Saramago.

Eugénio Lisboa gastou tanto do seu tempo a desprestígiar o homem que no ridículo caiu quando a Obra deste foi distinguida com o Prémio Nobel.

Não é só inveja. Há ainda outros sentimentos inconfessáveis quando atacam Saramago.

Bem pode o sr. Lisboa estar tranquilo porque tem seguidores.

Eugénio Lisboa disse...

Os factos são os factos: Nunca me pronunciei sobre a obra de Saramago, até porque ela nunca me interessou muito. Limitei-me a reagir a umas atoardas que ele sobre mim publicou num dos Cadernos de Lanzarote e de que nunca teve a hombridade de se retratar. Aliás, Saramago teve, na sua vida, vários comportamentos bem pouco exemplares.
Quanto a achar que cai no ridículo quem diga não gostar (o que nem foi o meu caso) de uma obra posteriormente galardoada com um Prémio Nobel, só prova a completa falta de cultura e o provincianismo deste Senhor ID, que nada percebe de literatura nem da história dos Nobelizados. Ridículo foi a Academia Sueca ter premiado tantas nulidades, hoje completamente esquecidas. Um grande escritor (não sei se é o caso de Saramago) pode ser um cidadão safado. O romancista Knut Hamsun, Nobel de Literatura, foi apoiante declarado dos nazis. Por outro lado, um cidadão exemplar, cheio das melhores intenções pode ser um medíocre escritor.
O Sr. ID parecia ter-me deixado em paz, a não ser que se tivesse anichado atrás de algum dos Anónimos, que aparecem a perseguir-me, como alvo privilegiado, com dislates de vários formatos. Mas parece que este Sr. ID, opinante assertivo, em matérias que completamente desconhece e que passa o tempo a recorrer a argumentos "de autoridade", que a lógica mais elementar rejeita, voltou à carga por lhe ter cheirado a carniça. A verdade é que este persistente assédio começa a inculcar, no meu espírito, a suspeita perigosa, de que aquilo que escrevo tem alguma importância. Porque só se persegue, com tanta obstinação, quem incomoda e só incomoda quem tem algum peso. Continuem, pois, os meus Anónimos & Dias, para eu me convencer de que tenho nem que seja um modesto teor de importância. Estou-lhes cada vez mais grato.
P. S. - Não creio que ID se tenha agachado atrás de nenhum Anónimo. Faço-lhe justiça: não é esse o seu estilo.

Ildefonso Dias disse...

Sr. Eugénio Lisboa, há muito tempo que não comento os seus escritos, e porque não têm interesse para mim, mas já o fiz em algumas ocasiões de forma anónima... digo-lhe que não há nada que eu escreva de forma anónima que não lhe seja capaz de lhe escrever com a minha conta.

Sim, tudo se pode compreender.
Compreendo o porquê do professor Carlos Fiolhais premiar o José Saramago atribuindo-lhe o título da ignorância científica.
Que pena é nós não compreendermos quanto custou o bilhete da viagem ao "espaço"!
Diga-nos lá o professor Fiolhais €€€€?
E não esquecer que o Sr. Viajante desfraldou a bandeira nacional... que pena Saramago não poder ver esta virtude deste compatriota.
Ainda bem que Saramago nunca viu esta vergonha.

Eugénio Lisboa disse...

A sua obsessão parola com Saramago, só porque este recebeu um prémio, é um sinal do estado a que chegou o nosso milieu intelectual. É verdadeiramente o Reino Cadaveroso, a que António Sérgio tanta vez se referiu. Os seus patéticos argumentos de autoridade - isto é verdade porque alguém importante o disse - remetem-nos para a Escolástica da Idade Média, que nos dizia, por exemplo, que as mulheres tinham menos dentes do que os homens, porque Aristóteles assim o tinha afirmado. A Escolástica não interpretava intrepidamente a realidade, preferia glosar os textos antigos. O embevecimento de IDias com a autoridade de Saramago, só porque um júri de velhos académicos suecos lhe atribuiu um galardão, remete-nos destemidamente para a velha Escolástica. Uma das coisas mais deprimentes que em toda a minha vida presenciei foi ouvir, da boca de um professor universitário muito festejado, por ocasião da atribuição do Nobel a Saramago, que ele, o professor, sempre queria ver se, a partir daquele momento, alguém "se atreveria" a criticar negativamente o laureado. Como se alguém, depois de receber um prémio, ficasse imune à crítica! E isto dito, repito, por um dos mais festejados intelectuais da nossa praça universitária. Era o regresso, em cheio, á Escolástica e ao Reino Cadaveroso, de onde o Sr. Ildefonso Dias ainda não saiu.
Antes de se meter nestas coisas, sugiro, com a melhor boa fé, ao Sr. Ildefonso Dias, que, em vez de se andar a perder pelas secções de comentários das redes sociais, se retire humildemente para a sua Livraria (seguindo o exemplo do grande Montaigne) e estude, estude, leia com atenção os grandes textos, sempre com espírito crítico e não Escolástico, e, quando se encontrar cheio de dúvidas, talvez, então, esteja maduro para começar a aparecer, a dizer-nos de sua justiça! Creia que é um bom conselho. Mesmo os realmente muito grandes disseram grandes dislates e deve ser o nosso espírito crítico, sempre vigilante, a visitá-los.

Ildefonso Dias disse...

José Saramago soube como poucos o que fazer com o Nobel.
E usou o seu Nobel para fins superiores.
Não foi para "tentativa de apoucar a ciência e a tecnologia" como diz o professor Fiolhais.
Toda a gente percebe isso...


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