segunda-feira, 17 de agosto de 2020

JERÓNIMO DE SOUSA E A FESTA DO AVANTE


Não há festa nem festança onde não vá Dona Constança” (ditado popular).


Quando eu era rapaz, lá vem a saudade de tempos idos bater-me à porta, havia o dito sem pés nem cabeça, que não resisto em reproduzir: “Há dias de manhã em que um tipo à tarde não deve sair à noite!”

Isto vem a propósito de uma notícia publicada  no “Notícias de Coimbra”, em que o Partido Comunista, não sei se de manhã, à tarde ou à noite, deu à luz esta afirmação: “PCP diz que Festa do Avante não se faz por questões financeiras, mas para dar esperança!” Deu esta Festa (2011) um lucro  de  564.128 euros, com bilhetes sem pagarem  IVA e os lucros livres de impostos, factos estes que não podem  ser considerados ganhos de simples e escassos tostões. Uma esperança lucrativa em cifrões, portanto!

É natural que as restrições impostas pelo coronavírus faça diminuir bastante estes lucros decrescendo, com um número menor de assistentes, o número de infectados e de mortes. Nem que fosse uma só morte já seria bom por não haver dinheiro que pague a perda de uma única vida humana! 

E daqui nasce a pergunta: que faz o PCP aos lucros fabulosos da sua festança, realizada ano após ano? Distribui-os pelos ricos e a esperança pelos pobres deste país com olhos gulosos de aliciamento de novas e tonificantes inscrições no chamado “Partido do Povo”? Denominação esta, aliás,  disputada, outrossim, pela classe possidente  do Bloco de Esquerda!

Haja decoro, já que vergonha nem vê-la, em distribuir esperança por quem mal tem dinheiro para comprar o pão que o diabo amassou! Nem as criancinhas acreditam mais em histórias do tipo da carochinha depois do aluimento do Muro de Berlim e queda do comunismo na ex-URSS e países seus satélites. 

Actualize-se, Senhor Jerónimo de Sousa, para não ser tido por dinossauro português do século em curso, a viver o sonho da Coreia do Norte longe, portanto, da realidade do mundo em que nasceu e vive! Vivemos em resquícios de um tempo  em que "Moscovo era o sol da terra" (Cunhal) e longe, muito longe, de tempos em que a palavra patriotismo era um honra tendo passado a uma espécie de vilipêndio. Assim decorrem os dias num país triste e melancólico no final do segundo decénio do  século XXI.

Um mundo de fronteiras lusitanas, que ultrapassou o perigo de cair no comunismo durante a época gonçalvista, não fosse a coragem dos militares da Amadora, sob o comando do falecido e corajoso Coronel Jaime Neves, a quem Portugal deve a  doação de amor pátrio: “Mama sumae” (aqui estamos prontos para o sacrifício).

Saiba a Pátria honrar os Comandos dessa conturbada época sem os deixar cair num esquecimento que desonra!

10 comentários:

Rui Baptista disse...

Não pesará na memória dos portugueses (pelo menos daqueles que merecem esta nacionalidade) este grito de revolta de um comando africano guineense: "Os portugueses traíram-nos, fomos abandonados sem piedade"! Igual sorte teriam tido os portugueses "colonialistas" não fosse o medo da reprovação generalizada dos países do mundo civilizado não comunista!

Carlos Ricardo Soares disse...

O comunismo deu e dá argumentos aos fascistas.
O nazismo é uma forma de interpretação e de aplicação à letra do marxismo-leninismo, mas pelo lado do capitalismo, legitimados pela lógica da luta de classes.
Aliás, os partidos comunistas, mais pelos princípios e pela doutrina do que pela prática, não só inspiraram os movimentos fascistas e "legitimaram" o nazismo, como lhes deram razões para existirem.
Historicamente o fascismo é um reflexo/espelho/réplica das teorias marxistas-leninistas.
A política e o futebol e as religiões padecem do mesmo problema de os partidos, clubes e igrejas, não estarem interessados em justiça, ou direito, se isso não lhes der jeito e vantagens.
A humanidade está refém desta lógica do egoísmo e da esperteza, deste determinismo "invencível", desde que sinta alguma onda de ameaça. E há especialistas que, sem encontrarem obstáculos, se dedicam a gerar estas ondas.
A democracia, para funcionar, deveria impedir isso, que partidos anti-democráticos, que preconizam a violência e a desigualdade e o racismo e o chauvinismo e a xenofobia...pudessem candidatar-se a lugares no parlamento. E deviam responder por ataques ilícitos, não apenas à democracia, como à Declaração Universal dos Direitos do Homem e à Constituição da República Portuguesa.
E devia haver um controlo, explícito e expressamente assumido pelo Estado, das pessoas e dos grupos que ameaçam a democracia e os valores do Direito. Essas pessoas e esses grupos deviam ser identificados e, se necessário fosse, chamados a responder pelos seus actos, nomeadamente, apresentando provas de cidadania.E não estou a pensar apenas nos desgraçados dos "sem abrigo", estou a pensar em elites.
Pela via democrática, um dia poderemos ver fascistas, comunistas, cristãos, ateus, muçulmanos, etc., a imporem a sua ditadura. A democracia não deve ser a porta para qualquer tipo de ditadura.
A democracia não deve conter em si mesma a possibilidade da sua negação.

Rui Baptista disse...

Obrigado pelo seu comentário que tem o mérito de obrigar a pensar e, se necessário, a rever posições. O racismo, seja de direita ou de esquerda, seja branco ou negro, deve merecer o nosso repúdio por ir contra os direitos de todos os cidadãos em não serem descriminados pela cor da epiderme. Mas a cidadania impõe que não se atente contra usos e costumes arreigados durante séculos. E muito menos que, por por atitudes, antissociais se provoque a sociedade em que se vive por nascimento ou por opção seja ela qual for. Um exemplo, documentado num vídeo, é de um negro munido de um bacio sentando-se -se nele numa atitude de defecar no corredor (entre os respectivos bancos) de uma carruagem. As cidadãs(ele teve o cuidado de ver se estavam presentes homens) que presenciaram esta cena de nítida provocação abandonaram a carruagem espavoridas. Dir-me-á uma andorinha não faz a primavera, neste caso provoca o inverno do nosso descontentamento. Este exemplo é seguido de outros em que rapazolas negros agridam à bofetada e a pontapé (também documentado na Net) raparigas brancas que vão a passar na rua como se a via pública fosse um ringue de boxe para descarregarem o seu racismo do mais profundo ódio. Em Roma dizia-se em Roma sê Romano. E ser romano implica princípios de civismo. A via pública não pode ser um local de selvajaria.

Mário Pinto disse...

Dado que li aqui esta frase “O comunismo deu e dá argumentos aos fascistas.”, e que o Sr. aplaudiu de forma entusiástica, permita-me que pergunte quem - caso entenda que houve raízes históricas – deu “argumentos” ao aparecimento do comunismo? Sim porque, que eu saiba (ainda que sem as certezas que o Sr. não se cansa de aqui apregoar…) a História não começou em 1917 e não creio que o comunismo tenha nascido por geração expontânea.
Ainda no seguimento da – espantosa! - teoria dos “argumentos”, poderei concluir que o Judaísmo deu argumentos ao Cristianismo e que este – por que não? – terá dado argumentos ao Islamismo?
Como alguém dizia, “A morte tem sempre uma desculpa” e nada melhor do que culpar outrem pelas nossas falhas, sejam elas ideológicas ou outras.

Para finalizar, deixo aqui este parágrafo que é, em si mesmo, um “monumento:
“Pela via democrática, um dia poderemos ver fascistas, comunistas, cristãos, ateus, muçulmanos, etc., a imporem a sua ditadura. A democracia não deve ser a porta para qualquer tipo de ditadura.
A democracia não deve conter em si mesma a possibilidade da sua negação.”

Muito obrigado

O que é a democracia? disse...

Se se excluir da democracia os "fascistas, comunistas, cristãos, ateus, muçulmanos" e outros que tais, quem sobra? E quem sobra ficaria diferente de quem para conseguir ser democrático?

Tudo o que existe contém em si a sua negação. Até um neutrão, que não passa de um eletrão calado.

Rui Baptista disse...

Por favor, não se deite a adivinhar. Como chegou à conclusão, como escreve, de que eu aplaudi de forma entusiástica a frase de Carlos Ricardo Soares.

Aliás, como escrevi, e rescrevo, esta discussão teve o mérito de me obrigar a pensar, embora sem assumir a posição clássica do Pensador de Rodin.

E porque que penso ser um discussão interessante de seguir, sem me querer imiscuir na discussão, endosso a suas dúvidas para o supracitado Carlos Ricardo Soares. Assim queira ele responder-lhe. Aguardemos, portanto!

Muito obrigado.

Rui Baptista disse...

"o que é a democracia?" Esse o nó górdio da questão numa época em que a palavra democracia deu cobertura à extinta RDA (República Democrática Alemã)!

Mário Pinto disse...

“(…) Mas a cidadania impõe que não se atente contra usos e costumes arreigados durante séculos. (…)”
Li e reli esta sua frase na resposta que deu ao Sr. Carlos Ricardo Soares e - apesar ter já formado uma ideia acerca do seu pensamento (que tem por base o anticomunismo primário e pouco mais) – custa-me a aceitar que o Sr. a tenha escrito, tão retrógrada ela é.
Tem mesmo a certeza de que os “(…) usos e costumes arreigados durante séculos (…)” não devem ser postos em causa? Todos eles?
A ser assim, a “cidadania” está em contra-ciclo com a Evolução da Humanidade que – daí ser “Evolução” ! – pôs e continua a pôr em causa muitos “usos e costumes arreigados durante séculos” e ainda bem!
Repare que, a ser respeitada a sua ideia, o Homem ainda hoje viveria em cavernas; O mesmo Homem (branco ou negro) continuaria a ser escravo; As religiões monoteístas (todas elas!) continuariam a dominar o Mundo através do medo e da violência; O Renascimento, o Iluminismo e o Liberalismo nunca teriam surgido; O homem continuaria a ser dono da mulher; A excisão feminina continuaria a ser tolerada. O aborto nunca seria permitido; O casamento entre pessoas do mesmo sexo nunca seria permitido, entre outros exemplos.
Tem a certeza de que pretendia mesmo escrever que “(…) Mas a cidadania impõe que não se atente contra usos e costumes arreigados durante séculos. (…)”
Pense bem…
Muito obrigado

Carlos Ricardo Soares disse...

Sem entrar em polémicas, que esse não é meu objectivo, nem interesse, não falaria de dar argumentos ao aparecimento do comunismo, do mesmo modo que o comunismo deu argumentos ao fascismo. O marxismo foi uma invenção, inovação genial, preconizando uma solução radical e definitiva dos problemas do capitalismo, pela violência. Aqui, na violência como meio legítimo e o único capaz de resolver aqueles problemas porque, na perspectiva marxista, o proletariado tinha mais força do que os capitalistas, estaria a grande novidade, ao arrepio, aliás, das tradições religiosas cristãs que, sem deixarem de ser violentas, inundavam o mundo com discursos de paz e amor.
A luta de classes preconizada pelo marxismo era um conceito que dava para tudo e para todos os lados e, inclusive, promovia um conceito de democracia que, ainda hoje, para o PCP é uma espécie de axioma, ou dogma, ao ponto de considerarem mais democrática a Coreia do Norte do que Portugal.
Mas Karl Marx ainda vai ser muito estudado e melhor compreendido e não sabemos quando vai aparecer alguém capaz de o compreender ao ponto de o ultrapassar.

Mário Pinto disse...

Para quem não quer entrar em polémicas, não está nada mal. O Sr. faz afirmações sem as justificar e, perante perguntas objectivas, prefere deambular por conceitos/ideias mais do que batidas e debatidas.
Fico por aqui, na medida em que fiquei esclarecido.

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