quarta-feira, 12 de setembro de 2018

"Afinal, flexibilidade curricular e sucesso escolar são as bandeiras que qualquer professor competente e responsável ergue bem alto"

Na revista Visão de ontem, dia 11 de Setembro, uma professora de português, Carmo Miranda Machado, publicou um artigo sobre o "Projeto de Autonomia e de Flexiblidade Curricular", a mais recente revisão curricular homologada pelo Ministério da Educação, no qual introduz um toque de humor, apesar do registo sério com que termina. Usamos uma frase do texto, que abaixo reproduzimos, para dar título a este post (Isaltina Martins e Maria Helena Damião).
"Num dia ainda ameno de Setembro, chegou à escola uma simpática menina chamada Flexibela. Mas a menina não vinha só. Trazia com ela uns fiéis amiguinhos que pretendiam promover naquela nova instituição de ensino grandes mudanças, sobretudo o sucesso escolar de todos os meninos que lá se encontravam. 
Flexibela era apenas o petit nom que os pais lhe tinham atribuído porque o seu nome completo era muito mais complexo (Projeto de Autonomia e de Flexibilidade Curricular). A menina entrou na escola acompanhada da Articulação (de apelido Vertical), da Aprendizagem (cujo apelido é Essencial), da Planificação e de vários meninos todos eles de nome próprio, Critério, só mudava o apelido (Critério Português, Critério Biologia, Critério Geografia, etc.). 
O objetivo de Flexibela e dos seus amigos era alargar o sucesso escolar a toda a escola e fazer com que nenhum menino ou menina a abandonasse antes de tempo. Assim decidiram começar a criar jogos de associações a problemas do quotidiano; promoveram atividades em que as meninas e os meninos cooperavam entre si, faziam jogos de escolhas, confrontavam as diferentes opiniões e resolviam todos os problemas que lhes iam aparecendo. 
Flexibela e os amigos estavam convencidos de que só eles é que sabiam as regras destes novos jogos. Diziam mesmo a quem os ouvisse que os outros jogos que na escola se jogavam antes deles lá terem chegado não favoreciam nem o sucesso nem a inclusão de todos os meninos e meninas. 
Mas Flexibela esqueceu-se que nessa escola, muito tempo antes dela lá chegar, tinha havido e continuava a haver muitas outras Flexibelas, cuja luta diária foi e continua a ser exatamente a mesma. 
O Projeto de Autonomia e de Flexiblidade Curricular pretende promover o sucesso escolar e a flexibilidade curricular. Para tal, propõe uma articulação entre o perfil do aluno e as aprendizagens essenciais que este deve fazer (conhecimentos, capacidades e atitudes). No seu art.º 4, ponto 1, pode ler-se: (...) o reconhecimento dos professores enquanto agentes principais do desenvolvimento do currículo, com um papel fundamental na sua avaliação, na reflexão sobre as opções a tomar, na sua exequibilidade e adequação aos conteúdos de cada comunidade escolar. 
Afinal, flexibilidade curricular e sucesso escolar são as bandeiras que qualquer professor competente e responsável ergue bem alto. Não há, que eu conheça, muitas outras classes profissionais mais capazes e habituadas a flexibilizar do que os docentes. Não há, neste decreto-lei nada de novo para os bons professores. 
Estes sabem, desde a sua profissionalização, a necessidade de compromisso com uma escola inclusiva, essa escola em que todos os alunos têm a oportunidade de realizar aprendizagens significativas e na qual todos são respeitados e valorizados. Os professores lutaram sempre por uma escola que corrige assimetrias que a sociedade e a vida fora da escola insistem em acentuar. Os professores passam os seus dias, nas aulas e fora delas, a desenvolver ao máximo o potencial dos seus alunos. 
O problema não são os professores. O problema reside nas políticas educativas que mudam consoante as cores do parlamento e, sobretudo, na ausência total de respeito pela profissão docente que este e outros governos anteriormente têm demonstrado. 
O Decreto-Lei 55/2018 de 6 de Julho parte, a meu ver, do princípio de que os professores de Portugal são todos maltratados do miolo."

3 comentários:

Anónimo disse...

O artigo da professora Carmo Miranda Machado, formalmente muito bem escrito e cheio de fina ironia, acaba por ser muito pobre ao nível de conteúdo, pois o principal argumento explanado, em defesa dos bons professores, que sempre ambicionaram o sucesso educativo dos seus alunos, parte de pressupostos errados. Os especialistas da pedagogia do aprender a aprender, que estão muito longe de querer verdadeiras "melhorias das aprendizagens" dos alunos, procuram esconder as suas reais intenções de impedir que os professores ensinem mais do que trivialidades, como são as “Aprendizagens Essenciais”, atrás de documentos cheios de pompa e circunstância como é o “Projeto de Autonomia e Flexibilidade Curricular”. Quando o Estado e a Sociedade estavam realmente interessados no sucesso educativo dos alunos, condição sine qua non do desenvolvimento humano e económico das nações, mandavam inspetores escolares averiguar as aprendizagens efetivamente adquiridas pelos alunos e promoviam a realização de exames nacionais com um peso de 100 % na classificação final. O peso atual, até ver, é de 30 %!
Evidentemente, se os professores pouco ou nada ensinarem, os alunos pouco ou nada vão aprender – isto é lógica, a “flexibilidade” é outra coisa!

Ildefonso Dias disse...

Carrissimas Professoras;

O que há é muita incompetencia (com ou sem a flexibilidade, tanto faz, vejamos situacões concretas)... imagine-se o absurdo que é, de em Matemática do 7.ano (livro), falar-se de expressões algébricas mas não se falar de expressão analítica, como é isso possivel, então o aluno sabe o que é uma expressão algébrica e não sabe que é uma expressão analítica!!!

E que dizer do conceito, importantissimo, fundamental, de Funcão tão defecientemente colocado!!! etc...

Digam-me, excellentissimas professoras, a quem devemos atribuir a culpa destas atrocidades didacticas? Não será a incompetência que abunda?

Porque não há coragem de punir os responsavéis por isto, os incompetentes... só porque são Doutores... que ganham muito dinheiro, têm estatuto, vestem bem, têm influência... porque não vêm o Professor Jorge Buescu (SPM), e outros, chamar incompetentes, com todas as letras, a quem o é, (ou não abrem os livros escolares...) é por cortesia que não o fazem (é feio afrontar colegas), porque esquecem os muitos pais que levam uma vida de sacrificio, que trabalham duramente (não numa secretária), que verdadeiramente produzem neste país... e que confiam os filhos a este sistema, onde prevalece "o amiguismo", a cobardia, que não denuncia a incompetência.

Não lhes doí na alma, quando, com tanto que podiam fazer e não fazem. Custa muito, contribuir (ajudar os pais e alunos) - aqueles que lhes proporcionam o bem estar diário (da elíte) -, ou pensam que, em casa, quando abrem uma torneira e sai água, é milagre, que não existem pessoas que se esforcam duramente para que isso aconteca.
Deixem-se de cortesias e tenham coragem, de denunciar (nunca vi), mesmo que lhes custe a posicão (talvez por isso), sejam práticos nos actos e nas palavras, como aquelas pessoas que fazem correr a água nas torneiras das vossas casas, e facam correr, no bom caminho, o ensino, que é a vossa missão (dos Professores).

Cordialmente,

Ildefonso Dias disse...

... outra coisa importantissima, é o dever dos professores deixarem de ser partidários de politica no ensino.

Por exemplo, nas metas Metas curriculares do 3.º ciclo – Ciências Físico-Químicas 7.º ano (2013) --- Carlos Fiolhais (coordenador) --- António José Ferreira, Bernardete Constantino, Carlos Portela, Fernanda Braguez, Graça Ventura, Rogério Nogueira, Sérgio Rodrigues, - escreve-se:

"1.10 Dar exemplos de agências espaciais (ESA e NASA), de missões tripuladas (missões Apolo e Estação Espacial Internacional) e não tripuladas (satélites artificiais e sondas espaciais) e de observatórios no solo (ESO)."

E, não se fala do outro polo a Roscosmos, da Federacão Russa... é proibido ensinar ás criancas, a importancia da Russia no desenvolvimento espacial? certamente que não deveria ser; mas então o que é que coordenou o Professor Carlos Fíolhais?; e os Professores foram aqui, foram subalternos, qual foi o seu trabalho e o deles?

O professor Carlos Fíolhais, nos seus livros de divulgacão cientifica/politica, tem uma tendencia (ira), que não consegue evitar, de diminuir as conquistas da ex-URSS, mas entendamo-nos, que o mesmo não pode fazer no ensino oficial, não tem o direito de fazer valer as suas preferencias, impondo-as desta forma, com o aprazimento dos restantes professores.

A ira, sentida pelo professor Carlos Fíolhais relativamente à Russia, só pode ser entendida pelo sentimento que, o próprio deve ter, de que, se tivesse estudado na Russia seria muito melhor cientista.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...