quinta-feira, 1 de junho de 2017

Presidente de Câmara Municipal não deveria ser profissão

Texto recebido do leitor Augusto Kuettner de Magalhães:

Continuamos todos, eleitos e eleitores, a “fazer de conta” que não vemos o que está à nossa frente. Protestamos nas redes sociais, insultamos, desabafamos muitas vezes sobre o que nada tem a ver com o tema em causa, deixando simplesmente escapar o "animal selvagem” que temos todos, dentre de nós. Mas, se calhar, nada queremos que seja, de facto, resolvido para podermos continuar a protestar uma vez que tudo continua igual.

 Queixamo-nos que os políticos, genericamente, não são de confiança, que estão nos lugares procurando eternizar-se neles, mas nada fazermos democraticamente para que tal não  continue a  acontecer. Quando se aproximam umas eleições, falamos –  os mesmos políticos de sempre e os eleitores que neles votam  - no que aconteceu nas eleições  passadas, em vez de falar do futuro.

Estamos em pleno tempo de “autárquicas”. Alguém voltou a falar do número de deputados na Assembleia da República que deveria  ser menor, mas a questão não vai ser, agora, tratada ficará esquecida. Mas ainda ninguém falou do  número excessivo, no século XXI, de Câmaras Municipais, o mesmíssimo número do século XIX. Só que nesse tempo ir do Porto a Lisboa era uma grande viagem, hoje são só escassas horas.

 Depois, tenta-se remediar a situação da eternização dos lugares, não permitindo que “alguém” se candidate a vários mandatos na mesma autarquia consecutivamente. Contudo, fazendo um "pousio" pode-se regressar e candidatar-se novamente a essa mesma Autarquia. E entretanto  o candidato mudou de autarquia, sendo Presidente aqui, ali, acolá para regressar, depois, à primeira. Se necessário for muda de partido político, ou até vai como "independente"! Tudo a coberto da legislação existente que permite  que assim se faça! Mas quem faz esta legislação? E quem a consente?  É claro que isto tudo vem da vontade expressa democraticamente pelos eleitores - todos nós - que repetidamente vamos votando nos mesmos. Ou seja, as culpas são repartidas, dos eleitos  que se profissionalizam nas eleições e na política, e dos eleitores que os elegem vezes sem fim. Temos os políticos que queremos e merecemos, nos lugares que eles querem e nós queremos.

Só reagimos nas redes sociais  muito deseducadamente, mas todos felizes e contentes, protestando, insultando, ultrajando, muitas vezes anonimamente. Ou seja, o que deveria mudar de forma  democrática e educada, com o “devido” contributo de todos e de cada um – eleitores e eleitos  - , afinal não muda por não haver vontade colectiva de mudança. E é assim que os nossos políticos  se  se eternizam por todo o lados. Queixamo-nos deles em vez de nós!

 A Küttner de Magalhaes

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