Poeta marcado pelo saudosismo e pela decadência, Cabral do Nascimento, com o seu livro de poesia "Cancioneiro", inscreveu o seu nome no melhor da poesia portuguesa do século vinte. A sua veia poética não passou à-margem de escritores como David-Mourão-Ferreira e Vasco Graça Moura. O último, inclusive, prefaciou a Obra Poética de Cabral do Nascimento, editada pela Asa.
Para o De Rerum Natura, escolhi o poema "Saturno e os seus anéis", onde a aversão do autor pelo luxo é evidente.
(O planeta Saturno tem sido explorado da melhor forma pela literatura, desde W.G.Sebald a Susan Sontag.)
"Que singular capricho
E que vaidade humana
O tem persuadido
A usar no Infinito
Essas jóias tamanhas?
Que imitação terrena
A sua vida expande!
Como pode um planeta
Assemelhar-se tanto
A um mortal qualquer?
Que mistério profundo
Envolve aquele rasgo
De exibição e luxo?
Na amplidão do espaço
Os anéis de Saturno ..."
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
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