sábado, 29 de dezembro de 2012

Breve retrato do País



Texto recebido de Augusto Kuettner Magalhães:

No Público de 26.12.2012 Rui Tavares, eurodeputado e historiador, diz-nos que neste País uns poucos fizeram com que muito dinheiro "nosso" fosse perdido e que vamos ter de o pagar.

E fala-nos da fraude do BPN, envolvendo Rui Oliveira e Costa, a sua filha Iolanda, o seu braço direito Luís Caprichoso, e do dinheiro usado por eles para destroçar ese banco. Nós, contribuintes, estamos a pagar a conta. Fala-nos também de mais umas quantas personalidades nacionais que receberam dinheiro que não deviam ter recebido e que não o devolveram (com juros, claro). Vamos ser nós - uma vez mais - a pagar o dinheiro perdido.

Deixa uma série de questões no ar para as quais alguém devia já ter dado respostas, quer quanto à atuação destes personagens, quer quanto ao dinheiro perdido e que nós, contribuintes do País, vamos ter de pagar (Passos Coelho falará nisto à Srª. Merkel?).

No mesmo Público, Carlos Fiolhais, professor universitário em Coimbra e ensaista, diz-nos que escolhe Miguel Relvas, ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares para "figurão do ano". Aborda a forma estranha (com "inusitada ligeireza") como lhe atribuíram o titulo de "doutor" que, antes de ter sido dado, já aparecia em "placas inaugurais inauguradas pelo próprio". Refere que o ministro da Educação mandou instaurar um inquérito à obtenção desse grau de "doutor", mas que a questão está longe de estar esclarecida pela universidade que o atribuiu.

Depois, Carlos Fiolhais aborda os negócios duvidosos em que Relvas esteve envolvido na Tecnoforma e, no que respeita à comunicação social, na associação de Relvas à demissão de uma jornalista do Público e do diretor de programas da RTP. No campo da reorganização administrativa, escreve que "não há reforma bem estudada do território, mas receia-se que, do gabinete de Relvas, venha a criação de funções intermunicipais que darão reformas douradas a ex-autarcas". Remata: "a queda de Miguel Relvas é a queda de Pedro Passos Coelho, já que ambos estão entrelaçados" (Passos Coelho falará nisto à Srª. Merkel?).

É este o  triste retrato  do nosso País. Lido e compreendido tudo isto, um português não pode deixar de se interrogar sobre se não haveria outra forma de entramos em 2013 sem ser com mais do mesmo e dos mesmos.

Augusto Küttner de Magalhães

Dezembro de 2012

6 comentários:

Graça Sampaio disse...

Muito bem! Subscrevo completamente!

Ildefonso Dias disse...

Caro Augusto Küttner de Magalhães;

Um Estado que nos põe o povo a pagar desta forma... é só a confirmação da apetência natural que existe no País para a “Sobrevivência dos velhos pendores nacionais para a tauromaquia de morte” (Ilustre Professor de Coimbra, Joaquim de Carvalho).

Penso mesmo que agora só precisamos pagar o que falta da fraude que foi as indemnizações aos expropriados da Reforma Agrária; e assim não haverá mais discriminação, entenda-se que a discriminação é para com os poucos portugueses. Ao mesmo tempo fazemos a vontade ao sociólogo António Barreto – só assim o espectáculo ficar repleto das maiores injustiças para com o povo cometidas após o 25 de Abril.

Oiçamos [António Barreto em entrevista ao Jornal de Negócios];

“Passados 35 anos, há ainda expropriados que não receberam as indemnizações. Não deveria o Estado ter agilizado o processo?

Considero que isso é inadmissível. Por mais que se diga o contrário, em Portugal, o Estado não é uma "pessoa de bem". Não respeita o Direito que cria, mesmo se exige que os outros o respeitem.”


Cordialmente,

Carlos Ricardo Soares disse...

Com o decurso de mais algum tempo vão fazer-nos concluir (e nós vamos pensar que a conclusão inteligente é nossa)que só temos a ganhar com a extinção dos nossos órgãos políticos. Se fossemos uma colónia já nos teríamos rebelado. Ou não seríamos tão mal tratados. Assim, como os órgãos políticos nacionais são democráticos, tanto basta, nada a fazer. Quando não há outro o remédio é aguentar, nem que a carga arraste o burro. Os (des)governantes deste país nem sentem responsabilidades. Nada podemos fazer, dizem eles. E eu digo: então, são uns inúteis. Mas esta é a conclusão que eles, e não só, querem que eu tire.

Agostinho disse...

Muito bem dito CRS.
Tudo funciona segundo os altos interesses particulares dos intocáveis e dos oportunistas, não da Nação e dos cidadãos.
Os órgãos de soberania e a administração do estado estão formatados, subjugados e ao serviço dos particulares e dos oportunistas.
Os direitos conferidos pela Lei são outorgados aos intocáveis e aos oportunistas.
Os deveres exigidos por Lei não são aplicáveis aos intocáveis e aos oportunistas.
Se é assim, todos sabem que sim, o que aproveita a Nação da existência de um Presidente da República com o seu staff? (para escrever uns discursos sem qualquer utilidade que se veja- o país precisa de pessoas que façam, não de conversas de circunstância); de uma Assembleia da República para fazer Leis mal feitas ou dolosamente engendradas ou que não passam de meras redações que ninguém cumpre; de um Governo que não governa e que apenas sabe lançar impostos e destruir a economia para aliená-la aos abutres da desgraça; de um Governo e de uma Administração que tudo manda fazer a particulares destruindo a dignidadde, isenção e competência dos Serviços.
Pois que se faça a refundação porque "o que existe já não existe".
Acabe-se com todos os impostos. Não havendo impostos (não era isso que eles queriam?) a porca morre e os leitões têm que fazer pela vida.

AJ


augusto küttner de Magalhães disse...

Quero agradecer os comentarios...e por certo sem ser pela força mas por razoes e tao evidentes, temos que mesmo já nao jovens, mesmo fora da política e nela nao querendo entrar, ajudar o País a nao afundar!!!

Um bom 2013, que por este andar deve ser o aproximar a passos demasiado apressados à Grecia...espero estar errado..temos que fazer diferente antes do afogamento, antes de que tudo se desfaça....

Obrigado e esperemos, cá, chegar a 2014....inteiros....


Abraços

Augusto

Anónimo disse...

O famoso trio do inferno, DesGoverno-Estado-Cunha(Corrupção).

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