quinta-feira, 5 de julho de 2012

O HIGGS SEM METER DEUS AO BARULHO


Transcrevo do sítio da TVI24 notícia que usa declarações minhas à Lusa (editei ligeiramente para corrigir pequenas falhas jornalísticas, naturais de quem faz um trabalho rápido com base num registo telefónico):

"O cientista Carlos Fiolhais afirmou hoje que o anúncio da descoberta de uma nova partícula marca «um grande dia para a Ciência», mais perto de descobrir como funciona o Universo, mas sem meter Deus ao barulho.

A Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN) anunciou esta quarta-feira que descobriu uma partícula nova que pode ser o Bosão de Higgs, conhecido como a «partícula de Deus», porque confere ordem e massa ao universo.

Em declarações à agência Lusa, Carlos Fiolhais afirmou que é o corolário de 50 anos de «trabalho e expetativa», desde que, nos anos 1960, o físico escocês Peter Higgs avançou com a teoria de que haveria uma partícula responsável pela massa das outras partículas fundamentais do Universo.

Estas partículas fundamentais, a um nível sub-atómico, são «os eletrões, os quarks e os neutrinos», que têm massas muito diferentes, sendo o Higgs seria uma «partícula complementar» que lhes confere essas massas diferentes.

A nova partícula descoberta tem, segundo o CERN, as características previsíveis para o que Higgs e outros cientistas teorizaram. Carlos Fiolhais afirmou que o grande avanço que hoje o CERN revelou é que «agora já se sabe onde procurar" o bosão de Higgs, porque se recolheu "a assinatura de uma nova partícula que se forma e imediatamente decai», e agora se podem orientar os detetores para aprofundar a pesquisa.

A confirmar-se, a Humanidade poderá ter descoberto algo que «atuou no princípio do Mundo» - quando da energia se constituíram partículas -, através de experiências que consistiram em «colisões de alta energia», feitas no acelerador de partículas de Genebra, «a maior máquina alguma vez construída».«Antes, não se podia comprovar a existência desta partícula, porque não existiam instrumentos para isso».

Mas «não faz sentido pensar que se está à procura ou que se encontrou Deus», argumentou Fiolhais, acrescentando também que a descoberta anunciada pelo CERN «não é o fim de nada, mas sim o princípio de mais investigação: ela pode ajudar a esclarecer o que se passou no início do Universo».

O cientista português, ex diretor da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, fala de Deus, mas para citar Einstein, que dizia, não a propósito de religião, mas do conhecimento científico, que «Deus é subtil, mas não é malicioso». (Isto é, não é fácil conhecer o mundo, mas tal é possível)."

4 comentários:

João de Castro Nunes disse...

Rasgando os véus


Descobriu-se o bosão: a humanidade
deu mais um passo de gigante em frente
para com toda a probabilidade
chegar às águas puras da nascente!


Foi como se outro novo Prometeu
aos homens revelasse por migalhas
o segredo dos deuses… que no céu
têm por missão guardar suas muralhas.


De todas as partículas de Deus
esta será talvez a mais chegada
à sua natureza … inviolada.


Vão-se rasgando, taco a taco, os véus
que aos olhos persistentes da ciência
o labirinto ocultam… da existência!


João de Castro Nunes

Coimbra, 4 de Julho de 2012.

Cláudia S. Tomazi disse...

Até que enfim da atribuição: cientista português. Nem perguntem posto a responderia em seguinte teoria a língua portuguesa; e mundo afora os destrambelhados saberiam tractar-se algo inédito, a Higgs?! E vos com Deus.

João de Castro Nunes disse...

“Subtil, mas não malicioso”


Deus escondeu-se nos confins do mundo
para talvez ninguém lhe ver a face,
num sítio remotíssimo, profundo,
onde ciência nunca lá chegasse.


Porém, na sua generosidade,
teologicamente… formulada,
à ciência deu a oportunidade
de ter acesso à ponta da meada.


Sobre o infinito abriu-lhe uma janela,
estreita embora, mas suficiente
para ir deitando alguma espreitadela.


Talvez que um dia Deus se deixe ver
em toda a sua auréola candente
sem sua condição… comprometer!


João de Castro Nunes

escritas de mp.b disse...

Como é que gente tão científica com Einstein à frente pode falar de Deus. Enquanto a sociedade continuar a pensar assim será sempre absurda...

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