E DE COMO NO SÉC. V a.C., ANTIFÃO NOS ESCLARECE, NAS SUAS TETRALOGIAS, AS CONSEQUÊNCIAS FILOSÓFICO-JURÍDICAS
por João Boaventura
Após a leitura do memorável trabalho, em epígrafe, do Professor Carlos Fiolhais, de imediato o associei a um acontecimento raro, o da morte do atleta sueco Bo Larsson, no Estádio Johanneshov de Estocolmo, quando participava numa corrida de estafetas, por ter sido atingido acidentalmente por um dardo lançado por outro atleta, durante um torneio de atletismo nocturno, segundo informava então o “Diário Popular”, de 29.08.1959.
E nesta sequência, sem vislumbre de qualquer consequência filosófica ou jurídica, resultante de tão infausto acontecimento, no século XX, o único recurso foi o de recorrer a um texto de debate fictício, do séc. V a.C., da autoria de Antifão, professor de eloquência e de direito, autor das referências, “Da verdade”, “Da concórdia”, e das “Tetralogias”, onde os seus discursos judiciários, constituíam modelos de argumentação, para factos que poderiam ocorrer, e serem pleiteados. Os três títulos eram os textos através dos quais Antifão transmitia os seus ensinamentos aos alunos, e assim se formariam os homens do direito desportivo.
Nas “Tetralogias”, esquematicamente, agrupam-se 4 discursos, cabendo dois ao advogado de acusação e dois ao de defesa:
- Exposição da acusação
- Argumentação da defesa
- Resposta
- Réplica
No caso presente os acusadores e os defensores são os pais do filho atingido pelo dardo e do do lançador do dardo mortífero, e cujos pleitos se reproduzem:
ANTIFÃO 1.
In Anthologie des Textes Sportifs de l'Antiquité
Recueillis par Marcel Berger et Émile Moussat
Grasset, 3 ème Édition, Paris, 1927, pp 92-95
João Boaventura
1 comentário:
O dardo
A qualquer um sem querer
por mero acaso ou azar
um dardo pode colher
quando menos o pensar!
Quando um dardo se arremessa,
ninguém pode presumir
em que barreira ou cabeça
o dardo… venha a cair.
É de bom-senso, portanto,
não se expor à sua acção,
remetendo-se a um canto.
Morreu de velho o seguro,
conforme diz o rifão
e nos meus versos auguro!
João de Castro Nunes
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