Bem a propósito, numa altura em que a avaliação docente em Portugal marca passo (aquilo a que os brasileiros definem como “finge que anda, mas não anda”) pela obstrução sistemática sindical e, até, de certos estratos profissionais docentes, acabo de ler um extenso post (perto de 40.000 caracteres) que versa um bem elaborado e devidamente documentado trabalho sobre a função inspectiva docente, da autoria de Bartolomeu Varela, inspector principal de Educação e assessor da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade de Cabo Verde.
Limitado pelo espaço, transcrevo, apenas, os 6517 caracteres iniciais com o aconselhamento da sua leitura completa no blogue, “Excelência Educativa em Cabo Verde”, que o seu autor, o acima referenciado Bartolomeu Vieira, diz ser "um blogue aberto a todos os que encaram a educação como obra em construção permanente, em que os sucessos ou as deficiências não constituem motivos para a auto-satisfação ou o desalento mas incentivos para uma inovação permanente”, com o título: “Inspecção Educativa: Paradigmas, modalidades e característica de actuação”. Como aperitivo para a sua leitura suculenta in loco, aqui deixo transcrito excertos iniciais do referido post:
“1. Entendimento da Inspecção Educativa
De acordo com a definição apresentada pelo Simpósio Europeu sobre Inspecção Escolar, realizado em Madrid, Espanha, em Junho de 1985, Inspecção é a “instituição mediante a qual o Estado, através de um órgão técnico e profissionalizado, comprova como se realiza o processo educativo em cada uma das instituições escolares”.
Desta definição decorre a função central da Inspecção que é a de controlo, através da qual a instituição, servida de profissionais tecnicamente competentes, trata de obter as evidências ou comprovações relativas ao processo educativo. A essa função é inerente a função de análise e valorização técnica do sistema educativo em geral e do sistema escolar, em particular, posto que os factos apurados permitem à Inspecção fundamentar propostas tecnicamente sustentáveis para o aprimoramento do serviço educativo. Esta última vertente não aparece explícita na definição supracitada, ainda que possa depreender-se da mesma.
Assim, e resgatando em larga medida tal definição, podemos dizer que a Inspecção é um órgão técnico e profissionalizado do Estado que comprova como se realiza o processo educativo e contribui, com propostas fundamentadas, para a melhoria do desempenho das instituições educativas.
2. Evolução dos paradigmas de Inspecção
Existem várias abordagens acerca de modelos ou paradigmas de inspecção educativa. As próprias designações desse serviço de “controlo”, ao longo dos tempos costumam servir de critério de abordagem dos modelos de Inspecção. Assim, e falando da experiência recente de Cabo Verde, podem encontrar-se designações que indiciam, de algum modo, a natureza ou mesmo o conteúdo da acção inspectiva: inspecção escolar, inspecção de ensino, inspecção de educação.
Tendo, em outro documento[1], seguido uma certa abordagem dos paradigmas de inspecção, na senda do pedagogo Manuel Alvarez Fernandes, vamos, desta feita, utilizar outra abordagem, de forma, aliás, menos complexa e mais sucinta. Assim, podemos falar dos seguintes modelos de Inspecção, correspondentes às funções dominantes desta instituição nas diferentes etapas de sua evolução, até aos últimos anos: o modelo autocrático, que privilegia a função de vigilância; o modelo laissez-faire, que enfatiza a função de orientação ou aconselhamento; o modelo democrático ou de supervisão, que coloca ênfase na função de análise e melhoramento de sistemas.
2.1. Modelo autocrático ou tradicional – A ênfase na função de vigilância
Nesta primeira etapa, o inspector assume o papel de vigilante, fiscalizador e sancionador de professores. Esse papel, que se revestiu de aspectos marcadamente negativos, evidenciou-se em contextos específicos, correspondendo, por um lado, ao paradigma de escola tradicional e, por outro, a modelos mais ou menos autocráticos ou autoritários de poder político. Nesse contexto, a imagem que se tem do inspector, de algum modo idêntica à de polícia, é a de um agente autoritário que, através de visitas quase sempre de surpresa, vai, sobretudo, à procura de infracções que são transmitidas às entidades hierárquicas competentes para efeitos de tomada de medidas sancionatórias. Este paradigma tradicional e autocrático de inspecção inspirava, por isso, receio ou mesmo medo a muitos professores, que recebiam as visitas inspectivas como quem enfrentava um “perigo” eminente.
2.2. Modelo laissez-faire – A ênfase na função de orientação ou aconselhamento
Nesta segunda etapa, que corresponde às diversas tendências de evolução da educação, de modo a ultrapassar os aspectos negativos e até mesmo odiosos do modelo tradicional, o inspector tende a apresentar-se como orientador, conselheiro e amigo do professor, a quem ajuda na sua autosuperação, na resolução das suas dificuldades de desempenho profissional. Trata-se de um paradigma paternalista ou de laissez-faire, que se centra no professor e visa a melhoria do seu desempenho escolar, dando-lhe uma margem de participação. Falta a este paradigma uma visão sistémica da educação e de inspecção educativa.
2.3. Modelo democrático ou de supervisão – A relevância da função de análise e melhoramento de sistemas
A terceira etapa corresponde à assunção pela inspecção de uma abordagem sistémica da educação, procurando analisar os sistemas escolares e o sistema educativo em geral, tendo em vista a sua melhoria. Nesta etapa, o inspector trabalha com equipas de professores e com a ajuda de diversos especialistas para conhecer e melhorar a situação total de uma escola ou instituição educativa, região educativa ou mesmo do sistema educativo a nível nacional. Nesse mister, propõe programas integrados de desenvolvimento educativo, com a colaboração de todos os agentes integrados no sistema educativo, tendo em conta que este é complexo, dinâmico, aberto e probabilístico. Está-se perante um paradigma democrático de inspecção, também chamado de supervisão escolar.
Entretanto, ao apresentar-se, deste modo, as etapas de evolução da Inspecção, deve entender-se que essas etapas sucedem-se mas não se excluem totalmente, ou seja, uma nova etapa aproveita criticamente e acumula contribuições da anterior, numa evolução em espiral, de tal sorte que o paradigma que prevalece hoje em dia será uma síntese criadora dos diferentes modelos, com tendência para se banir as práticas autoritárias e odiosas de inspecção.
As recentes investigações em matéria das Ciências da Educação consideram que se está perante um quarto modelo, que pode denominar-se de PARADIGMA EMERGENTE DE INSPECÇÃO, o qual incorpora os mais recentes subsídios para a acção educativa e, em particular, para o desempenho da função inspectiva, orientada no sentido da promoção da excelência da educação. Os contornos deste novo paradigma não se acham definidos de forma acabada e talvez por isso resida a sua potencialidade. A nova inspecção, sem abdicar da sua função central de controlo, realiza-a com conteúdos, métodos e estilos inovadores e mais adequados aos novos tempos, em que a educação (que se massifica a um ritmo espantoso) só pode ser de qualidade se for encarada como obra de todos, tanto na sua configuração ou planeamento, como na sua realização, gestão e controlo, sem prejuízo do papel central da escola, que deve ser encarada como entidade particularmente empenhada na construção de um serviço educativo de qualidade e bem assim na avaliação desse serviço, para o que conta com o contributo essencial da Inspecção enquanto corpo profissionalizado e especializado de agentes educativos”.
Caro leitor, a partir daqui está nas suas mãos a leitura completa do referido post que o pode ajudar a compreender que a obstrução sindicalista (com exclusão à avaliação burocrática, ditatorial e de triste memória de Maria de Lurdes Rodrigues) mais não significa que o contrariar sistemático a qualquer modalidade de avaliação que lhe venha a ser proposta. Claro está, com a exclusão do modelo em que a chegada ao topo da carreira docente mais não era que uma "exigência" dependente, apenas, dos anos de serviço sem ter em conta, ou muito pouco, a respectiva qualidade!
Na imagem: Bartolomeu Varela.
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25 comentários:
óia que o ensino em Cabo Berde é muy malo
basta ber os alunos do 12º e do 9º que chegam com médias elebadas às secundárias do Vale Da amoreira e de Santo António e ao complexo de escolas di Sintra Amadora
e etc etc etc
os guineenses são peores...mas
logo essa inspeção...mim tem bué de dudas
Caro Demo Gra Pia: A sua visão sobre os alunos de Cabo Verde que vêm para Portugal continuar os seus estudos é capaz de estar a perspectivar o problema de uma forma que não o encara nas suas verdadeiras dimensões. De entre elas, os costumes, a cultura, as próprias vivências da Língua que assume características específicas, em expressões idiomáticas, por exemplo, nos países de expressão portuguesa. E isto já para não falar dos usos e costumes de cada um destes países e do trauma desses alunos estarem longe do seu torrão natal e das suas raízes familiares ou de simples amizade.
Querer, com isso, fazer arcar essa responsabilidade sobre os possíveis males de que enferma o ensino em Cabo Verde, ou venha a assumir em Portugal, a criação de um corpo inspectivo é ónus forçado, desajustado ou mesmo vítima de um qualquer "parti pris" contra qualquer sistema de avaliação docente eficiente e sério que não seja em roda livre. Isto é, à vontade do freguês!
Aliás, julgo não ter sido essa a sua intenção, apenas um diagnóstico em que possa ter tomado o particular como regra geral. Seja como for, aconselho-o vivamente a ler na Net o texto completo que referenciei como digno da melhor atenção por ser um trabalho académico muito sério e valioso nada merecedor da prosa utilizada na sua opinião.
Caro Rui
Bom lançamento para ir elucidando e capacitando as pessoas de que não basta opinar e discutir estes problemas mas também alargá-los com trabalhos elaborados por outros, mesmo que deles discordemos, porque isso já sinaliza a nossa atenção, e permite-nos, ao juntarmos todas as peças do puzzle, uma visão mais crítica e atenta, por melhor informado.
O texto que ora se apresenta é mais uma peça que pode ser lida integralmente na Educação on-line, pela abrangência do tema.
Relativamente ao tema do inspector que, segundo um anúncio brasileiro, é um curso que se pode frequentar, on-line, durante 40 horas e em apenas 30 dias, com certificado passado pela Escola Superior Aberta do Brasil.
Em contraste, a Faculdade Católica da Uberlândia, oferece a mesma formação em 380 horas.
Em Portugal o Instituto Superior Bissaya Barreto, pelo que se lê, no Diário da República, 2.ª Série, n.º 145, de 28.07.2010, ultrapassa em muito o mérito dos anteriores.
Oportunas as Reflexiones sobre las antinomias de la inspección educativa en España. Un problema sin resolver.
(continua)
Querer, com isso, ver na criação de um corpo inspectivo a solução de problemas mais profundos,é ónus forçado, desajustado ou mesmo vítima de um qualquer "parti pris" contra qualquer sistema de avaliação docente eficiente (discutível, nem nas universidades muito mais necessitadas, tal sistema conseguiu ser instituido,originando um conjunto de velhotes reformados, que fazem visitas esporádicas (para comer uns salgadinhos) e sério que não seja em roda livre. Isto é, à vontade do freguês...num sistema onde a maioria não pode ser despedida e em que a cunha e os amigos são o sistema
meter mais uma rodela burocrática de inspectores
(de referir que na união soviética existia um desses corpos (e na Itália fascista e em Portugal os inspectores principalmente na educação primária tinham esse penhor avaliativo sobre a grande massa de professores agregados
que eram a maioria face aos efectivos
Resumindo: isso serviu para algo?
se nem bons professores se conseguiram formar
(a maioria são burocratas ou ex-condenados à sua vocação pedagógica (desnecessária para o corpo médico ou legislativo, mas tão apreciada nos Prrofesssorrresss "Eu Tenho A vocação
E Quer Mecê Formar um Corpo de Avaliadores que curarão todos os males?
Superstição rançosa
O Inspector é a personificação da tendência paternalista do estado
Avaliar o quê? Como? com tabelas
um mau professor numa escola pode ser bom noutra
um péssimo professor pode ser motivador
logo essa conversa de nós temos de ser PEdagogos
é um bocado gogol
Não se incute capacidade num cargo, nem é a escola uma fábrica, aqueles recursos humanos não prestam (aqueles parecem-se comigo são bons)
é sempre tudo imbuído de uma grande subjectividade e não vai originar uma escola melhor
A estabilidade do corpo docente nas escolas
trouxe os mesmos problemas da sociedade
autarcas directores- que mantêm uma corte e clientelas (sendo reeleitos como gerentes do condomínio que mais ninguém (ou poucos querem)
nepotismo favoritismos
inimizades longas de anos
(é que numa fábrica sempre se podem ir transferindo para outros sectores)
A falta de poder (efectiva do professor e a sua subordinação a uma carreira são alguns dos problemas do insucesso de uma escola fossilizada
Pode ter Power-Point em vez de transparências ou diapositivos e internet em vez de televisão ou de projector....mas a escola e seus actores pouco mudam
são piores a matemática e na Análise de matacões?
é provável
a avaliação resolve os problemas de um sistema repetitivo e caduco
é.........(preencha com muitas cruzes)
Demo Gra Pia: Pondo de lado o facto do seu comentário nada dizer em retractação do seu comentário inicial, que eu veementemente repudiei pela forma incorrecta como foi escrito num mau processo "inspectivo", feito a olho, de avaliação escolar sobre o rendimento dos estudantes de Cabo Verde em Portugal, apenas um reparo sobre os seus dois últimos comentários.Esses sim, a merecerem ser lidos e meditados porque podem gerar correntes de opinião pró ou contra, discutíveis mas salutares.
O reparo é apenas este: qualquer modelo de avaliação docente adoptado terá as suas virtudes e defeitos, porque imperfeitos são os homens que o adoptam ou simplesmente defendem, não poucas vezes, em função de interesses partidários, conveniências pessoais ou simples "porreirismo nacional". Já o estudo que dei à estampa, embora possa enfermar de alguns destes males , tem a suportá-lo bibliografia séria que o deixa à margem de uma mera opinião pessoal do respectivo autor.
Parece-me que a principal objecção ao modelo actualmente proposto tem a ver com as quotas. É fácil arranjar exemplos em que tal método parece uma injustiça clara. Na escola A há 5 professores que merecem excelente, mas as quotas só dão para 4 e assim um ficará com bom, quando bastaria estar noutra escola em que a quota não tivesse sido superada para ter excelente. Isto é verdade mas as quotas não fazem parte do processo de avaliação na sua essência. São sim um processo sequencial à avaliação e que visa garantir uma seriação. Mesmo com 5 excelentes, se existirem objectivos bem definidos dificilmente todos estarão empatados e assim é possível seriar.
Enquanto não existir a possibilidade de se escolherem os professores para uma escola existe uma aleatoriedade razoável na qualidade dos professores em cada escola (pode não ser totalmente verdade se pensarmos que há escolas com melhor reputação, que terão a preferência dos professores e se assumirmos que os professores que ficam à frente dos concursos e que conseguem escolher as escolas que querem, são os melhores – é difícil assumir que assim seja sem um verdadeiro modelo de avaliação e antiguidade não é o melhor dos critérios).
Assumamos assim a aleatoriedade do desempenho. Se a escola for suficientemente grande (acima de 25 professores já é possível termos uma boa aproximação à distribuição Normal) e na maior parte das escolas há muitos professores, não são de esperar enviesamentos na distribuição do desempenho dos mesmos. Significa portanto que esses desvios são devido a objectivos mal definidos ou avaliações mal conduzidas. Mas mesmo que se pense que o sistema é muito bom e que puxa para a excelência, enviesando naturalmente a distribuição para os níveis mais elevados de classificação - o que seria o ideal num processo eficaz de avaliação -, como disse antes as quotas são consequência de uma seriação e haverá sempre os melhores de entre os excelentes e assim sucessivamente. É essa a valia de um sistema dinâmico, que promova a melhoria contínua, onde naturalmente os objectivos se tornam crescentemente mais exigentes, por forma a que o excelente de hoje seja apenas bom a amanhã e o bom insuficiente.
Isto não tem nada a ver com os professores. Em qualquer organização isto se passa assim, excepto naquelas em que todos podem ter excelente ou muito bom. A qualidade do desempenho dos professores e dos engenheiroa tende sempre para uma distribuição Normal, embora a média possa não estar centrada no mesmo valor em todas as escolas, pois a qualidade do trabalho de cada escola também não é igual.
É uma imposição do sistema que a avaliação se faça na escola ou no agrupamento, devido a ser muito difícil com objectividade comparar desempenhos de docentes entre todas as escolas – atenção que o erro inerente a forçar a distribuição subjacente às quotas numa escola pequena, pode ser grande e essa é a única salvaguarda que há a garantir, havendo nestes casos a necessidade de agregar mais professores e arranjar alguma forma coerente de definir objectivos equivalentes.
Concluindo, um sistema de avaliação com quotas é o pior dos sistemas à excepção dos outros. Se só x% podem ter a avaliação Y, a forma mais justa e objectiva é ter boas metas definidas, fazer as observações do desempenho e depois no fim seriar os professores.
João
Quotas, subjectividade de qualquer processo (avaliadores com capacidade para tal) meio escolar envolvente, nº reduzido de observações que permitam avaliar de forma coerente qualquer professor,etc
Era mais fácil fazer o inverso, quem quisesse progredir teria de prestar provas, elaborar projectos com algum mérito (e não receitas de trazer por casa (adaptadas de outras enfim...
não se prega a contra-avaliação aos veros crentes
é uma questão de fé
(dá pra fazer uns gráficos giros ...para além disso???
Caro Zurk: Pouco mais lhe posso dizer do que agradecer-lhe a forma séria e fundamentada como apresenta o complexo problema da avaliação, dando sempre azo a descontentamentos de quem tem um ego maior do que o mundo ou, no mínimo, a noção do seu real valimento.
Desde sempre, tenho excluído o sistema de avaliação tão do agrado dos medíocres que coloca ombro a ombro, os belíssimos e os péssimos professores constituindo a maior das injustiças e fomentando, assim, a descrença num trabalho sério e honesto. Aliás, cria-se deste modo, dito em jeito de metáfora, uma entrada no estádio em que decorrem provas olímpicas da Maratona através de um sistema em que o primeiro a aí a chegar (com o avanço de muitos minutos sobre os outros concorrentes) teria que esperar por todos os outros para que todos ocupassem o lugar cimeiro do pódio. No sistema de avaliação antigo, que critico (e que parece ter a adesão sindical: pelo menos durante a sua vigência nenhuma dessas vozes se levantou em discordância), os simples anos de permanência nos respectivos escalões era o critério de valorização como se como eu costumo dizer os cabelos brancos não fossem, por vezes, mais sinal de velhice do que de sabedoria.
O grande problema da avaliação educativa é que os seus efeitos só têm reflexos muitos anos depois. Um engenheiro que construa pontes que caiam invariavelmente ou o cirurgião que deixe morrer no bloco operatório, por sistema, os doentes são facilmente identificáveis como maus profissionais. Acreditar num sistema educativo em que os professores são todos muito bons ou excelentes é o mesmo que acreditar nos contos de fadas da nossa infância julgando viver num mundo cor-de-rosa sem bruxas. Ora, como dizem os espanhóis,” eu não acredito em bruxas mas que as há, há!”
Todo e qualquer sistema de avaliação tem os seus defeitos, aliás como depreendo destas suas palavras: “Concluindo um sistema de avaliação com quotas é o pior dos sistemas com excepção dos outros”. Extrapolando este conceito para o campo dos sistemas políticos, Churchill, ele próprio, o reconheceu: “A democracia é a pior forma de governo, com excepção de todas as outras”. Já é tempo da avaliação docente deixar de ser uma redoma que protege os medíocres e asfixia os competentes avaliando-os todos pela mesma bitola de forma a permitir a todos a chegada ao topo. A adopção deste sistema em outros campos de actividade profissional poderia conduzir a que os médicos mais velhos (sem excepção) ascendessem a chefes de serviço dos hospitais. E não me venham com a velha treta que os professores fazem todos a mesma coisa no olvido de que há professores que ensinam excelentemente no princípio da carreira e outros pessimamente no fim da carreira.. Essa, a diferença. E de não de monta como isso!
Corrigenda: No comentário a Zurk obrigo-me a fazer uma correcção à minha frase final que deturpa por completo o sentido que lhe quis dar. E o sentido é este: E não de tão pequena monta como isso!
Rui Baptista disse...
Corrigenda:tudo é subjectivo, incluindo o valor que damos às palavras.
Desde sempre, (como furriel em 57? tem agora pelo menos 70 e tal anos, se não estou enganado, uma vez que vocês são muitos)tenho excluído o sistema de avaliação tão do agrado dos medíocres que coloca ombro a ombro, os belíssimos e os péssimos professores
constituindo a maior das injustiças e fomentando, assim, a descrença num trabalho sério e honesto.
(uma avaliação não é garantia de manutenção de qualidade de um professor) há professores nomeadamente universitários que quando jovens eram óptimos e com o tempo adquiriram as qualidades de magister
Repare-se que não pretendo defender corporativamente uma classe ou um sistema de ensino (o ensino de excelência (ou o que passa por isso) é estatisticamente raro e depende de professores e de alunos e de sistemas de valores
e todos estes têm mudado com o tempo
Mas o sistema de ensino europeu e afro-americano
apesar de mudanças cosméticas permanece o mesmo
O curriculo aparentemente reformou-se
mas os processos de ensino-aprendizagem pouco mudaram
Assinado:Pessoa de Ego Muito pequinino (atrofiado devido a idade avançada)
há professores que ensinam excelentemente no princípio da carreira e outros pessimamente no fim da carreira..e vice-versa
generalizações são sempre perigosas
No entanto o sistema militar e o dos professores
tem muitas similitudes
e as gerontocracias e os gerontocratas
sempre estiveram na moda em quase todas as sociedades
idade pode não ser conhecimento mas é frequentemente poder (económico político,ou social, tanto faz)
Para concluir.
Sam pretender abastardar o problema da avaliação, do avaliador, e do economicismo subjacente que os suporta, sob a capa de "quotas", ou seja numerus clausus de "excelentes" [suponhamos 50, mas, se houver 100 professores excelentes, os outros 50, sem pejo nem vergonha, o Estado perde a face, e não se incomoda ], o que nos permite encarar esta decisão arbitrária de um problema, elevado à categoria de Nacional, fazer-nos acreditar que da sua efectivação decorrerá a solução de todos os demais problemas de que enferma a Educação Nacional.
O que nos permite ainda, e uma vez mais, perfilhar a interrogação de G.K. Chesterton:
"Como conseguimos nós, simultaneamente, olhar o Mundo com espanto e sentirmo-nos perfeitamente à vontade dentro dele ?"
Demo Gra Pia: Antes de responder directamente ao seu comentário, faço duas observações:
1. Não fui ” furriel em 57?”. Fui aspirante miliciano de Infantaria (depois ter feito o curso de oficiais milicianos em Mafra, em 52 ) e alferes miliciano no Regimento de Infantaria 15, em Tomar.
2. Aproveito a oportunidade para chamar a atenção para o facto de quando escreve “basta ber os alunos do 12.º e do 9.º que chegam com médias elebadas às secundárias do Vale Da Amoreira e de Santo António e ao complexo de escolas di Sintra Amadora e etc etc etc” (sic.) não pode, sob grave injustiça, atribuir esse mau rendimento escolar no ensino secundário ao ensino de Cabo Verde. Esse mau rendimento fica a dever-se, isso sim, ao sistema educativo português que deixa passar os alunos à balda (passe o plebeímo) até ao 9.º ano do básico, muitos deles, mal sabendo ler, escrever e contar. Aliás aquilo que se exigia no final da 4.ª classe do antigo (e exigente) ensino primário. Os actuais alunos, quando chegam ao fim da auto-estrada do facilitismo , sendo chegada a hora de pagarem a portagem do ensino secundário, viram os bolsos do contrário e só encontram o cotão da sua declarada ignorância. Sejam eles cabo-verdianos ou portugueses.
Depois desta introdução, entro agora no cerne deste seu comentário em que, sem aspas, transcreve este período do meu comentário anterior, com ressalva da matéria entre parêntesis (sobre a minha vida militar) para a qual chamei a devida atenção em devido tempo: “Desde sempre, (como furriel em 57? tem agora pelo menos 70 e tal anos, se não estou enganado, uma vez que vocês são muitos)tenho excluído o sistema de avaliação tão do agrado dos medíocres que coloca ombro a ombro, os belíssimos e os péssimos professores constituindo a maior das injustiças e fomentando, assim, a descrença num trabalho sério e honesto”. Escrevi, e escreveria novamente, e tantas vezes quantas as necessárias, este naco de prosa por o ter como peça importante de um dos meus comentários anteriores.
(CONTINUA)
(CONTINUAÇÃO)
Todavia, por estar encimada esta citação com a expressão, “Rui Baptista disse…”, o leitor menos atento poderá julgar que eu escrevi logo de início o que não escrevi. Isto é: “Corrigenda, tudo é relativo, incluindo o valor que damos às palavras.” Tudo o resto que escreve no seguimento deste seu comentário é da sua lavra. Pura e simples!
Já agora, citando-o: “No entanto o sistema militar e o dos professores tem muita similitude”(sic.). Atrevo-me a discordar. O sistema militar está devidamente hierarquizado. Já viu, por exemplo, um sargento comandar um regimento com os diversos oficiais até à patente de tenente-coronel? No ensino, assisti à situação dum indivíduo com um curso médio a desempenhar funções de director do Conselho Directivo (conforme a nomenclatura da época) de escolas do ensino secundário com os outros professores licenciados. O argumento em defesa desta anómala (para utilizar um eufemismo) situação era que ambos pertenciam à carreira docente (uma discutível carreira docente única que julgo não encontrar paralelo noutros sistemas educativos de países civilizados). Também os militares, acima referidos pertencem à carreira militar, uma carreira que não sofre de um igualitarismo que possa criar inversões de valores hierárquicos. Este facto, não exclui o facto de haver sargentos excepcionais e oficiais péssimos. Acresce que a subida na carreira de oficiais obedece à frequência de cursos, e não a simples acções de formação (quantas vezes apenas presenciais e em matérias diferentes daquelas ministradas pelos professores seus frequentadores): exigentes cursos para comandantes de Companhia, cursos para Oficias Superiores e cursos para Oficiais Generais. Pelo exposto, a comparação entre a carreira docente e a carreira militar não colhe.
Finalmente, quanto ao resto do seu comentário, respeito as suas opiniões, embora com elas possa, em alguns pontos, encontrar ténue concordância e noutros discordância absoluta. Mas este é um juízo no qual não me quero enredar por saber que ninguém deve ser juiz em causa própria ou em meras opiniões.
Cordialmente,
Rui Baptista
Caro João: Compreendo bem a objecção que levanta ao caso de poder haver mais docentes com a classificação de EXCELENTE do que as vagas existentes para o acesso ao topo da carreira docente. É bem possível, mais do que isso, verdadeiramente provável, devido ao nacional porreirismo como são cozinhadas as avaliações entre pares que se protegem entre si, que isso aconteça. Direi mesmo, mais do que possível é naturalíssimo, tomando como exemplo um passado recente em que todos os professores chegavam ao 10º escalão docente nem que para isso fosse apenas necessário tirar um curso privado de meia dúzia de meses em escolas “superiores” privadas que logo abriram as portas por verem nisso um negócio deveras rendoso em que os respectivos diplomas de “licenciatura”custavam rios de dinheiro. Ou seja, em que o “conhecimento e a competência” eram adquiridos com metal sonante.
Para obstar a esta situação, poderia ser, por exemplo, nomeado um júri pelo Ministério da Educação (estranho à respectiva escola para evitar situações de compadrio) em que os respectivos candidatos excedentários aos LUGARES DE TOPO existentes seriam seriados em função da defesa pública do respectivo currículo. Há muitas maneiras de matar pulgas para que se não continue a tentar fazer passar a mensagem pública de a classe docente ser diferente de todas as outras, em que há bons e maus profissionais, nem que para isso seja necessário continuar a assistir-se à injustiça de igualar desiguais. E aqui encontro sólido respaldo em Pessoa: “É preciso violentar todo o sentimento de igualdade que sob o aspecto de justiça ideal tem paralisado tantas vontades e tantos génios e que, aparentando salvaguardar a liberdade, é a maior das injustiças e a pior das tiranias.”
Um abraço amigo,
Em termos de progressão automática pós 25 de abril
antes para se promoverem os goeses tinham de fazer o babádé
aqui davam golpes de estado
e os professores faziam greves
Já viu, por exemplo, um sargento comandar um regimento com os diversos oficiais até à patente de tenente-coronel....5 de Outubro Patuleia capitães do 25 de Abril
Passos Morgado ex-brigadeiro das forças aéreas saneado por um sargento
vira reitor do Instituto Beirão Interior por obra e graça de Ares da só li dão
No ensino, assisti à situação dum indivíduo com um curso médio...presumo que queira dizer inferior a bacharel (regente agrícola ou regente escolar promovido) a desempenhar funções de director do Conselho Directivo
se mais ninguém quer
(conforme a nomenclatura da época) de escolas do ensino secundário com os outros professores licenciados. O argumento em defesa desta anómala (para utilizar um eufemismo)....
os colégios da casa Pia e os das antigas casas de correcção/reabilitação casas do gaiato e colégio militar incluidos
tiveram por bastos anos pessoal que não era licenciado
e nem por isso foram maus professores
de resto até 1999 muitos eram os professores com habilitação suficiente
que foram metidos nos quadros
após frequentarem cursos de 3 meses e 6 nas universidades
e muitos continuam no sistema
a licenciatura ou outro grau
tal como na medicina
não fazem um bom profissional
eu nã gosto do labéu vocação
mas há alguns (poucos ) que veêm na educação
mais do que um emprego (relativamente bem pago e estável desde os idos de Abril)
e quanto ao disse...
se preocupe não
este post está muito embaixo
já ninguém o lê...
nem o Varela Gomes....
Eu lembro-me dos antigos inspectores portugueses e russo-soviéticos e penso qui non res ultra
Mas posso tar equivoquedo
“jagga nathan” … (relevo o facto de amputar o final do seu nome por não saber inverter o respectivo “N”, em declarada iliteracia informática):
Mesmo que se desse , apenas, o caso deste meu comentário/resposta ser lido por ambos (por mim por o ter escrito e pelo prezado “jagga nathan” por o ter motivado) não seria medida impeditiva para lhe responder mesmo que o meu post já tivesse perdido o viço da novidade que prenuncia (ou possa prenunciar) a sua não leitura por terceiros.
Acresce, por outro lado, que o seu comentário traz à colação novas achegas ou perspectivas de encarar o problema com reminiscência secular na patuleia que se diz ser corruptela de “pata ao léu” ( mas antes a pata ao léu do que outra coisa a exigir a bolinha dos programas de televisão que, pelo seu conteúdo, possam chocar a sensibilidade do espectador!). Ou, ainda mesmo, avançando no tempo em referência ao período conturbado imediatamente a seguir ao 25 de Abril a que se assistiu a uma inversão de patentes militares na cadeia de comando. Num dos meus comentário anteriores, referia-me não a esses tempos (em que capitães de 25 de Abril foram arvorados em oficiais generais), mas a tempos dos dias de hoje.
Situado temporalmente o problema, respondo ao cerne das questões do seu comentário (numa tentativa de achega preciosa para clarificar a minha posição). Assim:
1. Quando me referi a indivíduos com cursos médios (alguns deles por si enunciados) deixei de fora docentes com cursos secundários técnicos, os chamados mestres, em que tenho reconhecido publicamente, a seu exemplo, grande valor, mas que, nos tempos revolucionários, entenderam ser a designação de mestre pouco dignificante por não terem adivinhado que, poucos anos depois, a palavra mestre viria a designar um grau académico universitário ou politécnico superior ao de licenciado.
2. Quantos aos professores com habilitação suficiente (muitos deles que fizeram da docência um recurso de vida), entraram no quadro destinado a docentes com habilitação própria, milhares deles, agora no desemprego depois de terem cumprido os requisito legais.
3. Mudando de assunto, como bem aventou (e eu já tenho escrito inúmeras vezes), bastou aos possuidores desses cursos médios (ou até mesmo secundários) fazerem um curso(zinho) numa escola “superior” privada que lhes outorgou em 3 meses um almejado papelucho para se reformarem (ou ainda estarem no activo) no 10.º escalão de uma carreira docente que os empurrou para a subida ao topo à montanha de carreira docente sem que o diploma rolasse pela encosta abaixo, a exemplo do pedregulho de Sísifo!
4. Em resumo, impérios de facilitismo de um país que não soube (ou não quis) seguir a máxima latina: “Suum cuique tribuere”. Ou,na tradução da"vox populi", "o seu a seu dono”.
Adenda ao meu comentário imediatamente anterior: O caso que levanta de pensar que não resulta um corpo de inspectores, esse resultado depende da forma como venha a actuar. Há certos medicamentos que, se utilizados na dose certa, curam. De forma incorrecta, matam!
1. Quando me referi a indivíduos com cursos médios (alguns deles por si enunciados) deixei de fora docentes com cursos secundários técnicos, os chamados mestres,
A questão é que há e houve bons professores sem qualificações
E houve e há muitos Mestres (com Mestrado)
Licenciados Múltiplos e Doutourados
que são mestres sofríveis
O Brigadeiro Passos Morgado e o seu irmão (com uma pós graduação na NASA creio
O professor Al maça e tantos outros nomeadamente o Soarista Ário de Azevedo eram ou são pessoas com grande versatilidade
mas os seus interesses académicos condicionaram a sua visão do ensino e a sua prática profissional completamente desajustada de um ensino que não pode ser nem deve ser elitista
nem desfasado da realidade
e que deve ter alguma aplicação prática
logo os graus ou ausência deles de um professor não me fazem espécie
um dos melhores professores que vi(no activo durante 30 e tal anos) e com regência de uma cadeira era "apenas" licenciado
um dos melhores nanofísicos alemães na década de 90 era um "mero" bacharel que quase não acabava o curso
portanto...
2. Quantos aos professores com habilitação suficiente ...(muitos deles que fizeram da docência um recurso de vida), entraram no quadro destinado a docentes com habilitação própria, milhares deles, agora no desemprego depois de terem cumprido os requisito legais.
sim mas muitos também em disciplinas extintas
o caso das disciplinas de hortofloricultura e similares que abundavam no ensino secundário nos anos 80-90
ou economia ou filosofia ou psicologia
os de geologia passaram para o grupo 520
(muitos ex-engenheiros e geológos de minas extintas
e químicos despedidos da quimigal, petrogal e outras nos anos 90
só que as universidades formaram dezenas de milhares de professores nesse inteirim
e a população escolar caiu
3. bastou aos possuidores desses cursos médios (ou até mesmo secundários) fazerem um curso(zinho) numa escola “superior” privada a maioria foi em universidades públicas (até a Escola superior Bento de jesus Caraça formou centos de economistas no seu ano e picos de vida) que lhes outorgou em 3 meses (Évora fazia em 6 Aveiro fazia em 5 mas adiante) um almejado papelucho para se reformarem (ou ainda estarem no activo) no 10.º escalão ...foi ruinoso em termos económicos mas havia poucos professores
e muitos professores de liceu foram para quadros de universidades pelo mesmo processo
o que diminuiu a oferta nos anos 80
um país que não soube (ou não pode...pelos mesmos constrangimentos de fornecer profs a 35 mil universitários/ano com picos de 50 e tAL MIL e a quase 2 milhões de alunos
tele-escolas incluidas do primário ao secundário
Rui Baptista disse...
Adenda ao meu comentário imediatamente anterior: O caso que levanta de pensar que não resulta um corpo de inspectores, esse resultado depende da forma como venha a actuar. Há certos medicamentos que, se utilizados na dose certa, curam. De forma incorrecta, matam!
Paracelso tudo é veneno nada é veneno
todos os medicamentos são veneno
depende da dose
Caro الرجل ذبح بعضهم البعض ولكن الخيول باهظة :
Obrigado pelo seu comentário que, vem uma vez mais, demonstrar que as excepções confirmam a regra de que o simples "canudo" não faz o homem bom ou o professor merecedor da saudosa recordação dos seus antigos alunos.
Aliás, já aqui, neste blogue, transcrevi a opinião, a este respeito, de Gustave Le Bom (1841-1931), sociólogo e físico amador francês: “Grande número de políticos ou de universitários, carregados de diplomas, possuem uma mentalidade de bárbaros e não podem, portanto, ter por guia, na vida, senão uma alma de bárbaros” (“Les opinions et les Croyances”).
Mas, em contrapartida, relevando o grande mérito dos verdadeiros autodidactas, renego o rótulo de autodidacta que “ignorantes por conta própria” (Mário Quintela) a si próprios se atribuem. Ou seja, o mundo não é feito, simplesmente, a preto e branco e nem sempre o branco é branco e o preto preto…
Cordialmente,
há matizes de cinzento
mas a incapacidade de aceitar e compreender os outros é particularmente notória nos meios académicos portugueses e não só
Logo é necessária uma revolução na educação
e isso dada a inércia do sistema é impossível
Gustave Le Bom le Bon A psicologia da Guerra
Ensinamentos Psicológicos da Guerra europeia
o totemismo na guerra
tem muitas traduções nos anos 20
e alguns ainda do fim do século (XIX)
Les opinions et les Croyances num conheço não...
As leis psychologiques da l'évolution des peuples
a psychologie des foules e a du socialisme
l'homme et les sociétés quando era chiquitito tive ai uns 30 ou 40 livros e artigos dele
nunca li esse das opinhões e crenças
era um pouco racista..Messiu Le bon
Mário Quintela tamém num faço a mínima
num se pode ler tudo
HONRA AOS QUE PODEM VER NA RUA ESCURA
A LUZ QUE ARDEU SANGRENTA EM CADA VIDA
HONRA AOS QUE AMBICIONARAM CULTURA
AINDA QUE TRISTE MORTA OU ESQUECIDA
INFELIZMENTE há muitos véus ideológicos
e preocupações mundanas que talham tudo
por isso duvido da tal inspectiva inspeção
por mim tanto faz...estou fora da guerrilha escolar...logo não defendo posições da dita corporação
talvez volte provavelmente não
“Touché”: Le Bon. Le Bon, Le Bon, Le Bon... Le Bon! Embora, um mero “lapsu calami”. No meu post, publicado neste blogue, intitulado, “O ENSINO SUPERIOR PRÉ-FACILITISMOS E PÓS- FACILITISMO”, transcrevi, em epígrafe, outro pensamento de Gustave Le Bon: “o verdadeiro progresso democrático não é baixar a elite ao nível do povo, mas elevar o povo ao nível da elite” (Gustave Le Bon, 1841-1931). Obrigado pela correcção da grafia correcta de “Bon” e pela oportunidade que me é dada de fazer a devida correcção.
O ENSINO SUPERIOR PRÉ-FACILITISMOS E PÓS- FACILITISMO no pós passou a singular
logo há uma admissão inconsciente que no pré havia também facilitismos tal como no pós-PREC
simplesmente devido ao excesso de alunos
os facilitismos democratizaram-se
Uma vez numa conferência sobre democratização da ciência (uma daquelas que servem para comer salgadinhos ) um professor da clássica (penso que duma fundação anexa à dita clássica)
deu uma tirada de um autor qualquer
"eu não sou contra as élites...
não se pode elevar toda uma população a um escol
pois em termos intelectuais significaria um escol mediano como o existente actualmente
e obviamente com os constrangimentos sociais e económicos dai resultantes
o ideal seria até nem haver élites
mas simplesmente profissionais que gostassem do que fazem
é que estas élites (conceito subjectivo mas real) saem geralmente muito caras
Em boa verdade, a massificação do ensino nem sempre conduz ao desaparecimento de elites. Aliás, nem o próprio abandalhamento do ensino que passa diplomas das Novas Oportunidades a ignorantes ou de algum ensino superior privado que se transformou num verdadeiro negócio em massa de formação de “burros diplomados” (Francisco de Sousa Tavares) , por vezes, para simples satisfação de egos de políticos nacionais (ainda está por fazer o balanço do número de deputados que se “licenciaram” na extinta, tarde e a más horas, Universidade Independente, por exemplo). Haja em vista, os portugueses que se têm distinguido no campo internacional da investigação científica.
Quanto ao professor da clássica comer salgadinhos no decorrer de uma conferência (li uma vez que uma boa biblioteca pede ao lado uma boa cozinha) nada tenho a objectar, assim como à sua (dele)opinião : “Eu não sou contra as elites…”
Neste particular até está bem acompanhado por António José Saraiva: "As elites “assustam muito democratas por julgarem que as sociedades podem ser superfícies rasas”. Não são. E, felizmente, que assim é! Nem se deve, por outro lado, discutir, pondo em causa, o facto, e cito-o, de “que estas élites (conceito subjectivo mas real) saem geralmente muito caras”.
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