domingo, 31 de outubro de 2010

A NÃO PERDER...

"A educação, objecto de tanto palavrório, passa moeda falsa: promete o mundo e não dá saber e trabalho" - Vasco Pulido Valente.

Do Caderno do Público “O Inimigo Público” (n.º 369, 29.Out.2010) transcrevo, na íntegra, este saboroso e suculento naco de prosa, intitulado “Estudo revela que 1 em cada 3 adultos está satisfeito por ter frequentado o programa Novas Oportunidades porque passaram a entender muito melhor a carta de despedimento”:
“Segundo a Universidade Católica, 1 em cada 3 alunos das Novas Oportunidades considera que o programa foi positivo na sua vida profissional, uma vez que passaram a entender porque foram despedidos, enquanto antes achavam que ‘justa causa’ era um programa sobre advogados da Fox. ‘Se ainda fosse ignorante estaria optimista e pensaria, baseando-me nos ditados populares, que ‘depois da tempestade vem a bonança’. Mas, como agora estou dotado de qualificações literárias e valências pedagógicas, concluí analiticamente que nunca mais vou encontrar emprego na vida. Obrigado, Novas Oportunidades!, explicou um português de 45 anos de idade. VE”.
Regressando, uma vez mais, a Eça, meu escritor de declarada eleição e profunda estima, da prosa queirosiana transcrevo: “O riso é a mais antiga e ainda mais terrível forma de crítica. Passe-se sete vezes uma gargalhada em volta de uma instituição, e a instituição alui-se; é a Bíblia que no-lo ensina sob a alegoria geralmente estimada, das trombetas de Josué, em torno de Jericó”. A quantas gargalhadas mais da opinião pública, que soam a anunciar a sua desgraça e o seu logro, resistirão as estivais muralhas de areia de praia das Novas Oportunidades ?

18 comentários:

margarida disse...

Meu Deus! Eu ri-me! Mas depois sobreveio uma tristeza indizível...

Ana disse...

Esperemos que a trafulhice seja substituída por soluções mais reais e credíveis, que não lancem no desemprego milhares de pessoas, que satisfaçam as exigências do mercado em termos de qualificação, e que ao mesmo tempo, satisfaçam as directivas da UE. Espero honestamente que os ecos opositores criem uma solução viável para todo o complexo problema que envolve as INO. Tal como espero honestamente que a visão das críticas seja ampla e não reducionista. E, tal como disse uma formadora que evidenciou num post seu, esperemos que um dia as INO sejam sinónimo de uma solução real para as milhares de pessoas (dos 20 até à idade de reforma) que vêm vedadas todas as oportunidades por não possuirem simplesmente o 12º (é daí q vem o termo novas oportunidades). E pelo dia em que possamos fazer o nosso trabalho render ao máximo, continuar a educar as camadas que não tiveram acesso ao ensino regular, e deixarmos de estar no olho de um furacão, onde "apanhamos" de um lado e de outro...

Ana disse...

Quanto à brincadeira... rir é o melhor remédio, é. Mas penso que aqueles que realmente foram ajudados e que viram a sua vida e as suas mentes evoluir para melhor, poderão sentir-se melindrados... tal como o formador que labuta todos os dias para fazer chegar conhecimento a essas camadas.

Algures noutro post dizia-se que Camilo Castelo Branco considerava Eça uma criança que não sabe escrever (se não estou em erro)... é a tal coisa, estamos todos animados de motivações e conhecimentos diferentes, e nunca somos totalmente objectivos nas nossas opiniões. Cada qual com a sua... apenas podemos concordar, discordar, ou concordar em discordar. Neste caso em concreto, penso que Camilo se enganou redondamente (basta comparar o Amor de Perdição com os Maias...)...

José Batista da Ascenção disse...

Elas se "evaporarão", Rui Baptista.
Como diz Fartinho da Silva, quando o dinheiro acabar, acabam-se as novas (e algumas das velhas) oportunidades.
Soubesse a gente gerir e organizar o resto...
Mas, com tais mandantes, será que é possível?

E agora para algo con pateta mente diferencial disse...

Mas, como agora estou dotado de qualificações literárias e valências pedagógicas, concluí analiticamente que nunca mais vou encontrar emprego na vida....é extremamente interessante gozar com a vida dos outros.

Acontece que os CNÓ's e os EFA's deram a alguns interesse em evoluir na sua aprendizagem

é uma frase tão vazia como as vossas

mas quando no desemprego ocupar o tempo é saudável
se poderia ser feito de outro modo e com menos custos?
certamente
mas isso também se aplica à restante maralha tutelada pelo ministério da educação
professores boçais, cheios de si
que fazem formações de merde e são avaliados pelos seus pares do quadro sempre excelentissimamente

idem para os velhotes que vão avaliar as universidades e politécnicos

logo, o vosso texto revela as fragilidades de toda uma classe
e da intelectualidade que a ataca e a suporta

joão boaventura disse...

As Novas Oportunidades pretendem imitar a Deus, que escreve direito por linhas tortas, mas acontece que acabam por escrever torto por vias enigmáticas.

É a única área onde o impossível acontece.

Rui Baptista disse...

Para começar, direi que comungo da tristeza do comentário inicial, subscrito por Margarida: “Meu Deus! Eu ri-me! Mas depois sobreveio uma tristeza indizível...”

Depois, para que não persistam quaisquer dúvidas, as críticas que tenho tecido às Novas Oportunidades (NO) não excluem a sua existência como forma de valorização daqueles que, por motivos vários, não tiveram oportunidade de estudarem na juventude: por carências económicas, escolas longe do local de residência, mas não excluindo, por outro lado, o desejo de ganharem dinheiro enquanto outros “queimavam as pestanas” ou, até, há que reconhecê-lo, por cabulice tão-só.

Críticas essas nunca apontadas à continuação das NO, sob a condição “sine qua non” de não persistirem em ser uma forma descarada, para quem as fomenta e/ou as consente, de obtenção de uma reprovável equivalência a um diploma do 12.º ano, confundindo, assim, habilitações literárias e científicas com uma experiência de vida.

Nunca como forma de melhorar uma prática profissional que deve ser alicerçada em umas tantas bases teóricas que melhor a suportem. Ou seja, não estou contra as NO, apenas contra a metodologia seguida que corre o risco de “roubar” a uma sociedade que tanto precisa de artífices, dando-lhes o engano de uma identificação, para todos os efeitos, com os portadores de um diploma de um ensino secundário, até à data, baluarte de uma educação séria, em oposição com a reinação de um ensino básico que se degrada, cada vez mais e sem remissão, pelo facilitismo de que se tornou vítima.

E tudo isto, em favor de uma ex-ministra da Educação, de seu nome Maria de Lurdes Rodrigues, que um dia teve o sonho de atribuir, de supetão, um diploma do 12.º ano a todos os portugueses em satisfação do seu orgulho pessoal, que quis fazer passar por nacional, em alcançar um sucesso educativo, ainda que apenas estatístico, que outros países mais avançados têm tido como utópico-

E aqui duvido se a aprendizagem (salvo honrosas excepções), dos rudimentos matemáticos, aprendidos (?) nas NO, habilita os respectivos detentores a frequentarem com êxito um curso sério de Engenharia, por exemplo. Ou se aprender a ler certos textos é garantia de uma propedêutica que leve de vencida as dificuldades literárias com que se defrontem numa licenciatura em Letras? Receio, até, que, para contornar possíveis e previsíveis escolhos, sejam criadas Universidades de Novas Oportunidades pelo país fora. As excepções de uns tantos formandos capazes servem, apenas, para confirmar uma regra que me suscita muito mais dúvidas do que certezas de respeitabilidade.

A terminar, evoco o direito que me deve ser outorgado de ser julgado pelas minhas opiniões; nunca pelo seu desvirtuamento em benefício de opiniões contrárias ou, até mesmo, de interesses profissionais de terceiros.

Fartinho da Silva disse...

Caro Rui Baptista,

Quando afirmo que o fim das NO vai acontecer por falta de verbas, refiro-me às NO tal como existem hoje. Porque, quer se queira quer não, quando nos referimos às NO, referimo-nos todos às NO. E as NO oferecem sucesso estatístico para inglês ver e tenho a certeza que o contribuinte, os funcionários que verão o seu salário reduzido, os pensionistas que verão as suas reformas congeladas e num futuro próximo reduzidas e os credores assustados com a perspectiva de default do Estado não continuarão muito mais tempo a olhar de forma indiferente para este sistema que custa milhões e que tem como output o aumento da auto-estima dos formandos...

Em seu lugar surgirá um sistema muito mais simples, pragmático e sem as gorduras a que as diversas camadas intermédias de boys e girls obrigam.

Ana disse...

Rui Baptista, na verdade penso que ninguém, como pessoa, deveria ser julgada pelas suas opiniões. :) Salvo determinados casos radicais, ou salvo determinados ajuntamentos de opiniões. Na verdade, o que deve ser analisado e escrutinado (não propriamente julgado) é a opinião em si. E, no mundo da internet, ou mais propriamente na blogosfera, não é um ou dois posts, um ou dois comentários, que espelham uma opinião completa. Espelham, sim, partes específicas dessa opinião. E, quando se trata de um problema tão complexo e amplo quanto o que tem sido tratado aqui, seja o das INO, seja o da situação actual do ensino, só se pode fazer ou um apanhado muito simples da maioria dos pontos a ter em conta, ou desenvolver um desses pontos.

No meu caso, não vou repetir o que o Rui Baptista já disse porque penso que não trará nada de novo à "discussão". Portanto, mesmo que seja mal interpretada (infelizmente a blogoesfera é exímia em criar inimizades e novelas mexicanas - ou porque não, camilescas eheheh - meramente baseadas num ou noutro post ou comentário mal entendidos), tentarei sempre trazer algo que considere diferente, ao invés de me limitar a concordar.

E peço desculpa também por isto, mas quando acompanho dizeres de determinadas pessoas, habituo-me a vê-los como isso mesmo: dizeres de Pessoas. Pessoas. Não meros caracteres digitados aleatoriamente aqui e ali. Logo, não julgo ninguém enquanto pessoa (tirando um ou outro caso, nomeadamente qd me vejo a mim injustamente julgada como pessoa...ou quando acontece um bloggista divertir-se a pulular pelos blogues, ler um ou dois posts e insultar todos os intervenientes... importei o vosso "amigo" com nome árabe e carantonha feia, que se dirigiu ao meu canto pessoal de devaneios para me insultar...). Nem sequer julgo opiniões...espero eu.

Desculpe desviar-me da temática, mas decerto concordará que é saudável fazê-lo, especialmente qd tanto já foi dito posts e comentários atrás.

Cumprimentos cordiais!

Ana disse...

Fartinho da Silva, desculpe meter-me novamente, mas insisto em alertar que estas NO são financiadas com dinheiros comunitários europeus, e não com o dinheiro dos contribuintes, como eu já referi nos comentários ao outro post. Verbas comunitárias essas que foram dadas pela UE especificamente para as NO.

O que não invalida a sua posição.

Rui Baptista disse...

Caro Fartinho da Silva:

Plenamente de acordo.

Também eu defendo, como defendi, uma vez mais, no meu anterior comentário, uma aprendizagem pragmática que dê um necessário suporte teórico a um conhecimento de experiência feito. Com a metodologia seguida actualmente corre-se o risco de se perder um belíssimo artífice “ganhando-se” um péssimo licenciado, através da criação de “Dependentes" Universidades de Novas Oportunidades.

Há exemplos deste género, para satisfação de uma clientela de “boys” e “girls (para não ser acusado de machismo), alguns deles, agora, de madeixas brancas, que eu me escuso de nominar por serem do conhecimento público.

Sem querer ser demasiado catastrofista, qual o papel desempenhado por um actual e sério ensino secundário (com a duração de, na melhor das hipóteses, três longos e penosos anos lectivos) quando esse desiderato pode ser atingido em meia dúzia de meses?

Sinceramente, espero não estar a dar uma ideia aos nossos actuais governantes para diminuir as despesas do Estado que tantas dores de cabeça têm dado a quem não pretende abdicar de “direitos adquiridos”, por si e pelos seus correligionários, em tempo de vacas gordas.

Para terminar uma discussão que é salutar que não termine aqui, por estarmos em presença de defensores de um idealismo em que acreditam (ou dizem acreditar!) e de contraditores, como o João Boaventura, que desconfiam de simples mortais que pretendem escrever direito por linhas tortas.

Como escreveu Jean Jaurès, “atingir o ideal é compreender o real”. E a realidade das Novas Oportunidades (NO) está nas mãos de alquimistas, de início deste século, que pretendem fazer crer ao pagode que podem transformar o diploma das NO num diploma do 12.ºano do ensino secundário.

“That is the question” (para não ser acusado de plágio: Shakespeare)!

Ana disse...

Rui Baptista, é verdade que para se continuar a mover dentro do sistema, na esperança de dar um contributo para a sua melhoria, é necessário acreditar em algo. O que não significa que se ande de olhos bem fechados ou que se ande propriamente iludido (e qual é a realidade que não é uma ilusão?). Mas, como já dizia Einstein "preocupe-se primeiro em conhecer para depois acreditar" (claro que se referia à Ciência e que se tratou de um argumento para os chamados negacionistas científicos, mas porque não estendê-la a outras realidades - ou aproximações à realidade). Não se trata de uma questão de fé no sistema; os sistemas são falíveis, e como tal, importa conhecer-lhes os méritos e as falhas.

Rui Baptista disse...

Vani:

Já mais de uma vez me servi da letra de uma canção de Rui Veloso. Volto a fazê-lo: Quanto a mim, "é mais aquilo que nos une do que aquilo que nos separa". Mas a Vani o dirá!

Assim, as minhas críticas às Novas Oportunidades (NO) estendem-se,outrossim, a um ensino regular, do básico ao secundário. Ensino regular que muito se parece com folguedos infantis e pouco com a preparação dos jovens para a vida adulta.

Cito de memória Mao (embora não seja seu fã, longe disso): "Um caminho demasiado plano não desenvolve os músculos das pernas”. Em analogia, não estaremos a criar uma geração com interconexões neuronais pouco desenvolvidas?

Bom seria que os responsáveis máximos do nosso ensino se detivessem em ler (e, principalmente, em assimilarem) a mensagem de Fernando Savater: “A escola não é democrática, nem deve sê-lo, a escola é a preparação para a democracia” (“Expresso”, “Actual”, 30.Out.2010).

Decerto, Fernando Savater não nos está a querer impingir uma democracia, definida por Platão, como uma “constituição agradável, anárquica e variada, distribuidora de igualdade indiferentemente a iguais e a desiguais”.

De Sócrates só me ocorre a seguinte piada :

“Um ignorante pretensioso chega ao café e diz para os amigos: - Eu sou como o Sócrates, só sei que nada sei!

Resposta pronta dos amigos: -Então, todos nós somos como o Sócrates! Todos sabemos que não sabes nada!”


Seja como for, quero que fique bem vincado que as minhas críticas às NO não pretendem beliscar, de forma alguma, o direito ao trabalho dos seus formadores ,embora lamente profundamente que o recurso penoso a esse trabalho seja pessimamente mal pago e sujeito a condições de grande precariedade, tendo-os (aos formadores) como filhos de um Deus menor que apenas se preocupa com o bem-estar económico dos seus dignitários que se esfarrapam em demonstrar a bondade das NO em benefício de si próprios.

“Last but not least”, muito temo que o vergonhoso facilitismo das NO se venha a reflectir, ainda mais, no chamado ensino regular, do básico ao secundário. Seria uma cereja podre em cima de um bolo de má qualidade cozido no forno de duvidosas conveniências estatísticas e políticas.

joão boaventura disse...

Cronologia da área da educação

Antes das NO o ensino era formal e a entrada na Universidade estava limitada pelo numerus clausus

Depois da NO o ensino formal foi preterido pelo ensino informal -NO- que abriu uma brecha no numerus clausus, pois conseguiu, num curso compactado que em 2008-2009, entrassem 11, e em 2009-2010, 510.

Com esta igualdade conseguiu-se desigualar os do ensino formal que viram os seus esforços ridicularizados, e o reconhecimento implícito de que o ensino formal irá entrar em agonia a breve trecho.

A União Europeia também tem pressa em atingir o seu zweite Aufklärung, não voltar ao primeiro Iluminismo, mas recriá-lo, dar-lhe outro alento enriquecido, porque dele parece não haver memória.

Mas a pressa não parece boa conselheira e a UE desbarata os dinheiros para ultrapassar a crise económica que atingiu a Europa em 2008. Isto para dizer que a economia não pode esperar por 12 anos de estudos, mais quatro ou cinco de universidade. Com o que se aposta no rifão de que "time is money".

Foi assim que entraram milhares de euros no tempo do Ministro Cavaco Silva para enriquecer a prole do partido, desinvestindo, ao contrário da Espanha que os utilizou racionalmente.

E agora, com o país à beira do colapso, vê entrar dinheiro para formar à pressa as inteligências, mas ninguém controla os euros entrados e os rios por onde eles escorrem, como no tempo de Cavaco.

Como ninguém sabe como são formatados os eleitos das Novas Oportunidades, porque se trata de um ensino informal, isto é, como o nome diz, não tem forma, sem forma, de base desconhecida, aleatória, ocasional, enigmática, oportuna, mística, estilo "aqui estou eu" pronto para o que der e vier.

Parafraseando Salazar: "Para o 12.º ano e em força". Mas neste caso será: "Para o 12.º em acelerado". Depois de entrar na Universidade a seu tempo virá o "concluir o mais rápido possível".

Os milagres que a economia introduz no ensino. De certa forma só falta a economia dizer que a origem da crise está mo ensino prolongado. Pouco faltou.
Mas aí, talvez tenham razão: os economistas, porque estudaram demasiadamente, não souberam como impedir a crise. Portanto...

joão boaventura disse...

Passado e presente

Eu tinha posto os olhos no futuro,
n’uma esperança vã ou indiscreta,
crendo tudo das cores que o poeta
reveste os sonhos no ideal mais puro.

Hoje que vejo e penso, mal seguro
das minhas concepções, encaro a meta
d’esta vida de enganos, como o asceta,
e como o asceta a solidão procuro.

Se tudo muda e passa cada dia,
e se a incerteza só é permanente,
tudo quanto se crê é fantasia.

Uma viva saudade tão pungente
Sinto das minhas crenças, todavia,
que amo mais o passado que o presente.

M.M. Portella

Poesia publicada na revista Brasil-Portugal n.º 170, 16.02.1906, como antevisão de que em 2010, também vão pensar o mesmo.

Rui Baptista disse...

Caro João Boaventura;

Com o devido respeito pelos economistas, até porque tenho dois filhos economistas, não resisto, a propósito do último parágrafo do seu comentário anterior, em transcrever uma jocosa definição de economista: "Economista é aquele indivíduo que leva metade do tempo a dizer o que vai acontecer e outra metade do tempo a dizer por que não aconteceu"! Contentemo-nos, pois, com os porquês…

A definições irónicas destas não se conseguem subtrair muitas outras respeitáveis profissões como, por exemplo, os professores e os psicólogos...

E se rir é o melhor remédio, esbocemos, nem que seja por breves momentos, um sorriso (ou simples esgar) enquanto a crise económica não nos fizer chorar por termos sido, como povo, mais cigarras do que formigas embalados em cantos de políticos no poleiro da felicidade que nos diziam estar tudo bem e a correr no melhor dos mundos. Mas, quiçá se referissem, apenas, ao seu mundo…

joão boaventura disse...

Soneto

Com o tempo o prado verde reverdesce,
Com o tempo cai a folha ao bosque umbroso,
Com o tempo pára o rio caudaloso,
Com o tempo o campo pobre enriquece.

Com o tempo um louro morre, outro floresce,
Com o tempo um é sereno, outro invernoso,
Com o tempo foge o mal duro e penoso,
Com o tempo torna o bem já quando esquece.

Com o tempo faz mudança a sorte avara,
Com o tempo se aniquila um grande estado,
Com o tempo torna a ser mais eminente.

Com o tempo tudo anda e tudo pára,
Mas só aquele tempo que é passado
Com o tempo se não faz tempo presente.

Luís de Camões

Como dizia o nosso facundo padre António Vieira,
o tempo tudo cura.

touaki disse...

Só para lembrar ao pessoal:
Lá por o dinheiro das NO vier da União Europeia, não significa que não tenha a sua origem nos contribuintes. Cada país paga a sua quota, daí que, "ad liminem", sejam também os contribuintes portugueses a colaborar no pagamento do desiderato que são as NO.
A ideia das NO, no seu cerne, é boa, mas como sempre, neste país, adultera-se tudo da forma mais conveniente para certos e determinados interesses muitas vezes inconfessáveis.
As NO como estão são uma verdadeira fraude!

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...