Um texto meu, recentemente publicado no Inimigo Público:
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28 comentários:
Caro amigo,
Esqueceu-se da competência de limpar (com a V. licença) o cú...aos mentores da Iniciativa Novas oportunidades.
Uma boa jornalista portuguesa escreveu no "Expresso" da semana passada:
"Para garantir que vai continuar burro o grande cavallia (que em português significa cavalgadura) desferiu o golpe de morte ao ensino público e coroou a acção com a criação das Novas Oportunidades.
Gente assim mal formada vai aceitar tudo e o país será o pátio de recreio dos mafiosos.
A justiça portuguesa não é apenas cega. É surda, muda, coxa e marreca.
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com isso, apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do encobrimento, do compadrio e da corrupção."
É PRECISO AMPLIAR O ESFORÇO, QUE TODOS AQUI FAZEM, EM DENUNCIAR A FARSA (de péssimas consequências) QUE É A INO.
(Peço desculpa pelo grito.)
Anónimo da velhas oportunidades...
Ou seja:
As novas oportunidades podem certificar:
- Competências;
- Incompetências;
- Incompetetências (é o que diz no título do post...).
E também a podridão do nosso sistema de ensino e dos governos que o criaram, alimentaram, conspurcaram e degeneraram...
Agora, a pergunta deve ser outra:
Quando e como vamos tratar da limpeza e "desinfecção"?
Para tudo há certidões
com chancela oficial:
só não há para animal
que ultrapasse os escalões!
JCN
Cheirando embora a esturro
estas oportunidades,
passam certas entidades
certificados de burro!
JCN
Para atingir a craveira
da antiga escolaridade,
só resta a oportunidade
de qualquer terra estrangeira!
JCN
Caro JCN
Ora veja lá se isto lhe soa bem:
Em terra de cegos quem tem olho é rei
em terras lusas
de novas oportunidades profusas
quem se certifica não é trambolho, é grei!
Assina,
Anónimo das velhas-oportunidades-mas-não frustrado...
Ou esta! :-)
Melhor que um diploma tirado sem genica
nas Novas Oportunidades
equilíbrio social de (in)verdades
só mesmo uma pulseira quântica, e que bem fica!
Anónimo das velhas-pulseiras
Ou seja, quando é que vamos ser imparciais e objectivos, repudiarmos o mau e remediarmos o bom?...
Coloco então uma questão: tendo em conta que os mercados actuais de emprego (seria mais de desemprego, mas enfim...) exigem a todos os seus funcionários a certificação, isto é, o 12º ano... que soluções existem para esta grande maioria da população trabalhadora? o ensino recorrente? incluir pessoas de 50 anos em turmas normais de crianças? os cursos tecnico-profissionais (cursos esses que são cursos das INO, actualmente)? a certificação de competências adquiridas por outras vias? o desemprego? o subsidio de desemprego? o rendimento social de inserção?
E o que responder à UE, que exige a qualificação de toda a população como condição de se fazer parte da união europeia? Recusar as suas directivas? Excluirmo-nos da UE (já pouco falta...)?
E o que pensar tendo em conta que do milhão que qualificados via INO que o Governo impôs a todos os seres humanos decentes que trabalham (e levam de todos os lados, dos eduqueses, dos críticos acérrimos, dos formandos, dos papagaios de pseudo-demagogia a quem somente interessa o financiamento, que é feito por cabeça de formando que finaliza os cursos...obviamente que no meio de tudo isto há seres humanos decentes que são a excepção) nas INO, por seu turno imposto pelas directrizes da UE, somente uns 300 mil receberam a certificação?...e que já foi dito publicamente (e não me estou a referir à desgraçada entrevista no Público que tem sido muito criticada, mas sim a uma opinião muito menos tolinha e parvinha que saiu no Expresso passado, e que, engraçadamente, não é referida em lado nenhum por nenhum defensor ou crítico...quiçá por realçar o que poderia sair de bom da INO?)
Já agora, realço mais uma vez que as INO têm várias vertentes: a da certificação de competências (processo RVCC) - que não visa ensinar, mas sim, conferir o que determinada pessoa já possui em termos de conhecimento - a de cursos técnico-profissionais (para onde são encaminhados a maioria dos candidatos, os denominados cursos EFA - educação e formação de adultos) e a de formações modulares. Tudo uma trafulhice?... funciona tudo mal?...deveriam todos desaparecer? lançar no desemprego e retirar oportunidades a todos os candidatos válidos? fazer o justo pagar pelo pecador?...
A questão, como têm levantado, é muito complexa. Não envolve somente os chamados CNO, não é somente um capricho socretiniano (é uma imposição da União Europeia e dos mercados de emprego actuais), é o mais fácil de deturpar nos modelos de facilitismo que regam TODO o ensino actual, TODO. As criticas feitas às INO são extensíveis a TODO o ensino actual, incluindo o Universitário (onde têm um nome mais pomposo, processo de bolonha...).
E no meio de todo este ensino e facilitismo, apanhados bem no centro da polémica, obrigados a lutar dia após dia pela melhoria dos sistema, obrigados a manipular o sistema na esperança de o melhorar, obrigados a aturar as condições que já foram tão debatidas aqui, seja para formadores, seja para professores, estão os profissionais dos sistemas. Que não só denunciam o que conseguem e podem (e quase sempre obrigados ao anonimato sob pena de perderem trabalho...os formadores não estão colocados, como os professores, vivem curso a curso, módulo a módulo e dependem da sua imagem para conseguir colocar comida na mesa), como estão ali, todos os dias, no campo, na realidade, lutando.
Caro apologista das "velhas oportunidades":
Afinando melhor o violino, temo que pronto me ultrapasse no jeito de versejar! JCN
Bom, quem precisa de qualificações, que tal fazer como eu fiz? Estudar à noite, ensino exigente rigoroso, como era de dia, aliás.
Fins de semana a estudar, ler obras de literatura, investigar, etc. Dá trabalho e exige esforço, persistência e resiliência, esse ensino acabou porque não tinha procura, as turmas começavam com 20 alunos e a meio do ano havia 3 ou 4 alunos.Fiz PGA para entrar no Superior, 4 anos de licenciatura, mais 2 de especialização, com trabalho e família.Os portugueses, na generalidade, não gostam de estudar e os exemplos que vêm de cima são péssimos. A mobilidade social por via da educação acabou e a escola pública está a transformar-se em centros de ocupação social e de certificação de analfabetos funcionais, com a chancela da UE. As elites têm os seus filhos abrigados em Colégios, onde se ensina à moda tradicional. Quando os portugueses acordarem, ter-se-ão perdido uma ou mais gerações...Abram os olhos porque é o futuro dos vossos filhos que está em causa!
Nas INO há muita gente como Vani. E todas essa pessoas (nos) merecem o maior respeito. Não é por elas que as INO, como todo o resto do ensino, são o que são. Mas é por elas que não são piores ainda.
E isto tem que ser dito. Claramente.
Ilustre JCN
Grato pelo elogio, saiba vossa mercê que sou, apenas, de si, um mero aprendiz!
Continue a encantar-nos.
Sensato José B. de Ascenção
Tem razão no que afirma, mas, pudesse o Governo dar trabalho sério (na educação) à Dani e ela estaria hoje a fazer ainda melhor do que o que faz.
anónimo das velhas-oportunidades
Grata pelas palavras, embora novamente chame a atenção para o facto de eu não trabalhar na vertente RVCC (a que normalmente associada às NO e que é a mais fácil de subverter, por se tratar de validação de competências já adquiridas). Por ora mantenho-me nos chamados cursos de formação profissional (em cursos de adultos, EFA - que fazem parte das INO; cursos de aprendizagem; EF de jovens, etc etc...e lido maioritariamente com as camadas da população que o ensino regular não ajudou, ou que não quiseram ou puderam por ele ser ajudadas - esta pessoas, a maioria das vezes, não têm outra alternativa senão recorrer às INO, por falta de outras soluções viáveis, e parece-me que a vertente humana e social da análise às INO é continuamente esquecida). Cursos que incluem, por exemplo, anatomia, bioquímica, biologia, física e química, quimica cosmética, dermocosmética, primeiros socorros, etc, etc, etc...a vertente técnica dos cursos. Nestes cursos existem ainda as componentes de formação de base, que incluem linguas, matemática e cultura geral (garantida por diversos módulos de curta duração). Ou seja, estas pessoas, se querem o 12º ano e uma carteira profissional (e note-se que são pessoas sem hábitos de estudo, muitas vezes ignorantes e negacionistas, sem espírito crítico, e muitos com uma vontade de evoluir inspiradora), submetem-se a cursos que podem durar 2 anos (e não um, como é apregoado e publicitado), carregados de módulos (mais do que o número de disciplinas que são leccionadas, por ano, no ensino secundário regular). Chumba-se por faltas, a bolsa é bloqueada ou retirada consoante os resultados e assiduidade, um determinado número de negativas implica a saída do curso, há exames finais nas disciplinas técnicas (teóricos e práticos) - onde muita gente se fica pelo caminho- a desistência não justificada é acompanhada da obrigação de devolver a bolsa recebida...enfim, esta é a filosofia. A prática, é como já muitos de nós desabafaram... mas, se não conseguimos ter acesso a outras carreiras (notem, sou bioquímica, como o colega António Piedade, fui investigadora, e a minha vocação é maioritariamente a de comunicadora de ciência - vertente que levo para a minha sala de aula, onde ainda dou uns passos de "cientista em pé", ehehehe) e se somos animados de idealismo suficiente (embora pesem os altos e baixos, que são muitos... neste momento pesa o facto de não ter alternativas e de ter de aceitar o que me é oferecido - esperando sempre dar o meu melhor, mas encontrando sempre diversos obstáculos, muitos deles já tão criticados aqui), pois então, que espalhemos a nossa marca na medida em que conseguirmos... já trabalhei com excelentes equipas vencerem o sistema e criarem profissionais realmente qualificados, já vi excelentes profissionais serem injuriados e corridos por não compactuarem nem com o facilitismo nem com a lambe-botice, já vi papagaios vaidosões cuja única competência é a oratória e retórica vaidosona, já fui chamada à atenção por ser demasiado exigente, espero há meses para ser paga (por razões diversas), elabora manuais das disciplinas/módulos, já expulsei turmas inteiras da sala e recusei-me a voltar a dar-lhes sessões (e depois de compreender como funcionava a coisa, despedi-me sem mais delonga)... enfim. Já vi muita coisa e tenho acesso a muita informação vinda de todos os lados...de modo que, desculpem, mas a minha posição (fomentada por esta mania de ver os temas sob todos os prismas, até os mais improváveis e polémicos, mania essa que me foi inculcada pelo treino científico...) será sempre a de juntar o positivo com o negativo.
Não é uma questão de negar ou criticar negativamente os casos fraudulentos - que devem sempre ser desmascarados, como até um responsável pelas INO, referido no Expresso (e não me refiro ao tolinho que entrevistaram na Publico...); é uma questão de tentar levantar o véu do outro lado e de levantar questões como as das exigências da União Europeia em relação à qualificação dos trabalhadores e da população. Que não foram cumpridas... as ordens mandavam qualificar um milhão...!!!... saíram uns 300 mil. A UE não está nada satisfeita...e agora?...e o que fazer com a população não qualificada que nunca conseguirá um emprego devido à exigência já quase universal (mais ordens da UE...) de possuir o 12º ano?...
Ao contrário do que é apregoado, as INO não são uma invenção da sócretinice. São-no da UE e estão implementadas noutros países membros. UE essa de que estamos em risco de ser expulsos, acrescento...
Pretendo somente apontar a complexidade do assunto INO, que não passa somente pelas fraudes que todos conhecem.
E, soluções precisam-se...
Ps - já agora, é Vani (alcunha blogosesférica), não Dani. Ou Ana, se preferirem. :)
Cara Vani,
Depois de ter lido todos os seus comentários, tenho, com pesar, que considerar que faz uma enorme mistura dificultando o entendimento de quem a tenta compreender. Mistura factos com consequências, ideologia com boa vontade, frustrações com objectividade, fracassos com sucessos, sistema com casos particulares, etc..
Não interessa se se diz que é a UE que obriga a isto ou à aquilo, pouco interessa se os profissionais são obrigados a isto ou àquilo, pouco interessa se o Público entrevista um "tolinnho" ou não; o que nos interessa a nós contribuintes é saber para onde vai o nosso dinheiro. E, não me parece que o contribuinte português ande muito satisfeito com o destino dado aos seus parcos recursos.
Já agora a Vani sabe que o país paga anualmente de juros o equivalente a todo o orçamento da educação? Sabia que o país para pagar esses juros (juros da dívida pública) tem que pedir dinheiro emprestado, todos os anos?
Durante quanto mais tempo acha que vão existir as INO? E não vale a pena afirmar que a UE obriga, porque sem dinheiro...
Caro Fartinho da Siva,
O seu primeiro parágrafo é excelente, mas, dado o voluntarismo da Vani, eu não teria coragem...
Uma pessoa até era capaz de se apaixonar por ela, principalmente, depois de ver o filme "Paris", no canal 2. (coisa que acabei de fazer).
Mas você está mais na onda de Wall Street...
Precisava de um amigo assim para falar com a minha gestora de conta depois de uma cartinha marota que recebi da CGD a dizerem-me que me iam subir o spreed porque não tinha isto e mais aquilo e tinha cancelado aqueloutro, eu sei lá! Tudo tretas.
Este país não é para gente séria, Vani. É melhor descansar e acertar as ideias.
anónimo das velhas-oportunidades-que -hoje-está-mais-seco.
Fartinho da Silva, não tenho nem tempo nem espaço para poder elaborar uma dissertação ou tese cuidada acerca de todos os pontos que deveriam ser focados quando se fala nas INO. Por isso, perdoe-me, mas acabo por escrever "à pressa" e um bocado ao sabor do pensamento. O Fartinho prefere ser sintético e reducionista, e ir àquilo que para si é o cerne da questão. Eu prefiro tocar todos os pontos que envolvem a questão. Não creio que o entendimento seja dificultado... mas compreendo que possa depender da perspectiva de cada um. Infelizmente, a verdade é que a objectividade pura não existe e estamos sempre dependentes dos nosso próprios sentimentos e ideais.
Talvez a confusão que o fartinho acha existir, exista mesmo, e provenha do facto de eu mesma estar por demais confusa com tudo isto e sem saber que contas fazer à vida. Ou como interpretar alguns comentários mais agressivos...
No entanto, não concordo consigo. Interessa o que a UE obriga, sim. Porque não se trata de somente dizer que a UE obriga. Trata-se de a UE obrigar a isso, mesmo. Tal como obrigou recentemente o PS ao entendimento com o PSD... vivemos na União Europeia e sob as directivas da União Europeia (misturadas com muita socretinice - como vê, a questão é que tudo isto é uma grande misturada...). Ao Fartinho interessa o que é feito com o nosso dinheiro, como a qq um de nós. E note que não estou a colocar em causa as críticas que são feitas às INO; estou somente a tentar mostrar que a trafulhice não era o que estava originalmente pensado...e que existe um problema real que abrange grande parte da população actualmente activa: a falta de qualificação e a exigência de qualificação por parte dos mercados e da UE. Quais as soluções para essas pessoas se toda e qq vertente das INO for desmantelada? Os cursos de formação técnico-profissionais? Que, por acaso, fazem parte das INO (somente mudaram de nome e passaram a estar incluídos no leque de opções...)? Isso não interessa?...
Quanto ao contribuinte português, olhe, procure num CNO ou num curso de formação técnico-profissional (que tb faz parte das INO, na vertente de cursos EFA, que, por acaso, o Fartinho sabia que podem durar dois anos, no máximo?...e que podem incluir as disciplinas que já listei anteriormente?...): irá encontrar muitos por lá. Qual a solução para estas pessoas? Que por razões várias não puderam concluir os seus estudos? Irão agora, aos 50 anos, ingressar numa turma de crianças de 15? No ensino recorrente, que tem os resultados que já se conhecem?... qual é a solução, então? Não interessa? Note, não estou a dizer que as INO são a solução perfeita... não são, e infelizmente são o que já conhecemos e criticamos. Mas não foram concebidas para a trafulhice actual.
E, infelizmente, constato que não compreendeu mesmo o que eu pretendia transmitir. Caso contrário não me perguntaria se eu sei isto ou aquilo e antecipar possíveis argumentos meus...mas já agora respondo à sua questão: nem eu nem ninguém podemos prever qto tempo vão durar as INO. Correm diversos boatos no meio, que vão mudando. Posso-lhe dizer que, no Algarve, os cursos EFA foram todos cancelados (mas os processos de RVCC não...nem a renovação da frota de popós...), lançando milhares de pessoas no desemprego... no entanto, há instituições (que, infelizmente, são comandadas pela lei do financiamento - quanto mais cabeças são validadas, maior é o financiamento... é essa a realidade e a origem de toda a trafulhice, a par das exigências peremptórias feitas pela UE...) que mantêm esses cursos e até abrem novos...
Não vale a pena afirmar que a UE obriga? Bem, não vale mesmo, porque não se trata de um argumento, trata-se de uma realidade imposta. Infelizmente, a UE não se interessa pelo dinheiro dos contribuintes. E, de acrescentar que a ampla maioria destes cursos e processos é financiado por dinheiros comunitários, e não dos contribuintes... mas que esses dinheiros vão terminar, pois, irão. O que acontecerá depois, infelizmente, não será a melhoria do sistema...
Já agora, peço desculpa se me perdi ou divaguei, mas a esta hora e sempre de tempo contado, e numa caixa de comentários a que terei sempre de aceder mais a correr, não tenho capacidade para elaborar dissertações.
Só por curiosidade, Fartinho... "com pesar"? Porquê "com pesar"?...
Cara Vani,
Em primeiro lugar, deixe-me dizer que agora já a entendi apesar de não concordar com vários pontos, a saber:
1º, o facto da UE obrigar é como a CMVM obrigar as empresas a apresentarem lucro. Pode obrigar à vontade, o problema é que as empresas nascem, vivem e morrem. Ou seja, o problema é a realidade. Este tipo de regras é um pouco como o nosso "ensino", criamos regras muito lindas e apaixonantes, mas depois deparamo-nos com a realidade e lá se vão as regras muito lindas.
2º, o que fazer se não existissem as INO? Cursos para adultos existem desde que eu me lembro de existir. Portanto não sei qual o problema em acabar com este sistema a não ser o facto de se acabar com alguns lugares do aparatchik, deixarmos de ter mais um instrumento para esconder a nossa verdadeira taxa de desemprego e deixarmos de ter mais um instrumento para roubar os contribuintes europeus.
Em segundo lugar, disse com pesar, porque a Cara Vani apesar das suas inúmeras tentativas para explicar o seu ponto de vista em relação a esta matéria nunca foi suficientemente clara para que eu a entendesse. E eu queria mesmo entende-la, porque o ponto de vista de alguém que trabalha dentro do sistema é algo muito valioso. Posso acrescentar, aliás, que o principal problema do nosso falhanço enquanto país é precisamente o facto de fazermos reformas e mais reformas e mais reformas sem ouvirmos quem está no terreno... como não os ouvimos, montamos sistemas gigantescos, com regras muito giras e que no final se revelam autênticos sorvedouros de dinheiro do contribuinte e que passam completamente ao lado do objectivo com que foram criados.
A UE obriga a termos INO???? Mostre-me lá essas directivas se faz favor. A mim cheira-me a conversa de socialista que destruiu o ensino público pela raiz em apenas 15 anos.
Fartinho, disse: "Cursos para adultos existem desde que eu me lembro de existir". Mas, as INO incluem cursos esses mesmos cursos para adultos. Esses cursos que o Fartinho diz lembrar-se de sempre terem existido, foram transportados para as INO. Quando geralmente se fala nas NO, associa-se de imediato ao processo de RVCC: reconhecimento, validação e certificação de competências. O tal em que se faz um trabalho autobiográfico, e diversos outros, orientados em função de diversos temas/módulos, no qual o candidato ideal deverá demonstrar ter adquirido determinado conhecimento durante a escola da vida (ou outra). Esses trabalhos podem bem surgir sob a forma de testes. E este é o processo mais fácil de "trafulhar".
Dentro de todo o processo das INO existem ainda os cursos EFA, que chegam a demorar 2 anos e incluem módulos técnico-profissionais (por exemplo, num curso de esteticismo, cosmetologia ou massagista, seriam física-quimica, anatomia humana, cosmetologia, bioquimica, biologia, dermocosmetica, práticas simuladas diversas - os centros possuem gabinetes de estética onde as candidatas aprendem com profissionais treinadas) a chamada formação de base (portugues, linguas estrangeiras, matemática, cidadania e cultura geral diversa - os chamados módulos CP, CLC e STC - cidadania e profissionalidade, Cultura Língua e Comunicação e Sociedade, tecnologia e ciencia), que depois se dividem cada um em -no mínimo- outros 7.
Como eu disse antes, teria de elaborar uma dissertação para apresentar completamente essa visão. E para quê fazê-lo se ela já existe disponivel online?... Como eu penso que já referi anteriormente, estão disponiveis online os referenciais de formação EFA (inclusive de cada curso) completos e os do processo RVCC. Repletos de linguagem burocrática, é certo, mas se eu a consegui descodificar (que remédio...), decerto que o Fartinho tb. Advirto que a minha perspectiva é prática, não burocrática; sou educadora e comunicadora de Ciência e Tecnologia, basicamente, pelo que a minha perspectiva será sempre essa. Igual à de tantos outros professores da área.
Penso ter sido bastante clara, dentro das limitações existentes numa mera caixa de comentários e de meros comentários apressados espalhados por diversos posts neste Blogue.
A única coisa que posso ir fazendo é ir respondendo, dentro da minha perspectiva e limitações, às questões que possam colocar. Há-de reparar que a vida quotidiana de um formador, bem como a de um professor, o absorve e não é de todo muito fácil acompanhar todas as discussões que se acendem na internet (mesmo num só blogue) e responder-lhes de forma a agradar a todos. Por outro lado, há-de também reparar que as vozes mais discordantes não têm sido bem recebidas. A primeira vez que me atrevi a discordar em alguns pontos, fui recebida com um comentário muito mal educado e jocoso. Se as perspectivas de quem está mais por dentro só são bem recebidas quando se limitam a denunciar a trafulhice que existe neste e naquele centro, e as restantes são mal entendidas, mal interpretadas e até apedrejadas (peço desculpa, mas já vi isso acontecer aqui), como quer que falem? Como quer, assim, que não se limitem a encolher os ombros e pensar que "não vale a pena porque não me quererão ouvir"?
Já para não falar que nos encontramos num blogue. Na internet. Com as limitações próprias de uma rede social.
Anónimo das 15:09 - consulte o quadro europeu de qualificações. Já reparou que se apelida de "europeu" e não "conversa de socialista"? Já reparou que somos um paiseco periférico sem poderio nenhum, nas mãos da UE (ou, mais concretamente, da Alemanha...)?
Leia com mais atenção o que foi dito. Não foi dito que a UE nos obrigava a ter INO... foi dito que a UE nos obriga a estar qualificados com o 12º. Agora, a forma como se decidiu fazer isso acabou por ser uma cópia do que já existe noutros estados-membros.
Mas concordo consigo no que respeita aos 15 anos de "conversa socialista", seja lá o que isso for. Concordo consigo quando afirma que o ensino está decadente e hoje mais do que nunca.
"Uma pessoa até era capaz de se apaixonar por ela, principalmente, depois de ver o filme "Paris", no canal 2. (coisa que acabei de fazer)."
LOOOOOOOOOOOOOOOOL! é um querido, realmente... é pena a jocosidade pelo meio...
Voltando ao Fartinho:
"1º, o facto da UE obrigar é como a CMVM obrigar as empresas a apresentarem lucro. Pode obrigar à vontade, o problema é que as empresas nascem, vivem e morrem. Ou seja, o problema é a realidade. Este tipo de regras é um pouco como o nosso "ensino", criamos regras muito lindas e apaixonantes, mas depois deparamo-nos com a realidade e lá se vão as regras muito lindas."
O problema é a realidade, concordo. E essa realidade inclui que fazemos parte de uma União Europeia e que se as suas directrizes não forem cumpridas, seremos expulsos (e avisados já fomos...). Essa realidade tb inclui anos de incompetência, corrupção e desonestidade por parte daqueles que nos (des)governam. Bem como o facto de sermos realmente governados por esse bicho esquisito (para usar palavras de Ricardo Araújo Pereira) que são os mercados europeus e internacionais. E inclui a lei do financiamento: quantas mais cabeças (lei-se formandos) os centros tiverem, mais dinheiro receberão igualmente; por outro lado, quanto melhores forem os resultados, mais financiamento se receberá. Só por aqui se percebe como o pânico se instala e, em alguns centros, as ordens acabem por ser as de passar a qq custo. Em alguns centros. Não em todos.
Note que, como já referi duas vezes, os relatórios apontam para pouco mais de 300 mil qualificados via INO. A "conversa de socialista que destruiu o ensino público" previa (que, como sabemos, é o equivalente a exigir) um milhão. Portanto, alguma resistência à trafulhice tiveram de encontrar.
Quanto ao seu segundo ponto, já divaguei mais acima. Repare que dizer que se termina com as INO é o mesmo que dizer que se termina com a educação e ensino profissional para adultos.
Esqueci-me de referir um importante ponto da ideologia das NO, a itinerância. Que implica a deslocação do profissional às zonas onde a população não tem forma de aceder ao ensino regular; existem diversos centros espalhados por diversas zonas e associações mais remotas. Com tudo o que de bom e de mau isso implica.
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