Brian Greene, professor de física e matemática da Universidade de Columbia, é um destacado físico teórico e divulgador de ciência, autor de dois best-sellers, «The Elegant Universe» (finalista do Pulitzer e vencedor do Aventis Prize), e «The Fabric of the Cosmos: Space, Time and the Texture of Reality», que permaneceu seis meses na lista de best-sellers do New York Times.
O primeiro livro serviu de base a uma mini-série de três horas (galardoada com um Emmy) da PBS NOVA, «The Elegant Universe», (disponível na totalidade online). A série, narrada por Greene da forma simples e com o entusiasmo contagiante que este pequeno excerto ilustra, duplicou os níveis de audiência da NOVA, que conta com outras séries muito boas como a «Origins» de outro comunicador fabuloso, Neil deGrasse Tyson. O programa, que introduz o público em geral à teoria de cordas de uma forma magistralmente simples, recebeu o prémio Peabody 2004 por excelência em transmissão.
Hoje, o New York Times publica um artigo simplesmente imperdível de Greene sobre o ensino de ciência. O artigo, intitulado «Put a Little Science in Your Life», versa sobre «o papel poderoso que a ciência pode ter a dar contexto e significado à vida», usando como exemplo uma carta de um soldado norte-americano destacado no Iraque. Este soldado escreveu a Greene explicando que um dos seus livros foi a bóia de salvação que lhe deu alento num ambiente hostil e solitário.
Para Greene, «ao mesmo tempo, a carta do soldado enfatizou algo em que eu tenho vindo a acreditar: o nosso sistema educacional falha no ensino de ciência de forma que permita aos estudantes integrá-la nas suas vidas».
O físico considera ainda que a principal razão porque a ciência é importante não é na maioria das vezes compreendida: «A razão porque a ciência é realmente importante é mais profunda. Ciência é uma forma de vida. Ciência é uma perspectiva. Ciência é o processo que nos leva da confusão à compreensão numa forma que é precisa, prevísivel e confiável - uma transformação, para aqueles felizardos que a experienciam, que é poderosa e emocional. Ser capaz de pensar e agarrar explicações - para tudo, de porquê é o céu azul a como se formou a vida na Terra -, não porque foram declarados dogmas mas porque revelam padrões confirmados pela experiência e observação, é uma das mais preciosas das experiências humanas».
Gostei especialmente da forma como Greene termina o artigo, que traduz de forma fabulosa o que penso e que tenho tentado em vários posts transmitir:
«Nós roubamos a vida à ciência quando nos focamos somente nos resultados e procuramos treinar os alunos para resolver problemas e recitar factos sem ênfase em transportá-los para lá das estrelas.
A ciência é a maior de todas as histórias de aventuras, uma história que se desenrola há milhares de anos à medida que nós procurámos percebermo-nos e ao mundo que nos rodeia. É necessário ensinar ciência aos mais novos e comunicar aos menos novos de uma forma que capture este drama. Nós precisamos embarcar numa mudança cultural que coloque a ciência no seu lugar devido, ao lado da música, arte e literatura como uma parte indispensável do que faz valer a pena viver.
É o direito de toda a criança, é uma necessidade para cada adulto, olhar para o mundo como o soldado no Iraque o fez e ver que as maravilhas do cosmos transcendem tudo o que nos divide».
segunda-feira, 2 de junho de 2008
O Universo Elegante
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
AINDA AS TERRAS RARAS
Por. A. Galopim de Carvalho Em finais do século XVIII, quer para os químicos como para os mineralogistas, os óxidos da maioria dos metais ...

-
Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
-
Não Entres Docilmente Nessa Noite Escura de Dylan Thomas (tradução de Fernando Guimarães) Não entres docilmente nessa noite seren...
-
Depoimento de Verão que dei ao Correio da Manhã: No Verão do ano passado, viajei, com amigos, num veleiro pelos mares do Sul da Turquia. ...
16 comentários:
Não podemos confundir ciência com filosofia naturalista da ciência.
Esse é o erro de análise sistematicamente repetido pela Palmira Silva. Vejamos se ela admite que ele seja criticado.
Essa filosofia naturalista é em si mesmo dogmática.
Ela postula a explosão de uma singularidade inicial, sem qualquer explicação sobre a sua origem e as causas da explosão.
Além disso, ela afirma a origem acidental da vida, em flagrante violação da lei da biogénese, por sinal a única lei natural que se aplica aos factos biológicos.
Acresce que ela porque afirma que os seres menos complexos se transformam em seres mais complexos, violando a lei da entropia e a teoria da informação que nos fala de como a informação vai dando lugar ao ruído.
A melhor maneira de conhecer o Universo é começar com a Palavra do seu Criador.
Ela afirma a racionalidade do Universo, porque criado de forma racional por um Ser racional.
Ela impede que se cometam erros graves de análise.
Se o Universo é elegante, isso é inteiramente compatível com a revelação divina que afirma que Deus é Razão e inteligência.
Diferentemente, as explosões é que não costumam conduzir a resultados elegantes.
Deus criou a natureza e as leis naturais.
A ciência formula as leis naturais.
Brian Greene, divulgador de ciência!? Qual ciência? Recomendo a leitura de: The Trouble With Physics: The Rise of String Theory, The Fall of a Science, and What Comes Next by Lee Smolin e Not Even Wrong: The Failure of String Theory and the Search for Unity in Physical Law by Peter Woit.
Esses sim merecem divulgação, porque já é bastante difícil para as pessoas distinguirem entre pseudociência e ciência quanto mais entre especulação científica e factos científicos.
ò perpectiva, ha quanto tempo! Vejo qu continua o mesmo com os seus delirios religiosos, sabe qual é a sua diferença em relação aos fundamentalistas islamicos? é ainda n ter começado a meter bombas por ai, quando o fizer avise ok?
O senhor vive num mundo muito peculiar, da iusão, da fantasia, qual alice no pais das maravilhas, o que está a dar é a religião, sobretudo a fundamentalista, viva ao criacionismo, viva a deus, morte à ciencia e aos cientistas, deitemos fora todas esssas invenções do demo, fora com os pcs, com os medicamentos, com tudo o que seja eletronico e moderno, viva à idade da pedra, naqueles tempos em que se tinham medo dos trovoes e se tinha que caçar para sobreviver e a esperança media de viva era baixissima, isso sim era vida, ou então à idade média, belos tempos n era jonatas, em que poderia simplesmente mandar para a fogueira todos esses detractores da igreja, esses cientistas malvados, aliados do demonio, do pecado e da devassidão, que trazem estas novidades terriveis, que dão liberdade às mulheres desregulam a vida tradicional, malvados sejam não é jonatas.
Voce ao longo do tempo que eu tenho acompanhado este blog, e já lá vão mts meses, tem mostrado ser a pessoa mais anti ciencia deste blog e a mais detestada, digo-lhe que voce faz parte daquelas pessoas que nem devia existir neste tempo historico que se caracteriza por modernidade e não atraso de vida, que é aquilo que voce é mais as suas ideias deturpadas do mundo, qual trauma que voce de certeza deve ter, tenho é pena dos seus alunos de direito de coimbra, pessoas como voce nem professores deviam ser.
De uma vez por todas retrate-se, deixe de escrever no blog palermices como a que tem escrito, já todos estamos fartos de si e das suas ideias medievais, reconheça que está errado, que não percebe nada de ciencia e aprenda pelo menos alguma coisa util.
De uma vez por todas, abra os olhos para o mundo em que vive, para a realidade e deixe-se de fantasias, de deuses e demonios, de seres fantásticos e outras inexistencias, se precisar de ajuda não deixe de recorrer ai aos UC, especialmente ao serviço de esquizofrenia..
Julgo ser o grande combate deste século, convencer de uma vez por todas a humanidade a aceitar e fazer comprender a ciencia, fazer com que deixe as ilusoes e as fantasias da religião e da pseudo-ciencia, desde que começei a seguir este blog ha uns bons meses, começei a pesquisar e investigar as pseudo ciencias, como são e como actuam, a ideia que tenho é que nunca antes como na actualidade as pseudo ciencias tiveram tanta força e sobretudo movimentaram muitos milhoes.
Enquanto as pessoas não perceberem o verdadeiro valor da ciencia nada feito, compreende-se que pessoas com pouca ou nenhuma escolaridade tenham dificuldade ou desinteresse, mas o que n se pode admimitir é que jovens adolescentes ou adultos com formação secundária completa e mesmo superior tenham atitudes de desinteresse para com a ciencia, tolero os mais velhos, os analfabetos, n posso tolerar os novos formados e as suas atitudes fundamentalistas, é preocupante, e muito menos, a cambada de doutorados que há por esse país fora com atitudes anti-cientificas.
creio ser tempo de incluir a ciencia em todos os curriculos sejam eles de que area for, só favorável à extinção dos ditos agrupamentos de secundário que impossibilitam alunos dos agrupamentos não cientificos a poderem optar por disciplinas do cientifico como biologia e outras.
Ha que começar a fazer a verdadeira inclusão cientifica dos cidadãos.
É curioso observar como este discurso se assemelha ao discurso religioso.
Parece que a Prof. Palmira e o autor do artigo se limitaram a substituir a palavra religião ou fé pela palavra ciência.
A ciência e os cientistas, se bem que insconscientemente e na falta de melhor, utilizam conceitos religiosos como «forma de vida», «transformação que é poderosa e emocional» etc.
Quase que apetece citar Wittgenstein quando diz «Não sou religioso mas consigo deixar de pensar em termos religiosos.»
Caro asilvestre:
Acho que está totalmente baralhado :)
O texto não tem nada a ver com religião, bem pelo contrário, louva a beleza de se deixar de acreditar sem razões, por dogmas, e passar-se a olhar para algo e perceber.
O que está a dizer é que a religião foi a primeira construção humana a tentar explicar os porquês das coisas e apesar de hoje em dia não explicar nada parece que alguns crentes acham que têm o monopólio dessas tentativas :)
Enfim, a humanidade já evolui um poucochinho desde o neolítico mas por uma razão que nunca percebi essa construção humana parece imune a evolução :)
Agora dizer que «forma de vida» ou «transformação que é poderosa e emocional» é religião é de facto o máximo :)
Nunca me hei-de deixar de espantar com o uso que alguns crentes dão às sinapses :)
Estimado Armando Quintas
Mostrar a total falta de fundamento empírico da teoria da evolução é exactamente o oposto do que fazem os extremistas da Al Qaeda e o que fazia a Inquisição.
Os primeiros respondem com bombas. Os segundos, respondiam com Autos de Fé.
Diferentemente, os criacionistas apresentam argumentos e mostram que sem apelar à racionalidade do Criador e do Universo por Ele criado a própria ideia de conhecimento científico não tem sentido.
Pelos vistos, o Armando Quintas acha os argumentos dos criacionistas tão temíveis (ou mais) do que as bombas dos extremistas islâmicos.
No entanto, tem uma boa arma. Responda-lhes.
Os criacionistas apoiam-se na observação. A criação do Universo foi observada e relatada, nos seus aspectos essenciais, pelo Criador.
Além disso, existem muito mais evidências históricas de que Jesus ressuscitou dos mortos do que de que a vida surgiu por acaso.
Ora, se Jesus ressuscitou dos mortos com um corpo incorruptível, como muitos puderem ver e documentar há dois mil anos atrás, então segue-se logicamente que Deus não necessita de biliões de anos para criar vida nem de milhões de anos para fazer evoluir um corpo humano por processos aleatórios.
O que Deus nos disse e deu a observar é mais do que suficiente para concluir que a ideologia naturalista e evolucionista está errada.
De resto, não é por acaso que os próprios evolucionistas reconhecem que o registo fóssil não nos dá provas de evolução gradual.
Os criacionistas não põem em causa a ciência, nem os avanços tecnológicos, todos eles resultantes de design inteligente.
Eles apenas chamam a atenção para o facto de que em todos os casos conhecidos de origem de informação codificada, a mesma nunca sem uma inteligência.
Daí que, contendo o DNA informação codificada em quantidade e qualidade humanamente inabarcável, é inteiramente racional e razoável concluir que a mesma não surgiu por acaso.
Isso não põe em causa a investigação em torno do DNA.
Pelo contrário.
Antes chama a atenção para a sua inerente racionalidade e funcionalidade. Assim, podemos saber que é um erro falar em "junk" DNA, como de resto muitos cientistas já perceberam.
Os criacionistas não põem em causa a ciência, mas apenas a confusão que muitos, como o Armando Quintas, insistem em fazer entre a ideologia naturalista e a ciência.
Trata-se de coisas bem diferentes.
Em última análise, é a crença na racionalidade do Universo (apregoada pelos criacionistas) que dá sentido à ciência e que a torna possível.
The Elegant Universe - Part I Einstiens Universe
http://video.google.com/videoplay?docid=-1322493346942339345&q=elegant+universe&ei=wzNESKzmO5DejALUiMHjCQ
PBS-Nova-The.Elegant.Universe-Part.II-Strings.the.Thing
http://video.google.com/videoplay?docid=-1220029554914167356&q=elegant+universe&ei=wzNESKzmO5DejALUiMHjCQ
The Elegant Universe - Part III - Welcome To The 11th Dimension
http://video.google.com/videoplay?docid=1736748358304155609&q=elegant+universe&ei=wzNESKzmO5DejALUiMHjCQ
Se a criatura "perspectiva" tiver alguma dúvida, posso lhe enviar o livro Evolution for Dummies embora a chamar-lhe a si de tótó seja um insulto para os tótós.
Visite o site do PZ Meyers, além destes exemplos que aqui deixo ele também deixou lá exemplos de fósseis de transição encontrados.
15 Answers to Creationist Nonsense
http://www.sciam.com/article.cfm?id=15-answers-to-creationist
Scientists Know Better Than You--Even When They're Wrong
http://www.sciam.com/article.cfm?id=scientists-know-better-than-you
I Am Evolution
http://www.npr.org/templates/story/story.php?storyId=90311455
Evolutionary approaches to environmental, biomedical and socio-economic issues
http://www.blackwellpublishing.com/eva_enhanced/
"Os criacionistas apoiam-se na observação. A criação do Universo foi observada e relatada, nos seus aspectos essenciais, pelo Criador."
Os criacionistas apoiam-se na observação...da Bíblia. Dito desta forma até parece que foi o Criador que a escreveu.
Cara Rita:
Limitei-me a sublinhar que o post da Prof Palmira tinha mais a ver com sermões e quejandos do que com ciência.
A linguagem utilizada no artigo tinha pouco da tão propalada objectividade, racionalidade neutralidade, e fala antes de tranformação poderosa e emocional, seja lá o que isto for.
Acho bom separar as águas e não exigir da ciência transformações espirituais, emocionais ou tretas semelhantes.
Como já referi limitei-me constatar
a contradição que existe quando, por um lado se rejeita a religião, mas depois recorre-se a uma terminologia muito pouco científica,
senão mesmo religiosa,
para descrever a própria ciência.
Sugestões:
"Nove falsidades fundacionais do criacionismo"
http://www.youtube.com/profile_videos?user=AronRa
"Principais mitos acerca da Teoria da Evolução"
http://www.youtube.com/watch?v=SJQFp0IfZ1Q
Vale a pena ver os restantes vídeos do mesmo utilizador.
"Top 25 das falácias criacionistas"
http://www.youtube.com/watch?v=EXMKPvWqgYk
Ver também os outros vídeos do utilizador.
"Como a Evolução origina um aumento da informação I e II":
http://www.youtube.com/watch?v=I14KTshLUkg
http://www.youtube.com/watch?v=i9u50wKDb_4
e restantes vídeos.
Recomendo também os vídeos do utilizador:
http://www.youtube.com/profile_videos?user=Thunderf00t
Com especial destaque para a série de vídeos: "Porque se riem as pessoas dos criacionistas?"
Já aqui se falou no artigo
15 Answers to Creationist Nonsense
A resposta criacionista encontra-se em:
15 ways to refute materialistic bigotry: A point by point response to Scientific American, by Jonathan Sarfati
http://creationontheweb.com/content/view/2610
Já que falam em "sites", os criacionistas também têm os seus sites em que respondem às pseudo-refutações do criacionismo.
www.creationwiki.org
www.answersingenesis.org
www.creationontheweb.org
www.nwcreation.net
www.criacionismo.com
Todos são convidados a entrar nesses sites e a estudá-los. Então irão compreender que as respostas evolucionistas ao criacionismo não passam de um "bluff", destituído de racionalidade e sentido (de resto, como poderia ser de outro modo, se a teoria da evolução pretende ser um tributo à irracionalidade?)
Na verdade, como é que se pode esperar racionalidade dos defensores de uma teoria que postula um universo irracional, criador por processos irracionais para ser compreendido por entidades irracionais?
A alternativa criacionista é claramente superior.
Ela propõe um Criador racional, que criou o Universo de forma racional, com uma estrutura racional, capaz de ser estudado e compreendido de forma racional, por pessoas racionais, porque criadas à imagem e semelhança do Criador racional.
Mais racionalidade do que isto é impossível.
A Palmira gosta mesmo muito pouco da ciência. Então não é que pede que a ponham ao lado da música, da arte e da literatura? Coitadinha, tão mal acompanhada que ficava, encafuada numa qualquer despensa do ministério, junto com as esfregonas e as vassouras.
Se lhe quer bem, ao menos peça que a ponham ao lado do desporto, que vai ver como arriba...
Tradução tupiniquim [esses "há dois anos atrás" não me passam...]:
UOL MIDIA GLOBAL, 04/06/2008
THE NEW YORK TIMES
Coloque um pouco de ciência em sua vida
Brian Greene*
Há dois anos atrás, recebi uma carta do Iraque. A carta começava dizendo que, como descobrimos dolorosamente, servir na linha de frente é fisicamente exaustivo e emocionalmente debilitante. O soldado escrevia, contudo, para dizer que, naquele ambiente inóspito e solitário, um livro que eu havia escrito tornou-se uma espécie de salva-vida. Como o livro é sobre ciência -traça a busca dos físicos pelas leis mais profundas na natureza- a carta do soldado pode parecer, bem, estranha.
Mas não é. Em vez disso, fala do papel poderoso que a ciência pode ter em dar contexto e significado à vida. Ao mesmo tempo, a carta do soldado enfatizava algo que passei a acreditar cada vez mais: nosso sistema educacional não ensina ciências de uma forma que permita que os estudantes a integrem em suas vidas.
Deixe-me explicar.
Quando consideramos a ubiqüidade dos telefones celulares, iPods, computadores e Internet, é fácil ver como a ciência (ou a tecnologia que gera) faz parte do tecido de nossas atividades diárias. Quando nos beneficiamos da tomografia computadorizada, aparelhos de ressonância magnética, marca-passos e "stents" arteriais, podemos apreciar imediatamente como a ciência afeta a qualidade de nossas vidas.
Quando avaliamos o estado do mundo e explicamos os desafios adiante como mudança climática, pandemias globais, ameaças de segurança e recursos reduzidos, não hesitamos em nos voltar para a ciência para avaliar os problemas encontrar soluções.
Quando olhamos para a riqueza de oportunidades no horizonte - células tronco, seqüenciamento genômico, medicina personalizada, pesquisa de longevidade, nanociência, interface cérebro-máquina, computadores quânticos, tecnologia espacial - entendemos como é crucial cultivar um público geral que possa se envolver em questões científicas; simplesmente não há outra forma para, como sociedade, estarmos preparados para fazer decisões informadas sobre uma série de questões que formularão o futuro.
Essas são as razões padrão -e enormemente importantes- que muitos dariam para explicar porque a ciência é importante.
Mas há outra coisa. A razão pela qual a ciência realmente importa é ainda mais profunda. A ciência é uma forma de vida. A ciência é uma perspectiva. A ciência é um processo que nos leva da confusão para a compreensão de uma forma precisa, previsível e confiável -é uma transformação para aqueles que têm a sorte de vivenciá-la, que dá poder e emociona. Ser capaz de pensar e compreender explicações -desde porque o céu é azul até como a vida formou-se na terra- não porque são dogmas, mas porque revelam padrões confirmados por experimentos e observação, é uma das experiências humanas mais preciosas.
Como cientista praticante, sei disso por meu próprio trabalho e estudo. Mas também vi que não é preciso ser cientista para a ciência ser transformadora. Eu vi os olhos das crianças se iluminarem enquanto eu falava de buracos negros e do big bang. Conversei com adolescentes que deixaram os estudos, depois encontraram livros de ciência populares sobre o projeto genoma e voltaram ao colégio com um novo propósito. E naquela carta do Iraque, o soldado me contou como aprender sobre a relatividade e a física quântica nos ambientes perigosos e empoeirados de Bagdá o deixaram mais resistente, porque revelaram uma realidade bem mais profunda da qual todos nós participamos.
É impressionante que a ciência ainda é amplamente vista como meramente um assunto que a pessoa estuda na sala de aula ou um corpo de conhecimento altamente esotérico e isolado, que algumas vezes aparece "no mundo real" na forma de avanços tecnológicos e médicos. Na realidade, a ciência é uma linguagem de esperança e inspiração, fornecendo descobertas que acendem a imaginação e instilam um sentido de conexão com nossas vidas e nosso mundo.
Se a ciência não for o seu forte -e para muitos não é- esse lado da ciência é algo que talvez você não tenha vivenciado. Conversei com muitas pessoas assim durante os anos, cujos encontros com a ciência na escola fizeram-nas pensar que era fria, distante e intimidante. Elas usam com alegria as inovações que a ciência torna possível, mas acham que a própria ciência não é relevante para suas vidas. Que pena.
Assim como uma vida sem música, arte ou literatura, a vida sem ciência perde uma dimensão rica, de outra forma inacessível.
Uma coisa é sair em uma noite clara e se maravilhar com o céu cheio de estrelas. Outra coisa é se maravilhar não só com o espetáculo, mas reconhecer que essas estrelas são o resultado de condições extremamente ordenadas há 13,7 bilhões de anos, no momento do big bang. E outra ainda é compreender como essas estrelas agem como fornos nucleares que fornecem carbono, oxigênio e nitrogênio universo, a matéria-prima da vida como a conhecemos.
É ainda outro nível de experiência compreender que essas estrelas são menos de 4% do que está aí fora -o resto, de composição desconhecida, é chamado de matéria e energia negra, e os pesquisadores estão vigorosamente tentando entender.
Como todo pai sabe, as crianças começam a vida como exploradores desinibidos do desconhecido. Assim que aprendemos andar e falar, queremos saber o que são as coisas e como funcionam -começamos a vida como pequenos cientistas. A maior parte de nós, contudo, rapidamente perde essa paixão científica intrínseca. E é uma perda profunda.
Muitos estudos se concentraram nesse problema, identificando oportunidades importantes para melhorar a educação científica. As recomendações variaram desde aumentar o nível do treinamento para os professores até reformas curriculares.
A maior parte desses estudos (e suas sugestões), contudo, evita uma questão sistêmica ampla: ao ensinar, desperdiçamos oportunidades ricas de revelar os horizontes assombrosos abertos pela ciência e, em vez disso, nos concentramos na necessidade de ganhar competência nos detalhes técnicos subjacentes à ciência.
De fato, muitos estudantes com quem conversei têm pouca noção das grandes questões que esses detalhes técnicos coletivamente tentam responder: de onde veio universo? Como a vida se originou? Como o cérebro faz nascer a consciência?
Como um currículo para música que exige que os alunos pratiquem escalas mas quase nunca os faz tocar grandes obras, essa forma de ensinar a ciência atrapalha a possibilidade de fazer os alunos se sentarem na cadeira e dizerem: "Uau, isso é ciência?"
Para ilustrar como há matéria-prima disponível para promover a educação, os avanços mais revolucionários da física aconteceram nos últimos 100 anos -relatividade especial, relatividade geral, mecânica quântica- uma sinfonia de descobertas que mudou nosso conceito de realidade. Os últimos dez anos viram uma revolução na nossa compreensão da composição do universo, gerando uma previsão totalmente nova para o que será o cosmo no futuro longínquo.
Esses são desdobramentos que abalam paradigmas. Entretanto, rara é a sala de aula na qual esses avanços são introduzidos. O mesmo acontece nas turmas de biologia, química e matemática.
Na raiz dessa abordagem pedagógica está uma crença na natureza vertical da ciência: primeiro você tem que dominar A, antes de entrar em B. Quando A aconteceu há algumas centenas de anos atrás, é uma longa subida até a era moderna. Certamente, para ensinar tecnicalidades -resolver uma equação, equilibrar uma reação, aprender as partes da célula- a verticalidade da ciência é inquestionável.
A ciência, entretanto, é muito mais do que seus detalhes técnicos. E com uma apresentação cuidadosa, as visões e descobertas modernas podem ser comunicadas clara e fielmente aos alunos, independentemente desses detalhes; de fato, essas visões e descobertas são precisamente as que podem mover um jovem a querer estudar os detalhes. Roubamos da educação da ciência da vida quando nos concentramos somente nos resultados e procuramos treinar os alunos para resolver problemas e recitar fatos, sem uma ênfase em levá-los para além das estrelas.
A ciência é a maior de todas as histórias de aventura que vem se desdobrando há milhares de anos enquanto procuramos compreender a nós mesmos e nosso entorno. A ciência precisa ser ensinada aos jovens e comunicada aos adultos de uma forma que capture esse drama. Precisamos embarcar em uma mudança cultural que coloque a ciência em seu local de direito, ao lado da música, arte e literatura, como uma parte indispensável daquilo que faz a vida valer a pena.
É direito de nascença de toda criança e uma necessidade de cada adulto olhar para o mundo, como fez o soldado no Iraque, e ver que a maravilha do cosmo transcende tudo aquilo que nos divide.
*Brian Green é professor de física em Columbia e autor de "The Elegant Universe" e "The Fabric of the Cosmos".
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2008/06/04/ult574u8534.jhtm
Enviar um comentário