sexta-feira, 27 de junho de 2008
Em defesa dos exames
O professor Carlos Corrêa publicou hoje um interessante artigo no Ciência Hoje sobre a necessidade de exames, no qual refere o meu artigo "Exames nacionais e sucesso escolar no ensino básico e secundário" sobre o tema. Agradeço a amável referência e parece-me que Carlos tem uma proposta bastante sensata: dissociar a transição de ano da obtenção de classificações. Assim, um aluno poderia transitar de ano com notas negativas, mas o seu diploma reflectiria evidentemente esse facto, dizendo algo como "Aprovado administrativamente" ou "Aprovado sem rendimento". Parece-me que esta medida teria a vantagem, referida pelo Carlos, de fazer ver a pais e alunos que o que realmente conta não é transitar de ano, mas saber; e os exames nacionais, rigorosos, seriam a medida tão objectiva quanto possível de pais e alunos saberem quanto sabem ou não sabem. Ao mesmo tempo, os palermas do governo actual e seu Ministério da Educação poderiam dizer à OCDE que em Portugal a percentagem de retenções é ZERO.
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7 comentários:
É uma proposta bastante interessante. Até mesmo na altura de obtenção de emprego, o empregador poderia analisar, a fundo, o currículo do futuro funcionário. Por exemplo, sendo um indivíduo com má nota à cadeira X. O empregador poderia-lhe só interessar que o empregado tivesse capacidades na cadeira Y ou Z. Deste modo, o aluno poderia esforçar-se no que lhe realmente interessa. Por outro lado, o factor dificuldade dos exames não muda, como a (im)competência do nosso governo.
Já agora, porque não acabar de vez com a escola como existe?
Vamos todos ficar em casa a fazer cursos por correspondência nas áreas em que nos interessa.
Acaba-se a necessidade de professores, e como tal, desaparece também o problema desses "contestatários de meia tigela" que têm a mania de que vêm por aí ensinar aos outros alguma coisa.
Sem avaliações não há chumbos, sem professores não há avaliações nem manifestações. Chegámos ao paraíso governativo de obtenção de resultados sem problemas.
Quod erat demonstrandum.
"Chegámos ao paraíso governativo de obtenção de resultados sem problemas."
Pois, da ignorância também.
Concordo com ambos os argumentadores. Seria uma óptima forma de subverter toda a política (é bem disso que se trata) do facilitismo educativo (não apenas escolar) que ameaça arruinar vários séculos de civilização.
Proposta interessante uma ova! Por um lado porque colocar um carimbo de Aprovado a quem não sabe nada da matéria é uma tolice. Por outro lado porque deixar passar quem não sabe o suficiente da matéria de uma cadeira é arranjar problemas ao próprio e aos professores que vão dar as cadeiras dos anos seguintes.
É interessante na medida em que desmistifica e expõe claramente uma situação que afinal acaba por já acontecer... os alunos cada vez mais, com o decorrer dos anos lectivos, vão passando sem terem adquirido as competências do nível escolar que frequentaram. Mas para o Ministério poder apresentar resultados (rápidos) da sua política educativa, através de
estatísticas de aumento de "produtividade escolar" (portanto de aumento do nº de alunos aprovados e consequente aumento do nº de alunos com a escolaridade obrigatória)só tinha uma opção, e concretizou-a. E para o ano? Muita tinta irá correr certamente.
Eu sei bem do que falo.Desde o PREC que o Professor Carlos Corrêa se tem manifestado por uma universidade devidamente prestigiada e defendida nos seus centenários claustros por um ensino de qualidade. Ontem como hoje.
Só nos resta, pois, agradecer-lhe os golpes de montante que tem desferido contra um ensino de facilitismo para "inglês ver" e encher de bacoco orgulho nacional as estatísticas para uso externo.
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