Com a aproximação da Páscoa, os católicos madeirenses têm a oportunidade de ficar desobrigados -- pagando. Na terminologia oficial da Igreja Católica, há um Chefe de Família, e respectiva esposa. Portanto, a mulher é uma santa, quando é a Maria, mas se não for, é subordinada do Chefe de Família.
Outro aspecto interessante do catolicismo é o conceito de "desobriga", que merece uma reflexão teológica. Daria, aliás, sem dúvida, para muitas laudas preenchidas de profundas e inspiradoras palavras. Mas agora não temos tempo. Clique na imagem para rir melhor.
sexta-feira, 7 de março de 2008
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20 comentários:
Chamo a atenção dos nossos estimados cientistas para uma nota muito curiosa.
O Manual de Procedimentos e critérios a aplicar para determinar o Estatuto de Refugiado, elaborado pelo Alto Comissariado das Nações Unidas utiliza a expressão "chefe de família" no seu Capítulo VI sobre o princípio da unidade de família.
Aqui fica o link:
http://www.cidadevirtual.pt/acnur/refworld/legal/handbook/mpc-cap6.html
E agora? Vão rir das Nações Unidas?
Julgo que um post como o publicado ficará bem no Diário Ateísta ou mesmo no Portal Ateu.
Ver os nossos cientistas desperdiçarem o seu enorme e desmesurado talento em assuntos de almanaque parece-me uma forma de rebaixar o nível da ciência portuguesa.
Aliás nunca entendi a fixação dos nossos cientistas em tudo o que é ciência oculta, astrologia, tarot e outras artes adivinhatórias. Parece-me que o típico leitor deste blogue não se dedicará a tantas artes.
Se é uma forma de apresentar a superioridade da ciência científica sobre a ciência popular então mais valia colocarem aqui dois posts a explicarem como se calcula uma raiz quadrada e um logaritmo sem máquina de calcular.
E porque não explicar o que está por detrás da prova dos nove?
Isso são assuntos que interessam verdadeiramente ao povo.
Digo eu que sou povo.
A burocracia é mesmo um cancro no nosso país.
Imagino que para se provar que se cumpriu o preceito pascal se tenha de anexar um ou outro documento. E para um filho de 2 anos isso também se aplica?
E para uma viúva desaparece o chefe de família?
Prefiro fazer penintência, ora porra.
O link que coloquei ontem saiu incompleto: depois de \handbook\ deveria sair "mpc-0.html".
Este tipo de posts irritam-me profundamente mas não por eu ser católico, o motivo é outro.
Demonstram uma soberba intelectual e uma infantilidade exasperantes. Quando eu era criança ria e gozava com as pessoas das freguesias do meu concelho que em vez de dizerem "santiago", a designação da sede do concelho, diziam "santiágua". Era um fartote de rir: eu sabia a tabuada toda e aquela pobre gente nem sabia falar!
Depois, cresci. Foi doloroso, dei muitas cabeçadas. Mas aprendi uma coisa muito importante: o respeito. E em vez de "gozar" aprendi a criticar. É mais difícil criticar do que "gozar" porque quando se critica em vez de expormos os outros ao ridículo expomo-nos a nós próprios a esse ridículo porque precisamos de fundamentar as nossas opiniões.
Podia ter sido feito um post pedagógico sobre a folhinha da paróquia. Por exemplo:
a) Criticar-se o conceito de "chefe de família" (as estatísticas sobre casos de violência doméstica mostram que o termo pode ser socialmente incorrecto mas continua a ser aplicado na prática);
b) Criticar o preceito pascal;
c) Criticar as indulgências;
d) Escrever sobre filosofia da religião, sociologia da religião, etc, etc.
Uma simples folhinha dava material para um grande brilharete. Mas os nossos cientistas desperdiçaram o seu enorme talento no fait-divers. E isso torna o post ridículo.
Poder-se-á pensar que o facto de certas obrigações religiosas poderem ser dispensadas a troco de dinheiro é um asunto que só diz respeito a quem aceita e/ou pratica essa troca.
No entanto, trata-se de um assunto que afecta muito mais gente, na medida em que foi uma das razões (talvez a principal) que esteve na origem do Protestantismo:
A Basílica de S. Pedro, em Roma (começada a construir em 1506, no tempo do Papa Leão X e de Lutero) foi parcialmente erguida com dinheiro angariado pela venda de indulgências, o que não foi bem aceite por muita gente.
Caro Parente,
É sempre uma excelente ideia mostrar os costumes de um povo, mesmo que esses sejam profundamente idiotas, como é o caso. Há muita pedagogia em enfrentarmos os factos e compreendê-los, uma vez que revelam muito da nossa cultura. Não existe nada de mesquinho em mostrar o mundo em que vivemos. A vida é isto, nua e crua. Não é mesquinho mostrar a "factura" da desobriga. mesquinho é saber que ela existe e que a Desobriga constitui uma prática de milhares de pessoas. Não se esqueça que o De Rerum Natura é um blog e não uma revista como a social text.
Abraço
Rolando A
Penso que nem terão reparado que ao indicarem num lado "Chefe de Família" e noutro "Esposa", estão implicitamente a dizer que a mulher não pode ser chefe de família. Às vezes as pessoas têm preconceitos e nem dão por eles.
Quanto a trocar uma penitência por dinheiro... enfim. Quando não se tem convicção num valor, ele fica à venda.
Caro Rolando
O post que critiquei não faz pedagogia nem tenta compreender nada. O post ri.
Um abraço,
À autora deste post eu permito-me alertar do perigo em tomar a parte pelo todo. Nada nesta "factura" permite inferir a posição oficial da Igreja Católica sobre estas matérias. Essa poderá ser procurada com um mínimo de esforço e método científico.
Ai que ricos! Tão modernaços a malhar assim na padralhada! Vê-se bem que são uns grandes cientistas!
E já agora, aproveitem mais estas para as vossas investigações científicas anti-religiosas:
http://www.youtube.com/watch?v=My6_faauym8
http://www.youtube.com/watch?v=bJC---Z4F0Y
http://www.youtube.com/watch?v=4DtXMhbNz80
Adoro rir.
Parente,
A pedagogia não é do post. É precisamente do riso e das reacções que o post provoca. Claro que aprendemos com isso!
Abraço
Rolando Almeida
http://wrestling-fever.blogspot.com/
Os posts não riem, nem há nascimentos virginais.
Mas e convencê-lo disso?
Tente convenver-me, anónimo. Eu sou paciente, esteja à sua vontade.
O documento nem sequer está assinado.
Isto não será uma brincadeira qualquer?
Caro António Parente, não pude verificar o uso do termo "Chefe de Família" no manual indicou, pois este tem muitas páginas e não estive para verificar todas. No entanto, o problema não é o uso do termo "Chefe de Família", se esse for o termo para designar a pessoa que, em nome da família inteira, apresenta o pedido de refúgio (note que a palavra "Chefe" tem a vantagem de ser tanto masculina como feminina, mesmo em português).
O problema da "factura" da paróquia madeirense não está imediatamente no uso do termo "Chefe de Família", mas de lhe seguir a palavra "Esposa", o que exclui liminarmente a possibilidade de a família ser chefiada (seja lá o que isso for) pela mulher — pelo menos enquanto a Igreja Católica recusar o matrimónio lésbico... :)
Quanto à cobrança de indulgências, não tenho nada contra: a Igreja Católica é um "clube" (só lhe pertence quem quiser), pelo que pode impor as regras que quiser. Mas que tem uma certa piada perceber que não aprendem (quase) nada com os séculos, lá isso tem...
Caro Zézé, não me parece que este tipo de documento (uma "factura" informal) tenha de ir obrigatoriamente assinada. Já vai com a indicação da Paróquia, por isso...
Se a "factura" não é autêntica, então a peta está muito bem construída:
- O nome do ficheiro (Digitalizar0001.jpg) indica que o ficheiro foi obtido por digitalização de um folheto (que fora anteriormente dobrado ao meio, conforme é notório), não sendo uma criação digital de quem começou a divulgar a imagem.
- O acrescento à mão da data (2008) reforça a conclusão anterior. Estaremos perante um reaproveitamento de um modelo de um ano anterior, não devidamente planeado (com espaço próprio para a data), o que se encaixa bem nos procedimentos de uma micro-estrutura, quase unipessoal (a paróquia, i.e., pouco mais do que o pároco).
- O uso de um carimbo para identificar os lugares da paróquia também reforça a ideia de se tratar de um folheto autêntico.
Em face destes pormenores, ou o folheto é real, ou quem nos quer convencer disso é um génio do planeamento!
Caro Fernando Gouveia
Quando se tem preconceitos, tudo serve para criticar. Na comunidade em que foi emitida aquela factura possivelmente os termos "chefe de família" e "esposa" fazem sentido. Para o padre e para os paroquianos.
Na minha paróquia, há uns anos, aparecia na minha caixa de correio um pedido de financiamento da paróquia mas o pároco justificava-a como base no código de direito canónico.
Quanto às indulgências, para mim é um assunto muito sério. Muita gente não sabe que o concílio de Trento condenou as indulgências com base em contributos monetários e que depois do Concílio Vaticano II, o Papa Paulo VI publicou uma constituição apostólica sobre o assunto. Hoje, as indulgências na Igreja Católica não têm a ver com dinheiro. Quem quiser aprofundar o assunto pode consultar o site do Vaticano ou a enciclopédia católica online.
O papelinho digitalizado fala em "contributo penitencial". Não é uma indulgência. É mais, na minha opinião, uma espécie de "multa". Seja o que for, é condenável. Todas as contribuições financeiras devem ser voluntárias, sem promessas de acesso ao céu ou de ameaças de viagens directas para o inferno.
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