sábado, 15 de setembro de 2007

A entrega de portáteis nas escolas

Novo texto de Rui Baptista:

Segundo palavras da ministra da Educação, na abertura solene deste ano lectivo na escola secundária Francisco da Holanda, em Guimarães, “está a fazer-se uma “revolução silenciosa nas escolas portuguesas”. Revolução silenciosa? Quando se mobiliza o “staff” governamental para cerimónias de pomba e circunstância com empolados discursos? E se anunciam miríficas novidades, como o alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos (já em 2009), enquanto países europeus bem mais desenvolvidos se contentam com metas menos ambiciosas?

Embora não seja propriamente uma novidade de tão badalada ter sido a notícia nos últimos tempos, julgo que com o intuito de nos tirar da cauda da Europa em aproveitamento escolar e qualidade de ensino deveras calamitoso – como deixou escrito no “Jornal das Letras” (n.º 964, de 12 a 25/Set/2007) o meu bom amigo Eugénio Lisboa “para tudo isto os sindicatos têm dado uma eficaz mãozinha, não raro interferindo, com desenvoltura, em áreas que não são, nem da sua vocação, nem da sua competência” - mesmo sem estarmos em época natalícia, aí temos o governo a pôr nas chaminés das escolas secundárias milhares e milhares de computadores portáteis com o destino já traçado na palma da mão: “Vou aproveitar o portátil para fazer trabalhos, para pesquisar na Net, e comunicar e jogar”, declara um aluno na ocasião.

Ou seja:
1) É mais rápido e menos trabalhoso pôr o computador a despejar baldes de lixo de informação do que ir à biblioteca consultar umas tantas páginas de livros ou ler em casa boas obras literárias.
2) Para que a escola não seja demasiado maçadora há que transformá-la num recreio do tipo do “gato e do rato”, pondo os professores a correr atrás dos alunos para descobrir se os trabalhos são plagiados ou brotaram de cabecinhas fora de série.
3) Pesquisar na Net, pode ser uma arma de dois gumes: pode pesquisar-se o que se deve e o que não se deve, pondo nas mãos dos jovens essa triagem e essa responsabilidade num período da vida escolar deveras perigoso porque marca a transição de um ensino básico permissivo para um ensino secundário que se tem sabido manter firme no seu exigente papel de antecâmara do ensino superior.
4) As horas que deviam ser dedicadas ao estudo correm o risco de se transformarem em “conversas da treta” com os colegas.
5) Quanto ao aspecto lúdico: joguem meninos, joguem sem parar pois como diz a canção “a vida é uma tômbola”. Quantas vezes, com um pouco de sorte, um fato de bom corte e um cuidado corte de cabelo não substitui com vantagem um diploma académico? Razão tinha Eça: “Em matéria social, é o rótulo impresso na garrafa que determina a qualidade e o sabor do vinho”.

Estou a ser pessimista? Receio bem que não! Apenas defendo que as melhores ideias, se mal aplicadas, transformam-se em péssimas ideias: o domínio das novas tecnologias de informação é um bem precioso, mas como não há bela sem senão entregar nas mãos ávidas dos jovens a Net no princípio de um ano escolar de acrescida exigência, e para mais de supetão, tem riscos evidentes que importa sopesar com cuidados redobrados.

João Gabriel Silva, presidente dos Conselhos Directivo e Científico da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, na sua participação na “Conferência Internacional sobre o Ensino da Engenharia”, reunindo centenas de cientistas de 57 países diferentes, chamou a atenção para os perigos que se fizeram guarida neste “Admirável Mundo Novo”:

“Como conseguimos combater, ir mais longe, ensiná-los [aos alunos] a fazer coisas mais sofisticadas, em ter gosto em aprender, apesar de todo o lixo que existe na Internet?’
[Há já dois anos que] ‘uma pessoa que seja apanhada a plagiar o que quer que seja – pode ser só um parágrafo num trabalho que vale dois valores – está reprovada à disciplina, liminarmente’ (...).
‘As pessoas vão à Internet, descarregam três ou quatro tretas sobre um assunto qualquer, cuja veracidade nem sequer investigam com detalhe, juntam aquilo, mandam imprimir a cores e já pensam que fizeram uma grande coisa e, na realidade, fizeram uma porcaria’
” (“Diário de Coimbra”, 4/Set/2007).

Com a entrega a um preço de saldo destes computadores existe o perigo de facilitar a navegação dos alunos do 10.º ano do ensino secundário na Internet sem uma bússola ética que os afaste do canto suave de sereias que os possa atrair para as rotas do plágio. Hoje, aprendizes; amanhã, verdadeiros mestres!

36 comentários:

Anónimo disse...

Quero só expressar a minha concordância com o que afirma - e não só! Nada compromete mais o futuro de uma nação do que uma geração de ignorantes. Resta-me a esperança que alguns alunos venham a usar o computador para ler com atenção os blogues dos que ainda vêem, e que isso lhes abra os olhos. Estes maus governantes estão a destruir o único recurso restante deste país - a sua massacinzenta. Os poucos estudiosos que restarem depois disto irão certamente procurar outras paragens e aqui ficar´o deserto. A propósito de deserto, convido-vos a visitar o meu blog.
Um abraço,
JP

Anónimo disse...

Este artigo é verdadeiramente inacreditável. Segundo ele, os alunos não devem ter computadores, pq cairão em tentação. Não devem ter internet, pelas mesmas razões. Devem ser mantidos na ignorância das novas tecnologias, pq isso terá efeitos devastadores.

Esquece o autor, que tudo pode sempre ser usado no "mau sentido", isto é, que existe sempre o perigo de as coisas que são colocadas à nossa disposição não serem aproveitadas para melhorar e educar. Que é a missão dos professores e pais é garantir que não é assim. E que deles dependem o sucesso da utilização de equipamentos e tecnologia.

Eu prefiro que os nossos jovens tenham acesso ao mundo de forma livre: liberdade tb é responsabilidade, e nós temos de ensinar isso aos alunos. Que possam navegar e possam comunicar. Mas tb prefiro que os nossos professores usem estas coisas para melhorar o ensino... alertando e estando atentos para os desvios, para o facilitismo e a ausência de sentido crítico.

O autor USOU ABUSIVAMENTE as declarações de João Gabriel e Silva. Ele refere-se, e muito bem, ao plágio que por aí anda, e às RESPONSABILIDADES que todos temos de o combater. Usar a internet dessa forma é "fazer porcaria", e isso deve ser liminarmente combatido. O que está errada é a atitude, não as ferramentas.

O AUTOR deste artigo fez o mesmo que ataca aos alunos do secundário. Copiou coisas da internet (as declarações de João Gabriel e Silva), tirou-as do contexto para justificar as suas posições. Ou seja, FEZ PORCARIA. Deveria ser LIMINARMENTE reprovado.

DS

Anónimo disse...

Pois, pois. E quem paga os computadores? É muito engraçado fazer “flores” com o dinheiro dos outros. O Sócrates e a sua quadrilha aparecem sorridentes a distribuir computadores como se os tivessem pago do bolso deles. Estou farto de ser gozado por estes gajos. Se quero que os meus filhos tenham computadores vou à loja comprar. Pago computadores duas vezes. E a troco de quê? Os meus filhos encontram um país melhor? Não!

Quando a minha mais nova estava em idade de entrar para a escola preparatória, apesar de haver uma do outro lado da rua, vi-me forçado a colocá-la num colégio particular a dez quilómetros de distância. Motivo? A escola estava cheia de africanos, dos bairros da lata das proximidades, que iam lá para tudo menos para estudar. Os poderes políticos tinham muita pena dos pretinhos e, além de não os obrigaram a respeitar as regras elementares de disciplina, ainda lhes ofereciam os lápis, cadernos, refeições.

Agora são computadores. Distribuídos a quem? Se houvesse possibilidade de verificar quem são os pais dos meninos sortudos, aposto que se ia encontrar uma correlação fortíssima com o cartão de militante do PS...

Jorge Oliveira

Anónimo disse...

É assim mesmo grande Jorge! Olha: inscreve-te no PNR, que eles bem precisam de gente assim.

Quanto ao artigo, o DS já disse o essencial. Limito-me apenas a chamar a atenção para o posicionamento mental do autor do artigo - as mudanças são coisas que ele vê de longe, de fora, no mesmo local em que, segundo ele, deveriam estar os professores, impotentes e confusos, coitados, limitando-se a «ver passar os computadores», como se nem soubessem nem tivessem de saber o que isso é, nem para que serve.
Estamos bem servidos!

Q. Rico

Anónimo disse...

Da mesma maneira que calçar umas sapatilhas da Nike, como o Michael Jordan, não faria nunca que eu fosse um bom jogador de basquetebol, um computador não basta para fazer um bom aluno.

Anónimo disse...

O post de Jorge Oliveira serve como excellente exemplo daquilo que realmente corre mal em escolas portuguesas.
O que deve ser a máxima prioridade na educacao, com ou sem computadores, é não dar fomento a este tipo de discurso que acabamos de ler!
Cristina

Anónimo disse...

Ó minha cara Cristina, não me tire o sono. Seria incapaz de dormir descansado se me convencesse de que é o meu discurso que tem feito correr mal o ensino em Portugal. Mas não se preocupe. O meu tipo de discurso não tem tido fomento nenhum. E possivelmente não terá nos anos mais próximos. Isto é mais um desabafo do que outra coisa.
O que tem tido mais fomento é o discurso das riquinhas e riquinhos que andam à solta no Ministério da Educação. É conhecido por “eduquês”. Só tem feito bem, como se sabe.
Jorge Oliveira

Anónimo disse...

A maioria dos professores não dominam a tecnologia informática, nem de comunicação (telemóveis, leitores multimedia)enquanto os alunos as dominam e chegam a ter pena da "ignorância" dos professores. É sempre tão fácil dizer que na Internet so há lixo e nas bibliotecas é que se encontra a verdadeira sabedoria, mas que nenhum aluno se sente motivado a ir procurar (mas a culpa não deve ser dos professores que eles fazem com toda a certeza todos os esforços por serem motivadores...).
Oh, a grande sabedoria dos professores ameaçada com o que o alunos encontram fora das salas de aulas!
Acompanho vários blogs educativos de professores americanos que procuram formas de integrar no percurso educativo as ferramentas que os alunos usam no dia a dia. Ninguém quer abandonar as bibliotecas.
Os computadores e a internet são ferramentas muito úteis, não são os instrumentos do "diabo" da preguiça e da pouca exigência. Até parece que muitos trabalhos de faculdade não eram feitos de "copy paste" de muitas fotocópias, apenas com umas ligeiras alterações nas frases, só eram escritos à mão ou à maquina pelos próprios, porque os computadores ainda não eram pessoais! Que choque, o plágio só começou com a era da Internet!!!

Anónimo disse...

O autor deste artigo confunde as ferramentas, com a má utilização e falta de atitude de educadores e educandos.

Maria Silva

Anónimo disse...

Caro DS:
Se fosse só esta acusação - “O autor do USOU ABUSIVAMENTE (as maiúsculas são da sua autoria) as declarações de João Gabriel Silva” - eu deixá-la-ia passar em branco porque as opiniões valem o que valem e a minha vale tanto como a sua.

Todavia, atrás desta acusação uma outra bem mais falaciosa vem a reboque e que só uma leitura apressada daquilo que escrevi justifica por si só a minha tomada de posição:

1. O argumento das declarações do Prof. João Gabriel Silva terem por mim sido copiadas da Internet, não resiste a uma interpretação “in loco” do meu texto (julgo pelo menos merecer isso). A citação foi devidamente referenciada na sua fonte e respectiva data : “Diário de Coimbra”, 4 de Setembro de 2007.
2. “Quanto a tudo poder ser utilizado no mau sentido”, peço-lhe que leia um outro parágrafo em que falo de “uma bússola ética” para que os computadores sejam utilizados no bom sentido.
3. Isso mesmo deixei escrito, e bem sublinhado, anteriormente na alínea 3) do meu texto: “Pesquisar na Net pode ser uma arma de dois gumes, pode pesquisar-se o que se deve e o que não se deve, pondo nas mãos dos jovens essa triagem e essa responsabilidade num período da vida escolar deveras perigoso porque marca a transição de um ensino básico permissivo para um ensino secundário que se tem sabido manter firme no seu exigente papel de antecâmara do ensino superior”.

A minha posição sobre esta questão não coloca qualquer objecção sobre as virtudes que as modernas tecnologias podem e devem aportar ao ensino . Unicamente, entendo, não ter sido esta a melhor altura para pôr nas mãos dos jovens a aliciante novidade dos computadores num período da adolescência em que se lhes vai exigir um esforço para se adaptarem a uma situação escolar repentina que é a transição de um ensino básico permissivo para um ensino secundário deveras exigente. Ou será que o ensino básico é que é deveras exigente e o ensino secundário permissivo? Se assim for, tudo bem. Haverá tempo de sobra para cumprir os programas do secundário e a viciação trazida pelos computadores. Viciação que, pela sua raridade, não irá, de forma alguma, subtrair horas dedicadas ao estudo!... E que venha o primeiro atrevidote dizer que essa viciação não é rara mas uma regra geral com raras excepções! Aparentemente antagónicos nos nossos pontos de vista, quase diria que tanto o DS como eu acabamos ter alguns pontos de contacto dizendo as mesmas coisas sobre os computadores por caminhos diferentes na aparência.

Meu Prezado Daniel de Sá:

Fico satisfeito por ter sido compreendido por si quando diz que só os computadores não fazem um bom aluno, assim como uma sapatilhas Nike não fazem um Michael Jordan. Na verdade, podem ser (e são) um óptimo auxiliar do sistema de ensino se utilizados convenientemente e no momento certo.
Cordiais cumprimentos.

Prezada Maria Silva:

Ao contrário do que diz não confundo as ferramentas com a sua má utilização, Defendo, isso sim, que as ferramentas devem ser bem utilizadas. Um simples martelo se mal utilizado pode fazer mossa nos dedos levando a proferir imprecações pouco recomendáveis. É isso que defendo igualmente para os computadores: uma utilização correcta para não fazerem mossa em cérebros juvenis e em períodos da vida escolar sem serem os mais convenientes e ajustados.

Anónimo disse...

Caro Rui Baptista,
1. Copiou um texto da NET (referenciada a fonte e o autor), mas tirou-o de contexto. Tentou usar para justificar que os jovens tenderiam a confundir ferramentas com o seu uso. Fez "porcaria". è o que muitos alunos fazem: copiam, tiram fora do contexto e usam para justificar algo que nada tem a ver com o texto que apresentam. Pelos vistos a sua "bússola ética" está algo baralhada.
2. Este argumento é tão ridículo que nem vale a pena discutir. Veja se percebe: a NET, os computadores, etc., são FERRAMENTAS. Por exemplo: com caneta e papel podemos escrever o mais bonito e emocionante poema, como o mais horrendo texto racista. A culpa é da caneta? Devemos impedir os alunos de usar caneta e papel, pois existe o perígo de não existir a tal "bússola"? Um aluno do 10ºano pode usar isso de forma desviante, logo o melhor é não saberem usar caneta e papel.
3. Outro argumento ridículo. Tudo pode ser uma arma de dois gumes. Ir a uma biblioteca tambem pode ser, ou entrar numa livraria, ver um filme, ir ao teatro, etc. Com essa lógica nada se podia fazer.

"Unicamente, entendo, não ter sido esta a melhor altura para pôr nas mãos dos jovens a aliciante novidade dos computadores..."

Você lê o que escreve?
Vive aonde? Numa ilha deserta, afastado do mundo?

Bolas, só espero que não seja professor, nem tenha nada a ver com educação. Pior que o "eduquês" é este contra-eduquês ridiculo e terceiro-mundista.

Saia mais, navegue na NET, veja os programas avançados usados, por exemplo, na Coreia, onde as crianças são expostas a tecnologia desde muito novas (1º ciclo) e os resultados que tem esse esforço. O plágio existe e não é culpa da NET. Até é mais fácil de detectar com a NET. O plágio existia no passado, com as fotocópias, etc. Mas esse era mais difícil de detectar, por falta de disponibilidade de informação.

SIM devem usar, SIM devem saber usar e SIM devem fazê-lo com sentido critico. Devem ser acompanhados por pais e professores. E avaliados, e corrigidos, etc.

"Bússola ética" não é uma boa frase. Sinceramente não é.

DS

Anónimo disse...

DS:
Se eu referencio a fonte e a data de onde extraí o texto do Prof. João Gabriel Silva ("Diário de Coimbra", 4. Setembro. 2007) e continua a dizer "urbi et orbi" que o copiei da Net parte de uma mentira que só pode gerar outras mentiras.
Consequentemente, nada tenho a acrescentar ao que escrevi. Ponto final, parágrafo.

Anónimo disse...

As bibliotecas escolares não serão certamente os locais mais bem fornecidos de obras de referência para consulta, daí o interesse dos computadores com ligação à internet. Mas poderão sempre ser mal usados por diversas razões:
- a generalidade dos professores não tem as necessárias competências de uso das tecnologias de informação;
- as escolas não terão todas condições para suportar acesso simultâneo à internet de dezenas ou centenas de computadores;
- os computadores disponíveis representam um encargo que nalgumas zonas do país (quiçá as mais periféricas) não será tão desprezível como isso; afinal de contas não são só os 150 euro mas também os custos da ligação à internet;

maga.pata.logika disse...

A discussão está interessante.

Repito, contudo, o que disse há um post: como é que os sábios deste país não se fazem ouvir nem respeitar num assunto destes?

Eu concordo que é uma violência dar um computador PORTÁTIL e ligação PORTÀTIL à internet a crianças. Por muitas razões, algumas das quais se seguem:

1. Eu comprei um portátil por 1500 euros e pago 30 ao fim de cada mês para ter internet. Acho uma violência que alunos e professores os tenham na prática à borla e eu nem para IRS posso por nem um nem outro.

2. Se já nos encostamos ao Estado e temos a mania que ele tem que nos fornecer tudo, não é esta a melhor maneira de educar esse mau hábito. Que ainda por cima não somos suficientemente ricos para manter, nem se fôssemos seria conveniente.

3. Exactamente o que é que vão aprender os putos na internet? A internet está vazia de conteúdos educativos de qualidade, mormente em português. Desafio os sábios a fazerem esse levantamento de modo sério e sistemático, que é para não haver dúvidas.

4. Computador e internet nenhumas se sobrepoem à falta de qualidade e conteúdo dos programas e ao famoso (ou infame) eduquês. E quem é que põe os eduqueses e os sindicatos e as DRE na ordem?

5. O leitor DS é um teórico quando diz que os pais têm que supervisionar a navegação e a educação dos filhos. Ou não vive no mesmo país que eu, em que pais e professores não sabem para que serve um computador e a internet além da pornografia e pedofilia, mas se o governo e a televisão dizem que é bom, então deve ser. Além de que o vizinho já tem um, e ele não quer que os filhos sejam diferentes! Pois se eles não sabem supervisionar já os livros, vão saber supervisionar a net? Haja paciência! E quando sabem, muitas vezes não têm tempo, porque a vida não lhes deixa tempo para muito mais que paternidade em tempo parcial.

A realidade é que VÁRIOS governos têm sido muito eficientes a dar cabo de tudo quanto é educação. Daí a minha ira também contra os sábios neste blogue por não terem encostado o Ministério da Educação à parede depois de mobilizarem devidamente a opinião pública. Em vez disso dizem mal (e fazem muito bem!) neste blogue... mas não chega!!

Dada a minha formação inicial, a degradação a que chegou a Química doi-me particularmente! Já chegou muito mal tratada a mim, mas agora já não se põe o problema: não se ensina Química nem Física. Não sei o que se ensina, mas não é nenhuma das duas. É outra coisa qualquer, que eu não reconheço! E só se fala na Matemática (em dois sentidos: fala-se só dessa cadeira e não se faz nada).

Eu tenho dois sobrinhos espertíssimos, mas tenho muito receio em relação ao ensino que vão encontrar. Querem ver que tenho que fazer uma revolução sozinha? Não creio que funcione, mas posso tentar!

Magda

Anónimo disse...

Está, de facto, interessante a discussão, de tal maneira que não resisto a ela. E, embora as analogias nem sempre resultem, pego nessa da caneta. Nada há, obviamente, de comparável entre um computador e uma caneta. É que esta só escreve o que está na cabeça de quem a utiliza – desde que não se trate de cópia – enquanto que no computador entra o que escreveram muitas cabeças, nem todas ajuizadas nem cultas. Se eu já vi os “Azores” incluídos na África e na lista dos “países” a precisar de ajuda humanitária, como posso fiar-me quando leio acerca de lugares recônditos, como Tuvalu ou... Pinhel?
O computador é uma ajuda preciosa, mas decerto pouco resultará se o seu uso não for orientado e se o professor não souber mais do que os autores que ao acaso apareçam numa pesquisa. Tente aprender-se D. Afonso Henriques na versão de uma certa professora brasileira... Está na Net...
E aqui entra o conceito de bom professor. Ou um dos seus aspectos. Ao contrário do que vulgarmente se julga, nem sempre são os melhores os professores capazes de criar automatismos de demonstração de conhecimentos adquiridos. Quero dizer que um aluno pode ter grande competência para resolver um teste de uma determinada matéria, pode tê-la aprendido toda, e depois não ser capaz de avançar quando atinge o nível seguinte. Isto acontece em qualquer disciplina, embora em algumas seja mais evidente.
O computador está nesse limiar entre a armadilha e o caminho livre. Se não se deixa espaço à imaginação e não se ensina a andar sozinho, a aprendizagem não é completa. Mas, para lá chegar, é preciso haver muito boa companhia.
Além de tudo isso, o uso do computador terá de ser muito diferenciado em cada grau de ensino. Duvido mesmo de que seja recomendável, pelo menos como norma, nos primeiros anos do básico. Uma boa aprendizagem tem de criar capacidade de abstracção. Muito do que a criança há-de aprender na adolescência depende disso.

Mónica (em Campanhã) disse...

acho uma irresponsabilidade, um crime, vender um computador a quem escreveu o texto deste post: não merece a liberdade que tem, não merece a blogosfera, também não deveria ter computador.

Anónimo disse...

Em nome da liberdade de expressão, não discuto o comentário de "m em campanhã". Apenas me apraz agradecer penhorado a magnanimidade do seu veredicto quando escreve que não mereço a liberdade que tenho: estava à espera de uma pena de prisão perpétua por delito de opinião. Ou mesmo a fogueira porque, na opinião de António José Saraiva (1963), "este mundo é duro; haverá sempre inquisidores e fogueiras".

Anónimo disse...

1. Referenciou a fonte mas tirou o texto do contexto. Fez "porcaria", deveria ter VERGONHA.

2. A internet está cheia de lixo, pois está, assim como as livrarias, algumas bibliotecas, etc. Quem diz que um livro não está cheio de asneiras? Há N livros assim por aí.

3. Todos temos o dever de acompanhar e ajudar de forma a que se crie um sentido critico. Quem não tem tempo não deve ser pai/mãe, professor, etc.

Parece-me que muitos destes "opinion makers" não querem novas ferramentas pq são ingorantes na sua utilização, e nas vantagens que delas podem tirar, preferindo manter os alunos na ignorância.

Não gostei da frase "revolução silenciosa" da ministra, mas agora, com estas "opiniões" percebo-a muito bem.

O autor deste artigo é um desses "ignaros", metido a inteligente. Só espero que não seja professor.

DS

Anónimo disse...

Gostava de ver qual a justificação para afirmar que o ensino básico é mais permissivo ?
É uma opinião baseada no preconceito que o ensino superior é o mais avançado e prestigiante e que o pré-escolar consiste apenas em "entreter meninos"?
Depois desta pequena dúvida, gostaria de acrescentar algo à discussão.
É óbvio que a utilização da Internet sem preparação pode ser potencialmente perigosa, e nem sequer estou a falar naquilo que os alunos poderão encontrar, mas tão sómente na segurança das redes internas das escolas e da sua vurnerabilidade a ataques externos.
Também acho que a utilização de computadores tem de ser supervisionada, mas isso já pressupõe que os professores saibam usar as TIC, e que saibam onde encontrar recursos fidedignos sobre as matérias (que os há) para que os alunos possam desenvolver o espirito crítico necessário.
É óbvio que este assunto deve ser discutido, mas preferêncialmente sem textos inflamados.

Anónimo disse...

Caro Mário:
Obrigado pela sua intervenção e pelo seu conselho para que os textos não se deixem levar pelo calor da discussão.
A sua pergunta inicial sobre a permissividade do ensino básico julgo poder responder pelo verdadeiro crime que se tem cometido em dificultar ao máximo a retenção dos alunos num determinado ano em que os objectivos mínimos não são cumpridos e no elevado número de repetências no ensino secundário. A culpa não cabe, de forma alguma, aos professores do básico, mas decorre de normativos do ministério da Educação que apontam (indiscutivelmente) nesse sentido.
Se fizer a justiça de ler o meu artigo com atenção(e julgo ser pessoacom isenção e espírito de justiça para o fazer) verá que não estou contra os computadores, salvaguardados os perigos que elenquei. Admito que alguns pontos,sejam passíveis de discordância.

Anónimo disse...

"Quem não tem tempo não deve ser pai/mãe, professor, etc."

A propósito da utilização indiscriminada da net pelos alunos.

No ano lectivo de 2005/06 o meu filho mais velho, então no 8º ano de escolaridade, teve que fazer um trabalho para ciências sobre o sr. Hooke. Deixei-o inicialmente executar o trabalho a seu bel prazer, sem lhe colocar qualquer outra questão sobre o mesmo. Lá foi ele para o computador e para a net trabalhar...

Passados uns dias e depois de me ter dito que já tinha o trabalho concluído, pedi-lhe para o consultar no computador. Abri o ficheiro e deparei-me com um texto de cento e tantas páginas com tudo sobre a vida e obra do Sr. Hooke, incluindo uma extensa e pormenorizada descrição da sua teoria da elasticidade, estudada em profundidade pelos alunos das engenharias mecânica e civil nas cadeiras de mecânica/resistência dos materiais. É evidente que o petiz tinha retirado um ficheiro em regime de "copy/paste" sem sequer o ter lido na diagonal. E o trabalho estava concluído.

Comecei então a fazer-lhe algumas perguntas: qual tinha sido o âmbito em que abordara o sr. Hooke na disciplina, a que propósito tinha o prof. pedido para fazer o trabalho, etc, etc.

Acabou por reduzir o texto original a uma dúzia de páginas, sobre os principais acontecimentos da vida do Sr. Hooke e da sua relevante prestação no desenvolvimento dos instrumentos ópticos utilizados nas ciências (microscópios).

Pedi-lhe depois para ler o texto e elaborar um texto escrito por ele, resumindo o conteúdo que tinha lido, estruturando-o devidamente sob a forma de um trabalho escolar, com introdução, desenvolvimento e conclusão.

Claro que, contrariamente ao que o vosso acérrimo comentador DS afirma, de forma elucidativamente paternalista e moralista (porque ele deve ser perfeito e eu não o sendo) não posso acompanhar/orientar sempre e exaustivamente a elaboração de todos os trabalhos escolares dos meus filhos, porque na realidade a minha vida profissional (o tal trabalho para o PIB) não me deixa tempo para tal.

Vítor Augusto.

Anónimo disse...

Possívelmente terei chegado a esta acesa discussão demasiado tarde mas não posso deixar de apontar a evidência de que a evolução científica e tecnológica tem vindo pujantemente a mudar o mundo.
De tal forma que um paradigma assumido há milénios, o do "bom mestre" pode a curto prazo cair em descrédito na razão directa da disseminação da informação de forma globalizada e sem os filtros adequados para a sua interpretação.
Neste novo oceano de informação, pais e professores sem as "valências necessárias" (aliás que triste definição, deveria ter dito "armas necessárias"...mas foi o que saíu) podem sentir-se escorraçados e instalar-se a noção de impotência, como num oceano deconhecido navegar contra este Adamastor.
Isto para dizer que se de facto o mundo se moveu tal se deveu ao nosso desejo colectivo, à nossa ânsia pelo conhecimento. Estamos num importante mas estreito patamar civilizacional -económico,social e científico- em que são exigidas novas abordagens ao que desejamos seja o homem do amanhã, a sociedade do conhecimento, por oposição à sociedade da informação que vigora na actualidade.
Lamento informar as caríssimas senhoras e senhores académicos que chegou a altura de ver para além das brilhantes carreiras e tomar posição sobre assuntos de lana caprina como seja "o que fazer deste ensino para todos?"

Anónimo disse...

Depois de ler muitos destes comentários, fica-me uma certeza:
"revolução silenciosa".

Força Senhora Ministra que não lhe falte a coragem.

Este país gosta imenso de avestruzes, e de ter a cabeça no chão. Não permita isso. Os nossos jovens merecem mais. Têm futuro. Aposte neles, na sua capacidade. Esqueça estas pessoas jurássicas, incompetentes e medíocres.

DS

maga.pata.logika disse...

Caro DS

Tem razão: os nossos jovens merecem mais!

Merecem pessoas que discutam com seriedade as coisas e não que sejam seguidistas de uma Ministra da Educação e de políticas de educação experimentais que comprovadamente não levaram a lado nenhum.

Merecem um sistema de ensino que não as embruteça e não viva de uma fé inabalável em novas tecnologias quando as velhas ainda nem estavam bem cimentadas. Toda a gente sabe que os computadores são estúpidos e só fazem o que as pessoas mandam. O problema é quando as pessoas atrás dos computadores são também assim a pender para o totó! Ou o meu computador não é igual ao seu! Pode ser!

Os nossos jovens merecem um sistema de ensino rigoroso em que se saiba o que se espera deles. Um sistema onde compreendam como e porque é que estão a ser avaliados e tenham a certeza de que a avaliação é feita com seriedade e não com exames cheios de erros.

Os nossos jovens merecem ter uma ideia mais realista do que os espera depois da Faculdade em vez de terem a nítida sensação que andam a fazer 12os anos em que não aprendem nada mas que são obrigatórios porque alguns ministros tiveram insónias e nãp foram capazes de pensar em nada de mais interessante que tornar o 12º obrigatório. Do mesmo modo falo da sensação de ter entrado para a Faculdade simplesmente para fazer número, fazendo assim com que os cursos sejam financiados pelo Ministério. Já nem vamos falar em cursos e Faculdades e Institutos onde funciona a lógica de avaliação "séria" do tudo bons rapazes e de isto é uma valente bosta mas tu até andaste comigo na Faculdade e eras bom rapaz e não se chumbam professores.

Os nossos jovens merecem ser melhores que os pais. Isto implica que pais que não têm bagagem económica e intelectual para acompanhar um filho devam confiar na escola para acompanhar o filho para que ele se desenvolva o máximo possível.

Os nossos jovens merecem que quem tem alguma formação provoque uma revolução no sentido certo neste sistema de ensino que não tem aspecto de ir a lado nenhum. Certamente merecem isso!

Os pais dos jovens não merecem ser culpabilizados por mais um motivo para se sentirem impotentes e culpados por não conseguirem acompanhar os filhos.

Os pais dos jovens não merecem sentir que estão só a gastar dinheiro que custa muito a ganhar (e para fazer isso têm por vezes que sacrificar o tempo com os filhos) para fazer o que manda um Ministério em quem não confiam há muito. Mas não há concorrência possível! E uma escola particular ou é mais do mesmo ou só é possível quando lhes sair o Euromilhões! Mas também nessa altura, quem é que precisava da porcaria da educação?

Os pais dos jovens não merecem não fazer ideia de que o que estão a fazer é ou não o melhor para os seus filhos, porque estão confusos. Nem sabem se será melhor pôr o filho a trabalhar ou se a estudar sem perspectivas de que o muído aprenda seja o que for e a seguir tenha emprego.

Os pais dos jovens não merecem sentir-se desalentados quando se trata de ir votar. Para quê?

O que é que você estava mesmo a dizer da Ministra da Educação, que eu perdi-me algures?

Revolução silenciosa, meu caro, é o silêncio ensurdecedor do desespero de pais e estudantes e antigos estudantes que são vítimas de um sistema de ensino que não faz mais que se manter a si mesmo e a uns amiguinhos. Alguém se esqueceu de para que é que servem as escolas!

Revolução silenciosa acabará quando um monte de pessoas com atitude e mau feitio chamar à pedra os responsáveis por este estado de coisas e os mandar para a prisão. Depois dessa limpeza as estradas ficarão um pedaço mais desimpedidas porque todos temos alguma culpa.

Eu incluída, entre outras coisas por não ter coragem de mais que debitar umas asneiras semi-esclarecidas num blogue sério! Até um dia decidir organizar um terramoto! Mas fazer cair um castelo de cartas com umas fundações tão sólidas é complicado! Kafkiano! Mas possível. Ainda não sei como, mas eu sou perseverante!

Anónimo disse...

Pois Magda, alguem se esqueceu disso: para que serve a escola. Mas não é de agora. O problema é que a culpa é sempre doutros, nunca assumimos as nossas culpas, a nossa quota parte. Ministros, etc., têm uma responsabilidade grande, mas nós nunca discutimos o que queremos da educação, nem para que é que isso serve. Porque razão gastamos os rios de dinheiro que gastamos em educação? Fazemos isso com que objectivos? Somos eficientes? Podiamos ser mais eficientes? Como avaliamos? Como detectamos quem faz bem, e deve ser premiado, e quem fas "porcaria" e deve ser liminarmente reprovado (colocado fora do sistema)? Como é que nos interessamos?

Não temos tempo? Confiamos neste e naquele?

O que é que temos de MAIS IMPORTANTE para fazer?

Estas questões ninguem responde. É fácil dizer que a culpa é da ministra, ou doutro qualquer. Mas depois, passado muito blá-blá, lá vem a frase: não tenho tempo nem condiçoes económicas para acompanhar o meu filho? WTF?

Como o inenarrável autor do artigo associado a esta caixa de comentários, que quer impedir as crianças de usarem as ferramentas que são "papel e lápis" das crianças dos outros países. Que confunde ferramentas com atitude e sentido ético, ou seja, confunde "alhos com bugalhos".

Bolas, que assim não vamos longe.

Alguem se esqueceu para que serve a escola? Mas se calhar não foi só a ministra, todos o fizemos, ou melhor, não temos tempo para pensar nisso. E se não temos tempo, somos talvez tão ou mais culpados do que aqueles que condenamos com tanta "facilidade".

DS

maga.pata.logika disse...

Caro DS

O meu problema não é SÓ com esta ministra! O meu problema é com uma cambada de funcionários públicos em escolas secundárias, superiores e ministérios, bem pagos porque estão a fazer serviço público mas se esqueceram do que isso é!

Se o problema da degradação do ensino se limitasse a esta senhora, resolvia-se com a saída dela! Mas não resolve! É mais profundo que isso!

A educação é daqueles casos em que as coisas têm que andar certinhas! Tem que haver uma estrutura muito sólida por detrás, mas ela está a desmoronar-se... e quem paga são as gerações futuras! Eu estou mais preocupada com a educação dos meus sobrinhos que com a que eu tive e com as falhas que essa teve (e fora muitas, algumas por culpa minha).

O autor deste post não é contra o uso das TI (acho eu!): é contra os portáteis como panaceia universal! Eu também, por todos os motivos que abordei acima e mais alguns que me esqueci! O mais importante dos quais não foi ultrapassado: a falta de conteúdos de qualidade. Sendo que acho que os sábios que aqui escrevem têm culpas no cartório nesse aspecto, os Ministérios têm uma culpa maior porque não estão/são capazes de ver isso! E a sua função é precisamente organizar isso! Está a ver que a sua discordância com o post às tantas é mesmo só aparente!

Em relação aos pais, ao seu tempo e disponibilidade, não posso concordar consigo na totalidade. Sendo de uma importância muito grande, há pais com todos os níveis académicos e disponibilidades. E os professores e ministérios por vezes divorciam-se das suas responsabilidades, quer não fazendo nada quer baixando de tal modo a fasquia da exigência que só um mentecapo não passará de ano (ou transitará, que é mais chique!). Os números dos educados têm que subir, mas não assim! E os pais vão pensar que os seus meninos são sobredotados quando nem a sua real capacidade tiveram a hipótese de demonstrar.

Convido-o a reler os textos e pensar bem se a sua alergia a este post será assim tão real ou se será mesmo só aparente! Afinal, estamos a tentar ganhar a mesma guerra, não se esqueça!

Magda

Anónimo disse...

Prezada Magda:

Muito obrigado pela leitura que fez do meu post, sem deixar lugar a dúvidas sobre a minha posição sobre o uso dos computadores, expressa no parágrafo que transcrevo do meu texto:

"Apenas defendo que as melhores ideias, SE MAL APLICADAS, transformam-se em péssimas ideias: o domínio das novas tecnologias de informação é um BEM PRECIOSO, mas como não há bela sem senão entregar nas mãos ávidas dos jovens a Net no princípio de um ano escolar de acrescida exigência, e para mais de supetão, tem riscos evidentes que importa sopesar com cuidados redobrados". Haverá uma leitura possível que autorize a dizer, ou apenas a cogitar, que estou contra os computadores "lato sensu"?

Como poderá verificar as maiúsculas não fazem parte do texto original.

Cordiais cumprimentos
Rui Baptista

Anónimo disse...

Cara Magda,

Só posso responder agora, pois estive fora do país. A minha alergia ao texto é real e justificada. É o pior que se pode escrever e dizer: mostra pessoas, como o autor do texto, que confundem problemas com sintomas, ferramentas com atitudes. A exposição a tecnologias é benéfica, desde que devidamente acompanha. Mas NÃO É UMA OPÇÃO deixar de o fazer. Não faz sentido.

Tambem não acompanho este combate ridiculo a uma ministra da educação que, apesar de tudo, tem feito algumas coisas positivas.

Tenho MUITO MAIS MEDO destes "Rui Batista" da vida, cheios de certezas, de cabeça na areia, um típico TROLL.

Esta frase por exemplo, como quase todo o texto:
"3) Pesquisar na Net, pode ser uma arma de dois gumes: pode pesquisar-se o que se deve e o que não se deve, pondo nas mãos dos jovens essa triagem e essa responsabilidade num período da vida escolar deveras perigoso porque marca a transição de um ensino básico permissivo para um ensino secundário que se tem sabido manter firme no seu exigente papel de antecâmara do ensino superior."

O autor deste texto NEM PERCEBE que isto se aplica a TUDO. Aos livros, às revistas, a qualquer forma escrita (jornais, etc.). Portanto, para evitar os perigos o melhor é nem pesquisar. Que tristeza.


"1) É mais rápido e menos trabalhoso pôr o computador a despejar baldes de lixo de informação do que ir à biblioteca consultar umas tantas páginas de livros ou ler em casa boas obras literárias."

:-D

Portanto, a NET é lixo, tudo o que está escrito em livro é de qualidade.

Não percebe o autor deste artigo que tudo tem de ser visto com sentido crítico, seja a NET, um livro, um jornal, uma revista. Que isso do LIXO está em qq lado, não é só na NET. Que é simplista dizer que é só na NET.

Enfim...

DS

Anónimo disse...

DS:
Enfim...

Anónimo disse...

Ah! Acha mal Magda, o autor do artigo não é contra nada, nem a favor de nada. Leu um artigo do New-york Times, penso eu (referido ainda esta semana pelo Nuno Crato no Expresso, penso que era do new-york times - tem já alguns meses), e fez a sua versão "Portuguesa". E para ter sucesso, basta dizer umas coisas, misturar bem com ataques à ministra, e umas verdades de trazer por casa, e já está: artigo de sucesso. Assim como alguns alunos fazem copiando coisas da NET, tirando textos fora de contexto e metendo umas imagens catitas. Parece que resulta, pensam eles. E resulta de vez em quando, nomeadamente com os docentes que corrigem na diagonal, não prestam atenção aos detalhes e, se calhar pq não têm tempo, se demitem de educar.

As TI nas escolas vão colocar coisas a nú. Que têm de ser colocadas, pq de conversa estamos todos fartos. E como isto anda, estamos a aniquilar gerações logo desde os primeiros anos.

Lamento artigos deste tipo. Lamento ainda mais se o autor é professor. Mas pelos tiques parece antes jornalista, e nesse caso tudo bem, é normal e esperado.

DS

Anónimo disse...

DS: Agora a coisa gira mais fino. Se é que existe,venha cá para fora o artigo do "New-York Times" para os que nos lêem possam estabelecer uma comparação entre as duas versões. O repto está lançado, em nome de uma difícil dignidade de quem se esconde atrás do anonimato.

Entetanto, deixe-se de recadinhos do género "penso eu". E pensa em duplicado: pensa que eu li o que não li e pensa que a fonte era do "New-York Times". Deixe de pensar, e responda ao repto que lhe fiz frontalmente. Chega de falsidades!

Anónimo disse...

Bolas, nem consegue pesquisar na NET. E a fazer de conta que não conhecia o artigo.

Cá vai o link:
http://www.nytimes.com/2007/05/04/education/04laptop.html?_r=1&pagewanted=1&ei=5087%0A&em&en=32f2723c3e7c5830&ex=1178510400&oref=slogin

Mas era fácil, bastava ver no "history" do seu browser.

Nome: "Seeing No Progress, Some Schools Drop Laptops"

Está lá tudo:
1. O lixo da internet;
2. Os jogos;
3. As horas a fio na conversa;
4. A pesquisa nos livros.

O mesmo tipo de artigo.

O problema deste artigo, como do "seu" em português, é o enorme exagero, como se o problema fosse dos computadores, da tecnologia, etc. O problema é a atitude de todos no sistema educativo. Deixar andar, sem controlo, leva ao que leva, seja qual for a tecnologia, etc.

DS

Anónimo disse...

DS:

Permita-me que comece por lhe agradecer, “ex corde”, o grande favor que acaba de me fazer ao enviar-me o link que muito proveitoso me foi (não posso estar a par de tudo o que se publica na Net), e bastante elucidativo para quem ainda possa estar a seguir esta troca de comentários (se é que alguém o ainda faz, o que duvido e bastante pena me causa). Enfim!

Explico porquê, de um forma sucinta, mas sem deixar lugar a dúvidas sobre a minha dívida de gratidão para consigo:

1. Seria uma forma de enriquecer o meu post - “ A entrega de portáteis nas escolas” -, logo a partir do título do artigo do New-York Times”, de 04/Maio/2007: “Vendo não haver progresso, algumas escolas abandonaram os computadores”.

2. Segundo esta fonte outras escolas se lhe seguiram e “no último mês, o Departamento de Educação dos Estados Unidos realizou um estudo que demonstrou não haver diferença no aperfeiçoamento entre estudantes que usam programas de “software” educativo para a leitura e a matemática e aqueles que o não fazem”.

3. O leitor desta polémica(zita) poderá cotejar o meu artigo com (1) o link, com (2) o artigo do Presidente do Conselho Científico da Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra (que transcrevi “verbo pro verbo, indicando a fonte respectiva) e com (3) um interessante artigo de Elvira Calapez, publicado dias depois, neste blogue, com o título “Sobre o plágio”. Nele encontrará termos idênticos (aquilo que em comunicações académicas se chama palavras-chave) e identificação de opiniões. Logo, andámo-nos a plagiar uns aos outros!!!

Se quiser ser isento, verificará que eu me limito a pegar na opinião de um aluno, a quem foi “oferecido” um computador pelo governo, para em 5 alíneas dissecar os perigos dos computadores portáteis, mormente, quando utilizados num período de transição do fim do ensino básico para o início do ensino secundário. Corrobora esses perigos ( e ainda lhe acrescenta o da pornografia) o artigo que teve a gentileza de me enviar.

Todavia, teria feito uma obra de verdadeiro interesse nacional se tivesse atempadamente avisado o primeiro ministro e a ministra da Educação do que se estava a passar na América. Não o fez. Embora tardiamente (e como eu o lamento por ter perdido a oportunidade de enriquecer o meu post com estes estudos), deu-me a honra da preferência. Bem-haja!

Anónimo disse...

Rui Baptista:

Esse artigo é conhecido há LUAS. Foi várias vezes citado pelo Nuno Crato, pelo Carlos Fiolhais, e outros, incluindo eu próprio, em artigos de jornal e em blogs. Enfim...

Você é aquilo que eu chamo um "fartote de rir". Bem-haja.

:-D

DS

Anónimo disse...

Chegou a hora da verdade.

Publique excertos do meu artigo e partes dos artigos que diz eu ter plagiado, para que os leitores os cotejam e concluam sobre a seriedade das suas afirmações.

Mas por favor,não me veja com histórias da carochinha: fulano (e eu próprio, DS) escreveu "computador", você também. Plágio! Fulano ( e eu próprio, DS) escreveu "escola", você também. Plágio! Fulano (e eu próprio, DS) escreveu "Net", você também. Plágio! Fulano (e eu próprio, DS) utilizou "as 23 letras do alfabeto", você também. Plágio! Plágio!Plágio...Plágio!

Com magnanimidade que espero saber reconhecer e agradecer, vou facultar-lhe uns momentos de glória: transcreva, indicando a fonte e a data de publicação dos textos que escreveu sobre o assunto. Fiquei na dúvida: em jornais, em blogues ou, apenas, na sua imaginação? Os mentirosos compulsivos chegam a acreditar serem verdadeiras as petas que dizem.

Só uma coisa lhe exijo. Não evoque os nomes de duas pessoas que muito respeito, os Professores Nuno Crato e Carlos Fiolhais e que nada têm a ver com a questão. Quanto ao resto pode continuar a dizer as baboseiras que quiser e a fazer as piruetas de raciocínio que entender.E ria, ria muito em frente ao espelho. Dizem que rir faz bem ao fígado, talvez assim esvazie a bilis dos comentários que escreve.

Já agora uma última pergunta: quem lhe encomendou o sermão da defesa da "oferta"dos computadores aos alunos do 10.º ano do ensino secundário? Ou escreve por conta própria? De qualquer das maneiras, não se fixe doentiamente na minha pessoa, leia os interessantes comentários de outros intervenientes nesta conversa da treta entre mim e si, e de que eu me penitencio. Verá que essas pessoas dialogam e apresentam argumentos.

Por respeito ao de " De Rerum Natura" e aos seus leitores ponho ponto final no assunto. Quanto a si. faço-o para "não gastar cera com ruim defunto"(ditado popular). Para não ser acusado de plágio por si, como poderá verificar, pus aspas na frase e indiquei a respectiva fonte.

Pelo menos nisto estaremos de acordo, jugo: compete aos que ainda nos possam ler e, principalmente, aos comentadores deste post que emitiram as suas opiniões com seriedade tirarem as ilacções pertinentes. Eles nos julgarão.

A terminar, sobre o plágio, não resisto a aconselhá-lo a ler este pedaço de prosa:"Assim se compreende que os máximos autores do Mundo tenham sido acusados de plagiadores por eruditos ou zoilos pouco inteligentes que se limitam ao facílimo trabalho de paciência que é descobrir semelhanças sem se aperceberem de onde está a verdadeira originalidade e o carácter pessoal de um escrito, e que se haja demonstrado a perfeita semelhança de trechos e de obras desses grandes escitores com trechos e obras de autores que os precederam" ("Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira", tomo 22, p.49).

Claro está que desta citação nem uma migalha me cabe no que respeita "aos grandes autores do Mundo". Quanto a si cabe-lhe roer a côdea dura de todo o resto do texto. Excepcionando, claro está, uma pequena palavra:"eruditos"!

maga.pata.logika disse...

Meus caros

Eu tinha deixado de ler este post porque achava que estava tudo dito. Dito isto, chamo a atenção que li os vossos comentários na diagonal e nenhum dos vossos links.

Correndo o risco de estar a ser lógica, chamo a atenção para se estar perante uma luta de egos e não de opiniões. Isso em si é um mal da nossa sociedade.

Como não sou santa nem para lá caminho, digo já que não raro caio no mesmo erro! E é um erro!

O que me interessa mesmo é que se discuta esta e outras políticas de Educação e esta e outras Ministras e estes e outros professores. Não com o intuito de chamar a algum "um pote de riso" ou plagiador mas de educar crianças!!! Ou esqueceram-se dessa parte??

O problema é mesmo esse: muita gente se perde nos "entretantos" e esquece-se das criancinhas e jovens adultos em nome de egos e de dar bom aspecto com números e políticas XPTO!!!

Uma sugestão: porque não recentrar mesmo a questão em como usar as tecnologias para efectivamente fazer qualquer coisa de extraordinário e até que ponto os livros são maus? Tanto um como outro têm muito que se lhe diga!

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