terça-feira, 22 de junho de 2010

POR UM NOVO MUSEU DE CIÊNCIA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA


Está hoje em discussão o futuro dos Museus da Politécnica da Universidade de Lisboa. Sem querer "meter a foice em seara alheia", dou, tal como me foi pedido, a minha contribuição, como cidadão interessado pela cultura científica:

1. Os actuais “Museus da Politécnica” da Universidade de Lisboa, juntamente com o Jardim Botânico a eles anexo, ocupam um espaço nobre e histórico da cidade de Lisboa e albergam um notável património científico que importa sobremaneira cuidar, valorizar e promover. Um grande projecto científico-cultural que envolvesse a universidade e a cidade deveria proporcionar um novo centro de atracção na capital. Por outro lado, é uma oportunidade para a Universidade e para o país de tratar de modo profissional todo os eu património científico (incluindo espólio de medicina e astronomia que está noutros sítios, e que corresponde a um legado de importantes actividades científicas nos séculos XIX e XX). Acima de tudo, representa uma oportunidade de a Universidade se abrir ainda mais à cidade, ao país e ao mundo, promovendo a cultura científica para o maior número possível de cidadãos

2. A actual situação, com dois museus em larga medida divorciados um do outro, é insustentável. Ao défice de uma estratégia conjunta e à não optimização dos custos de gestão e “marketing”, acresce o facto de se revelar confuso para o visitante o actual trajecto dentro do espaço. Fez bem, portanto, a Comissão Internacional que apresentou um relatório sobre os museus em propor a constituição de um único Museu de Ciência. Caminhar nessa direcção representaria não só uma sinergia de esforços mas também uma economia de investimento. E significaria desistir de uma tradição de isolamento das várias áreas disciplinares, que é feita tendo em atenção interesses particulares e não o interesse geral do público. A moderna ciência é, de resto, altamente interdisciplinar.

3. O novo museu exige uma refundação que pressupõe um novo nome (procurando, por exemplo, um patrono num dos nomes históricos da ciência em Portugal: Pedro Nunes, Garcia da Horta, Domingos Vandelli, Egas Moniz?) e um novo programa, que deve ser procurado de um modo o mais colectivo possível. Não é curial que o novo Museu seja desde já baptizado com o nome de um dos dois museus actualmente coligados sob a designação de “Museus da Politécnica”. Não andou bem, por isso, a referida Comissão ao propor o nome de “Museu Nacional de História Natural” para o novo Museu. Se se tivesse de escolher uma das actuais, “Museu de Ciência” seria uma designação mais abrangente do que História Natural pois esta faz parte da Ciência e não vice-versa. A concretização desta proposta da Comissão levaria provavelmente à exacerbação de tensões internas em vez de ajudar na indispensável colaboração dos vários sectores disciplinares no projecto, para além da perda, sem honra nem glória, do actual Museu de Ciência. Além disso, as colecções de História Natural existentes em Lisboa, apesar do seu indubitável valor, não justificam essa designação (o último incêndio foi uma catástrofe!). Por último, a escolha do nome sugerido conduziria à desvalorização ou eventualmente exclusão do magnífico Laboratório Químico e do notável Observatório Astronómico, cuja ligação à História Natural só dificilmente é justificável.

4. Existindo outras Universidades portuguesas (Coimbra e Porto) com espólios científicos do mesmo tipo, impõe-se, num país pequeno, de escassos recursos e ainda por cima numa situação de crise, que haja uma colaboração eficaz entre elas, numa estrutura em rede, quer no trabalho técnico de organização e mostra, tanto real como virtual, das colecções, quer ainda na permuta de exposições temporárias ou, pelo menos, de instrumentos, objectos e documentos a incluir nestas. É bom que as escolas superiores com maiores tradições convirjam na defesa de cultura científica. A ligação entre Lisboa e Coimbra, em particular, devia ser reforçada, atendendo até à história comum (Museu da Ajuda devido a Vandelli, Gabinete de Física em Coimbra com origem no Colégio dos Nobres, etc.) A reivindicação junto do governo da nação – que, infelizmente, tem olvidado quase por completo o património científico – de condições de trabalho adequadas poderia e deveria ser conjunta, aumentando com isso a sua probabilidade de êxito. Programas específicos de apoio deveriam contemplar de modo diferenciado o que é específico nas instituições de ensino superior, complementando algoritmos de distribuição orçamental baseados quase só no número de alunos. Essa reivindicação não deve fazer esquecer a angariação de apoios que tem de ser feita junto da sociedade em geral. A sociedade, para ter memória e identidade, necessita da preservação e exibição em condições adequadas do património científico. E este necessita, decerto, de toda a ajuda que a sociedade lhe puder dar.

O INCÊNDIO DO" TOUCHDOWN JESUS"


Habitual extracto da coluna "What's New" de Robert Park:

"JESUS STATUE: GAZE ON MY WORKS YE MIGHTY AND DESPAIR.

A familiar landmark in southwestern Ohio, the six story statue of Jesus from the torso up was nicknamed Touchdown Jesus because the arms were raised like a referee signaling a touchdown. Constructed of plastic foam over a steel frame, it was consumed by fire on Friday after being struck by lightning, as if to invite comparison."

Robert Park

segunda-feira, 21 de junho de 2010

ZERO A ZERO, OU O VALOR DO VAZIO


Nova crónica, em versão revista, de António Piedade, antes saído no "Diário de Coimbra" (na imagem o sorriso de Gioconda com 0 e 1):

Dois conjuntos numéricos encontram-se e, numa sobreposição, dois zeros falam entre si:

- “Não vales nada, és um zero à esquerda”,

diz o zero dos milhares, pertencente a um sistema de numeração posicional, para o zero de um eixo ortogonal. Responde este:

- “Estás completamente enganado, não percebes que eu sou essencial à simetria deste eixo? Tenho sempre valor pois tudo se refere em ralação à minha posição. Sou o tudo e o nada. E tu, caro zero real, tem cuidado: Mudam-te de posição e tu é que passas a ser descartável!

Zangado, com uma sobrancelha nos milhões e um pé nas centenas, o zero posicional avança com tudo o que tem:

- “Caro zero ortogonal, andas pelo e és vazio, por mais que possas ser derivado e integrado. E mesmo podendo seres uma referência, és um ponto vazio do tudo. Se não fosse o vazio, não valias nada.

Retorque o zero entre negativos e positivos:

- “Caro zero milhar, não te exaltes, pois vales, como eu, pela posição que temos. Eu estou sempre aqui. Tu bailas de valor consoante a aritmética que te façam. Coopera comigo, antes que sejamos resolvidos numa qualquer transformada ou tabuada. Lembra-te que sem nós, os zeros, pouca aritmética se poderia fazer. Nós é que damos sentido aos inteiros, e sem nós não há negativos! E sem negativos, os opostos positivos não se podem envaidecer por, ilusória e aparentemente valerem mais. E o que dizer dos cálculos integral e diferencial dos senhores Newton e Leibniz? Sem nós, o primeiro não teria teorizado a gravidade! E que dizer da teoria atómica? Como é que aqueles senhores, os físicos e os químicos, poderiam compreender o vazio cósmico e atómico, suporte de toda a matéria e energia? Une-te a mim, zero milhar, sem nós a noção de infinito seria uma mera abstracção! Sem nós as mentes humanas só olhariam numa direcção e não teriam horizontes infinitos! Ficariam lá no mito da caverna platónica, ah, ah, ah! Não vez que até tiveram de “deitar” o 8 quando te utilizaram como divisor!? Por outro lado, todos os números inteiros encontram a sua infinitude quando são por nós divididos! E não podem ignorar-nos: tornam-se zero quando por nós multiplicados! São os mesmos quando por nós somados ou subtraídos. Pois não “vês” que qualquer número pode ser representado com a nossa presença na adição e na subtracção e que somos nós lhe damos valor acrescentado? Como é que o 1 poderia aspirar a estar de peito altivo a dizer que é vale um bilião, se não estivesse acompanhado dos zeros necessários?".

- “Tens razão, zero ortogonal
”,

assenta o zero milhar.

- “Não tinha visto as coisas com essa resolução toda. E é verdade que até podemos ser muito quentes do ponto de vista térmico. É que mesmo a zero graus Celsius, como se diz, ainda somos muito, mas mesmo muito mais quentes em relação ao nosso primo zero, dito absoluto, que está lá para os -273,15 graus Celsius, bem quietinho abaixo de nós! É espantoso, realmente”.

- “Não tenhas incertezas quanto a isso”
,

continua o zero no eixo.

- “E o que dizer do código binário, base para a transmissão digital, linguagem desses processadores de computação que sustentam os humanos? Nós, os zeros, na companhia do nosso vizinho 1, somos suficientes para, em combinação, transmitir tudo o que os símios avançados quiserem: desde a explosão de uma super nova distante, passando pelo sorriso enigmático da Gioconda do Leonardo”.

- “Mas qual Leonardo, o que nos apresentou na Europa em pleno Renascimento?”,

questiona o zero milhar.

- “Não, meu caro”,

diz o zero ortogonal,

- “O Leonardo de Pisa, que bebeu o zero, de fonte árabe e que, no seu “Liber Abbaci”, fez ver aos europeus seculares que nós somos números com valor aritmético e que, paradoxalmente, também podemos representar o vazio que há em todas as coisas. O vazio abstracto antecâmara do pensamento, da orbita electrónica, indelével a elevar uma sonata de Bach. Foi este Leonardo que apresentou à então mediana Europa, como nos usar de forma apropriada.


- "Mas então, de onde viemos? Dos Gregos? Dos Romanos?”

- “Não, nem Gregos nem Troianos, nem Romanos. Tanto quanto os historiadores sabem, foram os Babilónios, há cerca de 4500 anos atrás, no actual território iraquiano, a primeira civilização que percebeu como somos necessários para posicionar correctamente os valores numéricos que precisavam de representar. Mas a civilização Maia também nos simbolizou. Curioso, não é? Eles, os babilónios que até tinham um sistema sexagenal, ou seja de base 60, em vez do sistema actual, que vingou, que é decimal, ou seja, de base 10”.

- “Bom, de qualquer forma, em qualquer dos dois sistemas, lá estamos nós a servir de base”. “Não tenhas dúvidas. Mas este sistema actual em que tu, zero milhar, estás inserido, e a nossa forma simbólica, tem raízes hindus: e quem nos simbolizou como uma linha fechada foi o hindu Brahmagupta, que apresentou a nossa relação com os outros números que, como nós, são reais”.

- “E o nosso nome?”.

- “Também de origem hindu: vem de shúnya
, que significa vazio entre outras coisas. Depois os árabes, muito afoitos nas coisas dos algarismos, rebaptizaram-nos por shifr. Depois veio a latinização, como não poderia deixar de ser: zephirum, zéfiro, zefro e, no fim, zero”. “É uma longa história, não é? Agora dêem valor a qualquer zero: é que ele tanto pode ser e não ser e tem valor enquanto vazio”.

- “Ser e não ser, eis o zero. Como teria dito Shakespeare se fosse mais inclinado para os números!”.

- “Deixa lá. O Camões, quando rimou a mudança, a ventura e o amor, lá foi implicitamente falando de nós. É que somos mais que paradoxo e vazio: somos o zero.”


António Piedade

Computadores e/ou livros?

Miguel Pires, leitor do De Rerum Natura, fez-nos chegar um artigo muito interessante sobre a influência dos computadores no desempenho académico das crianças e jovens bem como do efeito benéfico destes disporem de livros em casa.

Esse artigo pode ser lido aqui.

A Sexualidade dos Adolescentes

Informação chegada ao De Rerum Natura.

Título: A Sexualidade dos Adolescentes Contada por eles Próprios
Autor: Didier Dumas
Editora: Bizâncio

Instalado que está o modelo médico na educação sexual que deve ter lugar em contexto escolar (assente na explicação da reprodução e nos riscos inerentes à sexualidade), são bem vindos contributos que abram perspectivas complementares, que se detenham, por exemplo, em aspectos da ordem dos sentimentos (De Rerum Natura).

Sobre o livro: Em matéria de sexualidade, apesar de tudo ter mudado, nada se alterou na educação dos jovens. Embora a nossa sociedade se considere livre e a sexualidade já não seja considerada tabu, os pais de hoje silenciam tanto o assunto como os pais de antigamente. A explosão das técnicas da imagem, porém, faz com que os jovens se confrontem cedo demais com a pornografia. Este paradoxo entre o exibicionismo vulgar, por um lado, e o silêncio parental, por outro, surge como a causa mais importante da angústia dos adolescentes.

Sobre o autor: Didier Dumas dá-lhes a palavra, e os jovens, dos 14 aos 22 anos, confiam-lhe as suas experiências, problemas e medos, exprimindo-se com todo o à-vontade, sem tabus, sobre este assunto delicado e íntimo. Para que os nossos adolescentes e os das gerações vindouras possam ter uma vida sexual mais equilibrada, é urgente ensiná-los a falar de sexualidade. Porém, ao contrário do que se pensa, tal não se resume a explicar a reprodução e os diferentes riscos que correm. Pressupõe que se possa falar de amor e de desejo, desde a mais tenra idade. Um livro essencial que alternadamente dá a palavra aos jovens e ao adulto.

sábado, 19 de junho de 2010

Melhores resultados?

"Provas de aferição: Mais alunos com ‘Muito Bom’ a Matemática e Português no 1.º ciclo."

A notícia é de Margarida Davim e está publicada no Jornal Sol, que acrescenta "enquanto no 1.º ciclo os alunos conseguiram melhores resultados nas provas de aferição Português e Matemática do que no ano passado, caiu a percentagem de ‘Muito Bons’ a Português no 2.º ciclo". Mais precisamente, nesta área curricular, como agora se designa, "caiu para metade o número de alunos que no 2.º ciclo conseguiu ter ‘A’ (‘Muito Bom’) (...), passando de 8 para 4% aqueles que conseguiram chegar à nota mais alta da escala". Neste ciclo, há também um pequeno aumento de ‘Muito Bons’ a Matemática, com mais 1,5% dos alunos a conseguir essa classificação.

Os resultados das Provas de Aferição chegam às escolas anteontem, estão disponíveis no sítio do GAVE e circulam na comunicação social; irão surgir análises e opiniões do mais variado teor, a que o De Rerum Natura dará atenção...

Mas nenhuma consulta a esses resultados, análises e opiniões, por mais eruditas que se afigurem, apaga da minha memória o depoimento de uma mãe, que vi passar na televisão: na pauta, constava que o seu filho tinha obtido "A" a Língua Portuguesa e a Matemática, mas ela, calma sorridente, permitia-se duvidar da veracidade daquelas classificações que envaideceriam qualquer mãe digna desse nome.

A dúvida acerca do valor dos exames está instalada, não só entre os académicos, mas na opinião pública. E isto ao ponto de os próprios pais terem reservas em ficar felizes perante os (aparentemente bons) resultados escolares dos seus filhos.

Ora bolas!

Novo texto de Filipe Oliveira, Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Matemática, onde, entre outros aspectos, se destaca uma análise da evolução da dificuldade dos exames nacionais de Matemática.

Nos últimos anos temos assistido a uma quebra significativa do nível de exigência do Exame Nacional de Matemática 12.º-A. Uma prova equilibrada deve naturalmente conter questões mais fáceis e questões mais difíceis. No entanto, aquilo que se tem verificado é a existência de um número exagerado de questões demasiado elementares, que em muitos casos se resolvem por simples bom senso ou recorrendo a técnicas muito rudimentares para este nível de ensino. Esta situação desautoriza o trabalho dos professores, que, nas escolas, procuram preparar os seus alunos para os desafios que irão encontrar no Ensino Superior. Por outro lado, induz em erro os alunos quanto aos objectivos que devem ser atingidos no final do Ensino Secundário.

Contrariamente ao que sucede no caso das Provas de Aferição do 4.º e do 6.º ano, quando analisamos a Matemática do 12.º ano é difícil para o grande público constatar por si próprio este baixo nível de exigência.

Deste ponto de vista, as questões relativas à Teoria das Probabilidades são particularmente interessantes: muitas vezes, esses enunciados reflectem situações que podem ser descritas sem recurso a jargão técnico, ficando assim ao alcance de qualquer pessoa - mesmo que apenas possua escassos conhecimentos de Matemática - formar uma opinião quanto ao grau de dificuldade dos problemas propostos. Antes de exibirmos alguns exemplos, gostaríamos de salientar o seguinte:

No 12.º ano, existem vários exames nacionais de Matemática. O exame “Matemática-A” destina-se aos alunos que após 9 anos de estudos no Ensino Básico optaram por um ensino diferenciado e especializado em ciências. Em particular, terão recebido três anos de formação específica em Matemática com vista a ingressarem no Ensino Superior em cursos de Ciências, Engenharia ou Economia. São estes alunos que dentro de poucos anos terão à sua responsabilidade o desenvolvimento científico, tecnológico e económico do país.

2007: Exame Nacional de Matemática A, 1.ª fase
Num saco, encontram-se cinco bolas, cada uma com uma letra da palavra TIMOR. Extraem-se as cinco bolas sequencialmente, dispondo-as da esquerda para a direita. À terceira extracção, as três bolas sorteadas formavam a palavra T IM_ _.
Sabendo este facto, qual a probabilidade de no fim deste sorteio se vir a obter a palavra TIMOR?

Resposta: Nesta situação, a palavra final será TIMOR se se obtiver a letra O na próxima extracção, o que tem probabilidade ½ (ou seja, 50%) de acontecer. Bastava pois perguntar: qual é a probabilidade de sair uma determinada bola, havendo duas à escolha?

2008: Exame Nacional de Matemática A, 1.ª fase
Numa caixa encontram-se 3 bolas verdes e 4 bolas azuis.
Introduziu-se uma nova bola, de cor verde ou azul. Após esta operação, sabe-se que a probabilidade de uma bola extraída aleatoriamente da caixa ser azul é de 50%. “Prove” que a bola introduzida na caixa era de cor verde.
Resposta: Existem oito bolas na caixa. Como a probabilidade de se extrair uma bola azul é de 50%, metade das bolas são azuis (e a outra metade são verdes). Logo a bola introduzida é de cor verde.

2008: Exame Nacional de Matemática A, 2 ª fase
A caixa A contém 2 bolas verdes e 1 bola vermelha. A caixa B contém 1 bola verde e 3 bolas vermelhas. Lança-se um dado com seis faces. Se sair “5”, retira-se uma bola aleatoriamente da caixa A. Caso contrário retira-se uma bola aleatoriamente da caixa B.

Sabemos que saiu “5” no dado . Qual é a probabilidade de a bola retirada ser verde?

Resposta: Tendo saído “5” no dado, retira-se aleatoriamente uma bola da caixa A. Como esta caixa contém 3 bolas, duas das quais verdes, a probabilidade é de 2/3.

E para este ano? No passado dia 15 de Março, o GAVE emitiu o Teste Intermédio 12º – Matemática -A. Segundo informação disponibilizada no sítio do G.A.V.E., "... no que se refere à tipologia dos itens e aos respectivos critérios de classificação, os testes intermédios ilustram, com elevado grau de fidelidade, o modelo de prova de exame a apresentar no corrente ano lectivo."

Estamos pois perante uma antevisão fidedigna daquilo que será o próximo Exame Nacional do 12º ano de Matemática A. Nesta prova, podemos encontrar a seguinte questão:

2010: Teste intermédio 12.º – Matemática A
Numa caixa encontram-se três bolas com o número 0, duas bolas com o número 1 e uma bola com o número 2.

Desta caixa extraíram-se duas bolas. Sabendo que a soma dos valores nelas inscritos é 1, qual a probabilidade de se terem extraído bolas com o mesmo número?

Resposta: É impossível, pelo que a probabilidade é nula. A pergunta é tão simples, que a única dificuldade está em crer que o examinador seja tão condescendente.

Serão estas questões adequadas, ou sequer razoáveis, tendo em conta a idade, o percurso e as aspirações dos alunos a que se destinam?

sexta-feira, 18 de junho de 2010

As vuvuzelas sul-africanas e as carpideiras portuguesas

“A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido, não na vitória propriamente dita” (Mahatama Gandhi,1869-1948).

No último “Prós & Contras”(14/05/2010), em que se debateu o Campeonato Mundial de Futebol 2010, um professor universitário de marketing teve o uso das vuvuzelas como fenómeno cultural do povo maioritário da África do Sul. Sem entrar nesta discussão, para a qual me falecem os conhecimentos do domínio antropológico cultural e social, remeto-a para os respectivos especialistas.

Já sob o ponto de vista da sua acção sobre a concentração necessária a jogos altamente competitivos e desgastantes sob o ponto de vista nervoso de uma competição a nível mundial ninguém poderá pôr em dúvida a sua acção nefasta . Mas não são as vuvuzelas a essência deste meu post. São as carpideiras nacionais a anunciar o pessimismo nacional de um povo habituado a um triste destino propalado aos sete ventos, em choros convulsivos mesmo antes de tempo.

Carlos Queiroz é a figura central de uma tragédia pré-anunciada, e que muitos gostariam de ver consumada como prova da sua razão. Portugal empatou com a equipa da Costa do Marfim como se essa equipa não fosse a mais forte do continente africano pejada de atletas de grande porte físico e uma técnica apurada. Se as cores nacionais tivessem ganho por um golo logo viriam os profetas da desgraça dar conta de um desaire por Portugal não ter ganho por dois, três ou mais golos...

Mas não termina aqui o fadário de Carlos Queiroz. Aproxima-se o jogo decisivo com a Coreia do Norte e o seleccionador nacional encontra-se na incómoda posição de ser preso por ter cão e preso por não ter. Atente-se no “caso Deco”. Se o puser a jogar e Portugal perder (“vade retro Satanas”!) logo virão as críticas: “É um fraco, depois das declarações que ele fez depois do jogo com a Costa do Marfim nunca o deveria ter posto a jogar”. Encaremos agora a mesma derrota sem o Deco: “É um vingativo, não perdoou as suas declarações e o desaire ficou-se a um torpe desforço”.

Entretanto, é esquecido que o primeiro golo do Brasil contra a Coreia do Norte foi um golpe de sorte, como de azar foi o remate potentíssimo de Cristiano Ronaldo contra um dos postes da baliza da Costa do Marfim. Mais é esquecido que as indicações de Tony a Ericson foram preciosas na denúncia das fragilidades da equipa das quinas. Finalmente, sem esgotar o tema, é esquecido que Deco e Simão Sabrosa já não são os jogadores que foram no último Campeonato da Europa em que fomos finalistas tendo perdido com a Grécia. Entretanto, é esquecido…

Carlos Queiroz tem atrás de si um invejável currículo que nenhuma esponja de má vontade pode apagar: treinador, seleccionador e vencedor de dois campeonatos mundiais de sub-20, donde saiu uma plêiade de jogadores portugueses havidos entre os melhores do mundo, treinador adjunto de Sir Alex Ferguson de quem mereceu os maiores elogios, convidado para treinar a Selecção Mundial de Futebol da FIFA, etc.

Seja como for, Carlos Queiroz quer fracasse, quer vá longe neste campeonato mundial não merece o ódio visceral ou a paixão assolapada de massas volúveis. E muito menos ser crucificado na praça pública para dar trabalho às carpideiras nacionais. No final, nas mesas de um possível fracasso ou inesperado sucesso da selecção nacional de futebol, uns irão banquetear-se com ódios que não tenho; outros empanturrarem-se com apoios apaixonados que não tiveram na divida altura. Não me sentarei em nenhuma das mesas.

Num tom de humor (?)

Continuando num tom de humor (negro), aqui reproduzimos uma crónica de Henrique Raposo, recentemente publicada no Expresso, que incide no (suposto) humor do nosso Ministério da Educação e que tão bem sintetiza questões em que temos insistido no De Rerum Natura.

I. Nas últimas semanas, o humor do ministério da educação começou no grau de exigência das provas de final de ano. Numa prova do 6.º ano, os alunos foram confrontados com este desafio brutal: ordenar palavras por ordem alfabética. Repito: a prova era para o 6.º ano.

Uma prova de matemática, também do 6.º ano, tinha perguntas complicadas como esta: "quantos são 5 + 2?". Tal como disse a Sociedade Portuguesa de Matemática, 14 perguntas deste teste de aferição do 6.º ano poderiam ter sido respondidas por alunos da primária. Em nome das suas estatísticas, os pedagogos da 5 de Outubro estão a destruir qualquer noção de empenho e rigor. Isto até seria cómico, se não fosse realmente grave.

II. Há dias, o humor chegou à própria arquitectura das escolas. Um génio da Parque Escolar decidiu que a sala de aula já não pode ser o centro da escola, porque isso representa o passado, porque isso representa um ensino centrado, imaginem, no professor. A Parque Escolar quer "uma escola descentrada da sala de aula, em que os alunos se espalham por espaços informais, com os seus computadores portáteis, cruzando-se com os professores na biblioteca e discutindo projectos". Alguém tem de explicar à Parque Escolar que uma escola não é um campo de férias. Alguém tem de explicar à Parque Escolar que o centro da escola é mesmo o professor. O aluno está na escola para aprender.

III. Já agora, aproveitando esta onda de humor involuntário produzida pela pedagogia pós-moderna, eu queria deixar uma proposta à Parque Escolar e ao ministério: que tal acabar de vez com o professor? Que tal substituir o professor por babysitters? Porque nesta escola moderna os professores são isso mesmo: babysitters.

Uma salva de palmas para a 5 de Outubro.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

DEÁRIO

Junho e Julho não é uma época feliz para muitos professores: confrontados com a prestação dos seus alunos nos testes, trabalhos e/ou exames não podem deixar de perceber que, em relação a uma parte (importante) deles, os esforço de ensino de um ano inteiro foram em vão. A sua infelicidade agrava-se no momento de preencher as pautas que, sendo públicas, caso não apresentem um nível positivo, poderão levantar graves suspeitas sobre as suas qualidades docentes. Segue-se um dilema: serem verdadeiros e escreverem as classificações apuradas ou darem-lhe um "jeitinho" para evitar problemas maiores. Como em todos os dilemas, independentemente de escolherem um ou outro caminho, fica-lhes a dúvida, fica-lhes um saber amargo na boca, fica-lhes um sentimento estranho de que nada podem contra não-sabem-dizer-o-quê...

Alguns tentam escapar a tudo isto e mais ao que aqui não está, pela via do humor (em geral, negro), que, pelo menos por momentos, dispersa nuvens mais densas.

Esperemos que este texto disparatado (será mesmo?) que acabou de chegar à caixa do De Rerum Natura tenha esse efeito sobre os nossos leitores que, sendo professores, se identificam com o que acima disse:

*29 de Junho de 2009 * paçei o 5º anuh. A p*ta da stora de mat, k é a nossa dt, n m kria deixar paçar pk eu tnh nega a td menus a ginástica, pk jogo bem há bola, e o crl... mas a gaija f*deu-se puke a ministra da idukaxão mandou dizer ao ppl k penxam q mandam aí nas xkolas masé pa baixarem os kornos k tds os socios com menos de 12 anus teiem de paçar... axu bem.

*29 de Junho de 2010 * passei o 6º anuh. ainda bem q ainda n fiz 13 anus, q ódpx podia n passar, qesta cena de passar com buéda negas é só até aos 12...f*da-se, fiquei buéda f*dido na m*rda deste ano, e ó c*ralho, o pan*leiro do stor d educassão física deu-me a m*rda do 2... assim tive nega a tudo... ainda bem q a ministra da iduqaxão é porreira, ela é qé uma sócia sbem: a xqola n serve pa nada, é uma seca. tive q aprender que os K's se escrevem Q, qomo em "xqola" e não "xkola", e que "passar" não é qom Ç... a xqola é porreira só pa qurtir qas damas qd gente se balda...

*29 de Junho de 2011 * Passei o 7º ano. Exte anuh ia chumbando pq tive nega a qase td menos a área de projetuh, mas aqela cena tb é facil, n se fax nd... Exte anuh a dt disseme q eu passava pq tinha aprendido qas fraxex qomexam qom letra maiúscula e pq m abituei a exqrever qom Q em vez de K, tipuh agora ja xei xqrever "eu qomo qogumelos qom quentruhs" em vez de "eu komo kogumelos kom kuentruhs". É fixolas, pode xer qum dia venha a ser um gamela famôzo...

*29 de Junho de 2013 * Passei o 9º ano. Foi buéda fácil, pqu a prof paxou-me logo. Fui ao quadro xqurever uma sena em qu dezia tipuh "aquela janela", e eu exqurevi "aqela janela", pqu dixeram-me qu n se xkqureve "akela", é quom Q e não quom K. Mas a profs desatinou quomiguh e dixe qu eu tnh qu pôr o U à frente do Q... Pur ixu exte anuh aprendi qu o Q leva U à frente. No próximuh anuh é o 10º, vou pá sequndária...

*29 de Junho de 2014 * Aquabei o 10º ano. Não foi muituh difícil só tive que aprender-mos a não exqureverem quom aberviaturas purque nem todas as palavras xe puderam aberviar mas ixtu foi uma bequa para o quompliquado purque quom esta sena do QU em vex de K e das aberviaturas exqueceramme de quomo é que se faxião os verbuhs nos tempuhs e nas pexoas, ou lá o que é... Mas a prof disse tass bem que no prócimo anuh a gente vê ixu.

*29 de Junho de 2015 * Passou o 11º ano. Foi mais fácil que o 10º. Aprendi que as frases devem ser mais qurtax. E aprendi também que "ano" não esqureve "anuh". Axo que no prócimo ano vai ser mais difícil. Purque a xeguir é a faquldade.

*29 de Junho de 2016 * Acabou o 12º. Fiquei buéda confuso porque tive de aprender a diferenxa entre usar o QU e o C, tipo "esCrever" e não "esQUrever". Quando eu usava o K era buéda mais fácil... A prof de português é buéda religiosa e anda a ouvir vozes de deus, porque dixe-me que eu não merexia passar, mas "xão ordens lá de xima"...

*29 de Junho de 2017 * Já fiz o primeiro ano da faculdade. Estou em ingenharia cevil. Tive um stor buéda mal iducado que me disse que eu era um ignorante porque às vezes escrevia com X em vez de CH, S ou C. Mas o meu pai veio cá com uma moca de rio maior e chegou-lhe a rôpa ao pelo. E depois fomos fazer queixa do gajo e a ministra despediu-o porque o gajo, não sei quê, parece que quis vir estragar aqui um muro nosso. Mas não sei essas senas. O meu pai é que me explicou uma cena qualquer de "danos murais"... O que é bom é que a ministra da iducação continua a mandar aqui nestes sócios da faculdade para eles não levantarem a garimpa contra nós.

*29 de Junho de 2019 * Acabei a minha licenciatura porque a ministra da iducação disse que tinhamos que passar sempre mesmo que não tivessemos notas, para não ficarmos astigmatizados. Acho que é uma cena que dá nos olhos quando se estuda muito. Agora vou fazer um mestrado e disseram-me que, quando acabar, vou ficar mestre. Eu quero ser de Kung-Fu.

*29 de Junho de 2021 * Já sou mestre. Afinal não sou de Kung Fu, sou de engenharia cevil. Os meus profs disseram que eu não devia estar em mestrado porque ainda não estava preparado, mas eu disse que o meu pai tinha uma moca de rio maior e que era amigo da ministra e já tinha mandado um bacano da laia deles para a rua e eles calaramsse. Agora vou fazer um doutoramento, porque a ministra da iducação diz que se não deixarem um aluno fazer o doutoramento só por causa das notas, ele fica com a auto-estima em baixo e isso perjudica a aprendizajem.

*29 de Junho de 2023 * Sou doutor. O meu orientador da tese ficou muito satisfeito porque eu já não dou erros ortográficos: ao longo destes dois anos, aprendi a escrever "engenharia civil" em vez de "ingenharia cevil" e também porque aprendi que a ministra é da "educação" e não da "iducação", mas lê-se assim. Entretantos casei. A minha dama chama-se Sónia e os pais dela ficaram muito felizes por ela ir casar com um doutor em engenharia civil. Ela não sabe ler nem escrever: só fez até ao 2º ano da licenciatura e depois foi trabalhar para o Minipreço. Já tá grávida.

*29 de Outubro de 2023 * Nasceu o meu filho! Chamei-lhe Júnior porque ele é mais novo que eu.

*29 de Agosto de 2029 * O Júnior vai fazer 6 anos daqui a 2 meses. Devia entrar para a escola este ano, mas estive a pensar muito bem e não o vou pôr na escola. Ele não precisa daquilo para nada, aprende em casa. Eu ensino-lhe a ler, que sou doutor, e a mãe ensina-lhe a fazer contas, que é caixa no Minipreço. A escola não vale nada. Acho que o sistema de ensino hoje em dia é uma m*rda. No meu tempo é que era bom.

No alto da Torre

Informação recebida do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra:

Ciclo de palestras
9 de Abril a 17 de Junho 18h00
Entrada livre

A Torre da Universidade de Coimbra está a ser alvo de uma intervenção de conservação e restauro que constitui um momento singular, que desperta atenção e curiosidade e que exige a conjugação de muitos saberes. Neste ciclo de palestras dá-se voz a esses saberes, evidenciando os diversos contributos técnicos e científicos que estão subjacentes à elaboração do projecto e à execução da obra.

17 Junho
O sentido da Arquitectura no restauro da Torre da Universidade

Vitor Mestre

Há um lugar próprio da Arquitectura nas obras de conservação e restauro de um monumento? Existe espaço para a intervenção criativa do arquitecto quando a palavra “autenticidade” é determinante? Na intervenção em curso, a arquitectura tem um papel fundamental. Que princípios a guiaram? Que estratégias seguiu? Que resultados espera obter? Neste espaço de debate pretende-se contribuir para a criação de uma imagem integrada da intervenção na Torre, tomando a arquitectura como saber estruturante.

VISITAS GUIADAS
DATAS: 21 Junho 2010
HORÁRIO: 9h30 às 12h30 (grupos com intervalo de 45 min)
O ciclo de palestras é acompanhado por uma exposição evolutiva no estaleiro da obra da Torre (de acesso livre) e por um conjunto de visitas guiadas.

Para as visitas, exige-se inscrição prévia obrigatória e rigorosamente limitada, reservadas a maiores de 18 anos. A visita exige estado de saúde e condição física compatível com a subida à Torre e o rigoroso cumprimento das condições de segurança indicadas no local e pelos técnicos que acompanham a visita. Inscrições até 3 dias antes da visita através do email gcu@ci.uc.pt, indicando nome, idade, profissão, contactos de correio electrónico e telefone. A organização determina e informa previamente os participantes em que grupo de visita se integram.

Iniciativa coordenada por: José Raimundo Mendes da Silva (Pró-Reitor)

Boa Noite no Chimico

Informação recebida do Museu da Ciência da Universidade de Coimbra:
EM BUSCA DOS ANIMAIS PERDIDOS

19 de Junho - 21H00 às 9H00

A ideia de dormir num museu fascina-te? E se essa experiência inesquecível acontecesse no Museu da Ciência da Universidade de Coimbra? Ainda mais? Então, prepara o teu saco-cama e vem passar uma noite diferente no primeiro laboratório de química construído em Portugal.

7 - 11 anos, 40 Euros, Marcação prévia

A INQUISIÇÃO, O REINO DO MEDO

Outra informação editorial recebida da Presença:

A Inquisição - O Reino do Medo, de Toby Green

Colecção: Biblioteca do Século, Nº na Colecção: 30

O Autor: Toby Green nasceu em Londres em 1974. Estudou Filosofia na Universidade de Cambridge e tem dividido a sua actividade profissional pelo ensino, o jornalismo, a investigação e a escrita. É autor de um conjunto diverso de obras - onde se incluem biografias, crítica literária, história e literatura de viagens - que se encontra traduzido em cerca de uma dezena de línguas. Tem um conhecimento profundo do Continente africano e da América Latina, e as suas investigações levaram-no a passar longos períodos em locais como Bissau, Bogotá, Lisboa, Cidade do México ou Sevilha. Actualmente vive em Inglaterra com a família.

Sinopse: Inquisição - O Reino do Medo lança uma nova luz sobre aquela que foi uma das instituições religiosas mais obscuras e devastadoras da história da humanidade ao adoptar uma abordagem muito viva que elege os relatos de casos individuais como ponto de partida para a análise de mais de três séculos de história da Inquisição. E são justamente as histórias desses indivíduos - bruxas no México, bígamos no Brasil, marinheiros sodomitas, padres pouco castos, maçons, hindus, judeus, muçulmanos e protestantes - que o autor resgata dos arquivos de Espanha, de Portugal e do Vaticano, para compor um fresco inédito, de grande complexidade e riqueza.

Citações
  • «Green transmite-nos uma mensagem que, pode dizer-se, é assustadoramente actual.» Sunday Telegraph
  • «Este livro alerta-nos para os perigos de qualquer sistema que persegue e condena aqueles que não partilham dos seus valores.» Daily Telegraph
  • «Uma descrição vívida da longa e condenável história da Inquisição.» Sunday Times
  • «Um estudo de grande fôlego sobre a intolerância.» Guardian

A FÍSICA DO MIAU

Informação recebida da Editora Presença, que está a comemorar os seus 50 anos, sobre um livro in fanto-juvenil acabado de sair:

"A Física do Miau", de Monica Marelli

Sinopse: Quem melhor para explicar os raios infravermelhos que a serpente, ou a gaivota para revelar os segredos do voo? Talvez não gostes muito de aranhas, mas sabes que os cientistas estão muito empenhados em estudar as suas teias? Aqui encontrarás curiosas entrevistas feitas a peixes, borboletas, morcegos... para ficares saber mais sobre a iridescência, polímeros, magnetismo e muitas outras coisas... Com divertidas experiências, no fim de cada entrevista!

A autora: Monica Marelli (na foto com o seu gato) nasceu em Milão em 1968. Desde sempre apaixonada pelos fenómenos da natureza, a autora formou-se em Física. Em 2001, recebeu um prémio atribuído a um artigo de divulgação científica e, em 2009, A Física do Miau valeu-lhe a atribuição do prémio Frascati Scienza na categoria «La Scienza per i piccoli».
Excerto
"Olá a todos, sou a Quica! Sou uma física. Deveria conhecer a ciência como as palmas das minhas mãos; mas, pelo contrário, tenho um montão de dúvidas. Por exemplo, poderei explicar o princípio de Arquimedes, mas já não percebo como fazem os peixes para subirem e descerem dentro de água. Sei como funciona a força da gravidade, mas já não é muito claro para mim como fazem os adoráveis gatinhos, quando caem, para aterrarem nas quatro patas sem se esborracharem como ovos. E as aves? Como fazem para se aguentarem «lá em cima»? Foi por isso que decidi pedir esclarecimentos a quem usa de facto a física, todos os dias, para sobreviver: os animais, precisamente. Entrevistei--os, de todos os tipos: quadrúpedes, rastejantes, peludos e flutuantes. Todos têm uma característica comum: são professores fantásticos!"

"CONTACTO" DE CARL SAGAN NO CENTRO RÓMULO DE CARVALHO


Informação recebida do Centro Ciência Viva Rómulo de Carvalho, em Coimbra (clicar para ver melhor o cartaz):

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O LEVITRON - OUTRO BRINQUEDO CIENTÍFICO



O Levitron é um dos piões magnéticos mais populares.

HUMOR - EVOLUÇÃO 3

HUMOR - EVOLUÇÃO 2

HUMOR- EVOLUÇÃO 1

Para evitar tentações...

Noticia o jornal i que a Ministra da Educação justificou, perante a Comissão Parlamentar de Educação e Ciência, a polémica medida que permite a alunos com quinze anos passar do 8.º para o 10.º ano com os seguintes argumentos:

- a medida tem um carácter transitório, sendo válido apenas para este ano.

Legitimamente, podemos perguntar se não será introduzir mais uma injustiça, neste caso em relação aos alunos que estarão nas mesmas condições nos próximos anos?

- a medida destina-se a evitar esses alunos "sejam tentados pelo abandono escolar", quando o que se pretende é que continuem a escolaridade obrigatória, agora até ao 12.º ano.

Legitimamente, podemos perguntar: os alunos que não "sofrem dessa tentação" não deveriam beneficiar das mesmas possibilidades?

- a medida não é facilitista pois os alunos têm de fazer ONZE exames.

Legitimamente, podemos perguntar: não será um pouco irrealista pedir aos alunos com um percurso académico problemático para se prepararem para tantos exames, em dois meses, vá lá... três?

Mais terá dito que será "quase impossível" os referidos alunos ultrapassarem esses exames de carácter nacional e de escola...

Legitimamente, podemos perguntar: não haverá aqui uma contradição evidente!? Ou seja, procura-se evitar a tentação de certos alunos abandonarem a escola, mas se é quase impossível superarem a provação, então, o mais certo é que a abandonem. Logo, a medida é ineficaz.

EM QUE ACREDITA O SENHOR MINISTRO DA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E INOVAÇÃO E A SUA EQUIPA?

No passado Ano Darwin, numa conferência que fez no Museu da Ciência, em Coimbra, o Professor Alexandre Quintanilha, começou por declarar o s...