sexta-feira, 13 de novembro de 2020

DEIXAR VIVER OU DEIXAR MORRER, EIS A QUESTÃO


“A consciência é a memória inserida no tempo” (Fernando Pessoa).

Começo por me reportar ao extraordinário testemunho do médico Manuel Damas, partilhado no meu "facebook" que confronta a consciência cívica, o desempenho profissional e a  ética médica da sua profissão com a decisão do Governo Socialista em poder vir tirar a vida a doentes em cuidados intensivos de tratamento ao corona vírus, pouco tempo depois de ter sido rejeitada a eutanásia  em Portugal!

Suponhamos, por exemplo, o critério da idade desta medida. Destarte, doentes com 65 anos ou mais de idade,“in extremis”, poderão ser desligados da máquina que os mantém com vida, apesar de “em todas as lágrimas haver uma esperança” (Simon Beauvoir).

Suponhamos, ainda, estarem dois doentes nesta situação: um com 65 anos de idade feitos na véspera da tomada da decisão que tem uma vida de doação de mérito à sociedade e outro com 64 anos com várias penas de prisão por crimes hediondos cometidos. Qual deles deveria ser sacrificado?

Suponhamos, finalmente, que no dia fatídico dessa decisão, posta em mãos médicas, que fizeram o juramento de Hipócrates, um dos doentes tem 65 anos de idade feitos nesse dia e o outro que cumprirá o requisito que o salvará no dia seguinte, a qual deles deveria ser aplicada essa medida que só pode ser gerada em cabeças  sem vestígios de consciência de um governo que cumpriria esta norma com a consciência tranquila de um alibi que salvaguardasse a sua inoperância em agir com o à-vontade dos doentes serem títeres de governantes que possam tomar medidas destas com a esperança do beneplácito de portugueses quais ferrenhos adeptos de clubes de futebol que neles continuariam  a votar, quer sejam bem ou mal geridos,

A humilde confissão de António Costa, na televisão de hoje, de ter havido erros, por parte do Governo a que preside, no combate ao corona vírus não pode deixar morrer solteira a  culpa e muito menos isentar os governantes das mortes, entretanto, havidas. E isto já para não falar na manutenção da ministra e directora geral da Saúde por evidente manifestação de não estarem à altura da ocasião gerada pelo pandemónio do corona vírus. Pertenci ao número de pessoas a pedir, inicial e publicamente, as respectivas demissões num país em que as vozes dos cidadãos não chegam ao céu de quem nos governa.

Assim vai um país, sem rumo e sem destino, que passou do punho cerrado sinistro a punho dextro cerrado para o rosa desmaiado do vermelho símbolo dos países comunistas. É, portanto, hora de tomar medidas sérias pensadas e moralizadoras numa  altura em que estão à porta eleições autárquicas e as eleições nacionais batem à porta! Como nos legou Pessoa: “A consciência é a memória inserida no tempo”. Saibam os votantes reflectir na hora de votar não tornando o voto num determinado partido num hábito difícil de deixar como fumar, ainda que sabendo o mal que faz à saúde! Em evocação do título de um filme norte-americano: “Este país não é para velhos!

Post scriptum”: Já chega  a ADSE ter retirado  a familiares de beneficiários seus  o respectivo usufruto não permitindo  acumular com reformas de miséria. Algumas não chegam, apesar de para elas, terem sido feitos ou não descontos, isto é, tratando igualmente duas situações diferentes, a metade do salário mínimo nacional

4 comentários:

Carlos Ricardo Soares disse...

Seria intolerável, de todos os pontos de vista, que fizessem isso, desligar uma máquina, ou deixarem de dar assistência sem, prévia, ou concomitantemente, observassem um conjunto de condições e procedimentos. Já o facto de os pacientes internados ficarem sem visitas, não sei se incontactáveis, é muito "abusivo" e perigoso. Se esta situação for "normalizada pela prática" sem o estrito dever, por parte dos hospitais e das autoridades de saúde, de manter informados familiares ou quem for indicado como "garante" do doente, então, estamos a precipitar-nos num caos de desumanidade. Se, numa situação limite, de ter-se que optar por prestar assistência a uma de duas pessoas, o critério já estiver rigidamente estabelecido, temos graves problemas: o de saber quem, quando, como e porquê decide se é preciso optar por uma das vidas e, caso tenha de optar, o de saber, então, por qual optar e, neste caso, o que se faz relativamente à pessoa preterida, não se informa da situação, previa e oportunamente, a família ou o tal "garante", para que possam fazer alguma coisa, por exemplo, transferir o doente para uma clínica privada, ou para casa? Se aquele serviço de saúde não tem meios, não quer dizer que não haja outros meios, nomeadamente, noutros serviços de saúde, nacionais ou estrangeiros. A forma como estes problemas estão a ser "ventilados", como se, de repente, os direitos das pessoas ficassem suspensos e indefesos, como indefesas elas já se sentem e, em grande parte, estão, parece-me que não tem sido a melhor, para não ser mais um maledicente numa situação em que todos se queixam.

Rui Baptista disse...

Agradeço o seu comentário a que peço favor para acrescentar. A eutanásia em que o doente sem esperança de sobrevivência com dores atrozes pede uma morte assistida (eutanásia) não foi aprovada, bem pior me parece "matá-lo" sem que ele (e nem a família) seja voz activa nessa decisão. O seu comentário, de uma humanidade louvável, apela a que esgotem todos os meios de sobrevivência em Portugal ou no estrangeiro porque a vida humana não tem preço. A incúria do governo, contribuiu ainda que só em parte, para este lamentoso e lamentável estado de coisas que não pode, muito menos deve, ser solucionado com leis, muito menos leis redigidas em cima dos joelhos para resolver, desatempadamente culpas próprias matando pessoas a eito e sem jeito. O seu comentário, entre outros, teve o mérito de nos obrigar a pensar, a reflectir, a meditar!


Abraham Chevrolet disse...

Muito mais prática a triagem nos USA :
-Quem não tem dinheiro não entra!
Para grandes epidemias, grandes soluções ! (E grande topete!)

Rui Baptista disse...

Num sociedade egoísta, como diz o povo, "com o mal dos outros podemos nós bem". Seja como for esse mal não deve servir de consolação ou desculpa para o nosso mal. Se entramos em termos comparativos, atentemos, por outro lado, e também, em países em que o corona vírus não tem encontrado terreno tão favorável à sua disseminação. Chego a ter pena da ministra da Saúde e directora-geral que metem os pés pelas mãos e as mão pelos pés quando das suas entrevista televisivas como os cábulas que parecem tartamudos quando são chamados ao estrado dos professores em que debitam toda a sua cabulice! Demitam-nas por favor ou dêem-lhes uma espécie de licença sabática para revigoradas estudarem melhor os respectivos dossiers. A vida dos portugueses assim o exige sem mais delongas.

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