sexta-feira, 11 de maio de 2018

"Aprendizagens essenciais" em consulta pública


O Ministério da Educação apresentou, no mês passado, a consulta pública o Decreto-Lei que há-de estabelecer os princípios organizadores do currículo do ensino básico e do ensino secundário (ver aqui). Apresenta agora à mesma consulta um conjunto de documentos designados por "Aprendizagens essenciais", que, conjuntamente com os Programas disciplinares e as Metas de Aprendizagem ou (para algumas disciplinas) Metas curriculares, constituem o cerne do currículo para esses níveis de escolaridade (ver aqui). 

A data limite para envio de contribuições, em formulário disponibilizado, é é 4 de Junho.

Presume-se que para uma orientação de quem está desorientado com tantos documentos curriculares, o Ministério da Educação define "Aprendizagens essenciais" como:
... documentos de orientação curricular base na planificação, realização e avaliação do ensino e da aprendizagem, e visam promover o desenvolvimento das áreas de competências inscritas no Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória. Tendo sido construídas a partir dos documentos curriculares existentes, que se mantêm em vigor, as AE são a base comum de referência, isto é, o denominador curricular comum para todos os alunos, nunca esgotando o que um aluno tem de aprender. 
A componente do referencial curricular designada por Aprendizagens Essenciais expressa a tríade de elementos — conhecimentos, capacidades e atitudes — ao longo da progressão curricular, explicitando: (a) o que os alunos devem saber (os conteúdos de conhecimento disciplinar estruturado, indispensáveis, articulados concetualmente, relevantes e significativos); (b) os processos cognitivos que devem ativar para adquirir esse conhecimento (operações/ações necessárias para aprender); (c) o saber fazer a ele associado (mostrar que aprendeu), numa dada disciplina — na sua especificidade e na articulação horizontal entre os conhecimentos de várias disciplinas —, num dado ano de escolaridade. 
Tudo isto integrado no ciclo respetivo e olhado na sua continuidade e articulação vertical, ao longo da escolaridade obrigatória. Consulte a síntese do processo de conceção das AE.

5 comentários:

Unknown disse...

Resumindo, até que a ideologia política do governo mude, o ministério de educação seguirá, mais uma vez, as orientações que o próprio ministério vier a aprovar depois de terminado este processo, e que, aparentemente, não parece ser mais do que uma nova tentativa de responder à eterna pergunta primeira (e da qual não conseguimos descolar): “Para que serve a Escola?”. E digo aparentemente, porque na realidade trata-se tão-só de satisfazer as aspirações das classes e grupos sociais que querem garantir que seus descendentes, através da escola, possam vir a ter pelo menos o mesmo estatuto social dos pais.

Anónimo disse...

Concordo com Fernando Caldeira quando nos alerta para os jogos de aparências com que o ministério procura fugir da essencialidade contida na pergunta "Para que serve a Escola?". Para Lurdes Rodrigues, e outros, faz mais sentido obrigar todos os cidadãos nascidos em Portugal a frequentarem a escola até aos dezoito anos, o que prova que o nosso ensino é dos mais desenvolvidos do mundo, tal como a Constituição de Abril, porque assim é evidente que as desigualdades sociais originadas pela escola desaparecem imediatamente. Outrora, havia ricos e pobres porque os primeiros iam à escola e os segundos não. Presentemente, com praticamente toda a população jovem na escola, já podemos dizer que somos todos ricos. Outra história muito diferente, com enredos muito mais complexos, é procurar saber, acompanhando Fernando Caldeira, o que andam a fazer, todos os dias, os nossos jovens e crianças no interior das salas de aula.

Fernando Caldeira disse...

A falta de exigência que se prevê vir a ser cada vez maior e mais generalizada, tem como consequência diminuir a importância da escola na educação das crianças e jovens, passando a família e o meio social a que se pertencem a ser os principais determinantes no percurso académico. Defender o contrário, em nome da inclusão e da igualdade de oportunidades só pode ser má-fé, ignorância ou algo que não entendo.
Há alguns anos, quando um psitacismo avassalador irrompeu na área da educação (os professores eram “meros facilitadores das aprendizagens”, os alunos passaram a ser chamados de "aprendentes"…), um colega meu, com algum humor, propôs, que os professores passassem a ser chamados os “entretentes”. Passaria a ser esse o trabalho dos professores: entreter os alunos…

Anónimo disse...

Quando eu disse que agora estamos todos ricos estava a ser irónico. Atualmente, já é muito mais importante tomar conta dos meninos do que ensiná-los!

A paciência acaba sempre no chinês disse...

Por acaso tenho referenciado este blogue como o mais crítico que conheço sobre professores do 1º CEB (aqui, ainda chamados de primários), politécnicos e afins. É de um provincianismo académico atroz!
Por favor, levem os filhos e os netos para longe das escolas primariazinhas. Agradecemos vivamente.
Estarei atenta, doravante, ao género...

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