sábado, 25 de abril de 2009

"A poesia está na rua"

Muitos são os artistas que ligaram o seu nome à data que hoje se comemora. Maria Helena Vieira da Silva e Sophia de Mello Breyner Andersen são dois desses nomes. Da primeira reproduzo uma pintura - com frase de Sophia: A poesia está na rua -, e da segunda um poema - Pranto pelo dia de hoje.



Nunca choraremos bastante quando vemos
O gesto criador ser impedido
Nunca choraremos bastante quando vemos
Que quem ousa lutar é destruído
Por troças por insídias por venenos
E por outras maneiras que sabemos
Tão sábias tão subtis e tão peritas
Que nem podem sequer ser bem descritas


in Livro Sexto, 1962.



6 comentários:

carolus augustus lusitanus disse...

Haja alguém que dê uma lufada de ar fresco a este blogue, que já começa a cheirar a baf(ér)io com as suas disputas, pouco poéticas e filosóficas sobre o sentido disto e daquilo. E a liberdade... onde é que esses senhores eruditos e paladinos da «verdade», tecem comentários (escrevem artigos) sobre a data que se comemora hoje e, quer se queira ou não, trouxe uma mudança de paradigma aos pacatos habitantes deste nosso bonito jardim (das Hespérides) à beira implantado -- pela graça (esforço e contributo)... e etc. e tal?

Carlos Pires disse...

Eis outro poema que faz sentido recordar no 25 de Abril, embora seja menos explicito que o poema de Sophia: "Portugal Futuro", de Ruy Belo

O portugal futuro é um país
aonde o puro pássaro é possível
e sobre o leito negro do asfalto da estrada
as profundas crianças desenharão a giz
esse peixe da infância que vem na enxurrada
e me parece que se chama sável
Mas desenhem elas o que desenharem
é essa a forma do meu país
e lhe chamem elas o que lhe chamarem
portugal será e lá serei feliz
Poderá ser pequeno como este
ter a oeste o mar e a espanha a leste
tudo nele será novo desde os ramos à raiz
À sombra dos plátanos as crianças dançarão
e na avenida que houver à beira-mar
pode o tempo mudar será verão
Gostaria de ouvir as horas do relógio da matriz
mas isso era o passado e podia ser duro
edificar sobre ele o portugal futuro


"Portugal Futuro", Palavra[s] de Lugar, in Homem de Palavra[s]

Helena Damião disse...

Carlos Pires, muito obrigada pelo belíssimo poema que nos deu a ler.
Helena Damião

Armando Quintas disse...

já fazia falta outro 25 de Abril, mas desta vez limpar a "corja" que anda por ai e que se aproveitou do 25 de Abril para encher o bolso que roubaram à grande e à descarada, senhores como Mário Soares e companhia, que de democratas tem tanto como eu de fascista, que são autenticas fraudes politicas, ainda andamos com malta desse tempo na politica, a arrastarem-se por ai e a dizerem palermices, depois temos malta mais nova como Sócrates e companhia que se dizem democratas mas cujos tiques fascizoides não escondem semelhanças com o amigo Salazar.
Viva ao 25 de Abril

Helena Ribeiro disse...

Excepcional conjugação para comemorar o 25 de Abril, uma grande pintora, uma grande escritora, um grande poeta trazido por Carlos Pires. Que bom!

Entretanto lembrei-me, os contos de Sophia estão agora a circular nas escolas através da editora "Figueirinhas", num trabalho de grande qualidade gráfica, mas cheio de gralhas pelos textos dentro.

Um problema grave nos livros e manuais que circulam nas escolas, os erros, numa heresia ainda mais chocante quando se trata de poesia, em que basta uma vígula para mudar sentidos, quanto mais uma palavra, como já tenho visto...

...e lá temos nós que andar à cata dos originais, se tivermos tempo para o fazer, no meio daquela inútil papelada toda... (Fim do Desabafo!)

No entanto, a minha conclusão é que antes a riqueza de Sophia "com gralhas", do que a ausência de Sophia no imaginário dos miúdos.

E as gralhas, quando aparecem, chamam-se pelo nome e emendam-se no próprio livro. E em nós detectando duas ou três, eles praticamente detectam todas as outras que surgem. Nunca entenderei como há por aí tanta gente a pensar que os miúdos são parvos...

Anónimo disse...

havemos de acabar com as elites dos porcos que nos sugam ate a medula.
mas acima de tudo temos de iniciar movimentos de fractura com a cambada que nos ensina nas universidades, que nos governa e que nos dita as regras;
o movimento estudantil precisa de se renovar e de iniciar um novo paradigma cultural e social de maior igualdade e justiça social.

O corpo e a mente

 Por A. Galopim de Carvalho   Eu não quero acreditar que sou velho, mas o espelho, todas as manhãs, diz-me que sim. Quando dou uma aula, ai...