sábado, 28 de março de 2009

UMA BIBLIOTECA NUMA SÓ FOLHA


Minha crónica no "Sol" de hoje (na foto, a Bíblia antiga de onde foram aproveitadas as imagens impressas em papel fotocrómico):

Quando, durante um colóquio associado à exposição “A Evolução da Bíblia”, patente na Sala de S. Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, perguntei a Elvira Fortunato, a premiada investigadora da Universidade Nova de Lisboa, se, no futuro, com a ajuda da tecnologia dos transístores em papel que a sua equipa está a desenvolver, seria imaginável colocar não apenas uma Bíblia mas toda a Biblioteca do Colégio de S. Pedro, contendo milhares de volumes, numa única folha de papel, a resposta foi afirmativa.

Sim, nós poderemos. E já podemos hoje coisas que antes não sonhávamos serem possíveis. Ela própria tinha acabado de efectuar uma demonstração prática, mostrando como uma estampa de uma Bíblia antiga poderia aparecer e desaparecer num papel especial, chamado fotocrómico, onde tinha sido impressa com a ajuda de uma vulgar impressora de jacto de tinta. Poderemos também colocar imagens animadas sobre uma folha de papel, fazendo com que um jornal mostre não apenas texto e imagens paradas, mas também, com a simples pressão de um dedo, alguns vídeos associados às notícias.

Não deixa de ser irónico que, tendo ocorrido nos últimos tempos um processo de desmaterialização dos livros que levou a que muitos deles deixassem de ser em papel para passarem a ser electrónicos, aparecendo e desaparecendo num ecrã, agora os livros electrónicos possam aparecer e desaparecer num ecrã de papel. E é igualmente irónico que, existindo hoje oposição entre a imprensa escrita e os media audiovisuais, no futuro as duas formas de comunicação possam coabitar no mesmo suporte, deixando até de se distinguir nitidamente uma da outra.

Qual será, neste quadro, o futuro dos livros tradicionais, com letras impressas em papel? Estou em crer que vão continuar a existir. Apesar das fantásticas possibilidades entreabertas por Elvira Fortunato e seus colegas, será sempre um prazer inigualável tirar, numa velha biblioteca como a do Colégio de S. Pedro, um livro da estante, pegar-lhe, abri-lo e virar vagarosamente as suas páginas...

6 comentários:

Freire de Andrade disse...

Também estou em crer que os jornais impressos em papel vão continuar a existir, embora possam vir a sofrer algumas transformações e a ter mais concorrência de meios que começam a despontar ou que nem sequer adivinhamos hoje. O teatro resistiu ao cinema, o cinema resistiu à televisão, a televisão está a resistir à internet, o correio tradicional resiste ao correio electrónico, etc., etc.. Claro que há espécies (refiro-me a espécies de meios de comunicação) extintas ou em vias de extinção, como por exemplo o cinema mudo, os selos de correio, as máquinas de escrever e as cartas manuscritas, mas os certificados de óbito passados prematuramente a muitos meios de comunicação, de registo ou de informação revelaram-se isso mesmo:prematuros.

Freire de Andrade disse...

Perdão, onde disse "jornais" queria dizer "livros", embora o que afirmei também se possa aplicar aos jornais.

Portugal azevedo disse...

E entretanto curiosamente algumas descobertas tardam como por exemplo a sintese da molécula da celulose. Dá para pensar!!!!

Anónimo disse...

EVOLUÇÃO DA BÍBLIA OU INTELLIGENT DESIGN DA BÍBLIA?

O nome da exposição parece ter uma intenção insidiosa.

Nos 200 anos de Darwin, em que se "celebra" a teoria da evolução, apresenta-se uma exposição sobre a "evolução" da Bíblia.

Esperamos que as pessoas sejam suficientemente inteligentes para compreender que a suposta "evolução" da Bíblia não é mais do que o desenvolvimento das tecnologias de edição e impressão, processo que nada tem de aleatório e irracional.

A suposta "evolução" da Bíblia não tem nada com a suposta "evolução" biológica.

A primeira é o resultado de inteligência e acumulação de informação, geradores de desenvolvimento tecnológico.

A segunda, se tivesse acontecido, teria sido o resultado de mutações aleatórias e selecção natural.

Sucede, porém, que a Bíblia é um bom exemplo de que a evolução biológica não pode ter acontecido.

É que, tal como a Bíblia, o genoma tem informação codificada, contendo todas as instruções necessárias à especificação das diferentes espécies de seres vivos.

E, tal como na Bíblia, a informação codificada tem sempre origem inteligente.

Não se conhece qualquer processo natural ou sequência de eventos que consiga produzir informação codificada sem origem inteligente.

Curiosamente, tanto a informação codificada na Bíblia como a informação codificada no genoma têm a mesma origem: DEUS, O VERBO, A RAZÃO.

A Bíblia ensina que o Universo, a Vida e o Homem têm uma origem racional, fornecendo uma explicação para a razão humana e para a racionalidade da natureza.

No entanto, ela ensina também que o pecado humano teve como consequência a corrupção de toda a Criação, que necessita de restauração.

Ela ensina que os milagres e a ressurreição de Jesus Cristo com um corpo incorruptível (factos efectivamente observados e registados por muitos) constituem a melhor garantia de que essa restauração irá efectivamente acontecer.

mariana disse...

ó anónimo, deve estar um bocado "ao lado"...a bíblia não evoluiu?!?!? então desde os textos hebraicos, à biblia dos 70, à tradução de s. jerónimo, às traduções para vulgar na idade média, às reformulações protestantes...não conheço corpo mais vivo do que esse texto. mas enfim, a fé tolda-vos a razão. a ciência deve ser acolhida como um dom, a sabedoria é um dos caminhos para chegar a deus. a bíblia tem palavras, é inspirada pelo Verbo mas não é o Verbo...como tal, será sempre marcada pela humanidade: indefinitiva, imperfeita, incompleta. não há palavras totais nas línguas dos homens, e é nessas línguas que a bíblia é apresentada.

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adiante: esta descoberta é muito entusiasmante, mas de facto haverá sempre lugar para tudo. e só quem já tocou com as mãos um pergaminho sabe que há coisas insubstituíveis :)

Isabel Saraiva disse...

Texto "adulterado"

Cito, do artigo "Biblical Views: A Text Without a Home" (by Ben Witherington III, BIBLICAL ARCHAEOLOGY REVIEW, 34:04, Jul/Aug 2008):

«If you have been paying attention to more recent translations of the Gospel of John, you will have noticed that John 7:53–8:11—the story of the woman caught in adultery of whom Jesus says, “Let him who is without sin among you be the first to throw a stone at her”—has been getting some interesting treatment by the scholars.

The TNIV (Today’s New International Version), for example, tells us very forthrightly that our earliest and best manuscripts of the Gospel of John do not include these much beloved and belabored verses.

If text determines canon, by which I mean the original inspired text of that gospel is what should be in the canon, then John 7:53–8:11 ought not to be in our Bibles

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