sexta-feira, 20 de março de 2009

Outsourcing

Como vem sendo habitual, republicamos a crónica de José Luís Pio de Abreu no "Destak":

Um dia fiquei com o automóvel avariado e a precisar de reboque. Esse serviço estava previsto pelo concessionário da marca, pelo que o requisitei através do número de telefone indicado. Fizeram-me perguntas e disseram-me que iriam contactar com outra grande empresa com quem tinham contratualizado o serviço.

A outra empresa contactou-me pouco depois, fez mais perguntas e dispôs-se a resolver o assunto, se eu aguardasse novo telefonema. De empresa em empresa, nem já me lembro se mais alguma se intrometeu. O certo é que, passado algum tempo, lá me telefonaram a perguntar onde tinha o carro. Pouco depois apareceu o pronto-socorro com o respectivo motorista que era, simultaneamente, quem trabalhava.

Curioso com a roda das empresas, perguntei-lhe para qual delas trabalhava. Respondeu-me que, ele próprio, era uma empresa - uma microempresa - que prestava serviços a quem o contratava. Tinha investido - tinha comprado o pronto-socorro - e era o trabalhador da sua empresa.

Fiquei então a saber várias coisas. A primeira é que a única empresa que, de facto, produzia trabalho visível, estava no fim da hierarquia e era unipessoal. Mas era, também, a única que possuía maquinaria. A segunda é que as grandes empresas, aquelas que têm nome e lucros, não fazem senão conversar ao telefone e contabilizar. Nem têm de fazer investimentos produtivos.

Só não consegui saber se os operadores telefónicos se encontravam sediados em Cabo Verde. Mas deu para entender como vai o mundo das empresas - e do trabalho.

J.L. Pio Abreu

7 comentários:

Anónimo disse...

É evidente que não é lucrativo para uma empresa de seguros ter um reboque a tempo inteiro, na Beira Alta, por exemplo, se só há um serviço por semana. Desta maneira, o dono do reboque pode servir todas as companhias de seguros, mais algumas oficinas, e até ir à lenha ou às pinhas, ou o que lhe der na telha.
Porque é que o Abreu não perguntou ao dono do reboque porque é que ele não funda uma companhia de seguros?
É o mesmo que perguntar ao Carlos porque é que não é ele a arranjar a televisão, quando avaria, ou porque é que a Palmira não faz o sabão para casa.
Vocês não têm vergonha na cara? Não têm vergonha de pôr aqui coisas completamente ridículas?
Assumam-se, quem foi o De Rerum que veio com esta treta?
Ai, se não fossem os comentadores a pôr travão nisto, como é que este blogue já estava, valha-me deus, não o dos criacionistas, o outro, o da paciência ateia.
luis

Anónimo disse...

Eis um caso em que um comentário é muito mais interessante do que o post.

Boa Luis!

Carlos

Anónimo disse...

Naturalmente, não sei quem afixou este 'post', mas permitam-me que lhe dê os parabéns por tamanha parvoíce. Atribuir a este post a etiqueta "Economia" é ridículo e roça a indigência. Sugiro que ponham aqui uns posts a defender a homeopatia e lhe atribuam o label de "Medicina". Alternativamente, ponham aqui uns posts criacionistas e chamem-lhe Biologia ou, porque não?, ponham aqui uma coisas sobre astrologia e dêem-lhe o 'label' de Astronomia.

Anónimo disse...

Carlos, obrigado, ainda bem que me apoias porque há aqui comentadores que cada vez que eu critico o Doutor Desidério ou o Doutor Carlos, vêm logo malhar-me, não se pode tocar nos senhores doutores.
Eu percebo a intenção do Abreu, que é a de criticar empresas que são apenas umas sanguessugas, como algumas consultoras, mas não é com argumentos ridículos como este que se escrevem as coisas.
Eu adivinho que quem pôs o post foi o Carlos Fiolhais, porque ele é boa pessoa e gosta de dar destaque à imprensa nacional, mas às vezes nem deve ler o que posta!
Porque se fosse o hiper-barato-sofista do Desidério, que eu conheço de gingeira, vinha já com a conversa: pois, porque se as pessoas quisessem pagar reboques de qualidade, apenas uns 500 euros por umas dezenas de quilómetros, não tinham que aturar várias conversas entre várias empresas, não tinham que esperar tanto tempo, não tinham que aturar a publicidade que normalmente há nas portas destes camiões de reboque, e teriam obrigatóriamente ar-condicionado no camião, mais várias revistas científicas e filosóficas para o cliente entreter os neurónios durante a viagem, e não aquelas parvoices das revistas pornográficas que normalmente os camionistas têm.
Sinceramente, não percebo como é que a nata da nata da portuguesa ciência pode pôr posts como este e abilitarem-se a serem gozados por um ignorante como eu, que vem aqui para aprender alguma coisa! E ainda se acham os discípulos do Eça! Se o Eça estivesse vivo, não sei o que ele iria dizer dos seus discípulos, acho que lhes ia dar muita tanga.
luis

Oscar Maximo disse...

A razão do Luís pode ser consensual, mas o mérito destes posts é por a gente a pensar, como por exemplo:
-O banco e a companhia de seguros associada se calhar ainda vão buscar ajudas públicas aos descontos do homem do reboque.
-A sustentação de tantos serviços do tipo paleio só é possivel numa sociedade com energia sem restrições e muito barata - como aliás é o caso do automóvel individual.
-A energia total disponivel está a decrescer desde o ano passado, e desde 1979 per capita.
Isto implicará necessáriamente o fim do crescimento agregado, o que implica o fim dos juros, o que implica o fim dos bancos e seguros, tal como os conhecemos.

Anónimo disse...

Não é trabalhando que se ganha dinheiro.

Nunca foi.

O intermediário parasita é que fica com a maior margem.

Qual a novidade?

Anónimo disse...

Não se compreende como a constatação de um facto pode provocar tamanha hostilidade. Será agressividade contra quem pensa? Havia um nazi famoso que dizia que quando houvia a palavra cultura lhe apetecia logo sacar da pistola. Será por isso?!

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