quarta-feira, 4 de março de 2009

Asteróides contra a Terra

Às 13:44, hora de Lisboa, da passada segunda-feira, um asteróide (2009 DD45) que mede provavelmente cerca de 21 por 47 metros passou muito próximo da Terra, que assim escapou de uma colisão que poderia ser desastrosa. Pensa-se que este asteróide é de dimensão análoga ao que terá colidido com a Terra, na região da Sibéria, em 1908, e que provocou muitos estragos, felizmente numa região não habitada. O asteróide 2009 DD45 passou a um quinto da distância da Terra à Lua, cerca de 72 mil quilómetros. Caso este asteróide tivesse caído em Lisboa, por exemplo, toda a cidade e arredores teriam sido aniquilados em poucos segundos. O asteróide que caiu na Sibéria aniquilou 80 milhões de árvores, numa área desabitada de cerca de 2 mil quilómetros quadrados. A sua força destrutiva foi aproximadamente igual à de mil bombas de Hiroshima.

A ameaça de colisões não é negligenciável e põe as coisas na sua perspectiva. Poucos seres humanos olham para as estrelas à noite, e mesmo que o façam, não as vêem porque as luzes das grandes cidades dão-nos a ilusão de vivermos não num pequeno planeta vulnerável, mas num universo autónomo. Poucos seres humanos têm consciência de que somos uma pequena parte de um universo violento, que pode aniquilar-nos sem que possamos fazer grande coisa. Este asteróide foi descoberto no sábado, apenas, e caso estivesse em rota de colisão, quase nada se poderia ter feito para evitar milhares de mortos, caso caísse numa cidade, excepto fugir desaforadamente da cidade, enfrentando congestionamentos brutais de automóveis. Mesmo que o asteróide não tivesse caído directamente em Lisboa, a destruição poderia seria igualmente imensa se caísse, por exemplo, no oceano Atlântico, na latitude de Lisboa, pois daria origem a um tsunâmi devastador.

Há um grupo de trabalho das Nações Unidas que estuda este problema e procura coordenar soluções. Mas a verdade é que não só a tecnologia actual não permite fazer grande coisa — não se consegue, por exemplo, desviar a rota dos asteróides na maior parte dos casos — como as Nações Unidas constituem uma instituição desunida de estados, e não de nações, cada um deles a puxar para o seu lado, na irracional cacofonia humana habitual. Um observador cínico poderia dizer que nada de especial se perderia caso a Terra fosse aniquilada amanhã, e sempre havia a vantagem de acabar com frivolidades como o futebol, as novelas brasileiras e políticos foleiros.

27 comentários:

Anónimo disse...

Permitam-me apenas fazer uma correcção:
Onde referem "numa área desabitada de 2 mil metros quadrados" penso que se devem referir a "uma área desabitada de 2,150 Quilómetros quadrados".
De resto parabéns pelo post.

Desidério Murcho disse...

Obrigado pela correcção, Gonçalo, e pelas suas amáveis palavras.

Carlos Pires disse...

Teria outras vantagens:
acabava com a crise económica, com as desigualdades sociais, com as guerras e - claro - com as "campanhas negras" contra o 'engenheiro' Sócrates.

Anónimo disse...

Se acha as novelas brasileiras más, não recomendo a visualização das portuguesas.

Anónimo disse...

Adoro os posts do Desidério.... Há sempre um espacinho para a crítica fácil.

Nuno Calisto disse...

Muito bom post.
Curioso ser um filósofo a ter a lucidez de alertar para esta pouco provável mas real e potencialmente devastadora ameaça para muitas das espécies vivas na Terra.
Prevenir uma ameaça como esta ou a resolução do problema energético a nível planetário não parece preocupar os cientistas e os políticos, senão atentemos ao enorme impasse em que está o projecto ITER lançado a quase trinta anos...
O esforço dispendido com o alegado aquecimento global por seu lado parece um caixote do lixo para o qual se deitam dinheiro e recursos humanos para chegar por exemplo a conclusões que fazem previsões sobre a temperatura do planeta para daqui a 1000 anos, leram bem mil anos...

Nuno Calisto

Anónimo disse...

Desidério, não te preocupes, esse asteróide é apenas bidimensional, 21 por 47 metros, não pode fazer grande coisa. Os piores são os tridimensionais, esses é que são maus.
Eu sei que estas coisas das dimensões e dos metros cúbicos e quadrados são frivolidades, não te preocupes muito com isso, vai lá ler sossegado os teus livrinhos de filosofia. Não leias Platão, parece que o gajo era desportista, devia ser um grande frívolo. Não te distráias com as brasucas, essas frívolas, nem percas tempo a afrivolar as frívolas. Filosofia para a carola, isso é que importa.
luis

Rolando Almeida disse...

Eu acho que o asteróide devia ter caído em cima da cabeça do anónimo!

Anónimo disse...

com toda a tecnologia so pode saber do asteroide so 2 dias! creio q a NASA sabia a + tempo!!!!

Anónimo disse...

CAAAArcas vamos chamar o Bruce Willis ou Bin laden para desviar a rota do asteroide!!!

Miguel Gonçalves disse...

Caro Desidério Murcho,

excelente post, faz-me lembrar George Steiner em "Nostalgia do Absoluto", pág. 76... "O que me fascina é: quão próxima terá de ser uma data para que comece a preocuparmo-nos?"...

Abraços!

Anónimo disse...

É espantoso que tanta gente se tenha incomodado com a referência às frivolidades da moda. Já na antiguidade grega os vencedores dos jogos olímpicos eram venerados, assim como possivelmente actores etc. Porquê que muitas sociedades valorizam tanto, este tipo de actividades lúdicas e simples?

Ainda a respeito do ITER, aparentemente no Reino Unido gasta-se mais dinheiro em toques para telemóveis, que em investigação em fusão nuclear! Sem dúvida que a huminadade tem as suas prioridades bem definidas!

Carlos Faria disse...

parabéns pelo post, sobretudo porque mostra que as ciênças naturais também são alvo de interesse para quem se forma em faculdades de letras. interessante que com diversa informação contida no post, o tema mais discutido nos comentários é apenas um exemplo de uma deixa irónica no fim do post e ainda por cima alimentado por um anónimo.
CFaria

Anónimo disse...

"Pensa-se que este asteróide é de dimensão análoga ao que terá colidido com a Terra, na região da Sibéria, em 1908"

Não foi um asteroide! Foi o Nikolas Tesla quando experimentava o seu mitíco "Raio da Morte"!

O Sousa da Ponte - João Melo de Sousa disse...

Moral da história:

Vamos comer, beber e praticar outras actividades lúdicas. Este era pequeno e nem quiz nada connosco. Esperemos que o primo maior e mais denso não queira nada connosco.

Apre! Só o viram dois dias antes ?

O Sousa está interessado em comprar um bunker à prova de meteoros. Alguem tem algum à venda?

Parabens pelo post.

Já que agora:

Seria possivel calcular o tamanho do tsunami que um calhau destes faria ?

Anónimo disse...

O Desidério é o mestre da ironia, está sempre a falar mal dos chapéus americanos e depois eu não percebo, peço as minhas desculpas.
O que eu devia ter feito é ter-lhe dado os parabéns pelo inusitado interesse de uma pessoa de humanidades na passagem de um asteróide, isso sim, é que é um caso raro.
Só mais uma coisa, que eu não sei se é ironia do Desidério: não caiu nenhum asteróide na Sibéria, o que parece que aconteceu foi que o asteróide passou a uns 5 a 10 km de altitude e provou aqueles estragos todos nas árvores.
Eu sei que isto é uma frivolidade e provavelmente era uma ironia do Desidério, mas de qualquer maneira, fica aqui o humilde reparo.
luis anónimo

Anónimo disse...

Nuno Calisto, a ameaça não é pouco provável. É até mais que muito provável. É garantida. Pode é não o ser no nosso tempo de vida. As várias extinções ao longo da história do planeta podem prová-lo.

Quanto a gastar dinheiro ou não, é discurso ridículo. Não há forma de resolver o problema, por isso, não creio que faça muita diferença.

Desidério Murcho disse...

João, obrigado pela correcção. Tem toda a razão: é uma certeza indutiva, quase uma certeza matemática, que a Terra será de novo alvejada e que isso poderá extinguir uma percentagem muitíssimo significativa da vida na Terra.

Quanto a ser impossível fazer algo: é impossível hoje, mas poderá não o ser futuramente. A questão é se a humanidade tem futuro suficiente para resolver o problema.

Nuno Calisto disse...

João Sousa André gostava que fundamentasse melhor o ridiculo de tentar fazer algo para evitar que um grande meteoroide de algumas centenas de km3 pudesse cair na Terra.
Já agora a baixa probabilidade a que me referi obviamente tem como denominador temporal o meio século que com muita sorte puderei ainda viver. Se, como presumo está a pensar que até a Terra acabar é certo que um meteoroide devastador atinja a Terra eu limitar-me-ia a dizer que a probabilidade é alta. Como deve saber uma alta probabilidade não é uma certeza.

Unknown disse...

Face à alta probabilidade de cataclismos reais, pendentes sobre as nossas cabeças, a histeria do "climatic change", soa ligeiramente a ridículo.

Ah, e tal, daqui a 100 anos podemos ter água pelos artelhos.
Que susto!

Anónimo disse...

«gostava que fundamentasse melhor o ridiculo de tentar fazer algo para evitar que um grande meteoroide de algumas centenas de km3 pudesse cair na Terra»

Se isto em si mesmo não é auto-explicativo não faço a menor ideia do que dizer. No máximo remeto apra o que o Desidério escreveu, que o facto de não ser possível fazer algo hoje não implica que não se possam pensar em soluções para o futuro, altura em que a tecnologia poderá aplicar ideias que actualmente são impossíveis.

Pessoalmente não consigo pensar em absolutamente nada que, com a tecnologia actual (ou a tecnologia actual que conheço) possa parar um asteróide ou cometa de simplesmente umas dezenas de quilómetros cúbicos, quanto mais de centenas. Se o Nuno Calisto tiver ideias, estou aberto à discussão.

Nuno Calisto disse...

Como hoje nada é possível fazer para evitar o desvio da trajectória de um meteoroide, então resignemo-nos perante o futuro próximo.
Não posso deixar de, utilizando o seu léxico, considerar que há algo de ridiculo e de auto- explicativo nesta atitude.

Anónimo disse...

Nuno: eu não sei se anda mal disposto, porque eu não ando querer chamar-lhe a si (nem a ninguém) de ridículo. Mas creio que há aqui algum problema de leitura. Talvez o problema seja meu, que não expliquei o que quero dizer.

A minha opinião é simples: não há actualmente (e que eu saiba, repito) forma de parar um tal asteróide. É impossível (dentro do que conheço, re-repito). Como tal, não há razão para andar a gastar dinheiro em projectos ridículos que não vão a lado nenhum. Mais vale gastar dinheiro noutros projectos que poderão, como benefício secundário, dar a conhecer técnicas que poderão ser úteis no futuro. Nu futuro, repito (estou a repetir muitas vezes, eu sei, mas é a melhor forma de ver se passo a minha ideia).

É o mesmo conceito das viagens a Marte. Actualmente é ridículo gastar fortunas enormíssimas para enviar alguém a Marte quando a informação necessária pode ser obtida através de missões não-tripuladas, mais baratas, rápidas e simples. Não quer dizer que um dia não se vá a Marte ou que não se possa pensar em soluções para isso, mas não vale a pena estar a gastar dinheiro nisso.

Está claro agora?

Anónimo disse...

Desde pequeno que me fascino por astrológia.Em 2001 passo na tv que em 2009 caira um asteróide na Terra.Hoje vim a saber que não caiu.Será que vale a pena preocupar as pessoas?Porque não confiram primeiro e depois lançam?Obrigado pelo post e quem gosta de astronomia pode acompanhar a missão Kepler da Nasa.Boa Noite

Anónimo disse...

Acho que devemos aproveitar mais o lindo planeta que existe no universo que é a terra

Anónimo disse...

Deixem lá cair o calhau... deixem a natureza regular o GRANDE desiquilíbrio natural a que se chegou. Já repararam que o único problema que temos no Mundo é o excesso de população Humana em relação aos outros necessários animais? A população Humana vai-se enfraquecendo naturalmente com tanta encubadora... só deviam procriar os mais fortes. Felizmente nós não temos nada que DEIXAR... a natureza manda nisto tudo... não tenham medo de morrer... ah ah ah

kayo_rabelo disse...

olá caros amigos curiosos meu nome e kayo rabello sou fisico e nas horas vagas observo asteroides com a minha pequena estção observatoria.
bom e o seguinte a cerca de 2 anos dia 13/04/08 sem querer eu peguei um incrivel impacto entre dois asteroides e ainda não sei com o resultado foi uma grande pedra rochosa vermelha cor de fogo um amigo meu que trabalha dentro da nossa nasa que eu tenho muito orgulo da nasa brasileira com suas pesquisas sobre asteroides em rota de colisão ele me disse que essa pequena pedra de 10 quilometros de diametro esta banhada de uranio e disse que so em entrar na nossa camada de ozonio a terra explodiria exatamente como o big bang a terra "nossa casa" por poucos milhares de centenas de anos viraria churrasco ok.
mais ele tb disse que a probabilidade disso acontecer ate 2490 e de aprox 2 em 1 milhão e que ate la ja saberemos como detelos.
quem tiver algum interesse em conçer meu observatorio pode vim ele fica em salvador villas do atlantico perto da praia dos surfistas.

"A escola pública está em apuros"

Por Isaltina Martins e Maria Helena Damião   Cristiana Gaspar, Professora de História no sistema de ensino público e doutoranda em educação,...