sábado, 22 de março de 2008
A complexa avaliação de professores
Rui Baptista esclarece a sua posição sobre a avaliação dos professores:
“Abyssus abyssum invocat”
“Salmo de Davi” (XLI, 8)
Embora fosse minha intenção não voltar a debater tão cedo a avaliação dos professores, uma circunstância ponderosa leva-me a voltar a um assunto em que, como diria Cesar Cantú, não pretendo namorar a popularidade renegando a minha própria consciência. Refiro-me a um oportuno e correcto comentário feito ao meu post ( “E agora?”, de 15 de Março passado): “Caro Rui Baptista: Leio com atenção os seus posts e gostaria de conseguir perceber a sua posição sobre o estado actual da educação e do conflito que está gerado. Por um lado, parece que acusa o Ministério, mas por cada acusação apresenta imediatamente atenuantes”.
Em nome do mérito, entendo que o processo avaliativo da passagem do 8.º escalão aos escalões imediatamente superiores deve ser feita por provas públicas e não cozinhado, apenas, entre as quatro paredes da escola e “inter pares” permeáveis a simpatias pessoais, a identificação política ou de natureza clubistica, ou a meras manifestações de curvatura da cerviz. Sobre a continuação do antigo sistema de avaliação para a passagem dos escalões inferiores poderia aceitá-lo, mas, mais uma vez o digo, debaixo da seguinte condição: sem incluir os professores que entretanto se reformaram, faleceram ou desistiram da carreira docente, a divulgação pública da percentagem de docentes que, cumpridos os requisitos legais, não chegaram ao topo da respectiva carreira, 9.º e 10.º escalões, respectivamente para bacharéis e licenciados. Na hipótese de essa percentagem ser diminuta, por não chegar ou pouco ultrapassar um número de um único dígito, a conclusão a tirar-se é a de que a triagem da qualidade docente não satisfazia padrões mínimos de exigência, sendo de a excluir liminarmente pelo prejuízo causado aos bons professores e benefício aos maus professores numa injusta e gritante igualdade entre desiguais. Não, não se trata de exigir um quadro docente utópico preenchido apenas por professores excepcionais. Basta contentarmo-nos com homens e mulheres que, na opinião d’Eça, referindo-se, salvo erro, a Pinheiro Chagas, “não têm ambições – excepto saber, não têm receios – excepto errar”.
“Ipso facto”, sou a favor de um exame de acesso à profissão docente como forma de evitar que haja professores que se expressam mal na língua materna e redijam pior em páginas cheias de erros ortográficos. Para além disso trata-se de uma forma de acabar com a injustiça de um valor a mais num diploma politécnico ser condição de preferência relativamente a um diploma universitário no referido ingresso. Uma das coisas que me deixam perplexo é o facto de tanto os sindicatos como o Ministério da Educação não se mostrarem receptivos ao apelo do Presidente da República, do dia 1 deste mês: “Temos de ter um ambiente de confiança entre todos os intervenientes do nosso processo educativo”. Em vez disto o que vemos? Assistimos à continuação de um verdadeiro braço-de-ferro entre a ministra da Educação e os sindicatos. A ministra não quer ceder um milímetro sequer, insistindo com teimosia doentia em levar avante a desoras a “sua avaliação” sem pelo menos testar ao menos a sua eficácia. Os professores sindicalizados ou não, por seu turno, avocam em seu favor o facto de o novo processo avaliativo levar a que professores menos qualificados possam avaliar outros professores mais classificados academicamente. Têm razão! Só foi pena que, quando a avaliação dos professores esteve igualmente a cargo de indivíduos pouco credenciados que ocupam lugares na presidência dos conselhos directivos de algumas escolas, não tivesse havido idêntica contestação. Outro argumento contra a nova forma de avaliação reside no facto de um professor titular de uma determinada disciplina poder avaliar um colega de outra disciplina que nada tem a ver com a sua. Argumento de indiscutível validade!
Entretanto, perante a irredutibilidade de ambos os litigantes, chegou a ser proposta uma arbitragem por uma comissão formada por independentes de idoneidade científica e moral livre de mácula ou simples suspeita. Ficou esta sugestão em águas de bacalhau. Uma possível maneira de ultrapassar o impasse seria criar um corpo de inspectores, com idêntica formação académica de base dos inspeccionados, devidamente preparado cientifica e pedagogicamente, para a difícil, mas não impossível, função de assistir às aulas e dar as devidas orientações para a sua melhoria. Como escreveu Mário Gonçalves Viana, “se já é difícil manter uma harmonia simpática e colaborante entre os diversos professores [e todos verificamos que esta situação muito se agravou], mais difícil se torna, ainda, manter essa harmonia simpática e colaborante entre os professores e os inspectores; semelhante facto resulta quer da essência inspectoral, quer da maneira, tantas vezes inapta e imprudente, como essa função é exercida”. Por isso mesmo, é que aventei acima, apenas como hipótese, um “corpo inspectivo “devidamente preparado científica e pedagogicamente” para esta missão”! Residirá aqui o nó górdio do impasse e seu possível desfazer? Nem o sei bem!
Neste ambiente de rejeição ao processo de avaliação dos professores, em que os próprios e verdadeiros interessados - os professores - não apresentaram até agora, preto no branco, uma solução alternativa a não ser um certo saudosismo, tão próprio da alma lusitana, da situação anterior, recusando-se a fazer o luto do falecido sistema de avaliação, bem sei que nenhuma solução é óptima. Até porque, como é uso dizer-se, o óptimo é inimigo do bom!
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16 comentários:
Também tenho lido os seus textos anteriores e já tinha chegado a algumas das conclusões que apresenta. Ou seja, já tinha inferido algumas das suas posições.
Lamentavelmente os professores estão a assumir posições que só nos envergonha a nós, professores. Primeiro, a maior parte dos argumentos apresentados são inconsistentes, baseiam-se ou no desconhecimento do modelo apresentado ou na ausência de reflexão sobre os mesmos.
Segundo, a maior parte dos argumentos é completamente ridícula face à situação anterior porque também se aplicam à mesma: quem nos avaliava não eram docentes da mesma área, mas de uma área qualquer, podiam ser mais novos ou mais velhos, mais competentes ou completamente incompetentes.
Terceiro, fico perplexa ao ouvir presidentes dos conselhos executivos dizerem que este sistema é complexo e difícil, que os prazos são impossíveis, etc., mas nada disseram sobre a aplicação do SIADAP aos funcionários, os quais nem tiverem oportunidade de dizer seja o que for sobre a sua avaliação.
Quarto, estou farta do argumento da subjectividade desta avaliação, sem que haja uma reflexão séria sobre a mesma e quando existe um vergonhoso desconhecimento sobre técnicas e tratamento de dados.
Concordo consigo relativamente à necessidade de um exame para a entrada na carreira docente, assim como de um nota mínima de 14. Já chega que a docência seja o “caixote do lixo” daqueles que não encontram ou não estão interessados em encontrar alternativas no duro mercado de trabalho.
Quanto às sugestões que propõe, as da avaliação por inspectores e de uma prova pública para acesso aos escalões mais altos da carreira. Suponho que saiba que o acesso à carreira de professor titular se faz por prova pública e que os coordenadores de departamento (ou seja, aqueles que têm a função e a responsabilidade da avaliação) serão avaliados por inspectores.
Quanto ao facto de quem avalia não ser da área disciplinar (e desde já fique claro que não concordo com os super departamentos). Primeiro já está prevista a delegação da observação das aulas e da avaliação por professores mais próximos das áreas. Segundo, quem veja algumas das grelhas já elaboradas por várias escolas para colectar dados, verá que muitos dos mesmos podem ser recolhidos por qualquer professor. Terceiro, no actual quadro de ensino é impossível haver um professor ou um inspector preparado para avaliar o desempenho em todas as disciplinas. Por um lado, a maior parte dos argumentos nesta matéria desconhece a especificidade da profissão docente e não percebe que não basta ser da mesma área disciplinar para se avaliar a adequação pedagógica das estratégias ou a correcção científica. Basta nunca ter dado aquele programa específico, basta ser uma área de conhecimento nova, etc. para haver dificuldades. Por outro, há cada vez mais disciplinas dadas apenas por um professor em cada escola. Tal decorre do sem número de cursos novos, nomeadamente dos cursos profissionais e dos cursos de educação e formação. Numa escola com uma oferta educativa alargada, alguém tem ideia de quantas disciplinas diferentes existem e de quantas apenas têm um professor associado.
Por fim, deixem-me dizer (embora este argumento seja fraco para discutir a sério estes assuntos), há aqui imensa hipocrisia. Até agora, e assim continuará a ser, o conselho pedagógico sempre foi responsável por aprovar matérias (critérios de avaliação, matrizes de exames, selecção de manuais…) nas quais cada um era chamado a aprovar e a responsabilizar-se por matérias de que nada compreendia.
Maria
Muito obrigado pelo seu comentário feito em tom elevdo próprio de uma Senhora. Neste país há o mau costume de se não concordar com alguém, muitas vezes, não por aquilo que diz mas por não dizer aquilo que gostaríamos que dissesse!
De Karl Popper, as palavras:"Igualmente importante é que podemos aprender muito a parir duma discussão, ainda que se não cheque a acordo; porque a discussão pode-nos levar a compreender alguns pontos fracos da nossa posição".
Julgo estarmos ambos de acordo no essencial, mas não queria deixar de esclarecer que quando falo de inspectores, para avaliar e tentar melhorar as aulas assistidas, reporto-me a indivíduos devidamente preparados para essa função e não de indivíduos carrancudos que só querem avaliar o que está mal como intuitos punitivos. Cada disciplina leccionada estaria a cargo de inspectores com idêntica formação académica básica do inspeccionado. Seria preciso um batalhão de inspectores? Concedo! Mas como diz o povo, quem não tem dinheiro não tem vícios.
Gasta-se tanto dinheiro em coisas sem grande benefício prático no âmbito do sistema educativo que o abrir dos cordões à bolsa para efectivar esta medida julgo que viria contribuir para a respectiva melhoria. Assim, se evitaria que o ambiente escolar "inter pares" se degradasse a um ponto de ruptura pela desconfiança mútua que se cria.
cyTermino o meu comentário da forma que o fiz no post: o óptimo é inimigo do bom. Estou, e atrevo-me a pensar que também está, permeável a novas propostas ou sugestões feitas com o sentido de responsabilidade e o desejo de procurar novas e melhores soluções. Venham elas. Serão bem-vindas!
Estranho este argumento de que são os professores que agora têm de apresentar alternativas a um modelo que se "provou" ter falhado ainda antes de ser aplicado.
Primeiro, era necessário saber se alguém fala em nome dos professores, ou se valem opiniões avulsas. Reflexões várias correm pela net (até neste Blogue), mas imagino que isso não seja suficientemente sistematizado para valer como modelo alternativo.
Segundo, porque o paradigma da Ota já me fez confusão da primeira vez, quando a decisão de um investimento central para o país ficou nas mãos de alguns privados, em vez de ser responsabilidade dos eleitos. No caso, como eram ricos, puderam pagar um estudo alternativo... Repetir agora a dose soa-me ainda mais estranho e inviável, porque os professores não detêm o mesmo tipo de recursos. E afinal, não é Governo que deve ter os meios para... governar?
Terceiro, as principais críticas feitas ao novo sistema de avaliação já tinham sido formuladas pelos sindicatos há muitos meses. Basta consultar as respectivas páginas na Net. Se lhe reconhecermos representatividade, podemos dizer que os erros estavam denunciados a priori, mas o Governo não foi receptivo a opiniões. O que nos pode levar a supor que será receptivo a novas opiniões?
Além disso, julgo que o problema é mais fundo do que a "irredutibilidade dos litigantes". A própria inevitabilidade tomou conta da ocorrência, quando as escolas foram confrontadas com ordens e prazos que não eram exequíveis. Com ou sem intervenção dos Sindicatos e dos Tribunais, o prazo de 10 de Março estava condenado a não ser cumprido, porque simplesmente não era possível fazer tudo o que foi ordenado num período tão curto. A própria incapacidade do Ministério em cumprir a sua parte das normas que criou fica evidente, quando por exemplo a Ministra anuncia que as notas dos alunos valem 6,5%, mas não revela as ponderações dos restantes 93,5%.
Enfim, sobre mediação: face às opiniões de famosos políticos e académicos no sentido de aplicar o modelo a título experimental, para testar a sua validade, o Ministério recusa. Outra mediação, acho que o Governo só aceitaria se fosse o Comendador Berardo. Só não sei se ele também é versado em questões de política educativa...
Não sei como se avsliam professores, nem tenho conhecimento dos processos antigos, nem como o Ministério pretende, ou os Sindicatos, ou os professores, alterar, refazer ou introduzir mudanças.
Com a certeza de que se torna deprimente um adulto avaliar outro adulto, por muito científico, sabedor e pedagógico que seja o professor.
O panoptismo instalou-se na sociedade e ninguém está livre de ser avaliado através das câmaras, se conduz, se entra num banco, num supermercado, num centro comercial, num Casino, nas fábricas, nos táxis, nas ruas ou nos aeroportos. Simplesmente ninguém sabe que está a ser avaliado. Ou sabe, mas não lhe ocorre constantemente esse conhecimento. Fica obnubilado. Portanto já não há vida privada no século XXI. Como esclarece Umberto Eco, estamos a caminhar para a Idade Média, onde as pessoas eram queimadas vivas. Hoje somos "queimados" vivos pelas câmaras.
Por isso, e de acordo com esta doutrina panóptica do século XXI, eu gostaria de propor, se me é permitido, algumas sugestões:
1 - tal como em todas as situações atrás citadas há um gabinete com um operador de todas as câmaras para anotar o que se passa de anormal, colocar uma câmara em cada sala de aula, o que teria resolvido o recente caso da aluna que quis recuperar o telemóvel apreendido pela professora. Em tais circunstâncias a cena teria tido um final mais rápido.
2 - Este processo teria a vantagem de o professor ignorar que em determinado dia seria avaliado pelo tal quadro de avaliadores supostamente credíveis, isto é, passavam a ter consciência de que isso ocorreria, mas com o decorrer do tempo acabavam por esquecer o esquema, pelo que, os bons professores continuariam a ser bons professores, e os maus professores, ignorando que eram maus, seriam avaliados de acordo com o seu estatuto. Mas os alunos também seriam avisados de que a turma estava em permanente observação, para ganharem algum juízo, saberem que liberdade não é libertinagem, que democracia não é ragabofe, e não contarem mentiras aos pais quando chegassem a casa.
3 - Entramos assim mais descontraídos na Idade Média Contemporânea, e os professores ficavam livres de terem que dar aulas à frente de qualificadores menos qualificados, de que conheço alguns exemplos dignificantes.
4 - Eu sei que muitos professores rejeitarão esta ideia, mas convém não esquecer que uma Escola é a metáfora de uma Fábrica (Foucault), e se uma fábrica só rende observando o que cada operário trabalha, não vejo em que é que a Escola seja diferente.
Professor do Secundário
Caro Professor do Secundário:
Começa por pôr o dedo numa ferida que está bem aberta e não se vislumbra forma de a cicatrizar ao escrever: “Não sei como se avaliam professores, nem tenho conhecimento dos processos antigos, nem como o Ministério pretende, ou os Sindicatos, ou os professores, alterar, refazer ou introduzir mudanças”. Esse é o grande problema. Todos os que se manifestam contra a nova forma de avaliação não apresentam alternativas, sejam professores, sejam sindicatos, seja quem quer que seja. Não basta estar contra, embora “a priori” cheio de razão por o processo do Ministério da Educação sofrer do pecado original de ser excessivamente burocrático (fichas para aqui, fichas para ali) e não ter tido em conta um prazo de implementação razoável. Tudo isto, devido à inflexibilidade do Ministério em não ceder um milímetro no seu processo impositivo de avaliação. A democracia não deve ser um regabofe, como bem diz, mas também não deve ter os tiques de uma sociedade totalitária.
A citação que faz de Umberto Eco de “estarmos a caminhar para a Idade Média, onde as pessoas eram queimadas vivas”, emparceira com a de António José Saraiva, figura grada da Cultura portuguesa, quando escreve (1963) que “este mundo é duro: haverá sempre inquisidores e fogueiras”. A sua proposta de serem filmados as aulas, inspirada no “big-brother” de Orweell, teria a vantagem de os professores verem filmadas nas câmaras a sua actuação científica e pedagógica. Mas mesmo aqui, corria-se o risco de eles argumentarem, como aparece em certa cinematografia, que “qualquer semelhança com a vida real é pura coincidência”. Mas que seria um experiência interessante de levar a efeito durante pouco tempo, lá isso era.
Quanto ao comportamento nada desejável por parte dos alunos, reporto-me ao conselho de Albert Einstein: “É fundamental que o estudante adquira uma compreensão e uma percepção nítida dos valores”. E que, por seu turno, que os professores interiorizem, de uma vez por todas, que não se devem tratar por igual os professores medíocres e as elites docentes que, ainda segundo António José Saraiva, “assustam muito democratas por julgarem que as sociedades podem ser superfícies rasas”. A antiga avaliação dos professores (não sei se concordará comigo ou não) era precisamente isso que fazia.
Não é verdade que “ridendo castigat mores”? Sobre a avaliação não posso deixar de citar este delicioso, e simultaneamente amargo, naco de prosa: “ Como se avalia este professor, ouvido há tempo numa livraria: - Bom dia, queria a Aparição do Fernando Pessoa. - Desculpe do Vergílio Ferreira – Francamente, quer-me ensinar a mim que dou aulas de português há 15 anos? Há pessoas que não deviam estar em certos lugares.(Caricato??? Mas verdadeiro. È piada ainda hoje nessa livraria) Conversa entre mim e uma professora sobre a questão dos A.T.L. – haaaaa! Conheço-a bem (refere-se a Maria Montessori) ainda o ano passado estive com ela numa acção de formação (incrível mas verdadeiro). Conversa entre mim e a colega que dá a cadeira de Português – Não li os Contos Exemplares nem vou ler. Eles (alunos) que leiam. Já comprei um estudo de obra para lhes dar aquilo. – E como vais dar se nunca leste nem analisaste?- Da mesma forma que dei o Felizmente há luar, pelos resumos (Sem comentários)”. Tal como é perguntado no princípio desta citação, também eu pergunto, por meu turno: Como se avalia este professor? Para já um simples gravador substituía perfeitamente uma câmara de filmar!
Caro Rui Baptista
Claro que as situações que descreve são preocupantes, mas será que o sistema de avaliação proposto está feito para as eliminar?
Ao dispersar os itens a observar por tanto easpecto sem qualquer relevância, não torna insignificante a qualidade científica das aulas e a preparação que o professor faz e tem?
Garante o sistema que o avaliador não seja o tal que apenas lê os resumos das obras? Não há muito tempo contaram-me acerca de um coordenador de um departamento com cerca de 30 professores, já no topo da carreira, a poucos anos da reforma, que devido ao prolongamento dos mandatos estará provavelmente no próximo ano lectivo a avaliar e que afirmava: " Eu nunca na minha vida fiz um plano e não será agora que o irei fazer. Nem sei como se faz".
E conhecendo-o eu, não duvido que falava verdade. Não era apenas conversa para menosprezar a avaliação.
Não devia a avaliação do professor centrar-se essencialmente, (ou mesmo exclusivamente), nas actividades lectivas: preparação e execução, e em todos os seus aspectos associados?
Acho também que os defensores deste sistema cometem um erro ao compará-lo com o anterior. Não se pode comparar o incomparável. Anteriormente era o vazio.
Só que esse vazio anterior não justifica que se aceite o que de mal é proposto.
P.V.
Diz, e com razão, que a maior parte dos professores que se expressam publicamente contra o modelo de avaliação que o governo pretende implementar, não apresenta alternativas. Também diz que o processo é excessivamente burocratizado.
Comecemos pelo segundo aspecto. Poder-se-á simplificar o processo? Talvez. Porém, para isso, ter-se-ia que começar por simplificar o que está estabelecido no ECD. Muitas das discussões que há em torno deste assunto, não vão ao fundo das questões. E das que raramente é debatida, mas que está no centro deste problema, é a de saber o que é um professor hoje, quais são as funções que lhe são atribuídas e qual é a sua responsabilidade actual. Assim, há aspectos que se poderiam simplificar, mas, para isso, ter-se-ia que se chegar a consenso sobre se algumas das dimensões em jogo neste modelo de avaliação (por exemplo, a relação com a comunidade) são significativas face ao que se exige (ou deve exigir) de um professor.
Relativamente aos resultados, e embora não partilhe de alguma “candura” do ME sobre a relação que estabelece entre avaliação dos professores e sucesso escolar (traduzido em subida de qualificações e de classificações), pergunto-me se não está na altura de exigir à escola a responsabilidade social pelos maus resultados dos alunos que se aferem quer nos exames nacionais quer nos testes PISA. Como fazê-lo? Lamento dizê-lo, mas aquilo que os professores acusam o ME de estar a fazer, promover o facilitismo, só ocorrerá se os professores o fizerem, isto é, se forem eles a subir artificialmente as classificações. Agora, o que poderão os professores fazer para melhorarem os resultados dos seus alunos, sem subirem artificialmente as classificações? Podem: modificar e adaptar, efectivamente, as estratégias de aula face ao público diversificado e massificado que está hoje nas nossas escolas. Não é possível dar o mesmo tipo de aulas aos profissionais, aos cefs, aos tecnológicos e aos cursos científico-humanísticos. Conquanto também tenha muitos maus exemplos a apresentar, também conheço o trabalho de várias colegas que lidam com o público de todos estes cursos e vejo o modo como se adaptam e como conseguem verdadeiros milagres de reeducação da escrita, da disciplina, da postura em sala de aula, dos métodos de aprendizagem, etc. Para além disso, podem, e devem, fazer constantemente pressão junto do ME para que os programas tenham uma dimensão exequível, para que estejam adaptados a públicos diferentes, para que permitam o ensino de conteúdos e competências em harmonia. Podem, e devem, fazer pressão junto do ME para que haja estabilidade no sistema, para que a legislação seja coerente entre si, para que haja condições de trabalho nas escolas. Podem, e devem, junto de cada CE lutar pela aplicação razoável das indicações do ME nos normativos que vierem introduzir alterações do tempo individual de trabalho, devem fomentar o trabalho colaborativo e intensificar práticas comuns e coordenadas dentro da sala de aula. Enfim, poderia dar aqui um sem número de exemplos de como os professores podem trabalhar melhor.
Mas, voltando à minha questão inicial, como se pode recolher indícios sobre todos os aspectos em avaliação sem burocratizar? A burocracia está na cabeça de quem a faz, mas nas fichas ou nas grelhas. Conhece processo de avaliação mais burocratizado que o anterior? Fazia-se um simulacro de relatório (os itens de avaliação até eram mais extensos que os actuais), fazia-se um simulacro de análise dos relatórios e já está. Como diz, avaliava-se como iguais desempenhos gritantemente diferentes. As grelhas são apenas instrumentos de recolha de dados. E o que se procura é o maior número possível de dados para uma avaliação completa (face a todos os itens propostos) e, tanto quanto possível, objectiva e justa. Já vi vários exemplos de grelhas extremamente simples e eficazes na recolha de dados. Grelhas que se podem aplicar, por exemplo, a um relatório, a um portfólio, à observação de aulas, com eficácia e sem desgaste de tempo.
Quanto ao primeiro aspecto. O núcleo central da avaliação deve ser a ficha de autoavaliação e o portfólio do professor, o qual, tal como no modelo anterior, deve obedecer a um conjunto de linhas de orientação (o ECD e o perfil de competências do professor). Há aspectos do trabalho do professor que devem ser mais valorizados, tais como o trabalho científico e pedagógico e a sua actualização nas duas áreas. Cada professor deve disponibilizar o maior número de evidências de todos os aspectos que salientou. Assim, e embora considere que existe necessidade de controlo exterior, desloco a avaliação e o ónus da prova, para o avaliado o qual deve continuar, em autonomia, a ser o principal responsável pelo seu trabalho.
Levanta uma questão que me deixa perplexa: por que é que os professores não devem ser avaliados pelos seus pares? Não é isso que acontece com os médicos, por exemplo?
Maria
O que é que pode acontecer quando os avaliadores-inquisidores entram numa sala de aula?
Vou citar quatro casos passados na antiga instrução primária do ultramar:
1.º - Numa sala de aula entraram dois inspectores, um da metrópole acompanhado do inspector local para avaliação. O da metrópole disse à professora que teria que abandonar o método sintético que estava a aplicar. Resposta imediata do professor - que não estava a aplicar esse método. Bom, então era o sintético. Que não, que não era também o sintético. Bem, digamos que era o analítico-sintético. Que de forma nenhuma era esse. Então, qual era? O da redescoberta.
Aí, o inspector metropolitano ofereceu um exemplar de um livro que tinha acabado de publicar sobre o método global. O que a professora agradeceu mas que não lhe era possível aplicá-lo. Porquê? Porque as turmas têm que ser "mortas". "Mortas"? Sim porque era exigido às famílias não ensinarem nada em casa ("morta", em conhecimento), e não admitir mais nenhum aluno durante todo o ano lectivo ("morta" em admissões).
2.º No ano seguinte houve um curso de actualização onde a inspectora local apresentou igualmente um livro da sua autoria, sobre o método global, apesar de ter assistido à troca de impressões atrás referida. No final da apresentação, a professora que renegara o método global, perguntou à inspectora de que datas eram as fontes que tinha consultado. Não entendia a inspectora a pergunta. Porquê? A professora respondeu que tinha acabado de receber uma revista alemão com um artigo onde se demonstrava que, ao fim de alguns anos de estudos e pesquisas, o método global tinha sido posto de parte porque provocava dislexias.
3.º - A referida professora recebeu um dia na sua sala um colega que estava a fazer exame para inspector, acompanhado dos respectivos avaliadores e que, para isso, teria de dar uma aula. Quando chegou a um texto sobre o lobo, o examinando observou que era um animal mau. Oa alunos atalharam que não, que o lobo não é mau, que era a lei da fome a obrigá-lo a atacar rebanhos. Porque esse tinha sido o ensinamento transmitido pela professora aos alunos.
4.º - A referida professora concorreu para professora de didáctica e, para o efeito, a metrópole enviou um inspector-examinador de outra província ultramarina. O exame correu normalmente até chegou à discussão o problema do ensino da ortografia, onde a professora ensinava as palavras em contexto de frases. Aí o inspector examinador que tinha publicado uns livros sobre o ensino da ortografia, optando pela palavra isolada do texto. A professora opinou que não era possível porque nas palavras homófonas só era possível saber o sentido das palavras se inseridas no texto. Seria mais fácil ao aluno saber quando se escreveria "paço" e passo" nesta frase: "Com 100 passos vi todo o Paço real". Aí o examinador deu por findo o exame e disse que depois continuariam a falar sobre o assunto. O que não aconteceu.
Posto isto, que tipo de avaliador é exigível, e quais os parâmetros indiscutíveis para que a sua tipologia seja fiável e credível.
A docimologia tem armadilhas e imponderáveis.
Professor do secundário
Vai-me desculpar, colega, mas não me parece que esse exemplo seja aplicável aos dias de hoje.
Primeiro, já não vivemos num regime político autoritário, no qual as figuras de autoridade como os inspectores são assimilados à punição e ao arbítrio.
Segundo, cabe a cada um, perante qualquer arbitrariedade, repor os princípios de actuação segundo o direito.
Terceiro, a forma como argumenta, só cria um clima de má fé, de desconfiança e não a ideia segundo a qual a avaliação é sempre um processo de melhoria, ainda que dolorosa (ou não o fizessemos diariamente aos nossos alunos).
Maria
De todo este apanhado de opiniões (a minha incluída, claro está!), julgo ressaltar uma "verdade": "Raramente a verdade é pura, e nunca é simples" (Oscar Wilde).
Todavia, julgo ser uma "verdade verdadeira" que, como foi deixado no comentário do "professor do secundário", "a docimologia tem armadilhas imponderáveis", o que não impede, de forma alguma, que eu esteja grato a todos os comentadores que tentaram contibuir para extinguir uma fogueira avaliativa que teima em fazer arder todos os contributos dados nesse sentido.
Cara Maria
Eu gostaria de perfilhar o seu optimismo sobre o "verdadeiro tratado do perfeito avaliador" que, como sabe, é imperfeito. Quando diz:
"Segundo, cabe a cada um, perante qualquer arbitrariedade, repor os princípios de actuação segundo o direito."
É difícil. Sabe o que dizia Alphonse de Lamartine? Que "a noção de direito é tão forte que os homens, mesmo quando o violam, simulam respeitá-lo."
Quando diz:
"Terceiro, a forma como argumenta, só cria um clima de má fé, de desconfiança e não a ideia segundo a qual a avaliação é sempre um processo de melhoria, ainda que dolorosa (ou não o fizessemos diariamente aos nossos alunos)."
Vou servir-me do aforismo de André Gide quando sentencia que devemos acreditar naqueles que procuram a verdade e duvidar daqueles que a encontram. Portanto, desconfio da Ministra que já encontrou o verdadeiro método avaliativo, e do Sindicato que também encontrou o verdadeiro. Como vê. O país está cheio de descobertas verdadeiras, e se perguntarmos aos colegas vamos encontrar milhentas variações variadas (passe o pleonasmo).
Melhoria não parece que compagine com as múltiplas avaliações. Não era preferível desenvolver um programa de actualizações? Não estaria aí a expectável melhoria?
O problema central não é a avaliação. O problema central é a forma drástico-farisaica do topo do ministério centrar os problemas do ensino no núcleo duro da avaliação dos professores (operários), centrando nestes todos os males de que enfermam as escolas (fábricas), utilizando as metáforas de Foucault.
O problema desencadeado pela ministra (do latim "ministra"= "serva, mulher escrava") está na bola de neve que vai rolando célere contra a "magistra"(em latim, a professora). Veja aqui como, logo à partida, os valores que atribuímos hierarquicamente a uma e outra, saem distorcidos.
Mas vamos ao rescaldo da bola de neve:
1.º - Temos assistido através dos media ao aumento de agressividade dos alunos (do latim "alumnus"=criança) e dos respectivos "pater familiae" para com os professores.
2.º - Para atalhar esta anomia social a ministra pondera avaliar os professores, em vez de estudar os meios de dissuadir pais e alunos a fazerem justiça pelas próprias mãos quando os meninos não têm boas notas.
3.º - Instada a ministra a opinar sobre o procurador-geral da república pretender criminalizar pais e alunos pela prática sistemática da agressão aos professores, considerou que a coisa não é tão problemática assim, que o ministério sabe resolver, sem resolver.
4.º - A ministra também partilha da metodologia dos pais e alunos, mas como agredir fisicamente é crime, opta por outro sistema: os professores passam a ter um horário mais alargado, até às cinco e meia da tarde, para ocupar os meninos em tarefas outras quando faltam professores, negando as horas extraordinárias, negando tempo para prepararem as aulas, para verem as provas. Como declarava Cícero: "ministri imperii tui", isto é os professores,"os escravos são teus subordinados".
5.º - Aos professores com doenças terminais é-lhes negada a reforma, e imposto leccionar, mesmo com a saúde degradada física e moralmente. Este é o retrato mais pecaminoso, intolerável e desumano.
6.º- Perante este espectáculo degradante que se vem desenvolvendo e aumentando de volume, assistimos à manifestação dos professores, a responder à afronta ministerial com uma desafronta.
Conclusão:
Sem querer, ou por querer, ou inconscientemente, a ministra tem lançado setas envenenadas sobre os professores, como a querer insinuar que é neles que reside todo o fracasso da escola, todos os males da educação.
Quando os alunos assistem a este espectáculo mediaticamente lançado pelo ministério
-para avaliar os professores,
-para os obrigar a trabalhar para além das horas legais,
-para não pagar as horas extraordinárias,
-para pactuar com a violência dos alunos porque não é crime no seu território, embora o seja no território do procurador-geral da república, consentindo que alunos e pais não estão debaixo da alçada da justiça,
-e provocar a manifestação dos professores
o resultado é a ministra ter feito o pior retrato dos professores, e, se a ministra tem assim tanta desconsideração pelos professores,
e os professores, tanta desconsideração pela ministra, então os alunos, pelos exemplos continuados deste duelo mediático entre ministra e professores,
estão à vontade para actuarem de acordo com os exemplos que a sociedade lhes fornece.
Agora, diga-me, cara Maria, quem é que "cria um clima de má fé, de desconfiança", sou eu ou a ministra?
Acredite, a avaliação é um falso problema. É a criação do medo pela maneira como ela foi apresentada, acompanhado das outras medidas que exteriorizam, mais do que as palavras, o afrontamento declarado da "rainha" contra os seus súbditos. Por isso Umberto Eco, repito, explica as razões da nossa recuparação da Idade Média, no seu "Travels in Hyperreality".
Recuperamos a Idade Média como o D.Quixote de la Mancha recuperou a Idade Média dos cavaleiros andantes: lendo as proezas de épocas passadas e reinventando-as novamente.
Andar para trás é mais fácil do que andar para a frente - é o lema do séc. XXI.
Cordialmente
O Professor do Secundário
Pata Negra
Faço projectos, planos, planificações;
Sou membro de assembleias, conselhos, reuniões;
Escrevo actas, relatórios e relações;
Faço inventários, requerimentos e requisições;
Escrevo actas, faço contactos e comunicações;
Consulto ordens de serviço, circulares, normativos e legislações;
Preencho impressos, grelhas, fichas e observações;
Faço regimentos, regulamentos, projectos, planos, planificações;
Faço cópias de tudo, dossiers, arquivos e encadernações;
Participo em actividades, eventos, festividades e acções;
Faço balanços, balancetes e tiro conclusões;
Apresento, relato, critico e envolvo-me em auto-avaliações;
Defino estratégias, critérios, objectivos e consecuções;
Leio, corrijo, aprovo, releio múltiplas redacções;
Informo-me, investigo, estudo, frequento formações;
Redijo ordens, participações e autorizações;
Lavro actas, escrevo, participo em reuniões;
E mais actas, planos, projectos e avaliações;
E reuniões e reuniões e mais reuniões! …
E depois ouço,
alunos, pais, coordenadores, directores, inspectores,
observadores, secretários de estado, a ministra
e, como se não bastasse, outros professores,
e a ministra! …
Elaboro, verifico, analiso, avalio, aprovo;
Assino, rubrico, sumarizo, sintetizo, informo;
Averiguo, estudo, consulto, concluo,
Coisas curriculares, disciplinares, departamentais,
Educativas, pedagógicas, comportamentais,
De comunidade, de grupo, de turma, individuais,
Particulares, sigilosas, públicas, gerais,
Internas, externas, locais, nacionais,
Anuais, mensais, semanais, diárias e ainda querem mais?
- Que eu dê aulas!?…
É assim mesmo!O que faz falta ao ensino são poetas:
Versejando
Se vai caminhando
Em bando
De vez em quando
Sem ser a mando
Nem a comando
Da ministra da Educação
O que nos liberta da prisão
E da enorme confusão
De despachos e legislação
Dos capangas desta aflição
Que nos chega no verão
Da nossa desconsolação
Que alternativas?
Uma hipótese (muito) sintética:
Formação: licenciatura+prova de acesso;
Estatuto da Carreira: uma única carreira em que, quem pretenda progredir, preste provas públicas.
Estatuto do Aluno: assente na ideia de que estudar, aprender e desenvolver-se como Pessoa é um dever, não um direito.
Avaliação do sistema: exames nacionais para os alunos em fim de ciclo e nas disciplinas que, entre ciclos, terminem. Desse modo, se comparam notas de frequência dos alunos com as notas dos exames. Também se pode aferir se os docentes cumprem integralmente os programas.
Notas finais: a prova de acesso pode não ser o remédio de que precisamos (veja-se o que se passa na Justiça!) E a sua imposição actual padece de dois graves problemas - primeiro não reflecte sobre o actual modelo de formação (à licenciatura que se ligava à profissionalização de dois anos, junta-lhe um exame de acesso!!!); por fim, esta prova está traçada a cometer uma injustiça grave: existem docentes que estão em exercício - e avaliados no actual sistema - há (quase) cinco anos e que vão ter que se submeter a este exame. Ou fazem todos os docentes ou fazem aqueles que agora se candidatam a leccionar.
Saudações,
Luís Vilela.
Caro Luís Vilela:
Agradeço e registo com agrado as suas sugestões.
Seja permitido, todavia, um reparo. Quando escreve que "aprender e desenvolver-se como Pessoa é um dever, não um direito", julgo que é um dever e um direito. O grande mal da pretensa igualdade entre desiguais está precisamente no vício de que enferma o Estatuto da Carreira Docente ao atribuir direitos iguais para deveres diferentes.
Critica essa pretensa igualdade Schopenhauer, quando escreve: “O que em sociedade desagrada aos grandes espíritos é a igualdade de direitos e, portanto, de pretensões, em face da desigualdade de capacidades, de realizações (sociais) dos outros. A chamada boa sociedade admite méritos de todo o tipo, menos os intelectuais: estes chegam a ser contrabando”.
Cordiais cumprimentos,
Ipso facto”, sou a favor de um exame de acesso à profissão docente como forma de evitar que haja professores que se expressam mal na língua materna e redijam pior em páginas cheias de erros ortográficos. Para além disso trata-se de uma forma de acabar com a injustiça de um valor a mais num diploma politécnico ser condição de preferência relativamente a um diploma universitário no referido ingresso.
Transcrevo aqui o que me parece ser um paradoxo.
Desculpe, mas será que quem tem um valor a mais num diploma politécnico, escreve com mais erros ortográficos do que quem tem um valor a menos?
Bem, então teremos de rever a avaliação e o currículo dos cursos que dão acesso à docência.
Ou o problema é pôr quem tem um politécnico à frente de quem tem um diploma universitário?
Se é este ultimo o caso, permita-me que o informe que isso NUNCA acontece, porque os politécnicos concorrem sempre num escalão inferior.
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