quinta-feira, 18 de abril de 2013
DAR VALOR ÀS PALAVRAS OU CHAMAR PÁ A UMA PÁ
Na hora da vossa morte
Planeje a sua pós-vida digital com o Gerenciador de Contas Inativas
Ninguém gosta de pensar muito sobre a morte, ainda mais sobre a própria. Mas planejar o que acontecerá depois que você se for é muito importante para as pessoas que ficam para trás. Então, lançamos um novo recurso que facilita informar ao Google a sua vontade quanto aos seus bens digitais, quando você morrer ou não puder mais usar a sua conta. Trata-se do Gerenciador de Contas Inativas: não é lá um nome fantástico, mas acredite, as outras opções eram ainda piores. O recurso pode ser encontrado na página de configurações da conta do Google. Você pode nos orientar com relação ao que fazer com as suas mensagens do Gmail e dados de vários outros serviços do Google se a sua conta se tornar inativa por qualquer motivo. Por exemplo, você pode escolher que seus dados sejam excluídos depois de três, seis, nove ou doze meses de inatividade. Ou ainda pode selecionar contatos em quem você confia para receber os dados de alguns ou todos os seguintes serviços: Blogger; Contatos e Círculos; Drive; Gmail; Perfis do Google+, Páginas e Salas; Álbuns do Picasa; Google Voice e YouTube. Antes que os nossos sistemas façam qualquer coisa, enviaremos uma mensagem de texto para o seu celular e e-mail para o endereço secundário que consta nos seus settings da conta. Esperamos que este novo recurso ajude no planejamento da sua pós-vida digital e proteja a sua privacidade e segurança, além de facilitar a vida dos seus entes queridos depois da sua morte.
Postado por: Andreas Tuerk, gerente de produtos
Pode encontrar o texto aqui.
AS SOMBRAS DE GRAY
Mais edições da Classica Digitalia
A Classica Digitalia tem o gosto de anunciar duas novas publicações, de parceria com a Imprensa da Universidade de Coimbra, a Câmara Municipal do Porto e o Centro de Línguas e Culturas da Universidade de Aveiro.
Série “Humanitas Supplementum” (Estudos) - Francisco de Oliveira, José Luís Brandão, Vasco Gil Mantas & Rosa Sanz Serrano (coords.), A queda de Roma e o alvorecer da Europa (Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, Classica Digitalia, 2012). 252 p. PVP: 29 € / Estudantes: 23 € [capa dura]
Série “Varia” (Estudos) - António Andrade, João Torrão, Jorge Costa & Júlio Costa (coords.), Humanismo, diáspora e ciência (séculos XVI e XVII): estudos, catálogo, exposição (Porto e Aveiro, Câmara Municipal do Porto/Universidade de Aveiro, 2013) 483 p. PVP: 30 € / Estudantes: 24 € [a cores]
Todos os volumes dos Classica Digitalia são editados em formato tradicional de papel e também na biblioteca digital. O eBook correspondente encontra-se disponível em acesso livre. O preço indicado diz respeito ao volume impresso.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Dia Aberto ITQB 2013: O que é ser cientista?
“COM NOVAS ÍRIS TE UNIVERSO”
A íris é uma estrutura circular e fina que existe nos olhos, e que lhes dá a cor que nos maravilha. É responsável pelo controlo do diâmetro e tamanho da pupila, no seu centro, e logo pela quantidade de luz que se adentra no olho e atinge a retina. O seu nome deriva da divindade grega para o arco-íris, exactamente devido às suas inúmeras cores. Estas cores resultam da refracção da luz solar por miríades de gotas de água (ou de um prisma, entre outros exemplos), separando-a nas suas componentes, na região do espectro visível.
Nota: O título é o primeiro verso de poema inédito de António Piedade
terça-feira, 16 de abril de 2013
PARA SEMPRE
Como se pudesse haver dois!
Como se pudesse existir outro.
Eu acredito na palavra do senhor Bergoglio, mas mantenho que ele não denunciara nada, nem lamentara nada e, mais grave, não disse o que pensava do regime. Porque quem acusa a senhora Cristina Kirchner de “exibicionismo”, esquecendo-se de Evita Perón, quem diz ao Presidente Eduardo Duhalde, sobre a vinda do FMI em 2002, “Não vamos a lugar nenhum, só nos vamos endividar mais”, tem que ter uma palavra sobre a barbaridade do regime.
3- O Franciscanismo De Bergoglio
Agripino Grieco, escritor brasileiro, no seu livro S. Francisco de Assis e a Poesia Cristã, caracteriza deste modo o santo (com muitas semelhanças com Santo Agostinho, anote-se):
Esta é a imagem que o Papa tem passado para os católicos. O problema está no último ponto; eu não creio que o Vaticano abra os cordões à bolsa para dar aos pobres, porque isto implicaria uma reforma profunda no Vaticano. As boas intenções não bastam.
4- O fascismo de F. Sá Carneiro
O fascismo terminara, de acordo com os historiadores, no dia 25 de Abril de 1974. Ora, em 1969 o senhor F. S. Carneiro fizera parte da lista de deputados da União Nacional, enquanto outros políticos estiveram no exílio ou na masmorra. Eu sei que os homens mudam de valores e estão sujeitos às vicissitudes do tempo, mas isto raramente acontece de um dia para o outro.
Transcrevo aqui um excerto da entrevista que Manuel Alegre deu ao Público no dia 14 de Abril:
Não acrescento mais nada ao Manuel Alegre, porque sei a quem se refere. Só lamento que a literatura esteja nas mãos destes senhores, só lamento que qualquer opinião dos mesmos pese e catapulte amiúde a mediocridade para o topo das livrarias.
Isto de voltar ao passado não é como pensava Vergílio Ferreira, porque a consciência não se pode esvaziar como um balão.
"TODA A CIÊNCIA (MENOS AS PARTES CHATAS)" É O NOVO LIVRO DOS CIENTISTAS DE PÉ
Albert Einstein
«Este livro tem e não tem piada ao mesmo tempo.»
Erwin Schrödinger
«Tentei rir-me pouco para não emitir muito dióxido de carbono.»
Al Gore
«Tenho pena não estar cá para ler isto.»
Dodô (Raphus cucullatus) ave extinta no século XVII
Coordenação: David Marçal
Bruno Pinto
Cheila Almeida
Daniel Silva
Ivette Pacheco
João Cruz
João Damas
Joaquim Paulo Nogueira
Leonor Medeiros
Ricardo Sequeira
Sandra Mateus
Sofia Guedes Vaz
Sofia Leite
Romeu Costa
Sónia Negrão
Na próxima quinta-feira, dia 18 de Abril, irei fazer uma pré-apresentação do livro no Museu da Ciência de Coimbra, às 18h. Ainda sem livro, numa lógica muito semelhante à de consultar o saldo do multibanco "no ecrã". É mais ecológico. No futuro talvez as pessoas também leiam livros no ecrã do Multibanco, já que levantar dinheiro será cada vez mais difícil!
A ESCRITA E A INTERNET - UMA ESCRITA OUTRA?
Há hoje várias evidências que indicam ter a internet um efeito sobre a forma como o nosso cérebro processa a informação que dela retira.
A história da literatuta e da filosofia mostram que a tecnologia usada em dado momento para expandir o pensamento e a memória é agente modelador de todo não desprezível. E a internet não é excepção.
Dados recentes provenientes das neurociências e fundamentados pelas novas tecnologias de imagiologia cerebral, indicam que a neuroplasticidade permite que o cérebro dos internautas (independetemente da idade e sexo) se ajuste à nova tecnologia e faça uso de outros padrões de actividade neuronal!
Assim, a internet parece estar rapidamente altera a forma como pensamos e nos relacionamos com as fontes de conhecimento. Será que também altera a forma como escrevemos e o que escrevemos? E os editores de textos (word e companhia) que nos corrigem automaticamente, diminuindo a nossa atenção sobre a ortografia e a semântica, será interferem no processo e no produto final da escrita? É neste contexto que se enquadra a conversa/debate que agora e aqui se publicitam (através da internet!)
Past Perfect?
http://www.democracyjournal.org/28/past-perfect.php?page=all
how do we explain such major patterns as China's dominance in technology and prosperity in the fifteenth century, then its enduring economic and social backwardness for five centuries, and then its meteoric rise over the last 30 years? Any reasonable account of China's economic and social history must place changes in the social organization and institutions of the country as the most important factor explaining these very significant ups and downs.
(via Instapaper)
Margaret Thatcher: Freedom fighter
She privatised state industries, refused to negotiate with the unions, abolished state controls, broke the striking miners and replaced Keynesianism with Friedman's monetarism. The inflation rate fell from a high of 27% in 1975 to 2.4% in 1986. The number of working days lost to strikes fell from 29m in 1979 to 2m in 1986. The top rate of tax fell from 83% to 40%.
(via Instapaper)
segunda-feira, 15 de abril de 2013
Bitcoin and the illusion of money
http://www.bbc.com/future/story/20130412-bitcoin-and-the-illusion-of-money/
Writing in 1976, Fredrich Hayek argued in The Denationalization of Money for the removal of the legal obstacles preventing people from using any kind of money they wanted, thus creating a kind of global battle between different rival systems.
"We have always had bad money," Hayek argued "because private enterprise was not permitted to give us a better one." No government has yet has acted on Hayek's faith in the power of the open market. The world, though, may already have embarked on just such an experiment. Betting against Bitcoins is one thing. But the change they represent packs quite a punch – and, with conventional finance on the ropes, it's still anybody's fight.
(via Instapaper)
Hacktivists as Gadflies
http://opinionator.blogs.nytimes.com/2013/04/13/hacktivists-as-gadflies/
In a world in which nearly everyone is technically a felon, we rely on the good judgment of prosecutors to decide who should be targets and how hard the law should come down on them. We have thus entered a legal reality not so different from that faced by Socrates when the Thirty Tyrants ruled Athens, and it is a dangerous one. When everyone is guilty of something, those most harshly prosecuted tend to be the ones that are challenging the established order, poking fun at the authorities, speaking truth to power — in other words, the gadflies of our society.
(via Instapaper)
A poesia é precisa nas escolas
"Deixem-me começar assim: Precisamos de poesia. Precisamos, mesmo. A poesia faculta a literacia, constrói um sentido de comunidade e contribui para a resiliência emocional. Ela pode ultrapassar fronteiras que mais nada consegue. Abril é o Mês Nacional da Poesia. Integrem alguma poesia no vosso coração, casas, salas de aulas e escolas."Assim começa um texto de uma senhora que se chama Elena Aguilar. As suas palavras reportam-se ao ensino americano, mas servem perfeitamente para o nosso. As cinco razões que indica para incluir a poesia nas escolas são universais.
Pode ler o texto aqui.
O que é inovar?
Informação recebida do Rómulo - Centro Ciência Viva da Universidade de Coimbra. Henrique Madeira é proefssor de Engenharia Informática e vice-reitor para a área da inovação na Universidade de Coimbra.
domingo, 14 de abril de 2013
"Reviravolta" no ensino das clássicas?
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Boris Johnson, como presidente da câmara de Londres tem incentivado o ensino da cultura e línguas clássicas nas escolas básica (Photo: TELEGRAPH) |
Esses ventos. como é sabido, orientam a aprendizagem predominantemente para a aquisição de competências práticas, concretas, com sentido e utilidade "no" e "para" o quotidiano dos alunos. Isto, diz-se, como resposta a necessidades de integração social e laboral, de promoção da "igualdade de oportunidades".
Ora, é por demais evidente que a aprendizagem de conteúdos da Antiguidade não responde directamente a estes requisitos, ou não responde da maneira como se espera que responda, logo terá de cair na categoria de irrelevante. Ou pior, associando-se-lhe um carácter abstracto e erudito, recaíndo sobre ela a suspeita de desrespeito pela origem étnica dos sujeitos e pelo seu contexto vivencial mais imediato.
Resistindo a esse discurso fortemente ideológico, vários são os países ocidentais em que, quando o Estado se demitiu de assegurar o ensino clássico, autarquias, escolas (sobretudo privadas) e associações diversas tomaram a dianteira.
Um exemplo digno de registo é Inglaterra, onde nos últimos anos muitas escolas básicas, num esforço para aumentar a qualidade da aprendizagem, passaram a proporcionar latim e grego antigo aos seus alunos e isto desde os sete anos de idade.
Pretende-se agora que, a partir de 2014, todas essas escolas tenham o ensino de línguas, e entre elas estão essas duas. Isto com a intenção de se conseguir uma base em gramática, sintaxe e vocabulário capaz de apoiar os processos de compreensão dos alunos.
É justo que se diga que esta "reviravolta" no ensino clássico deve muito à sociedade que, nas pessoas de autarcas, directores de escolas, professores, pais... que têm resistido à tendência de terraplanagem de áreas curriculares fundamentais, legitimada pelos mais altos responsáveis pela educação.
Texto escrito a partir de dois artigos de Graeme Paton, editor de educação do The Telegraph, datados de
Março de 2010 e de Novembro de 2012, que podem consultar-se aqui e aqui.
O ESTUDO DAS ROCHAS MAGMÁTICAS EM PORTUGAL (2)
Estagiou depois em Paris, na École des Mines, e cursou engenharia de minas em Freiberga, na Alemanha. Regressado ao país, Souza-Brandão sucedeu a Alfredo Bensaúde na chefia da Secção de Mineralogia e Petrografia da Direcção de Trabalhos Geológicos, no edifício do antigo Convento de Jesus, onde hoje se abre ao público o Museu Geológico Laboratório Nacional de Energia e Geologia (LNEG), herdeiro da citada Direcção de Trabalhos Geológicos. Pelo seu labor, este português atingiu notável domínio nas técnicas de identificação microscópica de minerais e rochas, tendo conseguido que os fabricantes de microscópios «Fuess» lhes introduzissem significativas alterações, tendo mesmo lançado no mercado, em 1911, o então chamado «Microscópio Mineralógico Souza-Brandão», ao mesmo tempo que, na revista Zeitschrift, publicava a notícia “Neuy Grosses Mikroskop, model Ib nacht Souza Brandão”.
Entre os estudos que nos deixou, relativos a rochas de várias regiões do país, distinguem-se os das rochas hiperalcalinas de Alter Pedroso, no Alto Alentejo. Deve-se-lhe ainda o conhecimento do espichelito [1], um tipo de rocha filoniana, novo para a ciência, descrito em 1907, cujo nome evoca o Cabo Espichel, a região da respectiva proveniência.
Com o desaparecimento de Souza-Brandão apagou-se também por alguns anos o fulgor que vinha avivando a petrografia portuguesa. Nos começos do século XX destaca-se o primeiro estudo petrográfico da Ilha da Madeira, da autoria do alemão G. Gagel, dado à estampa em 1914, sendo curioso salientar a descrição de um novo tipo de rocha próxima dos peridotitos, a que o autor deu o nome de madeiraíto [2].
No mesmo ano, K. A. Osann e um seu aluno, O. Umhaeur, retomaram o estudo das rochas hiperalcalinas de Alter Pedroso, no Alto Alentejo, e descreveram um tipo mais escuro a que deram o nome de pedrosito [3].
Em Coimbra, o Prof. Anselmo Forjaz de Carvalho (1878-1955) fundava, em 1921, a revista «Memórias e Notícias», onde se arquiva parte importante da investigação científica nacional no domínio da petrologia ígnea, entre outras não menos importantes. Este lente, que foi director do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico daquela Universidade, de 1919 a 1948, deixou-nos, entre muitas publicações, “Modernas Ideias sobre a Acção Ígnea” (1915).
Sem esquecer o papel do Prof. F. Fouqué, nomeadamente na orientação dos estudos de Canto e Castro (1887) e de Rego de Lima (1890), deve salientar-se de forma especial Alfred Lacroix, não só como grande vulto que foi na petrografia mundial, como pela influência que teve no curso desta área de investigação científica em Portugal, quer em virtude da facilidade de penetração da língua francesa entre nós, quer ainda pelos estudos que ele próprio levou a cabo sobre rochas do nosso território. Neste capítulo descreveu novos tipos de rochas magmáticas a que deu designações relacionadas, ou com o nome de Portugal, o lusitanito [4], um sienito hiperalcalino, descrito em 1916, proveniente da região de Alter Pedroso, ou com o local de proveniência, como é o caso do algarvito [5], de Monchique, no Algarve e do mafraíto [6], uma outra rocha cujo nome evoca, erradamente, Mafra. Esta rocha é, sim, proveniente do rio Touro, na serra de Sintra, tendo a confusão resultado da troca das amostras enviadas por Paul Choffat a Lacroix.
A importância do maciço de Monchique, no contexto da petrografia mundial, mais uma vez trouxe até nós grandes especialistas como o alemão E. Kaiser, que voltou a estudar este notável acidente geológico, considerando-o, primeiro, como um lacólito e depois com um facólito. A este trabalho seguiu-se, em 1926, um outro da autoria do Prof. F. L. Pereira de Souza (1870-1931), da Faculdade de Ciências de Lisboa e director do Museu e Laboratório Mineralógico e Geológico anexo a este estabelecimento de ensino, hoje integrado no Museu Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa. Como petrógrafo, Pereira de Sousa estudou diversos tipos de rochas magmáticas das orlas mesocenozóicas ocidental e algarvia. Seguiu-se-lhe, na mesma instituição, o Prof. A. A. d’Oliveira Machado e Costa (1870-1952), em cuja obra constam algumas referências aos ofitos [7] e teschenitos [8] portugueses e apontamentos sobre a ocorrência de basaltos da região de Lisboa a que chamou “monumentos da arquitectura eruptiva”.
Foi ao tempo do Prof. Machado e Costa, em 1914, já a antiga Escola Politécnica tinha dado lugar à Faculdade de Ciências de Lisboa, que aqui surgiu a cadeira intitulada Mineralogia e Petrologia.
Entretanto, na Universidade de Coimbra, o Prof. José Custódio de Morais estudava a petrografia das regiões de Leiria e de Elvas, bem como das ilhas da Madeira, Porto Santo e Selvagens, cujos resultados nos deixou nas já referidas Memórias e Notícias, iniciadas em 1921. Anos mais tarde, em 1929, o suíço C. Burri voltou a estudar os sienitos sódicos de Alter Pedroso., mais conhecidos por sienitos hiperalcalinos.
Também em Coimbra, o professor catedrático jubilado, João Manuel Cotelo Neiva, nascido em 1917 e, felizmente, ainda entre nós, deixou obra feita na petrografia das rochas ultramáficas da região de Bragança, tendo proposto três novos nomes para as variedades que distinguiu, abessedito, boqueirito, e bragancito, alusivos, respectivamente, à mina de Abessedo, ao Monte Bougueiro e à dita região. Estes nomes não vingaram, tendo caído em desuso.
Nessa altura era grande o interesse pelo Complexo Vulcânico de Lisboa-Mafra, então referido por Complexo Basáltico de Lisboa. Surgiram, assim, os trabalhos baseados em observações no terreno realizados por Georges Zbyszewski e Amílcar de Jesus, nos anos 50, António Serralheiro, mais recentemente, e os estudos petrográficos do mesmo complexo levados a cabo por J. Brak-Lamy, alguns dos quais em colaboração com Carlos. F. Torre de Assunção (1901-1987), professor da Faculdade de Ciências de Lisboa.
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Prof. Carlos. Fernando Torre de Assunção (1901-1987)
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No que se refere às rochas plutónicas integradas no soco hercínico, com larga representação no norte e centro do país e ainda no Alto Alentejo, sem dúvida o conjunto de rochas magmáticas com maior extensão em termos de área ocupada, muitos foram os estudiosos que delas se ocuparam, a partir da década de 1940. Evocamo-los com breves referências, num gesto de homenagem pelo saber que nos legaram. São desta época os professores Judite dos Santos Pereira e Miguel Montenegro de Andrade, da Universidade do Porto, Carlos. F. Torre de Assunção da Universidade de Lisboa, A. V. Pinto Coelho, da ex-Junta de Investigações do Ultramar, os holandeses Oen Ing Soen e L. J. G. Schermerhorn, dois geólogos holandeses de muito prestígio, e a petrógrafa francesa Elisabeth Jérémine, cujo nome fica igualmente ligado ao estudo do eucrito de Chaves, um meteorito da classe dos acondritos, recolhido em Vila Verde da Raia, em 1925.
Dos petrógrafos da minha geração, e são muitos, na maioria retirados, e dos que hoje estão na força da respectivas investigações, outros falarão mais tarde.
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Serra
de Sintra, “uma jóia da petrografia portuguesa”
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1. Espichelito - Lamprófiro mesocrático, analcímico, com horneblenda, augite, olivina, magnetite, calcite e pirite, nos fenocristais, e labradorite, ortoclase, horneblenda, augite, analcima, biotite e apatite, na pasta, descrito em filões do Cabo Espichel (Portugal).
2. Madeirito - Rocha granular holomelanocrata, afim do peridotito, descrita em Porto da Cruz, na Ilha da Madeira. Inicialmente considerado como uma fácies ultrabásica dos essexitos, foi posteriormente interpretada como uma diferenciação do basalto local. O mesmo que madeiraíto.
3. Pedrosito - Sienito hiperalcalino, holomelanocrata, rico em anfíbola sódica (riebeckite).
4. Lusitanito - Sienito hiperalcalino, mesocrata, com riebeckite e aegirina.
5. Algarvito - Rocha filoniana, afim dos niligongitos e dos melteijitos, intruída no sienito nefelínico de Monchique. Contém diópsido aegirínico, biotite, nefelina e sodalite, com ou sem ortoclase. Termo proposto por Lacroix, em 1922, caído em desuso.
6. Mafraíto - Rocha granular (plutonito) grosseira, afim dos gabros e dos teralitos, com fenocristais de anfíbolas (kaersutite e barkevicite), de titanaugite violácea e de labradorite. Contém, ainda, em menores percentagens, biotite, horneblenda verde fibrosa, esfena e magnetite. Descrita por Lacroix, em 1920.
7. Ofito - Dolerito com textura ofítica, própria de uma rocha hipabissal de composição dolerítica, na qual os cristais de augite são penetrados por agulhas de plagioclase. No final do século XVIII, ofito era sinónimo de pórfiro verde.
8. Teschenito - Variedade de teralito com analcima, descrito em Teschen, no Sul da Polónia, em 1861.
sábado, 13 de abril de 2013
Não é o primeiro caso, não será o último
Essas situações são pensadas, planificadas, incentivadas, exploradas e mostradas ao mundo (com a garantia, por via das novas tecnologias, de ficarem eternamente acessíveis) as facetas menos humanos do Humano. Quem participa nelas ou quem a elas assiste fá-lo por vontade própria, diz-se. Logo, está tudo certo.
Afinal, o pensamento social vigente, que tudo relativiza e subjectiviza, embandeirando o slogan "o que vale para mim não vale para ti", cunha como "certo" apenas e só o que o deriva da "vontade do eu".
Sabem alguns que a "vontade do eu" é (sempre foi e sempre será) apetecivelmente manipulável, mas aqui há que distinguir os que, conscientes da integridade e respeito que são devidos a cada pessoa denunciam a manipulação (o que soa estranho); e os que... vivem (muito bem) disso e com isso.
Centremo-nos nestes últimos: "empresas" e audiências".
As empresas usam uma receita extraordinariamente simples. Quanto mais escabroso, mais audiências e quanto mais audiências mais dinheiro a correr. Sem barreiras axiológicas, a sua imaginação não encontra barreiras. Quanto às audiências, essas sobem a cada patamar de desumanidade. As audiências têm a crueldade que têm, depressa se saciam e querem mais e mais.
Neste "harmonioso" rolar, chegámos a programas de televisão, do género reality show, que se vangloriam de pôr os concorrentes no limite das suas possibilidades físicas e mentais. São os programas de sobrevivência.
Num deles, recente, um concorrente não sobreviveu a um ataque cardíaco. Tinha 25 anos. Como se pode deduzir, neste cenário, uma morte em directo, é o máximo. O coração deslambido das audiências faz disparar os números. Um sucesso.
Mas o que pode ser melhor do que uma morte? Duas mortes, obviamente! E, foi isso que aconteceu com o suicídio do médico que assistia os concorrentes. Tinha 38 anos. A carta que deixou dá a entender que não aguentou a suspeita de negligência que imediatamente recaiu sobre ele.
Uma certa comunicação social, que propaga estes programas e proporciona a tal fama de 15 minutos depressa estende o dedo da acusação para, claro está, satisfazer a sede de sangue das tais audiências.
O dito programa "apesar da popularidade" (detenhamo-nos nestas três palavras) vai ser cancelado, afirmaram os responsáveis por ele. É uma deliberação que não nos deve impressionar nem descansar.
Se nada for feito novos programas, ainda mais degradantes, surgirão. A destruição de pessoas, com muitos outros antecedentes, continuará. Talvez deva ser o próprio poder político a intervir, uma vez que as instâncias que regulam a comunicação social parecem não dar sinal de existência.
Nesta sequência, aministra da Cultura e Comunicação de França declarou a necessidade de se regulamentarem os espectáculos realistas "de modo a preservar a dignidade dos seres humanos, dos participantes e dos telespectadores".
Outros textos sobre o assunto, publicados no De Rerum Natura:
aqui, aqui, aqui e aqui
Para escrever este texto tomei como referência as notícias dos jornais:
- Expresso on-line (aqui).
- Diário de Notícias, edição de 11 de Abril de 2013, página 51.
O PAPEL DA ANALOGIA NA ARGUMENTAÇÃO
Colóquio Internacional THE ROLE OF ANALOGY IN ARGUMENTATIVE DISCOURSE
Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 3-4 de Maio de 2013.
Organização: Grupo de investigação “Ensino de lógica & argumentação” da unidade de investigação “Linguagem, interpretação e filosofia”, da Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com sede na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
O programa, para além da área teórica e/ou meta-conceptual sobre a definição e caracterização do raciocínio analógico e respectiva importância para o discurso argumentativo, cobre outras tão diversas como o papel da analogia na literatura, na ciência, na filosofia, no direito, na política e na prática clínica.
A participação de todos os interessados é bem-vinda.
EM QUE ACREDITA O SENHOR MINISTRO DA EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E INOVAÇÃO E A SUA EQUIPA?
No passado Ano Darwin, numa conferência que fez no Museu da Ciência, em Coimbra, o Professor Alexandre Quintanilha, começou por declarar o s...
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Perguntaram-me da revista Visão Júnior: "Porque é que o lume é azul? Gostava mesmo de saber porque, quando a minha mãe está a cozinh...
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Não Entres Docilmente Nessa Noite Escura de Dylan Thomas (tradução de Fernando Guimarães) Não entres docilmente nessa noite seren...
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