domingo, 25 de julho de 2010

Eugénio Lisboa e a Fonte Luminosa

Em resposta a um comentário de Luís Neves, ao post de Eugénio Lisboa, “Uma carta de Eugénio Lisboa enviada à direcção da 'Árvore'” (23/07/2010), recebemos este texto que ora se publica:

Ter ou não ter estado na Fonte Luminosa

“O Sr. Luís Neves tem todo o direito de não saber quem sou do mesmo modo que eu não sei quem ele é. Só sei o que dizem as palavras que ele escreve. E o que essas dizem é que lhe fazem muita impressão as pessoas que se associaram a Mário Soares na Fonte Luminosa para travarem a vinda para Portugal dos Torquemadas que vinham substituir os do Estado Novo. Cada um gosta do que gosta. Não vou perder tempo - nem seria elegante - a inventariar aqui os meus conhecidos créditos anti-fascistas. Mas é importante esclarecer uma coisa: para mim, mas não para o Sr. Neves, todas as perseguições ao pensamento livre são igualmente más. Nessa medida, Saramago era tão mau ou pior do que António Ferro - porque este, mau como era, ainda tinha aquele teor de má consciência que o levava a tentar dialogar com os adversários. Saramago pertencia ao grupo dos energúmenos de boa consciência - podia demitir, punir e castigar porque tinha a "história" a seu favor... Quanto à Fonte Luminosa, não estive lá porque não vivia em Portugal. Não tenho portanto a honra de poder dizer aos meus netos:"Eu estive lá". O outro prazer teria sido o de ter estado lá e não ter visto o Sr. Neves. Não se pode ter tudo...

Eugénio Lisboa”

P.S.: “Esta de se não poder criticar a conduta de Saramago, só porque ele morreu - é de cabo de esquadra. Por esta via, a história não poderia escrever-se, a não ser que fosse sistematicamente encomiástica. Por exemplo, não se poderia criticar os esclavagistas porque já estão mortos e seria deselegante... Os censores arranjam sempre as razões mais nobres para a repressão. Salazar e Staline liam pela mesma cartilha. Há fascistas que o são sem saberem. Ou sabem-no mas fingem que não sabem. Saramago, em 1975, cometeu um acto fascista e não há muito tempo disse não estar arrependido: hoje, faria o mesmo. Merece dar o nome a uma rua? Para as pessoas que dão valor ao civismo - NÃO!”

Na imagem: Fonte Luminosa de Lisboa

5 comentários:

Joca disse...

Tenho pouco interesse em ler o que actualmente escreve Eugénio Lisboa, que parece ter aderido à mais decabelada extrema direita.

Adelaide Martins disse...

"Saramago, em 1975, cometeu um acto fascista e não há muito tempo disse não estar arrependido:hoje, faria o mesmo. Merece dar o nome a uma rua? Para as pessoas que dão valor ao civismo - NÃO!"

Concordo e assino de cruz - e, para que não digam que não sou democrata, acho que o mesmo se pode aplicar a Salazar, Estaline, Cunhal ou José Hermano Saraiva...

Anónimo disse...

Adelaide: E para as que não dão valor ao civismo? Que se lhes faz?

Anónimo disse...

Cara Adelaide: comparar assim Salazar e Estaline é um bocado primário, é ficar-se pelas aparências. Se as aparências lhe bastam, está bem. Cada um chega onde a sua inteligência permite.

Luis Neves disse...

Caro Sr. Eugénio Lisboa.

Por mais importante que o senhor seja para a Cultura e no meio universitário português , eu e julgo que milhões de outros cidadãos portugueses, desconhecemos a sua obra e o que faz.
Eu ao contrário do que o senhor faz com o recém falecido Saramago , não pretendo vir para a imprensa ou para um blog criticar o sr. Eugénio Lisboa quando o senhor morrer. Por uma questão de Educação e Respeito por as pessoas que lhe são próximas e o ademiram.
Se o quissesse criticar fálo-ia agora, sabendo que me pode insultar à sua vontade. Que lhe faça bom proveito.
Eu não o critico porque não o conheço e logo não tenho razões para o fazer.

Em termos políticos , o que escreve em relação à minha pessoa, não tem nada de acertado, considero que o que escreveu é de um primarismo básico anti-comunista.

Cada pessoa escolhe os seus modelos que mais o marcam, e têm as opções políticas que querem, é isso a Liberdade política que nos trouxe o 25 de Abril, a revolução que derrubou a ditadura fascista.

Há que respeitar quem tem opiniões diferentes das minhas, e que têm uma certa nostalgia pelo tempo da outra senhora. há quem prefira o Anónio Ferro, o próprio lá saberá porque razões tem essa admiração por esse homem do Estado Novo.

Já agora, que o presidente da cidade do Porto, o sr. Rui Rio se lembre também desta; uma Rua António Ferro que se cruze com a Rua Eugénio Lisboa na cidade do Porto, que desemboque na Praça Eng. Silva País , famoso director da Pide-DGS.

Cumprimentos, Luis Neves

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