sexta-feira, 24 de abril de 2020

A MEGALOMANIA DE FERRO RODRIGUES E AS COMEMORAÇÕES DE 25 DE ABRIL DE AMANHÃ

                                   A grandeza não consiste em receber honras, mas em merecê-las"
                                                                                                                           Aristóteles

Houve uma altura em que, por momentos, julguei poder ser pensado que sofro de delírio persecutório,  relativamente ao 25 de Abril. Mas foi sol de pouca dura perante a realidade dos acontecimentos.

Obrigo-me, como tal, a agradecer a Ferro Rodrigues por ser minha testemunha de defesa  pela razão que encontro nesta notícia  da Rádio Renascença: “Número de pessoas na cerimónia tem vindo a ser reduzido devido às decisões das entidade convidadas”.

Aqui chegado, residem em mim duas dúvidas: Por serem essas comemorações havidas por extemporâneas, num momento em que o país se confronta com um combate de vida ou de morte com a pandemia do coronavírus? Ou porque, parafraseando a voz sábia do povo,  o medo do contágio é que guarda a vinha? 

A minha discordância fundamento-a com o facto de Ferro Rodrigue poder ter visto aqui, por hipótese, uma ocasião soberana para compartilhar honras com Salgueiro Maia em defesa de uma causa em que ele acreditou e por ela arriscou a vida, e que dela nunca se aproveitou, ao contrário de tantos outros que se aproveitaram por miserável interesse pessoal. Neste contexto, alinho incondicionalmente com Millôr Fernandes, escritor e humorista  brasileiro: “Desconfio de todo o idealista que lucra com o seu ideal”.

A lista moderada de convidados, acordada democraticamente com os lideres parlamentares, foi acrescida autocraticamente por Ferro Rodrigues ou apenas por si autorizada? Em hora de tantas duvidas, ocorre-me a fábula do  sapo da história infantil, que querendo ficar do tamanho de um boi, tanto inchou que  acabou por rebentar. Aliás, esta tendência megalómana também humana foi bem caracterizada por Blaise Pascal: “Somos tão presunçosos que desejaríamos ser conhecidos em todo o mundo. E tão vaidosos que a estima, de cinco ou seis pessoas que nos rodeiam, nos alegra e satisfaz”.

Estima que estimo ser bem  maior do que a de meia dúzia de pessoas por Ferro Rodrigues pertencer ao partido no poder. Se, porventura, esta estima  não sofre contestação dentro do partido do Largo das Caldas parece-me  mau sinal porque desconfio dos indivíduos que só tem amigos e não tem inimigos. Ou são santos de pau carunchoso ou pobres diabos!

Estamos  perante um clima  de  contestação, difícil de ocultar, às cerimónias de 25 de Abril, reconhecida em declarações do  próprio António Costa, hábil mediador de conflitos, quando faz apelo público  ao bom senso.

Com  maior exigência, escudado em arrojo meu, faço apelo ao “soberaníssimo bom senso”, de que nos  falava Antero da sua ilha açoriana. Transposto para os nossos dias, o direito  dos cidadãos em exporem as suas, ainda que discutíveis, opiniões em nome da liberdade conquistada em 25 de Abril.

Quando evoco liberdade faço-o no seu sentido mais nobre que custou a vida a  Madame Roland, escritora e activista política, que durante a Revolução Francesa, ao subir ao cadafalso, onde seria guilhotinada, proferiu a frase que passou à história:  “Ó  liberdade! Quantos crimes se cometem em teu nome”!

Aditamento a este meu "post": No  início desta madrugada, "Páginas dos Jornais"  (SIC), foi dado conhecimento da capa do "Jornal I" sobre da ausência da UGT nestas comemorações.

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