sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

RACISMO BRANCO E RACISMO NEGRO



“O desporto tem o poder de superar velhas divisões, criar o laço de aspirações comuns” ( Nelson Mandela).

Nos dias de hoje, em Portugal, quando se fala em racismo,  muita gente atribui, prioritariamente ou mesmo em exclusividade,  responsabilidades ao racismo branco, denegrindo-o, e  branqueando o racismo negro.Haja em vista, a manifestação nas escadarias da Assembleia da República, de apoio a Joacine Katar Moreira,  com insultos à nobre bandeira de um pequeno país do extremo ocidental europeu que, na era de quinhentos, deu "novos mundos ao Mundo" só comparável às  conquistas rumo às estrelas da nossa era,  a cargo de grandes e poderosas potências mundiais. Na altura,   não vi uma onda de justíssimo protesto por parte do governo ou de entidades oficiais.

Sem sombra de duvida,  que o racismo, qualquer  seja, encontra terreno favorável no futebol de alta competição em que os ódios vêm à flor da pele acicatados por cores clubísticas em que o desporto deixa de ser uma fonte de virtudes para se tornar numa escola de defeitos com tentáculos de ódio de multidões ululantes nas bancadas do chamado  desporto-rei, a exemplo do antigo circo romano dos tempos de Nero. Daqui emerge a pergunta: Qual têm sido o papel da "Autoridade Nacional Contra a Violência e o Racismo no Desporto" e, principalmente, quais os seus resultados?

Temo que a resposta possa ter sido dada pelo "Caso Marega" em que a intervenção do 1.º ministro, António Costa,  pecou por  tardia, embora o povo na sua sabedoria nos diga que “mais vale tarde do que nunca”. O futuro o determinará! No tempo do Estado Novo, o então chamado  reviralho dizia que o futebol era o ópio do povo. E hoje não será  anestesia que adormece em sono profundo o humanismo?

Não me corre nas veias o sangue da premonição, quiçá porque, segundo Mark Twain, " a profecia é algo muito difícil, especialmente em relação ao futuro"! Todavia, não posso deixar de me reportar a uma minha entrevista, com o título em grande parangonas e ocupando duas páginas inteiras (“Diário de Lourenço Marques”, 19/07/1961). Nele escrevi: “Para um merecimento  perfeito do fenómeno desportivo há que, primeiro, acreditar no valor moral dos desportistas, dos técnicos, da imprensa e dos dirigentes – enfim de todos aqueles que o servem para se evitar o risco em se atingir a decadência desportiva romana sem se ter conhecido o apogeu de uma educação integral helénica”.

Que lição de crença nos valores morais e éticos do  desporto na sua pureza agonística dado por Nelson Mandela, em epígrafe, ao transportar a “tocha olímpica” na  cidade sul-africana do Cabo (2004), em frente da qual se situa  a ilha Robben,  em cuja prisão de alta segurança esteve esta personagem presa 18 anos durante o regime de ”apartheid” de triste memória!

1 comentário:

Rui Baptista disse...

Um Comentário do Professor Jorge Bento.

Dias atrás (21/02/2021), publiquei aqui, um texto com o seguinte título: “Racismo Branco e Racismo Negro”.

Entretanto, fui informado pelo Doutor Jorge Bento, professor catedrático da Faculdade de Ciências do Desporto (Universidade do Porto) que lhe tinha feito um comentário que, por culpa sua confessada em não dominar a matéria técnica sobre a feitura de comentários, não fora publicado.

Enviou-me esse comentário de que tirei proveito próprio e de que me faço mensageiro pela pela valorização que trouxe ao meu texto numa perspectiva de universalidade da gesta portuguesa “por mares nunca dantes navegados” e da sua aprendizagem com uma panóplia de povos, no dizer e reconhecimento de Jorge Bento.

Doutrina o seu texto, que transcrevo abaixo:

“A estranheza do diferente ou Outro é uma 'natureza' dos indivíduos e dos povos, independentemente da etnia ou tonalidade da pele. Ela é modificável através da educação e das circunstâncias da vida.

Creio que os portugueses não pertencem ao número dos povos que mais estranham o Outro. Porquê? Porque, no decurso da sua história de quase 900 anos, interagiram e aprenderam intensamente com uma ampla panóplia de povos; deste jeito adquiriram a condição de universalidade”.

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