terça-feira, 6 de novembro de 2018

Dar Novos Mundos ao Mundo: A Ciência e a Expansão


Resumo da conferência que fiz recentemente no Porto Santo, assinalando os 600 anos da (re)descoberta da Madeira (na imagem estátua de João Gonçalves Zarco, no Funchal):


A ciência deve mais aos Descobrimentos portugueses do que estes devem à ciência. Com efeito, o início da expansão no século XV assentou muito em bases empíricas (com o recurso a tecnologias de navegação conhecidas, como a medida da latitude por instrumentos e da direcção pela bússola, para além da tecnologia naval) e não tanto em ensinamentos de uma ciência que ainda estava por nascer. Mas pode dizer-se que a Revolução Científica dos séculos XVI e XVII, que acabou por transformar o mundo, foi precedida pela atitude dos descobridores portuguesas, que valorizavam a curiosidade, a observação e a experiência. O historiador britânico David Wootton fez recentemente notar que a palavra "descoberta" foi introduzida pelos portugueses no século XVN o caso do arquipélago da Madeira, a palavra "descoberta" tem de se usar com particular cuidado, pois alguns mapas atestam que as ilhas eram conhecidas bastantes anos antes da chegada "oficial" de navegadores portugueses e o começo do povoamento do território.


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1 comentário:

Anónimo disse...

As ciências, em sentido lato, assim como as filosofias, em sentido restrito, costumam medrar em ambientes caraterizados, em geral, por muita riqueza e alguma liberdade de pensamento. O chamado milagre grego da antiguidade não foi feito só com raminhos de oliveira e coroas de louro - o comércio marítimo teve um papel essencial. Muito mais tarde, os ingleses e os holandeses também são bons exemplos de países que basearam o seu grande desenvolvimento científico na grande riqueza que acumularam por via de um florescente comércio marítimo e de atos de guerra e pirataria contra Portugal e Espanha.
Por outro lado, Portugal, nos séculos XV e XVI, também fez algum ouro e dinheiro com os grandes descobrimentos marítimos, mas faltou-lhe o tal módico de liberdade de pensamento necessário para deixar crescer cá dentro a Grande Ciência que então nascia na Europa.
Nas últimas décadas, em Portugal acreditou-se que um forte investimento numa educação de inspiração esquerdista - dirigida essencialmente à promoção social dos pobrezinhos que, depois de devidamente diplomados, foram quase todos encaminhados para lugares do Estado, com destaque para o professorado onde se registou um crescimento exponencial-, permitiria ultrapassar a fase de criação de riqueza acima referida e, dado que o estado de liberdade também indispensável já está ao nível da libertinagem, estavam finalmente abertos os grandes portais por onde entraria a Ciência que alavancaria o nosso desenvolvimento económico e social. Mas não entrou nem alavancou!
Eis-nos aqui chegados, a um triste e pobre Estado onde quem dita as leis é uma chusma de “doutores da educação” cujo supremo ideal é a construção da Nova Escola, lugar da felicidade suprema do sucesso educativo ao alcance de todos, sem trabalho e sem ciência!
Assim, as nossas principais riquezas só podem ser os turistas e o vinho!

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